quarta-feira, 21 de maio de 2008

E a internacionalização da Amazônia?

Tema: A devastação da Floresta Amazônica e as elevadas taxas de crescimento populacional resultantes dos violentos processos de ocupação econômica, e iniciados na década de 70, têm sido reconhecidos internacionalmente entre os maiores impactos ambientais recentes no mundo. Há evidências de que os programas de desenvolvimento implantados na Amazônia agravaram ainda mais a situação. Explicite, em um texto escrito, a relação desenvolvimento X preservação X internacionalização da Amazônia.

Sugestões para a produção deste texto:

É importante, em primeiro lugar, que o aluno tenha sempre em mente qual o direcionamento do enunciado. Embora a pergunta do tema aponte para o grave problema de devastação ambiental da Amazônia e o associe aos programas de desenvolvimento direcionados à região, principalmente a partir da década de 70 (Início da construção da BR 364 e do intenso processo migratório do Sul do país em direção ao ex-território de Rondônia, PIC, PAD, etc), faz-se necessário que o texto inicie com a parte final da pergunta onde se vê esta trilogia desenvolvimento X preservação X internacionalização da Amazônia.

1.Interrogue o tema; 2. Apresente argumentos auxiliares;

3.Responda com a opinião; 4. Apresente fato-exemplo;

5.Apresente argumento básico; 6. Conclua o texto.

Transforme o tema em uma pergunta (ou em várias outras): como desenvolver o Estado de Rondônia e ao mesmo tempo garantir a preservação do meio ambiente? O que o Brasil e os brasileiros precisam fazer para que os organismos internacionais parem com a delirante e absurda idéia de internacionalizar a Amazônia? Por que se fala tanto nesta idéia? Quem a defende? Por quê? Como compatibilizar a atividade agropecuária crescente no nosso estado respeitando o meio ambiente? E a questão da soja no Mato Grosso? Como aumentar e expandir a nossa principal atividade econômica? Fale sobre a tentativa do Governo Federal da época (Militares) de criar uma nova fronteira agrícola na região Amazônica. O que mais evidencia o fato de a Amazônia brasileira está sendo devastada? Como isto acontece anualmente? O que foram os programas de desenvolvimento direcionados à região? Quando e por que aconteceram? Onde ocorreram com mais freqüências? Qual o impacto ambiental deles?

Internacionalização da Amazônia (de quem será esta região?)

Durante debate ocorrido no mês de Novembro/2000, em uma Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para a sua resposta:

“De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado”.

Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo deveriam pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.

Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. “Só nossa.”

(*) Cristovam Buarque foi governador do Distrito Federal (PT) e reitor da Universidade de Brasília (Unb), nos anos 90. É palestrante e humanista respeitado mundialmente.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cristovam Buarque, o senhor realmente é a pessoa mais certa para assumir as rédeas do nosso Brasil...educação...esse é o caminho!!!

Anônimo disse...

Será que você é a pessoa certa para administrar isso?
Não estou certa de que seja!

Cláudia Albuquerque disse...

Foi meu candidato e sempre o será... Tenho orgulho pelo fato de Cristovão Buarque ser brasileiro!

Anônimo disse...

Nossa, realmente é visível o grande conhecimento de Cristovam Buarque. Fala Muito bem e com a desenvoltura necessária para mostrar ao mundo que todos tem "internacionalizações" à fazer no seu país, antes de se preocupar com as dos outros.
Gostei muito e por pessoas inteligentes como C. Buarque, que tenho Orgulho de ser BRASILEIRA.

raquel braz disse...

Cara, tu tem meu total e absoluto respeito Cristovam *---*