sábado, 22 de maio de 2010

Viva a Padroeira de Porto Velho!


Porto Velho tem Padroeira?


Professor Nazareno*


O Brasil, por ser um país com maioria de cristãos católicos em sua população, sempre pautou a vida diária de suas localidades baseada no calendário oriundo da própria Santa Sé. Praticamente todo e qualquer pequeno lugarejo deste país e até mesmo as grandes metrópoles têm um santo padroeiro e as suas igrejas principais ou catedrais homenageiam esse santo e o adotam geralmente como o patrono do lugar. Em Calama, por exemplo, São João Batista é homenageado com oito ou dez dias de festas anualmente todo mês de junho. A principal igreja daquela comunidade ribeirinha recebe o nome de São João Batista. No Rio de Janeiro temos a Catedral de São Sebastião e todo vinte de janeiro sem nenhuma exceção é dia santo na cidade. Há muitas comemorações e festejos na “cidade das Olimpíadas”.

Em Porto Velho, para não fugir à tradição, já que grande parte da população se diz católica, temos também o dia do nosso padroeiro. Na verdade, padroeira: Nossa Senhora Auxiliadora. Vinte e quatro de maio é destinado à nossa maior benfeitora. Só que não há um único dia de homenagens festivas à santa. Não existe nada de festa neste nem em outro dia. O nome da catedral da capital de Rondônia também não combina, a exemplo de tantas outras localidades do Brasil afora, com o nome de sua padroeira. Catedral do Sagrado Coração de Jesus é o nome do nosso maior templo católico. Provavelmente o bispo amazonense Dom João Irineu Joffily deve ter determinado esta esquisitice aos rondonienses quando em 1917 lançou a pedra fundamental para a construção, dez anos depois, da nossa principal casa de orações.

Ainda assim, os habitantes locais adoram festas. Como tem santo padroeiro sem arraial ou festejos, eles inventaram um arraial sem santo para compensar a bizarrice. É o Flor do Maracujá, evento tão importante para as autoridades que “entra ano e sai ano” e ainda está sem local definido para a sua realização. Muitos nativos eufóricos chegam até a dizer que se trata da “maior expressão da cultura local” ou “o maior arraial do Norte do Brasil”. Tolices. É um amontoado de gente mal vestida comendo “gororoba” a preço de ouro em meio a esgotos catinguentos e a céu aberto. É um espetáculo deprimente e horrendo ver aquelas pessoas espremidas num ambiente poeirento que sufoca qualquer cristão com coragem suficiente para participar daquilo. Este ano ainda teremos por lá os políticos à cata de votos.

Temos também várias outras atrações vindas principalmente da Bahia para animar os porto-velhenses. Ivete Sangalo, por exemplo, esteve por aqui recentemente, levou muitos mil reais da economia local e ensandeceu uma multidão entusiasmada e calculada em mais de vinte mil foliões. Alegria contagiante que contrasta absurdamente com as dez ou quinze almas que estavam em frente ao João Paulo Segundo na Avenida Campos Sales, zona sul da cidade, implorando uma assinatura para a construção de um novo hospital de pronto socorro para a capital. Para os próximos dias está prevista a apresentação da Banda Calipso com Joelma, Chimbinha e companhia nos palcos locais. Mais dinheiro saindo do nosso Estado em vez de ajudar a aquecer a economia daqui. O Brasil está começando a gostar de Rondônia.

Uma bonita, organizada e divulgada festa do santo padroeiro não só colocaria a capital de Rondônia na rota do turismo católico do mundo como faria com que grande parte desse dinheiro que abastece e enriquece as celebridades “do Axé” e de tantos outros lugares ficasse por aqui mesmo. Agindo assim, só aumenta o festival de coisas estranhas que parecem existir apenas em terras de Rondon: futebol com spray de pimenta, estádio ultra-moderno para 42 mil torcedores numa cidade onde praticamente não há times de futebol, ponte suntuosa sem estradas, ginásio de esportes que só serve para exposições e alojamento, políticos sanguessugas fazendo campanha eleitoral, compra de votos a cem reais, falta de água e saneamento básico numa cidade amazônica e produção de energia elétrica para beneficiar os habitantes que ainda confundem isto aqui com Roraima, além disso, ainda temos “santo sem arraial” e “arraial sem santo”.


*Leciona na escola João Bento em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)


8 comentários:

Nonato Cruz disse...

Caro professor,

as homenagens em honra à padroeira iniciaram ontem, durante a celebração em missa campal no campo da 17ª Brigada de Infantaria de Selva e prosseguiram hoje, às 8h, na catedral do Sagrado Coração, com celebração festiva, por dom Moacyr Grechi. À tarde, às 17h, haverá procissão, que sairá do Instituto Maria Auxiliadora e seguirá até o Santuário Nossa Senhora de Fátima. Além disto, na Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora, no bairro São Sebastião II, acontecem festejos, com arraial, celebrações e procissão.
A programação foi divulgada nas paróquias, televisão e rádio, além de noticiário nos jornais impressos.

Abraços,

Nonato Cruz
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Félix Rodrigues disse...

Parabéns pelo seu texto publicado no site http://www.rondoniaovivo.com.br/news.php?news=63363, em 24/05/2010 intitulado "Porto Velho tem Pdroeira?" e por favor, continue assim, produzindos textos que provoquem a reflexão de todos nós habitantes de Porto Velho. Sabemos que muitos leitores levarão para o lado pessoa e apaixado da temática, porém, entendemos que o intuito é fomentar a crítica e o pensar de como poderíamos melhorar como pessoa, cidadão e na busca de uma Porto Velho melhor.
Obrigado.

