quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Porto Velho sem parabéns!

Porto Velho sem parabéns!

 

Professor Nazareno*

 

            Hoje, dia 2 de outubro, Porto Velho, a eterna e inabitável “Capital de Roraima”, está incrivelmente completando 111 anos de existência. Apesar das festas programadas, não há absolutamente nada para se comemorar na cidade mais porca, fedida, imunda e sebosa do Brasil. Dentre as 27 capitais do país, a “cidade das hidrelétricas” ostenta o último lugar em saneamento básico e em água tratada. Aqui se convive com menos de três por cento de esgotos sanitários e menos de 40 % de água encanada. Com mais de um século de sujeira e de desorganização, o lugar é uma curva de rio que nem de longe pode ser comparado a algumas cidades localizadas no sul e no sudeste do Brasil. A “capital do descaso” sempre foi mal administrada e por isso apresenta deficiências em quase todos os setores urbanos. Nunca, nenhum prefeito lhe deu ou lhe fez qualquer uma benfeitoria.

Só que além de suja, esquecida, distante, pobre e lodosa, Porto Velho também é muito brega. Seria, afinal de contas, uma cidade do “Brasil do Norte”, como disse Paulo Bilynskyj, deputado federal bolsonarista pelo PL de São Paulo. Ideologicamente é uma cidade estranha, totalmente fora de contexto, pois quase 70 por cento de seus eleitores apesar de serem pobres e miseráveis, são da extrema-direita que só elegem candidatos conservadores e reacionários. Aqui não há festa do padroeiro e as comemorações festivas acontecem geralmente fora de época. Agora mesmo, o dia 2 de outubro terá o feriado adiado para o dia seguinte somente por ser uma sexta-feira. Até as próprias autoridades locais muitas vezes não se interessam muito pela data de criação do município. O 4 de janeiro, por exemplo, que é uma data do Estado, já foi mudado várias vezes. Um absurdo!

O mesmo acontece como o arraial Flor do Maracujá. Uma festa junina sem santo, mal feita, sem nenhum sentido e que nunca teve data certa para acontecer na cidade. A breguice crônica de Porto Velho está também nas festas que a cidade tenta promover. Para esses 111 anos de aniversário estão dizendo que a Maria Fumaça, uma locomotiva velha, obsoleta, cheia de ferrugem, imprestável e ultrapassada vai dar o ar da graça. A festa matuta terá também um bolo com 111 metros de tamanho. Quanta criatividade, meu Deus! Quanta inovação na “cidade sebenta!. A breguice porto-velhense só não é maior do que a apresentação de uma cantora que foi escolhida a dedo para divertir a todos com suas músicas igualmente bregas e cafonas. Teremos festa na roça de novo. Deve ser a festa de aniversário mais bizarra já vista. Roberto, Caetano, Gil, Chico nunca viriam aqui.

Fala-se que o governo Lula, por meio do PAC 2, estará mandando mais de 200 milhões de reais para arrumar a cidade. Tomara que o prefeito “influencer” Léo Moraes faça alguma coisa com toda essa grana. Espera-se que ele construa pelo menos alguns centímetros a mais de saneamento básico e aumente um pouco o número de pessoas beneficiadas com água tratada. Em Porto Velho quase ninguém bebe água da torneira, coisa até normal em muitas outras cidades do país. Mauro Nazif fez um inesquecível Natal com pneus velhos envergonhando a todos os munícipes. Hildon Chaves disse que ia beijar, abraçar e acariciar a cidade. Não teve coragem. Já o atual prefeito, praticamente se elegeu por que “dançou” numa poça de lama lá na rua Guaporé com a Rio de Janeiro antes das eleições. Porto Velho é uma prostituta velha e abandonada, uma capital sem eira nem beira, uma currutela fedida. Parabéns, nada! Meus pêsames! Pena de seus moradores!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Uma Porto Velho sem fumaça?

Uma Porto Velho sem fumaça?

