Carta de Zé Roberto (Melhor jogador do Brasil na última Copa do Mundo)
Inicialmente gostaria de expressar minha gratidão ao Brasil. Foi com prazer que por muito tempo defendi a camisa canarinho e me orgulhei de ser brasileiro.
Infelizmente este país não faz mais parte de mim. Por muitos anos vivi com minha família na Alemanha e me identifiquei completamente com o país. A despeito de certos intolerantes e racistas, que são minoria, minha família se integrou totalmente ao modo de vida alemão. Minhas filhas mal falam português e são totalmente fluentes em alemão.
Para voltar ao Brasil, isto pesou muito. Queria que elas se sentissem, como me sentia, brasileiro. Queria que conhecessem o meu país, que falassem a minha língua nativa, queria mostrar o lado bom do Brasil, um pouco diferente daquilo que volta e meia aparece nos noticiários de TV alemão.
A tentativa foi
Todo o tempo que estivemos no Brasil, ainda que livres fisicamente, éramos reféns psicológicos. Mesmo sendo um ídolo local, o risco parecia nos acompanhar a cada esquina virada, a cada momento em que passeávamos. A sombra do seqüestro ocorrido dois anos atrás com outro ídolo local, Robinho, nos perseguia por todos os lados.
Assistir o noticiário televisivo alimentava ainda mais nossos medos. Por sorte, minhas filhas não entendem muito bem português. Se entendessem, descobririam um país em que o crime está por todos os lados: está nas escolas, está nas faculdades, está no Judiciário, está no Congresso e está até mesmo na família do presidente. Imagino o choque cultural para elas, criadas em um país com padrões morais tão rígidos. Me ponho no lugar delas e penso como deve ter sido desagradável esta estadia no Brasil. O que pensavam quando dizíamos que elas não podiam andar livremente nas ruas? O que pensavam quando dizia que era melhor não dizer às amigas que eram minhas filhas? Como entendiam que não brincar na rua, que não passear em parques e que sempre andar com aqueles homens que não conheciam era o melhor para elas?
Minhas filhas devem ter detestado o Brasil. Foi com muita alegria que receberam a notícia de que voltaríamos à Alemanha. Além da segurança, há a questão da discriminação. Embora etnicamente muito diferente da população local, minhas filhas sempre foram respeitadas e nunca vistas com menosprezo. Aqui no Brasil, onde todas as raças se misturaram e não dá para saber quem é o que, sofríamos com um tipo de discriminação inimaginável para elas: Éramos vistos como anormais por nossa religiosidade. Por aqui imaginam que negros sofram de racismo na Alemanha, mas praticam uma intolerância inexplicável por sermos evangélicos. Ou, como é dito pejorativamente por aqui, somos "CRENTES", palavra carregada de maus juízos. Dentro do futebol, jogadores como eu que se organizam em grupos chamados de "Atletas de Cristo" são vistos com ressalvas, especialmente pela mídia que acompanha o esporte.
Por todos estes motivos, levo minha família de volta à Europa. Pelo meu sucesso e também pelas nossas escolhas, o Brasil se tornou um suplício para aqueles a quem mais amo. Batalhei a vida inteira para sair da pobreza e ter sucesso profissional. Acima de tudo isto, sempre busquei construir uma família feliz e correta. Hoje, a felicidade de minha família tem como pré-requisito afastá-las do Brasil. Por isto que, ainda que com tristeza, faço o melhor para elas.
Aos meus fãs, muito obrigado. Ao Brasil, “boa sorte.”.
É fácil imaginar a 'cara' dos que ainda não acreditam que esta é uma nação de "jecas". Aqueles que ficam escrevendo bobagens para enaltecer os valores que este país não tem. Os que se contentam em ficar se enganando e acreditando que este 'brasil' é um paraíso de coelhinhos saltitantes e borboletas azuis. Cumpre a todos nós fazer as mudanças necessárias para este país a fim de que fatos lamentáveis com este não aconteçam mais, pois lugar de brasileiro é no Brasil e não fora dele.
5 comentários:
É de fato muito triste que brasileiros prefiram viver na Europa por questão até mesmo de segurança. Mas, acredito que para fazer um Brasil melhor é necessario que todos, principalmente os que já sofreram com os problemas sociais do país ajudem.No caso do jogador Zé Roberto, acredito que caiba a ele, mesmo não morando aqui, ajudar a construir um pais que dê orgulho aos brasileiros.O maior fracasso dos homens e fugir da desgraça abandonando suas origens sem fazer nada para ajudar os que não tem dinheiro ou talento e por isso são obrigados a pernanecer no abandono...Aos jovens eu desejo que lutem para não repetir o mesmo erro desse "atleta alemão" que mesmo com tristeza simplesmente fugiu...
Ao professor Nazareno espero que continue fazendo suas criticas ao fracassado do Brasil e dos brasileiros, mas que tambem lute e faça o melhor possivel em ação. Porque inteligente não é quem critica e sim quem usa as críticas para mudar uma sociedade.
Sem utopismos, creio que o Brasil não tenha mais jeito. Está tudo errado! Mudar uma nação inteira (e ainda burra!) é muito difícil. Façamos como o jogador Zé Roberto: enriqueçamos e depois caiamos fora deste país verdadeiramente constituído por jecas. Au revoir Brésil!
Então que tal irmos todos para a Europa?
Vamos apagar dos documentos nossa nacionalidade.
Vamos abandonar esta terra maldita e vamos morar nos EUA... POdemos até ser pedantes como eles... Podemos sorrir tão pouco quanto os habitantes da Alemanha, mas seremos amargos com dinheiro no bolso.
Vamos poder andar nas ruas geladas sem temer um assalto ou um artista de rua sorridente.
Vai ser melhor não vai professor?
Esse discurso de que o Brasil é um país lascado é velho como andar pra frente. O Padre Vieira já denunciava as mazelas e roubalheiras nos tempos da colônia. Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio, muitos autores já olhavam com cinismo e alguma crueldade os desvios de comportamento do brasileiro. Mas creio que essa imagem péssima do Brasil é fruto de uma construção. Somos um povo sem santos, sem exemplos, sem heróis. Nosso herói? Macunaíma, logo quem... Deixamos que uma elite pensante dite o que é o brasileiro e sorrimos de nossa inferioridade. Ou seja, amamos ter o complexo de vira-lata. Vivemos sob a égide do coitadismo, do vitimismo, do jeitinho. Aplaudimos os fracassados. Depreciamos quem faz sucesso. Vejam o caso de Pelé, o gênio do futebol. Quantos afirmam que não o suportam, que o acham arrogante? Muitos preferem o Zico, que só conseguiu brilhar no meu Mengão, ou, pasmem!, o Maradona, um cara que conseguiu destruir a si mesmo. Ou Garrincha, o que se deixou levar pelo alcoolismo. Ou seja, os brasileiros não sabem o que fazer com quem é bem sucedido. Enquanto não mudarmos essa percepção, tudo permanecerá do mesmo jeito. Enquanto não valorizarmos o mérito, os mais capazes, continuaremos na lesma lerda. Fala-se muito em igualdade no Brasil e, de fato, tem-se promovido isso. Mas a igualdade está ocorrendo apenas no que à mediocridade. Uma pena!
Só para corrigir: NO QUE TANGE À MEDIOCRIDADE...
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