domingo, 16 de junho de 2013

Educação: as lições de Juazeiro do Norte



Educação: as lições de Juazeiro do Norte

Professor Nazareno*

            A cidade de Juazeiro do Norte, no Cariri do Ceará, conhecida no Brasil inteiro por causa do Padre Cícero e de suas romarias, passa agora ao anedotário nacional como sendo um dos únicos lugares do mundo a “inovar” na área da Educação. Recentemente a Câmara de Vereadores da cidade aprovou um projeto do prefeito Raimundo Macedo, do PMDB, que reduz em até 40 por cento os salários dos professores. O corte nas gratificações vai afetar quase dois mil docentes que atuam na rede pública municipal da cidade. Para a Prefeitura, foi a única maneira de ajustar a folha de pagamento. A Secretaria de Educação local afirmou que havia contratações demais e excesso de horas extras. Segundo o órgão, isso impedia o investimento em outros setores. “Pintura, retelhamento, banheiros entupidos, muita coisa a ser feita. Com a folha desse jeito era impossível fazer as duas coisas: pagar muita gente sem necessidade e consertar as escolas”, disse a secretária de Educação, Célia Viana, para defender as medidas.
Em Rondônia, os professores da rede estadual e os municipais de Porto Velho também estão em greve. Se as lições de Juazeiro do Norte e do PMDB, partido do então governador do Estado, Confúcio Moura, forem seguidos à risca e a moda “pegar”, os educadores rondonienses podem ir se preparando para o pior. Os dois médicos que administram o Estado e a sua capital podem querer reformar as escolas e por isso já têm de onde tirar os recursos até por que um professor ganha muito bem em Rondônia. O problema é que esses profissionais querem esnobar. Qual a necessidade, por exemplo, que um professor tem para querer ir de carro dar aulas? Muitos deles querem comer três vezes ao dia e só tomam água se for gelada. Um absurdo. Conheço muitos colegas professores que têm até automóvel. Se todo mês eles colocassem metade do que ganham numa poupança, estariam bem melhores de vida e todo final de ano ficariam “nadando” na grana. E o pior: todos, sem exceção, desfrutam de descanso semanal.
Desse jeito não há orçamento público que aguente. E como não há a menor necessidade de se investir em Educação de qualidade, o nosso país poderia muito bem dispensar estes profissionais totalmente descartáveis e talvez por isso aquela Prefeitura lá do Ceará já começou a sua política de contenção de gastos desnecessários. Educação de excelência é um mimo que poucos países têm e o Brasil prescinde totalmente deste requisito se quiser ser uma potência de verdade. O importante é investir na política e  nos políticos. Um vereador de Juazeiro do Norte ganha por mês o equivalente a sete ou oito professores. Em Porto Velho, essa quantia é bem maior e consequentemente mais justa. O trabalho árduo que um “parlamentar mirim” faz em prol do seu município é infinitas vezes mais importante do que a faina diária de um simples educador. A Câmara de Vereadores de Porto Velho, por exemplo, é a vanguarda das sábias e importantes decisões que norteiam e direcionam a vida de todos nós, simples moradores.
            Seria tolice comparar a função de um vereador ou de um político qualquer com a de um reles professor. Enquanto aqueles suam e batalham pela felicidade geral, este é um reacionário que muitas vezes “enche de minhocas” a cabeça dos alunos. Se eu fosse o governador de Rondônia ou o prefeito de Porto Velho fazia como o ilustre administrador da terra do “Padim Ciço”: não dava um único vintém furado a nenhum educador metido a revolucionário, já que todos têm um excelente salário e as escolas precisam de reformas. Já poderiam até acionar a COE para “dialogar” com esses formadores de opinião. Quer ganhar bem? Mostre serviço para ser merecedor do que reivindica. Um vereador de Porto Velho, segundo o site G1, recebe a irrisória quantia de sete mil e quinhentos reais de salário, mais igual valor de verba parlamentar e em 2014, esse salário será de 12 mil reais. Muitos devem estar passando necessidades enquanto os folgados professores, estaduais e municipais, querem “falir os cofres públicos” com suas abusadas campanhas salariais. Precisamos investir em futebol, pois estamos com a Copa das Confederações e às vésperas de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada. Tomara Deus, e Padre Cícero, que o exemplo vindo do Ceará tome logo conta do Brasil.



*É Professor em Porto Velho.

Um comentário:

Roxane Fernandes disse...

"Enquanto a bola rola, falta saúde e falta escola"