sexta-feira, 28 de março de 2025

Rio Madeira renasce das cinzas

Rio Madeira renasce das cinzas

 

Professor Nazareno*

 

            O rio Madeira é a Fênix da Amazônia. Há apenas cinco meses ele estava quase totalmente seco, assoreado e coberto por infinitas praias de areia marcando menos de 20 centímetros de água. Hoje, já ultrapassou a cota de 16 metros e continua subindo. Logo atingirá a cota de alagação. Há previsões de que neste ano de 2025 terá uma das maiores enchentes de toda a sua história ficando bem próxima da enchente histórica de 2014. O majestoso rio Madeira estava praticamente morto e só faltava enterrá-lo. E eis que, com toda força, ele tenta heroicamente reagir às constantes agressões que tem sofrido ao longo dos últimos anos. Hidrelétricas assassinas foram fincadas em seu leito domando assim as suas furiosas e caudalosas águas. O garimpo de ouro continua a jogar-lhe toneladas de mercúrio todos os dias. Até as madeiras boiando que lhe deram o nome não existem mais.

            Mas a ganância humana não lhe poupa: estão falando agora em privatizar o rio como se uma obra da natureza fosse feita por mãos humanas. Pois bem: o rio Madeira deverá ser privatizado em breve. Fala-se abertamente que entre Porto Velho e Itacoatiara no Amazonas, todo o trecho que corresponde ao atual corredor da soja, passará para a iniciativa privada. Será que os futuros “donos” do majestoso curso de água vão cuidar bem dele ou só o privatizaram para ganhar rios e mais rios de dinheiro? Com a cota de água chegando quase aos 17 metros, a Prefeitura de Porto Velho já decretou um estranho “estado de alerta de emergência”. Várias comunidades do baixo Madeira estão sofrendo com as águas subindo e as plantações dos ribeirinhos estão embaixo da água barrenta. Muito feijão, banana, mandioca e várias outras roças já se perderam. E falta água potável.

            Imponente, poderoso e absoluto, o rio Madeira tenta mostrar aos gananciosos homens daqui, neste início de 2025, quem é que manda de fato. Porém o Madeira, infelizmente, é um dos rios mais agredidos do mundo. Assim como toda a região amazônica. Por isso, enchentes gigantescas como essa, assim como também secas severas se alternarão em pouco espaço de tempo. Mesmo usando e abusando do velho rio, as autoridades de Rondônia e de Porto Velho nunca lhe fizeram um só mimo. Em Porto Velho, por exemplo, o rio Madeira sequer tem um porto decente. Seus escorregadios e íngremes barrancos é que servem de chegada e de partida da capital para os distritos ribeirinhos. O único porto rampeado que a Santo Antônio Energia deu de presente para a cidade, está lá abandonado, enferrujando e vai afundar nas águas torrenciais. Vergonha!

            O rio Madeira dever rir copiosamente das esmolas que as autoridades mandam para os ribeirinhos toda época de enchente. É muito irônico ver as migalhas passando por onde passam milhões e milhões de toneladas de soja, de milho, de trigo e de tantas outras produções do agronegócio. E é exatamente essa atividade criminosa e destruidora do meio ambiente que recebeu em 2024 mais de 508 bilhões de reais de subsídios do governo federal e que devido à Lei Kandir nada paga de impostos para ser exportada. Calado, o rio Madeira observa a fome e também a péssima distribuição de renda que assola este país tão rico, mas de muita gente tão pobre e indigente. Em breve, as suas águas irrigarão o rio Amazonas e para nós virá mais uma seca severa denunciado a morte iminente do velho e explorado “rio das Madeiras”. As hidrelétricas agora é que determinam o tamanho da enchente e dão o tom das suas águas. É bonito ver a fúria do Madeira querendo se vingar!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Fumaça: a hora é agora!

Fumaça: a hora é agora!

 

Professor Nazareno*

 

            Porto Velho, a eterna capital de Roraima, é uma cidade insalubre. Essa verdade já é conhecida e tranquilamente aceita por todos os que têm o desprazer de morar por aqui. Suja, imunda, podre e fedorenta, a “capital das sentinelas avançadas” não tem sequer água encanada para os seus moradores, não tem também saneamento básico, não tem mobilidade urbana, não tem porto, é escura, é violenta, não tem praças, não tem arborização, não tem recantos de lazer, não tem organização e nem planejamento urbano nenhum. No ano passado teve, durante os três meses de verão, o pior ar para se respirar no mundo. A espessa fumaça das queimadas criminosas tomou conta do precário meio ambiente causando mortes e piora considerável no estado de saúde de muitos moradores. Para este ano, a situação parece que vai ser a mesma, embora ainda estejamos no inverno.