Sou Félix Rodrigues seu ex-aluno de cursinho (pré-visão).

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Anônimo disse...

Cada vez que leio seus artigos, sinto mais vergonha de ter sido tua aluna. Já foi dito e repetido, volta pra sua cidade, já que tá descontente com Porto Velho, pois lá deve ter festa de padroeiro; aliás, tem padroeiro?

Ex-aluno do tio naza disse...

Pelo visto esta aluna anonima gosta de passar vergonha mesmo pois ainda le os textos do seu ex-professor. Não leia os textos dele mais.Resista a tentação. O professor Nazareno escreve coisas que incomodam, só isso e as pessoas como você não são obrigadas a ler nem a aceitar o que ele escreve.Como ele mesmo diz voce deve ser uma pessoa do censo-comum mesmo manda ele ir embora como se a cidade fosse sua. Voce não ia sentir vergonha de alguém que só escrevesse o que voce gosta não é? Ninguém é obrigado a concorda com ele nem com ninguém mais pedir ou proibir que ele escreva só mostra o nível de pessoas como você e da maioria que criticam ele.Fui aluno dele e sempre admirei a coragem que ele tem para escrever estas coisas que na maioria são pura verdade. Esta semana ele deu uma aula sobre a historia ds rãs e do passarinho, você conhece? Voce se parece com uma rã que apenas ver o seu próprio universo (vive no fundo do poço) sem desconfiar que existe outros mundos que o professor Nazareno diz que existe.Muita gente daqui gostaria de poder mata-lo como fizeram com o pintassilgo da historinha.

Sáimon Rio disse...

Ótimo texto!

Aluno disse...

Criticas ajudam a melhorar e desenvolver, principalmente quando são construtivas, e não somente ofensivas. O senhor se diz um professor de ótima qualidade, conforme li em vários de seus textos, pois bem, os professores de redação que possui sempre procuravam se informar quando viam uma palavra diferente ou que ainda não conhecessem, e não somente colocavam um comentário na prova perguntando se o termo existe como, por exemplo, "ciclos biogeoquímicos". Acho um tanto quanto questionável se chegar atrasado ao seu emprego por estar vendo "Bom dia Brasil”, diga-se de passagem, um dos poucos programas que assiste, pois, acha a telecomunicação e as interações sociais de seres humanos saudáveis, uma mera tolice. Pode dizer também que a culpa do atraso é o trânsito de Porto Velho, cidade na qual o senhor leciona, de onde tira sua renda e cria seus filhos; talvez suas críticas abusadas e impetulantes sejam apenas ingratidão, isso acontece com o ser humano. E deve criticar a televisão brasileira por achar-se melhor que William Bonner, Cid Moreira, Raul Gil, Silvio Santos, Roberto Justus, Pedro Bial, até mesmo Carlos Massa e outros ilustres renomados profissionais da informação, já que para o senhor eles devem ser meros apresentadores da fútil televisão. Todos eles moradores das cidades que você usa como exemplo de "paraíso": São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades metropolitanas. A região onde eles trabalham e vivem também, por terem capacidade, têm muitos problemas sociopolíticos e econômicos, mas nunca presenciei o fato de nenhum deles fazer tantas criticas irônicas que só denigrem a imagem do estado e da cidade. O pior, posta criticas e mais criticas e mesmo assim não move ‘um dedo’ para melhorar. Pois bem, outro fator muito notado em suas aulas é que ainda depois de perder quase 20 minutos do tempo por causa do atraso, ainda começa aula dizendo coisas pessoais e insignificantes, como quando a esposa pegou dengue, e logo depois entrega uma prova, a qual não é muito pertinente ao assunto que precedeu o momento da entrega. Enquanto aplica a prova, "atrapalha" os alunos fazendo comentários sobre suas viagens à Europa e que é um cidadão de classe média baixa, contraditório não? Enfim se isto é um professor de uma "Equipe de Ouro" reconhecida pelo estado e pela cidade, talvez a cidade possa até estar indo mal mesmo... eu preciso rever meus conceitos sobre qual é o mineral mais nobre hoje em dia. Espero que as criticas sejam vistas não como as criticas que o senhor faz. Se acaso souber quem sou, mantenha sua ética, assim como somos obrigados a manter, já que a humildade já foi perdida a tempos.

xD disse...

enrra, suhasuuash, ei po ele é de boa na moral, tirando o que ele fala de pvh ele fala muitas verdades que as pessoas não gostam de ouvir.

Jéssica Prudêncio disse...

Oi, professor.
Eu sou uma ex-aluna sua e admiro muito os textos que o senhor coloca no seu blog.
Quando eu estudava no JBC, não sabia fazer uma redação que preste.
O senhor me ensino como fazer uma boa redação.
E foi usando os seus ensinamentos, que eu tirei uma boa nota no Enem.
Fiz a minha inscrição no Prouni, e consegui ganhar uma bolsa de estudo integral em Letras/Português-Espanhol.
Já estou cursando o 3º periodo. Já comecei o meu estágio.
E estou muito feliz com o que consegui até agora.
Mas, tudo isso eu devo ao professor que me ensino a fazer uma boa redação.
Beijos e abraços, Jéssica.

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