segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Existe Oposição no Brasil?



Oposição no Brasil: o Retrato do Fracasso


Professor Nazareno*


As eleições no Brasil têm funcionado como os jogos do Brasil em Copa do Mundo: na derrota do primeiro jogo eliminatório, este ano foi contra a Holanda, o time sai de campo com a cabeça baixa, desolado, triste, irreconhecível, o técnico é demitido e começa a preparação para a próxima competição sempre insistindo que não se repetirão os erros. Passada a festa democrática das urnas, os perdedores também abandonam o "campo de jogo" e se recolhem para juntar os cacos da desilusão. Cai-lhes o mundo sobre as costas e as lamentações passam a fazer parte do cotidiano. Mas está tudo errado. Oposição tem uma função muito importante no jogo democrático. Quem ganha, lógico que governa, mas quem perde deveria fiscalizar de perto o governante como acontece nas principais democracias do mundo, onde líder oposicionista é carismático.

Quem será o líder da oposição ao Governo de Dilma? José Serra, dizem, morreu politicamente. Aécio Neves já disse que não quer. No âmbito da própria política, via Legislativo, deveria haver uma maior resistência às investidas equivocadas do Poder, mas o próximo Congresso Nacional tem maioria governista. Nos Estados a situação é pior ainda. Em Rondônia, por exemplo, a oposição é uma mulher e se chama abstenção: 35,8% não foram votar, votaram em branco ou anularam o voto e o "Império da Roça" de Cassol e Cahulla caiu por terra. Chapéu agora só no Senado. Além do mais, a oposição foi simplória e não soube pedir voto. Acusou a candidata Dilma de tantas tolices e se esqueceu do principal. "Dilma permitirá casamentos entre homossexuais", disseram. Outra tolice: "ela é favorável ao aborto". Mais: "vai implantar uma ditadura", "não acredita em Deus" ou "ela foi uma guerrilheira e nunca entrará nos EUA".

Claro que havia temas mais importantes para serem discutidos em vez de se falar abobrinhas. Mas a elite brasileira é mesmo burra e tosca. Parece até a ACLER, a Academia de Letras de Rondônia: dá a impressão de que é um "ninho de intelectuais" e que presta relevantes serviços à cultura e ao povo. Tudo lorota. A oposição brasileira e a de Rondônia também dizem usar o lema "Non Vi, sede virtute", (não pela força, mas pela qualidade). Isso é outra mentira: assim como os "imorríveis" rondonienses, elas não têm força nenhuma muito menos qualidade. A questão das privatizações de FHC poderia ter sido discutida. Aqui, a eterna dívida do Beron deveria ter vindo à baila. Quanto pagamos? Por que pagamos? Por que o Governo Federal dispensou a dívida do Haiti, Moçambique, Nicarágua, Bolívia, Cabo Verde, Gabão e a do Beron, não?

Neste contexto, para o Governo brasileiro os rondonienses são piores do que os haitianos ou os bolivianos. Já pensou o que não teria acontecido a Rondônia se não aceitasse a construção das hidrelétricas para abastecer de energia boa e barata os Estados do sul? Além de não ter banco, ainda temos que pagar uma fortuna pelo que nos tiraram. Devíamos criar agora o "Roban", Rondônia Banco, onde poderíamos ter uma conta corrente e guardar as nossas poupanças diárias. As Assembléias Legislativas estaduais até que poderiam fazer oposição de verdade e sem precisar ser filmada. A daqui é uma piada e não consegue criar leis mais importantes do que "defecar em privadas de rodoviárias". Pela pouca ou nenhuma importância, deveria ter o número de seus membros reduzido. Ora, o STF tem onze ministros, que são dez, e lá só dá empate.

Como se vê, é muito difícil ser ou fazer oposição neste país. Os políticos geralmente só fazem política se estiverem na situação. São como lombrigas: fora da sujeira não sobrevivem por muito tempo. Muitos deles contrataram os trabalhos eficientes e confiáveis do Instituto Phoenix de Rondônia e a ele encomendaram suas pesquisas. Fazer oposição não é enganar o já enganado povo. É fiscalizar as ações dos Governos. É discutir idéias e propostas com o objetivo maior de governar para o bem-estar geral. Discutindo tolices e deixando os grandes temas nacionais e estaduais de fora só podia acontecer o inevitável: a derrota do país nas urnas. "Venceu o menos ruim" , é um absurdo que praticamente só acontece em países onde a política e os políticos valem tanto quanto uma academia de letras, uma seleção de futebol desacreditada ou um banco falido pela incompetência de "não se sabe quem".