            A “capital dos destemidos pioneiros” está de prefeito novo. E essa é a única esperança que os tolos habitantes do lugar têm. Léo Moraes está preocupado com a sujeira e a falta de higienização da cidade que administra. Há vários anúncios na mídia mostrando a falta de higiene e a péssima convivência em comunidade que muitos moradores de Porto Velho apresentam. Acho que Léo vai mandar fazer lindos canteiros e também plantar flores pelas sujas e emporcalhadas ruas e avenidas daqui. E verdade seja dita: já se veem muitos funcionários trabalhando na limpeza urbana. Durante o desfile da Banda do Vai Quem Quer, por exemplo, o zeloso prefeito mandou um batalhão de garis para limpar em tempo real o que o pouco higiênico bloco de Carnaval sujava. Léo, a partir de agora, tem que se preparar e também se preocupar com as queimadas e a fumaça que vai nos atingir.

            Chame os seus secretários, senhor prefeito! Converse com eles e vejam quais as providências que devem ser tomadas agora para que não tenhamos mais aquela fumaça tóxica e letal que enche os hospitais de Porto Velho com velhos e crianças principalmente. Converse com o fraco governador do Estado e os secretários estaduais. Convoque todas as autoridades ligadas a esse problema que certamente virá de novo este ano e com muito mais força. Convoque o IBAMA, as Forças Armadas, o ICMBio, as secretarias de meio ambiente de outros municípios. Acione todos os órgãos federais. Trace objetivos e metas com antecedência. Se antecipe ao caos e à desgraça que se anunciam. Mostre que o senhor está “antenado” com os problemas desta sofrida capital. A partir de julho próximo, a maldição se abaterá, como em anos anteriores, sobre esta cidade e também sobre o Estado.

            Porto Velho só é a porcaria que é por que nunca, jamais, nenhum prefeito daqui se antecipou aos muitos problemas que temos. Só somos uma “currutela fedida” por que nenhum administrador sequer iniciou fazer uma rede de esgotos e de saneamento básico. Estamos ao lado do majestoso rio Madeira e não temos água encanada nem para 40 por cento da população, que bebe água de poços imundos cavados ao lado de fossas. Como disse durante a última campanha política uma de suas colaboradoras: “aqui nós bebemos água com gosto de merda!”. Isso é uma vergonha! Nenhum cidadão de Porto Velho nem de nenhum outro lugar merece beber água com fezes. Calama no baixo Madeira está toda limpa e quase sem lixo espalhado pelas ruas da vila. Dê um saltinho lá para ver! Continue na mídia alertando os moradores porcos da cidade. Se o senhor enfrentar com ações antecipadas a fumaça que virá, pode até pensar em voos mais altos. E vai ter apoio!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Como não houve um golpe?

Como não houve um golpe?

 

Professor Nazareno*

 

            A direita, a extrema-direita e todos os reacionários de um modo geral “acertaram” em cheio: no dia 8 de janeiro de 2023 não houve tentativa de golpe de Estado no Brasil. O que houve ali foi apenas uma manifestaçãozinha singela, pacífica e bem organizada por velhinhas e por coroinhas de igreja que portavam suas bíblias. Os manifestantes estavam só um pouco inconformados com o resultado das eleições presidenciais, que colocaram Luiz Inácio Lula da Silva no poder. Só que no primeiro turno dessas mesmas eleições os bolsonaristas e radicais da direita elegeram a maioria dentro das assembleias legislativas estaduais, a maioria na Câmara dos Deputados e também a maioria no Senado Federal. Isso sem falar que essas mesmas urnas eletrônicas, que derrotaram Bolsonaro, elegeram a maioria dos 27 governadores da direita nos Estados. Então, quais urnas eles criticavam?

            Os reacionários estão clamando hoje por anistia para todos os participantes daquela “festinha” do 8 de janeiro em Brasília. Ora, anistia por quê, se eles não fizeram nada de errado? Disseram até que naquele dia a Esplanada dos Ministérios estava tomada por petistas infiltrados só para provocar a baderna que se viu. Estranho, a esquerda, que já estava no poder, se organizar para dar um golpe nela própria. E ainda por cima usando os militantes da direita e da extrema-direita radicais, ou seja, o gado bolsonarista. Jair Messias Bolsonaro, o radical, negacionista e inelegível ex-presidente, não devia ser preso: já era para ele estar enjaulado há muito tempo! Preso pela negligência das mais de 700 mil mortes na pandemia. Preso por enaltecer um torturador como Brilhante Ustra. Preso por atentar contra a nossa democracia. Preso também por tentar um golpe de Estado.

            Um amigo meu, que era da esquerda radical e hoje milita na extrema-direita, insiste em me dizer que não houve uma ditadura militar no Brasil entre 1964 e 1985. Está igual ao cantor Zezé de Camargo, que nega de forma veemente que tivemos uma ditadura militar por aqui. “Se era uma ditadura, qual era o nome do ditador, Nazareno?”, pergunta cinicamente esse meu amigo. Ora, a ditadura militar teve pelo menos cinco gorilas como presidentes do Brasil. Nenhum deles foi eleito pelo povo e jamais tiveram um só voto sequer dos brasileiros. Além do mais, se não era uma ditadura, como explicar que numa democracia plena o Congresso Nacional tenha sido fechado, a imprensa fora censurada e houve também a criação de órgãos de repressão e de torturas a oposicionistas como os famigerados DOI-CODI? E isso sem falar nas 493 mortes e nos desaparecidos políticos.