 

Professor Nazareno*

 

            Estive ausente de Porto Velho durante quase três meses deste ano. Entre o começo de julho e o final de setembro, estive fora daqui. Não quis “pagar para ver” a repetição do Armagedon que se instalou em terras karipunas naquele verão de 2024 com toneladas de fumaça tóxica e fuligem. Por conta das queimadas, quase fui à lona com rinite alérgica, sinusite, bronquite, taquicardia e alguns outros males. Fiquei na cidade de São Paulo, na Argentina, em Curitiba no Paraná, em Santos, Praia Grande e em outras cidades mais civilizadas, limpas e aconchegantes quando o assunto é o respeito ao meio ambiente, ao clima e ao alto IDH. Parece que gastei dinheiro à toa, pois pela primeira vez na História, a pior capital do país para se viver não registou um só dia de fumaceira nem de fogo no que ainda resta de floresta. Ventos de modernidade sopraram na “Capital da Seboseira”?

            Mesmo vivendo na comodidade de tantos lugares incomuns e muito agradáveis, acompanhei de perto a situação vivida neste fim de mundo rondoniano. “Professor, os céus de Porto Velho neste verão de 2025 continuam fazendo justiça ao triste, feio, hipócrita e horroroso hino do Estado” é o que diziam os meus interlocutores. Voltei imediatamente para constatar essa grande e surreal surpresa ambiental. Os rondonienses estão preservando a floresta amazônica por vontade própria e por conscientização ecológica? Não é possível! Bastou eu sair só uns dias daqui para que essa gente destruidora de meio ambiente tomasse juízo? Porto Velho e Rondônia serão, de agora em diante, lugares bons para se viver? Quem será o responsável ou os responsáveis por este avanço pouco esperado nesta currutela fedida e imunda? Léo Moraes já disse que foi ele.

            Mas é obvio que não foi. Todo mundo sabe que essa fumaça que sempre nos castigou é estadual e até nacional. O prefeito fala muito. Só não dá um pio sobre a questão do saneamento básico e da água tratada da cidade que ele administra. Segundo o Instituto Trata Brasil continuamos no último lugar no Brasil em saneamento básico dentre as cidades com mais de cem mil moradores. Por isso, a tarefa do prefeito Léo é hercúlea para transformar Porto Velho em uma Maringá, Curitiba, Londrina ou até mesmo numa Foz do Iguaçu. Estive semana passada em Maringá, interior do Paraná, que é a melhor cidade do Brasil para se viver. A cidade paranaense tem quase o mesmo número de habitantes de Porto Velho, é bem mais nova (tem só 78 anos contra os 111 anos daqui) é muito arborizada e tem um IDH de fazer inveja às melhores cidades do Primeiro Mundo.

            Mas se não foi o Léo Moraes que acabou com a fumaça de Porto Velho só podem ter sido os deputados federais e os senadores de Rondônia. Isso sem falar nos probos, honestos, competentes e trabalhadores vereadores da capital. Sim, pois sendo quase todos eles bolsonaristas, conservadores, reacionários e também da extrema-direita é claro que estão preocupados com o meio ambiente e com dias melhores para os seus coitados eleitores. E até São Pedro tem ajudado nestes dias, pois as chuvas já estão chegando em setembro quando o normal seria outubro. Claro que o único problema da “Capital de Roraima” não é só a fumaça. O “açougue” João Paulo Segundo, por exemplo, continua envergonhando os políticos. Isso se eles tivessem vergonha, né? Assim como a falta de mobilidade urbana e a violência social. E eu só continuo a morar por aqui se tiver fumaça. Eu até gostava de ver aquelas dragas de garimpo “matando o Madeira. Céu azul cansa!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


sábado, 5 de julho de 2025

O Brasil pertence aos ricos

O Brasil pertence aos ricos

 

Professor Nazareno*

 

            Há mais de meio século que o Brasil figura entre as dez maiores economias do mundo. O seu PIB é equivalente hoje ao de países como Itália, Rússia, Canadá, Espanha e até ao da Coreia do Sul. Já fomos a sexta maior economia do mundo superando países como a França e o Reino Unido, potências econômicas mundiais. Somos um dos maiores produtores de alimentos do planeta e temos também a maior produção de proteína animal dentre todos os países. Nossa produção anual de grãos supera facilmente as 300 milhões de toneladas. Somente neste ano de 2025 o país deverá produzir algo em torno de mais de 328 milhões de toneladas. Isso sem falar em carnes, frangos, pescados, frutas, legumes e hortaliças. Porém no IDH, que mede a qualidade de vida da população, eis que o nosso país amarga posições ridículas ficando muitas vezes bem abaixo do 90° lugar. Um atraso!

