“País
Rico é País sem Pobreza”
Professor Nazareno*
Recentemente a Presidente de Brasil, Dilma Rousseff, teria em um programa de rádio pronunciado a frase do título deste artigo e por isso gerado muitas críticas entre vários brasileiros desinformados e completamente alheios às questões socioeconômicas e políticas do nosso país. Houve muitas postagens nas redes sociais insinuando ser a nossa maior mandatária uma “burra de carteirinha” por ter afirmado uma coisa óbvia demais. Disseram ser coisa de mulheres loiras ou algo mais preconceituoso ainda do tipo: “ela disse isso por que é uma mulher e as mulheres não são muito inteligentes”. Ledo engano. Os críticos podem estar enganados desta vez. Sem querer defender a líder petista em nenhum momento, a referida frase, antes de ser um pleonasmo vicioso, do tipo “subir prá cima, descer prá baixo, sair prá fora ou entrar prá dentro”, é uma das falas mais inteligentes já ditas por um brasileiro (a) em todos os tempos.
Do ponto de vista da Gramática Normativa da Língua
Portuguesa é claro que se trata mesmo de um pleonasmo, já que se o país é rico
seria óbvio que ele não tivesse pobreza. Mas não é exatamente isso que
acontece. O Brasil recentemente chegou ao posto de sexta potência econômica do
mundo tendo superado o Reino Unido. Se continuar com este crescimento anual,
deve superar a França até meados do próximo ano e se tudo correr bem, e a crise
mundial não nos afetar como está afetando a Europa, a partir dos anos 20 deste
século, ou seja, em menos de uma década, estaremos entre as três maiores
economias do mundo ao lado de gigantes como a China e os Estados Unidos. No
entanto, seremos uma potência com os “pés de barro”, já que temos entre
15 e 20 milhões de brasileiros que vivem na miséria total, bem abaixo da linha
da pobreza. Uma vergonha para uma nação que se gaba de ter um dos maiores PIB’s
do mundo.
E a fala da nossa Presidente analisou exatamente esta
situação. Segundo ela, um país que tem uma pobreza muito grande dentro de sua
população não pode ser considerado uma nação rica. Os BRICS, Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul além da Argentina, México, Peru e Chile, dentre
outros, estão na mesma situação. Embora tenham demonstrado uma considerável
elevação dos seus Produtos Internos Brutos nos últimos anos, ainda não sabem
como vencer a pobreza endêmica que assola grande parte de suas populações. A
desigualdade social verificada em muitos desses países é caracterizada pela
alta concentração de renda e agravada ano após ano pela péssima qualidade dos
seus serviços públicos, pela corrupção nos meios políticos, pela alta carga
tributária e pelas injustiças sociais. O Brasil só será de fato uma nação rica
quando a qualidade de vida da sua população for também alta. E sem pobreza.
Porém, o aumento do nosso IDH parece ser um sonho ainda
inatingível. Nem o PT, com sua política paternalista de compra de votos por
meio dos inúmeros programas sociais, vai conseguir resolver o problema dos
nossos pobres. A China está investindo como nunca no seu sistema de Educação.
Chile e Argentina, nossos vizinhos, já têm qualidade de vida quase igual a
muitos países europeus e mesmo assim continuam investindo como nunca em seus
sistemas de ensino. O Brasil está dando um tiro no pé. Aqui, só futebol (e hoje
de péssima qualidade) e carnaval. Bumbum de mulher e perna de jogador não podem
ser os nossos únicos produtos de exportação. O país precisa urgentemente
investir em Educação de qualidade se não quiser ser superado por nações mais
modestas. A fala da Dilma, que muitos desinformados criticaram, nos remete a um
entendimento contrário ao que se prega no mundo inteiro: não basta ter muita
riqueza, como é o nosso caso, se esta não está bem divida por todos os
habitantes da nação.
Por
isso, a crítica deveria ter sido em relação às ações do Governo petista e não
em relação aos possíveis erros gramaticais que foram encobertos pela lógica do
pleonasmo pronunciado pela Presidente. O Brasil não está investindo com
qualidade na sua Educação, como, aliás, nunca o fez, nem está combatendo os
desvios e roubos da nossa crescente corrupção.
Estamos crescendo em cima do fracasso dos outros, essa é que é a grande
verdade. E sem Educação de qualidade não teremos sustentação alguma. Não
teremos futuro nenhum. Em Rondônia, por exemplo, sem falar no desastre da
administração petista em nossa capital, o que foi feito com o dinheiro da
compensação pela construção das hidrelétricas no Madeira? Absolutamente nada.
Os rondonienses se gabam de ser um Estado muito mais rico do que a Paraíba,
Maranhão, Piauí ou mesmo Alagoas, mas aqui não existe uma única universidade
estadual como nestes estados citados. Diferentes da Coreia do Sul, não priorizamos a
Educação e nada vamos colher. Em breve vamos nos parecer muito mais com um
Haiti, Somália, ou Etiópia. Em vez de ter pronunciado a frase acima, a
Presidente deveria ter reconhecido que o Brasil é “um pobre país rico”.
Talvez fosse mais bem entendida pelos seus ignorantes críticos.
*É Professor em
Porto Velho.
Um comentário:
muito bom, ainda não tinha visto por esse lado. Realmente podemos se mais compreensível.
Postar um comentário