            O STF tem que julgar, condenar e prender imediatamente Jair Bolsonaro e todos os seus asseclas que participaram da última tentativa de golpe, assim como deixar os participantes do 8 de janeiro no cárcere por pelo menos dez anos. Agindo assim dentro da lei e do direito ao contraditório, o ministro Alexandre de Moraes, que fora colocado no STF pelo ex-presidente golpista Michel Temer e não por Lula ou Dilma, apenas fará justiça e não permitirá que aventuras golpistas se repitam tão cedo. Na democracia é assim: não governou bem, o povo sempre através do voto soberano substitui o mau governante. Lula, por exemplo, está fazendo agora um péssimo governo. Tem que ser trocado nas próximas eleições se não melhorar. O petista não mudou a cor da nossa bandeira, não deu picanha ao povo, não resolveu a questão do fogo na Amazônia e em outros biomas e não deu dignidade aos yanomamis. Tem que ser trocado, mas sem golpe!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 16 de março de 2025

Lula, um governo sem ovo!

Lula, um governo sem ovo!

 

                                  Professor Nazareno*

 

               O terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um fracasso só. Mesmo assim, é infinitamente melhor do que o último e único governo de Jair Messias Bolsonaro. Hoje, Lula amarga números baixíssimos de aprovação popular. Está quase igual à aprovação do ex-presidente e golpista Michel Temer, o vampiro do MDB, que chegou a ridículos três por cento de aceitação dos tolos governados. O terceiro governo de Lula não deu a picanha prometida para os seus eleitores e não consegue sequer dar ovo para os seus famintos seguidores. Já o "ex-Mito" inelegível e negacionista Jair Bolsonaro chegou a ser chamado na época de o “governo do ovo”, pois os brasileiros comuns não conseguiam comer carne naquela gestão. Porém, eu sempre achei que Lula e o PT de fato nunca tiveram “ovo” para melhor governar a sua gente. E isso explica os números baixos.

              O preço do ovo disparou ultimamente em todos os supermercados do país. Picanha nem se fala! Mas o pobre deste país nunca comeu mesmo essa iguaria. Mas ovo! O governo do PT devia proporcionar essa última possiblidade a todos os brasileiros pobres. Mas esse governo nunca me enganou: se tivesse mesmo ovo, o Brasil seria um país diferente. Ovo, por exemplo, é proteína pura, pois todo brasileiro do sexo masculino passa o dia inteiro com apenas dois ovos. Se o atual governo Lula tivesse mesmo ovo, já teria mudado a cor da nossa bandeira e teria implantado o comunismo neste país. Mas como não tem, deixa o Bolsonaro e todos os seus amigos golpistas soltos e ainda com esperanças de não serem condenados no processo que corre contra eles lá no STF. Esse terceiro governo Lula tem se mostrado muito fraco para punir duramente os seus algozes.

              Eu votei no Lula em 2022 e votaria de novo, mas acho esse seu atual governo muito confuso. Lula diante de um microfone é uma sandice só. Fala abobrinhas demais! Nisso se iguala ao tosco Bolsonaro, infelizmente. Se continuar assim, tem que ser trocado nas próximas eleições. Mas nada de governo fascista nem negacionista para governar o Brasil. Nosso país precisa de pessoas sérias e comprometidas com os menos favorecidos. E o PT sabe muito bem como fazer isso. Um governo igual ao de JK, que colocou a direita reacionária no seu devido lugar. Não gosto da aproximação de Lula com o Centrão, nem com os parlamentares reacionários e fascistas e nem da sua fraqueza diante dos inúmeros problemas que nos assolam diariamente. Lula e o PT saíram da senzala e por isso já deviam há muito tempo terem rompido com a Casa Grande, que explora toda a sua gente.

             Se Lula e o PT tivessem mesmo ovo, não só proporcionavam essa iguaria para os brasileiros mais pobres comerem, como também teriam outra postura diante dos inúmeros problemas nacionais e internacionais. Por não ter ovo, Lula não conseguiu romper com a atual ditadura da Venezuela, não condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia e também não rompeu com os Estados Unidos do truculento Donald Trump. Lula permitiu que no ano passado a Amazônia fosse incendiada e não tem ovo agora para fazer baixar os preços dos alimentos. O preço do café e também de muitas outras iguarias está nas alturas. Perdido e em baixa nas pesquisas de opinião, Lula disse recentemente que o ovo está caro porque “tem ladrão passando a mão no ovo”. Ora, o ovo está caro hoje só porque o governo Lula não tem ovo, simples assim! Precisamos de um governante que tenha ovo para que, dentro da lei, amenize os problemas do país. Lula não tem ovo e nem um dedo.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Somos, ainda, uma democracia!

Somos, ainda, uma democracia!