Em resumo: o Brasil apesar de ser um país muito rico, sempre teve uma população extremamente pobre, miserável e faminta. Até anos bem recentes, tínhamos mais de 30 milhões de pessoas pobres e desassistidas vivendo muito abaixo da linha da pobreza. Era fila do osso em Cuiabá e pessoas revirando caminhões de lixo em Fortaleza para poder se alimentar. E então, onde está toda esta riqueza que a nona economia do mundo produz todos os anos? Está praticamente quase toda ela concentrada nas mãos dos ricos e dos poderosos. Está nas mãos e no domínio quase absoluto da elite que sempre mandou e manda no país, que sempre foi dividido entre “quem tem e quem não tem”. Não há uma só cidade em que essa divisão não esteja ali à frente de todos. É escola para rico e escola para pobre. É transporte para rico e transporte para pobre. Bairro de rico e bairro de pobre.

Os sucessivos governos, desde os tempos do Império, sempre representaram a elite poderosa e rica. E sempre trabalharam para carrear toda a riqueza do país para as classes mais abastadas. E sempre foi assim. Quando a Princesa Isabel proclamou a abolição das pessoas escravizadas em 1888, contrariando os ricos e poderosos, a elite rica e reacionária se reuniu e num ato de vingança proclamou a República pouco tempo depois. Até os dias de hoje, a Casa-Grande e Senzala de Gilberto Freyre nunca deixou de acompanhar a nossa injusta sociedade. Nem a direita e muito menos a esquerda governou para os mais necessitados. No Brasil, de um modo geral, rico não paga imposto sobre sua fortuna. O Congresso Nacional, hoje declarado INIMIGO do POVO, sempre esteve a serviço dos ricos. Assim como todos os outros poderes. Aqui o pobre é só escória.

E o pior de tudo é que é esse pobre, geralmente, quem elege esses representantes dos ricos. O atual CONGRESSO INIMIGO do POVO é composto em sua maioria por parlamentares muito ricos. Só 7% deles representam os pobres. Mídia, Igreja, Estado tudo conspira contra o pobre, que só vota em rico porque não tem leitura de mundo nem educação de qualidade para entender a questão social de seu país. Um pobre dificilmente vai compreender que é explorado todo dia. Esse pobre, lamentavelmente, vive à sombra dos ricos e se contenta com as esmolas que recebe. Não questiona nada, não entende nada. Por isso é mais fácil encontrar um pobre de direita do que um rico de esquerda. É claro que até há alguns poucos e raros políticos que se preocupam com essa nossa monstruosa desigualdade social, mas são minoria dentro dos parlamentos e sempre perdem no voto. Por isso, não se permite uma educação de qualidade para os pobres. Libertá-los para quê?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 29 de junho de 2025

O Congresso é culpa do eleitor


O Congresso é culpa do eleitor

 

Professor Nazareno*

 

            O Congresso Nacional do Brasil é, óbvio, o Poder Legislativo e é composto por 513 deputados federais e pelos 81 senadores da República. Esse poder existe também nas 27 unidades federativas, com as Assembleias Legislativas e em cada um dos municípios, as Câmaras de Vereadores. Quase todos seus integrantes, nas três esferas, são eleitos pelo voto popular a cada quatro anos. É um Poder muito importante nos regimes democráticos, pois além de criar leis ajuda também na fiscalização dos outros dois poderes. O Poder Legislativo é uma espécie de intermediário entre o povo e os seus governantes. Só que, no Brasil, via de regra, acredita-se que esse Poder está totalmente de costas para esse povo que ele diz representar. De um modo geral, esses legisladores, que foram eleitos pelo voto de cada eleitor, tomam as suas decisões sem levar em consideração os anseios populares.

