Educação:
as lições de Juazeiro do Norte
Professor
Nazareno*
A
cidade de Juazeiro do Norte, no Cariri do Ceará, conhecida no Brasil inteiro
por causa do Padre Cícero e de suas romarias, passa agora ao anedotário
nacional como sendo um dos únicos lugares do mundo a “inovar” na área da
Educação. Recentemente a Câmara de Vereadores da cidade aprovou um projeto do prefeito
Raimundo Macedo, do PMDB, que reduz em até 40 por cento os salários dos professores.
O corte nas gratificações vai afetar quase dois mil docentes que atuam na rede
pública municipal da cidade. Para a Prefeitura, foi a única maneira de ajustar
a folha de pagamento. A Secretaria de Educação local afirmou que havia
contratações demais e excesso de horas extras. Segundo o órgão, isso impedia o
investimento em outros setores. “Pintura, retelhamento, banheiros entupidos,
muita coisa a ser feita. Com a folha desse jeito era impossível fazer as duas
coisas: pagar muita gente sem necessidade e consertar as escolas”, disse a
secretária de Educação, Célia Viana, para defender as medidas.
Em
Rondônia, os professores da rede estadual e os municipais de Porto Velho também
estão em greve. Se as lições de Juazeiro do Norte e do PMDB, partido do então governador
do Estado, Confúcio Moura, forem seguidos à risca e a moda “pegar”, os educadores
rondonienses podem ir se preparando para o pior. Os dois médicos que
administram o Estado e a sua capital podem querer reformar as escolas e por
isso já têm de onde tirar os recursos até por que um professor ganha muito bem
em Rondônia. O problema é que esses profissionais querem esnobar. Qual a
necessidade, por exemplo, que um professor tem para querer ir de carro dar aulas?
Muitos deles querem comer três vezes ao dia e só tomam água se for gelada. Um
absurdo. Conheço muitos colegas professores que têm até automóvel. Se todo mês
eles colocassem metade do que ganham numa poupança, estariam bem melhores de
vida e todo final de ano ficariam “nadando” na grana. E o pior: todos,
sem exceção, desfrutam de descanso semanal.
Desse
jeito não há orçamento público que aguente. E como não há a menor necessidade
de se investir em Educação de qualidade, o nosso país poderia muito bem dispensar
estes profissionais totalmente descartáveis e talvez por isso aquela Prefeitura
lá do Ceará já começou a sua política de contenção de gastos desnecessários. Educação
de excelência é um mimo que poucos países têm e o Brasil prescinde totalmente
deste requisito se quiser ser uma potência de verdade. O importante é investir
na política e nos políticos. Um vereador
de Juazeiro do Norte ganha por mês o equivalente a sete ou oito professores. Em
Porto Velho, essa quantia é bem maior e consequentemente mais justa. O trabalho
árduo que um “parlamentar mirim” faz em prol do seu município é
infinitas vezes mais importante do que a faina diária de um simples educador. A
Câmara de Vereadores de Porto Velho, por exemplo, é a vanguarda das sábias e importantes
decisões que norteiam e direcionam a vida de todos nós, simples moradores.
Seria tolice comparar a função de um
vereador ou de um político qualquer com a de um reles professor. Enquanto
aqueles suam e batalham pela felicidade geral, este é um reacionário que muitas
vezes “enche de minhocas” a cabeça dos alunos. Se eu fosse o governador
de Rondônia ou o prefeito de Porto Velho fazia como o ilustre administrador da
terra do “Padim Ciço”: não dava um único vintém furado a nenhum educador
metido a revolucionário, já que todos têm um excelente salário e as escolas
precisam de reformas. Já poderiam até acionar a COE para “dialogar” com
esses formadores de opinião. Quer ganhar bem? Mostre serviço para ser merecedor
do que reivindica. Um vereador de Porto Velho, segundo o site G1, recebe a
irrisória quantia de sete mil e quinhentos reais de salário, mais igual valor
de verba parlamentar e em 2014, esse salário será de 12 mil reais. Muitos devem
estar passando necessidades enquanto os folgados professores, estaduais e
municipais, querem “falir os cofres públicos” com suas abusadas
campanhas salariais. Precisamos investir em futebol, pois estamos com a Copa das Confederações e às vésperas
de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada. Tomara
Deus, e Padre Cícero, que o exemplo vindo do Ceará tome logo conta do Brasil.
*É Professor em Porto Velho.
Um comentário:
"Enquanto a bola rola, falta saúde e falta escola"
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