   Professor Nazareno*

 

        O ex-presidente Jair Bolsonaro está na iminência de ser preso. O STF começará em breve a julgá-lo por tentativa de golpe de Estado, por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, por tentativa de assassinato de várias autoridades do atual governo e por inúmeros outros crimes. A PGR, Procuradoria Geral da República, já o tornou réu assim como vários outros dos asseclas dele. O “gado” bolsonarista está desesperado. Seu ídolo, assim como muitos de seus cúmplices, se condenados forem, vão tirar alguns meses ou mesmo até alguns anos de prisão. Até aí nada de anormal. A lei foi cumprida, todo o ritual da Justiça foi seguido e os réus estão tendo a defesa do contraditório e todos eles têm bons advogados para lhes defender. Desesperada, a “gadaiada” diz que o Brasil de hoje não está vivendo em uma democracia.

           Claro que somos uma democracia. Porém entre 1964 e 1985 estávamos em uma ditadura feroz comandada pelos militares golpistas. Hoje, a situação é bem diferente. Para começar a conversa, há pouco mais de dois anos votei em Lula para presidente da República. Para governador do Estado de Rondônia na última eleição, por exemplo, anulei o meu voto. Mas se quisesse poderia ter escolhido entre Marcos Rocha ou Marcos Rogério. Para prefeito da capital votei no Léo Moraes sem nenhum problema. E para o próximo ano vou votar de novo e escolher governador e presidente, além de várias outras autoridades. A cada dois anos temos eleições livres e democráticas. Não temos hoje um só preso político sendo torturado ou enclausurado nas masmorras ilegais do regime como eram os temíveis DOI-CODI da época em que tortura era normal e uma política de Estado.

           Aquilo sim, é que era de fato uma ditadura sanguinária. Já ouvi dizer que se o Bolsonaro for preso haverá reação dos “patriotários” e as coisas podem fugir do controle do Estado. Tolice! Bobagem! Balela! Lula foi preso e tirou quase dois anos de cana. E não houve reação nenhuma. O mesmo pode acontecer como o “Bozo”. Ele é julgado, preso e depois que sair do xilindró pode até ser eleito, de novo, presidente da República. Só que como está inelegível, isso só acontecerá depois de 2030. Muita gente acusa o STF, sempre sem provas, de ser uma ditadura feroz e que os arruaceiros e baderneiros do 8 de janeiro são presos políticos. Para ser presos políticos eles precisam “comer muito mais feijão”. Precisam ler mais obras políticas, sociais e filosóficas. Além do mais, todos tiveram advogados e nenhum deles foi torturado, desaparecido ou morto.

           Essa gente realmente não sabe o que é uma ditadura! Claro que a nossa democracia ainda não é perfeita. Tem muitas contradições, mas com 40 anos está se aperfeiçoando a cada dia. Bolsonaro será julgado e preso e os desordeiros do 8 de janeiro podem até ser anistiados, mas tudo só dependerá do Congresso Nacional. Houve baderna, quebra-quebra e invasão dos prédios dos três poderes em Brasília. Alexandre de Moraes e os outros ministros do STF fizeram o que tinha que ser feito: colocaram na cadeia todos os que conseguiram pegar. E todos eles foram julgados e condenados. E tiveram direito a advogados. E os direitos humanos de cada um foram respeitados. Ou alguém dali foi submetido a um pau-de-arara ou teve ratos colocados em suas partes íntimas? Mesmo sendo favorável à tortura, Bolsonaro e seus cúmplices não serão jamais submetidos a um tratamento desumano. Como gostaria que ditadura fosse como essa em que vivemos hoje!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 9 de março de 2025

Bolsonaro: Oscar ou cadeia?

Bolsonaro: Oscar ou cadeia?

 

Professor Nazareno*

 

O “Mito” Jair Messias Bolsonaro será julgado em breve pelo STF, Supremo Tribunal Federal, por tentativa de golpe de Estado. Em 2022, logo após perder as eleições para Lula e o PT, o “Bozo” tentou virar o jogo para se manter no poder. Pior: teria tentado, segundo uma delação premiada, assassinar o presidente eleito, o vice Geraldo Alckmin e também o ministro do STF Alexandre de Moraes. Seguidores e cúmplices estão em polvorosa e aperreados, pois é quase certo que muitos deles serão julgados, condenados e consequentemente presos. Não se sabe quanto tempo eles vão ficar atrás das grades, mas é quase certo que, por estarmos no Brasil, ficarão muito pouco tempo “vendo o sol nascer quadrado”. Com isso, a nossa frágil democracia se fortalece e mostra ao mundo que aqui “ainda temos bons juízes para defender o regime democrático”. É esperar e ver.

A recente vitória do filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, que denunciou os terríveis crimes da ditadura militar e por isso ganhou um Oscar em 2025, não deixa qualquer dúvida quais foram os mocinhos e quais foram os vilões dos 21 anos de regime ditatorial no Brasil. Jair Bolsonaro e sua turma tentou reeditar essa cruel História e por isso deverá pagar pelas consequências de seus atos. E não adianta nada dizer que hoje estamos vivendo em uma ditadura igual àquela que eles nos impuseram em 1964. Bolsonaro está, ainda, livre, leve e solto, dando entrevistas, alegre, talvez tranquilo e feliz e vai responder aos seus delitos tendo direito a advogado e ao contraditório. Não está preso ilegalmente e nem está sendo torturado por agentes do DOPS nas dependências de um DOI-CODI como aconteceu com Rubens Paiva e tantos outros heróis naquela época.