            Fala-se abertamente que em todas as esferas de poder, infelizmente, a esmagadora maioria desses parlamentares está a serviço deles próprios, da elite econômica, dos ricos e poderosos e também dos grupos empresariais dessa mesma elite nacional. São eles, de certa forma, que mantêm a estrutura de poder baseada nos privilégios dos mais ricos e endinheirados. Praticamente toda a produção de riquezas do país caminha somente para os mais privilegiados, enquanto os mais pobres e necessitados padecem quase sem nenhuma assistência do Estado. Geralmente quando esses legisladores estão do mesmo lado do chefe do Poder Executivo, a “roubalheira” é devidamente consentida e repartida entres eles. Mas quando estão em lados opostos, quase todas as votações do Legislativo são para afrontar e para boicotar o Poder Executivo e não para aprovar as suas propostas.

            Tudo isso é basicamente o que está acontecendo atualmente no Brasil. O atual Congresso Nacional, eleito democraticamente nas últimas eleições, é quase todo ele da extrema-direita e por isso, está contra o governo petista de Lula. Ao votar pela derrubada de alguns vetos do presidente, esse Congresso legisla em causa própria e contra a maioria do povo que o elegeu. Se a conta de energia elétrica vai aumentar, por exemplo, nos próximos 40 anos no país, beneficiando assim parte da elite rica que é proprietária de pequenas centrais hidrelétricas, a culpa é totalmente do Congresso Nacional. O veto à anistia de pagamento do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais é outro ataque direto aos mais pobres e despossuídos. Mas a dispensa do pagamento de mais IOF para quem ganha acima de cinquenta mil reais por mês vai beneficiar os ricos ainda mais.

            De certa forma, o Congresso Nacional do Brasil legisla contra o povo pobre, miserável e ignorante que o elegeu. E pior: se estivesse mesmo preocupado com o aumento de impostos e com os gastos do governo que ele tanto critica, a Câmara dos Deputados não teria aumentado do nada o atual número de deputados federais de 513 para 531 aumentando dessa forma os gastos anuais, segundo a própria Câmara Legislativa, em quase 65 milhões de reais. E essa farra com o dinheiro do eleitor pobre geralmente é verificada também nas assembleias legislativas estaduais bem como nas câmaras de vereadores. E de quem é a culpa por tudo isso? Ora, do próprio eleitor que, primeiro elege essa gente para lhe representar, e depois não fiscaliza absolutamente nada. Por isso, a síndrome da Casa Grande & Senzala da sociedade brasileira nunca vai ser vencida. O infeliz do eleitor deveria pesquisar mais sobre as “tranqueiras” que elege em cada eleição.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


domingo, 22 de junho de 2025

E Israel “ama” Jesus Cristo!

E Israel “ama” Jesus Cristo!

 

Professor Nazareno*

 

            O Estado de Israel, criado em 1948 pela ONU, é um país de ampla maioria formada por judeus. Penalizados na época com o massacre do Holocausto perpetrado pelos nazistas, a maioria dos países vencedores da Segunda Guerra Mundial resolveu, com a ajuda do Brasil, “empurrar de goela abaixo” ao restante do mundo a criação do Estado judeu numa terra que, embora “prometida” a eles por Deus, estava há mais de dois mil anos sendo habitada por palestinos. E não precisa seguir nenhuma religião para saber o óbvio: foram eles, os judeus, há mais de dois mil anos que prenderam, torturaram e depois crucificam Jesus Cristo. Os judeus só toleram, porém nunca reconheceram e nem reconhecem Cristo como sendo filho de Deus. Hoje, mais de 70% dos israelenses são judeus. Uns 18% são muçulmanos e bem menos de 2% são cristãos na “terra de Cristo”.

Mas, como via de regra, quem tem uma religião geralmente segue somente os seus líderes sem se importar com a verdadeira história da sua própria fé, muitos cristãos brasileiros tecem loas a Israel, como na Marcha para Jesus, sem perceber que Israel moderno nada tem a ver com aquele Israel da Bíblia. A nação dos judeus hoje é um Estado fantoche criado e financiado pelos interesses das potências ocidentais para tomar de conta do petróleo produzido em partes do Oriente Médio. Na última reunião do G-7, por exemplo, os países participantes foram unânimes em afirmar, mais uma vez, que na atual guerra entre Irã e Israel os judeus têm todo o direito de se defender. Não observaram, no entanto, que foi Israel quem atacou primeiro. Logo, são os iranianos que têm esse direito, uma vez que foram atacados na surdina e sem que tenha havido uma declaração de guerra.