*É Professor em Porto Velho

4 comentários:

Ivanilson Frazão Tolentin disse...

Professor Nazareno, esses seus textos continuam sendo, para mim, o que de melhor tem na mídia rondoniense. O humor ao tratar de temas, ditos sérios, fazem desses escritos pérolas. Aliás, está na hora de pensar em fazer um livro com eles. Um abraço de quem está longe de RO, mas acompanha os seus pontos de vista em relação ao nosso país, sociedade e o nosso estado de perto.

Comentário retirado do site www.rondoniaovivo.com.br

Jhonattan Parlote disse...

Incontroverso é que, nos últimos oito anos da história política deste país, a oposição foi mais pusilânime do que em todo o decurso restante que constituem, o caráter republicano do estado brasileiro. A inefável constatação desta verdade ultrajante concretiza-se, quando se tem um pleito eleitoral com, PSDB e PT. Dois partidos de esquerda, os mais brandos e os radicais abilolados, respectivamente, para dizer o minimo. A oposição fracassou, não nos restam dúvidas, mas, longe de ter sido nos meses que antecederam o fatídico 31 de Outubro passado. Não cometerei a descortesia de relegar a José Serra o papel de opositor, seria o mesmo que colocar uma mãe para sentenciar o próprio filho. Agora há de se suscitar uma questão que, mediante a discussão se faz inevitavelmente oportuna, o papel de quem se opõem é denunciar, mesmo não havendo oposição verdadeira, e aqui valho-me das palavras de uma figura ímpar no cenário politico nacional, "nunca na história deste país", se viu tanta roubalheira e desrespeito ao princípio da legalidade, àquele mesmo, norteador da administração e dos agentes públicos. Mediante os fatos vergonhosos e inafastáveis, seria razoável que o eleitorado, na condição de destinatário indesejado de todas às atrocidades abjetas cometidas ao longo do últimos anos, fizesse valer nas urnas o seu descontentamento, se é que ele existe. A Julgar pelo resultado, eu diria que não. Parece a politica do "pão e circo", tão eficaz na Roma antiga, em dias atuais o pão está na forma das várias bolsas, o circo por conta dos incalculáveis escândalos desqualificados por uma enxurrada de eufemismos, que fazem do brasileiro o palhaço capaz de rir da própria desgraça. Há de se considerar que realmente, os argumentos dois mais brandos foram fracos, mas só o foram porque, se os detestáveis atos da atual administração não são por si só motivos suficientes para destroná-los, duvido muito que exista qualquer outro que o seja.

Comentário retirado do site www.rondoniaovivo.com.br

Ana Cordeiro disse...

Uma vez na vida li seu texto e concordei. É exatamente isso!!! Faça seu trabalho, professor. Eduque seus alunos para serem éticos e trabalharem para um país melhor. Só assim podemos acreditar em um poder executivo decente!

Comentário retirado do site www.rondoniaovivo.com.br

Anônimo disse...

Oposição iniciou-se na Roma antiga com os patrícios, que sofrendo pressão da população, resolveu colocar outros nomes para governar...porém nos bastidores eram os mesmo que comandavam antes que tomavam as principais decisões. Nada mudou, a historia se repete. Depois de alguns anos quando Constatino assume o Império, ele também sofrendo diversas pressões, tira o centro político de Roma e cria, Constantinopla, "fugindo" para lá com o Senado. E Brasilia é o que, senão a cópia de Constantinopla? Assim tb fez a Coroa portuguesa, quando fugindo de Napoleão, migra para o Brasil. Novamente, nada mudou! Eu que nao sou cientista político, digo que felizmente ou infelizmente, nao existe oposição no cenário nacional e ainda arrisco dizer que no cenario internacional também, oposição é uma falácia!
Novamente nada mudou...