Mas os bolsonaristas, que vergonhosamente torceram contra a vitória do filme de Walter Salles, continuam negando de forma convicta que houve uma ditadura no Brasil entre 1964 e 1985. Só não conseguem explicar por que não havia eleições diretas para presidentes, governadores, prefeitos das capitais e em muitas outras cidades “escolhidas” pelos ditadores de plantão. Os negacionistas da extrema-direita também não viram nada de torturas, de censura, de exílios, de perseguições e de assassinatos a quem lhe fazia oposição. Imagine se hoje o presidente Lula mandasse prender, sem ordem judicial, qualquer um desses bolsonaristas enjoados e o mantivesse enjaulado e sendo torturado todos os dias. E o Estado brasileiro mandasse colocar ratos vivos nas partes íntimas desses presos e trouxesse seus filhos para presenciar a cena dantesca. Quem seria o Ustra do PT?

O filme “Ainda Estou Aqui” denunciou ao mundo a monstruosidade dos militares brasileiros durante a ditadura militar. Mostrou também a tortura, a censura e todo tipo de crueldade que se faz em nome do Estado com quem ousa pensar diferente. Por isso, ganhou um Oscar. Mas os bolsonaristas não deviam ficar tristes com esta façanha do nosso cinema. Eles mesmos podem também concorrer à estatueta de ouro de Hollywood. Como muitos desses “patriotas” são admiradores do torturador Carlos Brilhante Ustra, poderiam pedir à Brasil Paralelo que fizesse um filme “Ustra Vive!” sobre a trajetória desse e também de outros torturadores do antigo regime. Como trilha musical colocaria músicas de Amado Batista, de Zezé de Camargo ou de Sérgio Reis. O jornal folha de São Paulo patrocinava a obra, que teria o roteiro do próprio Bolsonaro e de seus filhos e seria dirigido por Mário Frias. Bolsonaro, rumo ao Oscar 2026! Ou antes seria rumo à cadeia?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Compra-se um “Açougue!”

Compra-se um “Açougue!

 

Professor Nazareno*

 

            Dentre as infinitas coisas que não existem em Porto Velho, capital de Roraima, uma das que mais chamam a atenção é a falta de um hospital de pronto-socorro para a sua população. Entra governo e sai governo e a “pior dentre as capitais do Brasil para se viver” continua com o seu sinistro destino: nunca teve um lugar decente para receber e tratar seus pacientes necessitados em estado de emergência. Na verdade, existe o João Paulo Segundo, um velho e carcomido “açougue” oriundo ainda dos tempos da construção da hidrelétrica de Samuel que faz as vezes de pronto-socorro e que funciona precariamente desde o início da década de 1980 como um hospital de urgência e emergência. O João Paulo Segundo resiste ao tempo e é uma espécie de campo de extermínio daqueles da Segunda Guerra Mundial. Só que não mata judeus, só os pobres.

            O velho “açougue” porto-velhense tem sido durante todo esse tempo como uma verdadeira mina de ouro para a classe política e para as autoridades em geral do Estado. Já elegeu vereador, deputado estadual, deputado federal, senador e até governador. Não há um só político que não tenha prometido melhorar as instalações daquele campo de concentração durante as suas campanhas políticas e como sempre o povão, que dele necessita, acredita na lorota e enche os espertos de votos e mais votos. Construir um bom hospital de pronto-socorro para Porto Velho e destruir para sempre as precárias e imundas instalações do João Paulo pode secar a fonte e não eleger mais nenhum político. A mentira da vez foi a construção de um novo hospital de pronto-socorro com nome em inglês para fascinar e entusiasmar os seus paupérrimos usuários: era o “Built to Suit” na zona Leste.

            E óbvio que muita gente sabia que um hospital assim jamais sairia do papel. E não saiu mesmo. Porto Velho não seria mais Porto Velho se tivesse um logradouro público de saúde até parecido com alguns hospitais do primeiro mundo. Rondônia, a província atrasada e esquecida do Brasil, até merecia, mas o destino traçado pela classe política do Estado não quis assim. Ninguém dá um pio hoje, mas no próximo ano aparecerão vários candidatos prometendo hospitais e mais hospitais públicos para a “capital das sentinelas avançadas”. Talvez agora com nome em francês ou alemão. Já pensou que chique você se internar no “Hôpital aux urgences”? Preocupado com as possíveis repercussões negativas do fracasso do “Built to Suit”, o atual governador de Rondônia já criou uma “comissão de sábios” para tentar estudar uma possível compra de um hospital particular.