Portanto, ao se enrolar em uma bandeira sionista, como fazem muitos dos bolsonaristas evangélicos, pode ser uma burrice sem tamanho. É o desconhecimento total da história das religiões. O sujeito “mata e morre” defendendo Jesus Cristo a vida inteira e, quando pode, homenageia publicamente e sem conhecimentos, aqueles que no passado mataram o Messias que é motivo maior de sua crença. Realidade: apesar de Israel ser signatário da Agência Internacional de Energia Atômica nunca assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear, o TNP. Por isso, fala-se que esse país possui entre 70 e 300 ogivas nucleares. Apesar de os judeus não permitirem nenhuma inspeção em seu programa nuclear, já determinaram que o Irã não pode ter uma só bomba atômica. Ao contrário, os iranianos, que foram atacados agora, são signatários da AIEA e também assinaram o TNP.

Aplaudir Israel e seus símbolos é compactuar com as atrocidades do atual governo sionista contra todo o povo palestino. Milhares de velhos, crianças e mulheres, todos desarmados, estão sendo submetidos às mesmas monstruosidades que Hitler impôs aos próprios judeus durante o Holocausto com o silêncio e a complacência das grandes potências mundiais. Israel, claro, se defende dessa desumanidade que está praticando na Faixa de Gaza dizendo que “quem não o apoia” é antissemita. Parece até que ao atacar o Irã, o governo israelense desvia a atenção do mundo para a perversidade que está fazendo com os palestinos em Gaza. Por tudo isso, o governo brasileiro devia rever as relações diplomáticas com Israel, mesmo sabendo que não são os judeus, de um modo geral, que estão levando o mundo para uma possível Terceira Guerra, mas o governo de extrema-direita de Netanyahu. Enquanto isso, os bolsonaristas põem é mais lenha na fogueira!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 14 de junho de 2025

Rondônia e Paraíba na guerra

Rondônia e Paraíba na guerra

 

Professor Nazareno*

 

            A guerra explode de vez no Oriente Médio. Sem nenhuma declaração formal, o governo sionista de Israel, ajudado pelos Estados Unidos, ataca o Irã na surdina e joga aquela região à beira de um conflito regional. Diante dessa agressão sem precedentes dos judeus, todo o mundo civilizado também corre perigo, pois dependendo do envolvimento de potências estrangeiras, a situação pode piorar e ficar fora de controle. Mas nem tudo está perdido. Duas províncias do Brasil, Rondônia e Paraíba, têm seus representantes em solo judeu e podem ser o fator decisivo neste conflito. Marcos Rocha, o todo poderoso governador rondoniense e Cícero Lucena, o viajado prefeito de João Pessoa, já estavam no Oriente Médio quando Israel começou com mais esta guerra. Com estes dois cidadãos lá, o mundo pode respirar bem mais tranquilo: não precisará, por enquanto, de diplomatas.

            Parece até que Israel já sabia do trunfo que tem em mãos com estes dois brasileiros “fora-de-série” em sua nação. Na diplomacia, por exemplo, ninguém consegue vencer facilmente estes dois grandes políticos. E os judeus devem saber disto. Podem, se quiser, usá-los para convencer os aiatolás iranianos a desistirem de ter uma bomba atômica. Uma tarefa simples! Lucena transformou do nada João Pessoa na Meca do turismo mundial e revolucionou a sociedade pessoense em todos os aspectos. A capital da Paraíba desbanca hoje qualquer cidade do primeiro mundo em mobilidade urbana, praias higiênicas, educação dos vendedores e limpeza de suas lavadas e asseadas ruas. “Hoje praticamente não se veem mais pessoas pedindo esmolas nas ruas de Jampa”, é o comentário dos milhões de felizes turistas que vão todos os anos para as belas praias do litoral paraibano.

