terça-feira, 30 de junho de 2009

Viva o Arraial Flor do Maracujá!


O Arraial Flor do Maracujá e a “cultura local”


Professor Nazareno*


Só neste ano já fui duas vezes ao Arraial Flor do Maracujá em Porto Velho, ‘o maior arraial sem santo do Norte do país’. Embora não concorde com o nome dado a esta festividade, é possível observar a alegria das pessoas que comparecem anualmente aos festejos para se empanturrar com todo tipo de gororoba. Ainda que a nossa cidade há muito tempo não veja uma única flor desta fruta, há quem jure que aqui, quando a cidade era pequena, havia farta produção de maracujás, não é incrível? Hoje só nos supermercados é possível encontrar a referida fruta.

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujás, é verdade. Tem uma produção anual de 330 mil toneladas em uma área de aproximadamente 33 mil hectares. A Bahia é o principal produtor, com cerca de 80 mil toneladas, em 7,8 mil hectares, seguido por São Paulo com cerca de 60 mil toneladas em 3,7 mil hectares; Sergipe, com 33 mil toneladas, em 3,9 mil hectares e Minas Gerais, com 25 mil toneladas, em 2,8 mil hectares. Estes dados são do IBGE, do ano de 2002 e não mostram nenhuma produção de Rondônia, nem agora e nem antes. Mesmo quando a cidade era menor...

Mas por que se preocupar com estas bobagens se tem tacacá para ser degustado? Originário do Amazonas e do Pará principalmente, essa iguaria é apreciada em toda a região Norte, o consumo do tacacá é um hábito parecido com o de tomar chimarrão nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Tomado numa cuia, é uma espécie de lanchinho da tarde, quando o calor já não é mais tão intenso, e pode receber a adição de jambu - também chamado de agrião do Pará, e com aquela propriedade que faz formigar os lábios -, chicória e pimenta malagueta. Sejamos gratos ao Pará.

Depois da comilança fui apreciar a festa do Boi-bumbá, ou Festa do Boi, ou ainda Brincadeira do Boi, que tem sua origem no Nordeste do Brasil, onde derivou de outra dança típica de lá, o Bumba-meu-Boi. Com as constantes imigrações de Nordestinos para a Região Norte do Brasil, em especial para o Amazonas, houve também a imigração de manifestações culturais como o Bumba-meu-Boi que logo foi assimilado pela população e ganhou aspecto local. Claro que todos os bois daqui são meras cópias. Aliás, muito mal feitas, diga-se de passagem. Parintins não é aqui.

Cansado de ver o Boi, comecei a dançar a Quadrilha. Esta dança era inicialmente uma dança aristocrática de origem francesa, mas que apresentava influência de antigas danças folclóricas da Inglaterra. Veio para o Brasil pelas mãos dos mestres de orquestra de danças francesas na época do Império. Era muito natural que a quadrilha se tornasse a dança preferida pela sociedade palaciana, pois a elite brasileira vivia voltada para a Europa, principalmente para a França - Deve ser por isso que muita gente famosa adora formar quadrilha... - Porto Velho não é Paris, mas aqui também tem quadrilhas. E não são apenas as que brincam os festejos juninos...

Fui ao arraial e não me senti em Porto Velho, não me senti em Rondônia. Quanta bobagem, pois tinha poeira e muita gente brega. O sotaque matuto das pessoas era inconfundível. Tinha homenagens a prefeito das obras inacabadas, tinha governador acusado de comprar votos a cem reais e na iminência de ser cassado, apesar dos muitos bajuladores querendo a sua permanência no poder mesmo de forma ilegal. A Bailarina da Praça estava lá. O maior expoente cultural deste Estado não podia mesmo faltar ao evento. Não, não posso ter me enganado. Era Porto Velho mesmo, maninhos! Era Rondonha mesmo. Era o Arraial que homenageia a fruta que nunca produzimos...


*Leciona na Escola João Bento da Costa em Porto Velho


10 comentários:

Valdemar Neto disse...

"Era muito natural que a quadrilha se tornasse a dança preferida pela sociedade palaciana, pois a elite brasileira vivia voltada para a Europa, principalmente para a França - Deve ser por isso que muita gente famosa adora formar quadrilha... - Porto Velho não é Paris, mas aqui também tem quadrilhas. E não são apenas as que brincam os festejos juninos..."

A melhor parte do texto!! kkkk¹²³

Francisco Campos disse...

Tolices...

Anônimo disse...

o que de fato é cultura? nós a contruimos, herdamos, inventamos?

Joice xpds disse...

Ué, Você prof° Nazareno, gostaria que por um acaso nos reuníssimos em volta de uma fogueira e dançassémos a dança da chuva?

A população de Rondonha é formada por descendentes de nordestinos em sua maioria...

Pelo visto nossa cultura local é baseada em críticas chatas aos nomes dos eventos... Estou certa?

Natali' disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Natali' disse...

"Na natureza nada se cria, tudo se transforma."

Nos brasileiros temos a fama de sermos bons no futebol , samba, nas festas da uva e carnaval. Nossa lingua é uma mistura de dialetos .A grande maioria das ,nossas comidas típicas, são trazidas de outros paises.
Nós nos transformamos com "jeitinho brasileiro" culturas do mundo todo, miscigenando-as e tornando o Brasil um país "único" e de todos.
Porque com o Estado de Rondônia não aconteceria o mesmo?

Anônimo disse...

e aí prof,gostou da letra da musica da quadrilha rosas de ouro feita especialmente para você?tá fazendo sucesso hem????? rsrsrs

Anônimo disse...

Rosas de Ouro?? O nome é Rosa Divina.

Anônimo disse...

As pessoas as quais você você se refere como "matutas e bregas",
pelo jeito estão se divertindo muito assistindo bois Bumbas e comendo "gororoba" ! E você? Já que não se encaixa no nosso perfil de amantes e filhos da terra, porque não se recolhe à sua insignificância e fica em casa?
(Rondoniana)

Anônimo disse...

comendo "gororoba".
Me lembro bem de ver você tomando um ÓTIMO café da manhã no Mercado Municipal: Tapioca, mingau.. você se lembra? É isso o que você chama de gororoba?