            E assim, de promessas vãs, caminham Porto Velho e Rondônia. Léo Moraes, o bem intencionado prefeito recém-eleito da capital, por exemplo, prometeu acabar com a eterna sujeira da cidade. Conseguiu um sucesso aqui outro ali, mas o problema principal ele ainda não atacou: a construção de redes de esgotos e de saneamento básico, assim como a oferta de água tratada para a população. A construção de um bom hospital de pronto-socorro levaria à falência as poucas clínicas particulares e os caríssimos planos de saúde e hospitais privados daqui. Nos últimos quarenta anos, Porto Velho viu florescer na cidade várias repartições públicas luxuosas, modernas e nababescas. Do CPA, aos Ministérios Públicos e fóruns é o que mais se vê. O próprio governo do Estado está construindo atualmente um “palácio” para a Polícia Civil na avenida Imigrantes. O difícil mesmo é construir um pronto-socorro para o povo, como se o “açougue” fosse uma grife.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 3 de março de 2025

E o Oscar foi para: Lula e o PT!

E o Oscar foi para: Lula e o PT!

 

Professor Nazareno*

 

            O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” do cineasta Walter Salles ganhou o Oscar de melhor filme internacional na edição de 2025. Mas quem de fato faturou com a propaganda e a disseminação das ideias contidas na obra cinematográfica foi o presidente Lula e o PT, Partido dos Trabalhadores. A obra do cineasta brasileiro estrelada por Fernanda Torres no papel principal e por Selton Mello no papel de Rubens Paiva teve três indicações para a estatueta dourada e mostra a crueldade que a ditadura militar do Brasil fazia com os seus oposicionistas. Entre os anos de 1964 e 1985 nosso país viveu dias de chumbo. A infame e assassina ditadura militar que se instalou no Brasil entre os anos de 1964 e 1985 cassou mandatos, perseguiu, torturou, exilou e assassinou vários cidadãos que ousaram lhe fazer oposição. Salles mostrou ao mundo a crueldade, que ficou impune.

            Mesmo fazendo atualmente no Brasil um governo “meia-boca”, Lula e o PT faturaram alto com o filme. Isso porque a esquerda brasileira sempre denunciou as perseguições que aquele governo ditatorial impôs a todos os que lhe faziam oposição. Lula é oriundo dos sindicatos do ABC paulista e foi lá que fundou, no início da década de 1980, o PT, partido que já acumulou quase cinco mandatos só na Presidência da República. Uma ironia que o Oscar, uma instituição dos EUA, tenha propagado, mais de meio século depois, os horrores e o terror praticados por um governo de terceiro mundo que eles, os norte-americanos, apoiavam. Mais do que isso: Walter Salles é um exímio cineasta oriundo da elite rica que sempre teve acesso a quase toda a riqueza do país. É um dos herdeiros do Banco Itaú/Unibanco, um dos maiores conglomerados financeiros daqui.

            Uma piada que corre solta nas redes sociais diz que “metade dos brasileiros deve a Walter Salles o primeiro Oscar ganho pelo cinema brasileiro. Já a outra metade deve a Walter Salles por causa do Itaú/Unibanco”. O filme é sensacional e merece ser visto tanto por esquerdistas como por direitistas e reacionários, pois “quem conhece a História jamais vai repeti-la”. O então deputado federal Rubens Paiva, já cassado na época pela tosca e sórdida ditadura militar, foi convidado a prestar depoimento no temido DOI-CODI do Rio de Janeiro. Torturado e morto barbaramente nas dependências daquele maldito órgão, o jovem deputado nunca mais voltou para o seio de sua família. Somente 25 anos depois, o Estado deu um atestado de óbito mostrando a realidade. A película mostra a saga histórica de sua brava esposa, Eunice Paiva, para criar todos os cinco filhos do casal.

            Um desses filhos é o escritor Marcelo Rubens Paiva, que escreveu o livro “Ainda Estou Aqui” e que deu origem a esse filme ganhador do Oscar. Walter Salles dedicou a estatueta à garra e à tenacidade de Eunice Paiva e também as duas outras mulheres que a representaram no filme: Fernanda Torres e sua mãe Fernanda Montenegro. Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro e os bolsonaristas estavam, claro, torcendo contra a indicação desse Oscar. Mas quebraram a cara. Aliás, a obra pode acelerar os processos que ainda tramitam na Justiça do Brasil para punir exemplarmente os assassinos de Rubens Paiva. Esse filme só se equipara à fita argentina “A História Oficial” de 1986, que ganhou um Oscar e mostra em detalhes a guerra suja que nossos hermanos também fizeram contra o seu povo. Raúl Alfonsín faturou alto, assim como Lula e o PT. A arte, o cinema e o Oscar têm que incomodar mesmo os fascistas. Ditadura por aqui nunca mais!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

PRESIDENTA do MÉXICO, CLAUDIA SHEINBAUM, TEM OS OVÁRIOS BEM POSTOS.

PRESIDENTA do MÉXICO, CLÁUDIA SHEINBAUM, TEM OS OVÁRIOS BEM POSTOS.

 

 Então eles voltaram para construir um muro... Pois bem, meus caros americanos, embora vocês não compreendam muito de geografia, pois para vocês a América é o vosso país e não um continente, é importante que antes de colocarem os primeiros tijolos saibam o que estão deixando de fora desse muro.

Lá fora estão 7,6 bilhões de pessoas e toda a América Latina, mas como para vocês também não vos soa muito essa coisa de pessoas, vamos chamar-lhes de consumidores. Há 7,6 bilhões de consumidores dispostos a substituir o iPhone pelo Samsung ou Huawei em menos de 42 horas. Além disso, eles podem substituir o Levi 's por Zara ou Massimo Duti. Tranquilamente, em menos de meio ano, podemos parar de comprar veículos Ford ou Chevrolet e substituí-los por um Toyota, KIA, Mazda, Honda, Hyundai, Volvo, Subaru, Renault ou BMW, que tecnicamente superam de longe os carros que vocês produzem. Esses 7,6 bilhões também podemos parar de assinar a Direct TV e não gostaríamos, mas podemos parar de assistir filmes de Hollywood e começar a assistir mais produções latino-americanas ou europeias que tenham qualidade superior, mensagem, técnicas cinematográficas e conteúdo. Por incrível que pareça, podemos parar de ir à Disney e ir ao parque Xcaret em Cancun, México, Canadá ou Europa: há outros excelentes destinos na América do Sul, Oriente e Europa. E acreditem ou não, até no México há hambúrgueres melhores que os do McDonalds e com melhor conteúdo nutricional.

Alguém viu alguma pirâmide nos EUA? No Egito, México, Peru, Guatemala, Sudão e outros países existem pirâmides com culturas incríveis. Procurem onde estão as maravilhas do mundo antigo e moderno... Nenhuma delas está nos EUA... Que pena para Trump, pois, teria comprado e revendido!

Sabemos que a Adidas existe e não só a Nike e podemos começar a consumir tênis mexicanos como os Panam. Sabemos muito mais do que vocês pensam; sabemos, por exemplo, que se esses 7,6 bilhões de consumidores não comprarem os seus produtos, haverá desemprego e a sua economia (dentro do muro racista) colapsará ao ponto em que nos implorarão para derrubar o fatídico muro.

    Sem perguntas, pero... você queria uma parede, você vai ter uma parede.

 

                                      Cordialmente,

                                  O resto do mundo.

CLÁUDIA SHEINBAUM, PRESIDENTA do MÉXICO

sábado, 1 de março de 2025

Um crime sem nenhum castigo!




Um CRIME contra a identidade cultural, emocional, sociológica, patrimonial, religiosa e social de Calama/RO. E pior: ninguém nunca pagou NADA pela depredação desse valioso patrimônio histórico oriundo do Segundo Ciclo da Borracha.





 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

A Banda só anestesia Rondônia

A Banda só anestesia Rondônia

 

Professor Nazareno*

           

            O Carnaval é o ópio do povo não resta mais nenhuma dúvida. E Rondônia vive dias terríveis. Quase tudo por aqui está sendo privatizado como já fizeram com a Ceron, as Centrais Elétricas de Rondônia. Privatizaram a BR-364 e já se fala abertamente em privatizar também o rio Madeira. O atual governo do Estado já admitiu publicamente o fracasso da construção do “Built to Suit”, o hospital de nome inglês que iria substituir o “açougue” João Paulo Segundo. Continuaremos sem Pronto-Socorro! Com o inverno, a capital fica alagada e submersa em lama quase todos os dias. Mas mesmo assim, haverá desfile da Banda do Vai Quem Quer pelas sujas e imundas ruas de Porto Velho neste sábado de Carnaval. Essa Banda piora, e muito, o que já é ruim. Serão toneladas e mais toneladas de lixo, de dejetos e de bebidas baratas jogadas nas ruas além do cheiro de urina.

            Bêbados, drogados e totalmente anestesiados, muitos dos foliões parecem querer disputar entre eles para ver quem mais suja a cidade que lhes acolhe. Léo Moraes, o atual prefeito, deveria mandar espalhar caçambas e lixeiras por onde a Banda vai passar. Diminuiria a seboseira e passaria outra imagem da Banda, do Carnaval e também da própria prefeitura. Campanhas de conscientização vindas do Poder Público assim como da organização da Banda deveriam ter sido veiculadas na mídia nos dias que antecederam o fatídico desfile. Com o inverno rigoroso que estamos atravessando em Porto Velho, os poucos e frágeis bueiros e algumas outras canalizações da cidade não podem receber tantas garrafas pet, tantas sacolas de plástico, preservativos usados, muito menos vidros quebrados que são descartados em qualquer lugar pelos brincantes. Falta-nos civilidade?

A cidade é de todos nós: de quem gosta e de quem não gosta de Carnaval. E geralmente quem não vai ao desfile está preocupado com a política e com outras questões sociais. Como pode um indivíduo ficar anestesiado no meio da rua e não se preocupar, por exemplo, com a privatização da principal rodovia que liga o seu Estado ao restante do país? Como não se angustiar com a cobrança imoral e absurda de vários pedágios nessa estrada antes mesmo das benfeitorias e dos investimentos? Os dirigentes da Banda do Vai Quem Quer talvez não estejam tão inquietos assim com estas questões. Já pensou juntar cem ou duzentas mil pessoas e procurar conscientizá-las minimamente de seus direitos e difundir entre todos eles o orgulho de sua terra natal? E sem sujar nada! Parece que só querem mesmo é “encher a cara” de cachaça e deixar que as coisas se arranjem sozinhas.

Lamentavelmente o governo Lula não tem feito nada por Rondônia. Ano passado os incêndios devastaram a Amazônia e o governo federal pouco ou nada fez para amenizar o problema da fumaça tóxica. Este ano parece que tudo vai se repetir novamente. Por isso, as bancadas de deputados federais e de senadores deste Estado poderiam deixar as tolas questões ideológicas de lado e se mobilizarem para impedir a doação deste Estado aos mais espertos. Como disse muito bem o jornalista Rubens Coutinho em um primoroso artigo: Porto Velho, que já está sitiada, vai se tornar uma prisão a céu aberto. Realmente: não temos porto no rio Madeira, o caos aéreo encareceu as passagens de avião e agora se pagará pedágio caríssimo se quiser sair do Estado por terra. Em vez de pular Carnaval, os rondonienses deviam fazer passeatas e sair às ruas para reclamar, pois se não houver nenhuma reação, tudo terminará mesmo é em samba. Como a Banda do Vai Quem Quer.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

As mentiras de Rondônia

As mentiras de Rondônia

 

Professor Nazareno*

 

            O próprio Estado de Rondônia foi criado sob uma mentira. A Ditadura Militar queria ter maioria no Congresso Nacional no final de década de 1970 e por isso resolveu transformar o então território de Rondônia em Estado. Não deu outra: com essa jogada, elegeu mais três senadores governistas defensores do regime de exceção e de quebra ainda ganhou praticamente mais sete deputados federais. A mentira que se dizia na época era que o povo daqui queria a autodeterminação da região. Quanta desfaçatez! Desde quando meia dúzia de beiradeiros e de capiaus iletrados, esquecidos no meio da mata, queriam gerir por conta própria um Estado inteiro? O governo militar também conseguiu desafogar os problemas sociais da região Sul, pois com a mecanização agrícola, o desemprego só aumentava por lá. “Dão-se terras de graça e se anuncia prosperidade no novo Eldorado”.

            Se uma mentira criou Rondônia, essa prática de mentir se disseminou e continuou por aqui nas gerações futuras. A calúnia do momento seria a construção de um novo hospital de pronto-socorro em Porto Velho. Era o pomposo e badalado “Built to Suit” para substituir o “açougue” João Paulo Segundo. Praticamente oito anos se passaram e tudo já terminou em “beiju de caco”: deu em nada. Porto Velho tão cedo não terá nenhum hospital com nome em inglês. Hidrelétricas, já! Era o mantra há dez ou quinze anos. As barragens até vieram, mas não trouxeram prosperidade nenhuma. Só devastação do meio ambiente e a morte do rio. Os tolos rondonienses entregaram o rio Madeira e a Ceron aos forasteiros e em troca receberam a Energisa. Até uma tal Banda Versalle, que estourou nas paradas, parece que também era outro engodo. Nunca mais ninguém ouviu falar dela.

Por aqui já se falou mentirosamente que teríamos a Estrada do Pacífico e que a iminente industrialização seria a redenção do Estado. Era, claro, tudo balela. Porto Velho não tem uma indústria sequer até hoje. Os prefeitos dessa capital geralmente se elegem mentindo para os seus eleitores. “Vamos acabar com as alagações da cidade. Vamos construir saneamento básico e proporcionar água tratada para todos”, dizem eles cinicamente em todas as eleições. Tivemos até um prefeito que durante a campanha disse que ia abraçar, beijar e acariciar a cidade. Todo mundo acreditou na lorota e o elegeu. E quando esse prefeito saiu da prefeitura depois de oito anos, afirmou que tinha mais de 90 por cento de aprovação popular, mas sequer conseguiu emplacar a sua candidata. E foi na pandemia que se “compraram” um milhão e 400 mil vacinas para Rondônia. Era mentira!

O povo de Rondônia de um modo geral até já se acostumou a viver com a mentira. O agronegócio que existe aqui, por exemplo, não é daqui. É quase que totalmente de fora. O lucro vai todo para fora do Estado, assim como quase toda a energia produzida pelas hidrelétricas que estão em nosso solo.  Daqui mesmo são só as queimadas todos os anos e os desastres ambientais. O porto rampeado no rio Madeira e a urbanização da Praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foram inverdades em que muita gente acreditou. A farsa está lá na beira do rio: ratos, lixo e urubus enfeitando a paisagem. O porto está ali enferrujando e logo vai afundar no rio. Já a EFMM foi doada a forâneos e o rondoniense tem que pagar se quiser visitá-la. O asfaltamento da BR-319 é outra farsa. Dizem de novo que será a remissão de Rondônia. Infelizmente quase tudo por aqui é baseado na fraude, na inverdade, na mentira e na enganação. E Rondônia existe mesmo ou é só outra mentira?

 


*Foi Professor em Porto Velho.