            João Pessoa é hoje uma cidade sem problemas e sem nenhum conflito. Na “Capital das Acácias” não existem mais pessoas pobres. Quase todo mundo ali é rico e próspero. E tudo isso, graças à capacidade criativa e diplomática de Cícero Lucena, que, se for chamado, pode também revolucionar todo o Oriente Médio. Com sua verve, ele tranquilamente vai unir todos os judeus, cristãos e muçulmanos numa aura de pureza, de fraternidade, de bem-aventurança e de paz. Já Marcos Rocha é um guerreiro em todos os sentidos. Forte, corajoso, destemido e também diplomático, o governador de Rondônia pode, se for chamado, emprestar as suas boas qualidades para mediar este conflito e dar tranquilidade a todo aquele povo sofrido. Pelos seus relevantes trabalhos prestados e pela sua importância, Rocha e Lucena já deviam ter sido indicados a um Prêmio Nobel da Paz.

            Se Lucena revolucionou João Pessoa com a sua inteligência e capacidade, Marcos Rocha não fica atrás em Rondônia. Aqui ele criou o “Built to Suit” e a partir disso, dinamizou o conceito de hospital de pronto-socorro no Brasil e também no mundo. Rocha faz uma administração ímpar em Rondônia. Amado por todos, ele não governa, mas é como se governasse. Resolver conflitos é com ele mesmo. E já resolveu muitos aqui. O seu governo é um “antro” de paz, de harmonia, de tranquilidade e de prosperidade. “Foi Rocha que fez Porto Velho ser esse paraíso de coelhinhos saltitantes e de borboletas azuis”. Toda a sua experiência pode ser usada pelos israelenses para apaziguar aquela nação. E dependendo do curso da guerra, os judeus podem até entregar Marcos Rocha e Cícero Lucena ao Irã, num possível acordo de paz, para que os eminentes brasileiros possam também ajudar os aiatolás nas suas dificuldades. Só que sentiremos a falta deles.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Ser maluco: tudo é normal?

Ser maluco: tudo é normal?


Professor Nazareno*

 

Sou pobre e nasci numa família de pessoas pobres neste país rico, muito rico. Sou ligado à Igreja evangélica e tenho muito conhecimento atual de política, que adquiri lendo postagens no Facebook e também na internet. Sempre votei na direita e na extrema-direita e não vejo nenhum problema nisso. Fico possesso da vida quando alguns comunistas dizem que houve uma ditadura militar no Brasil. Acampei durante dois meses em frente aos quartéis do Exército pedindo por uma intervenção militar para salvar o Brasil do comunismo e de todos os esquerdistas. Participei ativamente do levante patriótico do oito de janeiro de 2023 e acho que só não fui preso pela “ditadura da toga” porque não apareci em nenhuma foto nem em nenhum vídeo. Saí da Esplanada antes da chegada da polícia. Meu celular estava com problemas e assim não fiz nenhuma foto nem nenhuma filmagem.

Eu não sou maluco, não!  Nunca peguei Covid-19, pois isso não existe! Nunca me vacinei, mas tomei cloroquina aos montes e também ozônio no rabo até dizer chega. Amo os Estados Unidos e também o seu amado presidente, Donald Trump. Jair Bolsonaro é o meu herói. Foi o melhor presidente que o nosso país já teve em seus pouco mais de 525 anos de História. Sou de Porto Velho, Roraima, e aqui votei duas vezes no coronel Marcos Rocha para o bem deste Estado. Tenho certeza de que no terceiro mandato ele construiria o tão propalado “Built to Suit” para o povo pobre daqui. Rondônia é um lugar abençoado na política, pois aqui não há esquerda. E é uma pena que não tenha o terceiro mandato para governador. Votaria nele de novo! “Aqui, até candidato eleito do PT vota a favor de Netanyahu e pela anistia total aos desmatadores de reservas ambientais do Estado”.

Todas as escolas públicas daqui deveriam ser escolas cívico-militares. Não existe no mundo nenhum outro tipo de educação que seja tão eficaz e voltado à disciplina como a que tem em todos esses estabelecimentos de ensino. Deus, Pátria e Família é um lema inteligente, otimista, progressista e que deveria guiar todas as boas pessoas e instituições. Candidatos esquerdistas, socialistas, comunistas e da esquerda em geral deveriam ser proibidos de concorrer às eleições. Durante o que chamam de período da ditadura militar no Brasil, nenhum esquerdista participava do governo e por isso era tudo mais tranquilo e normal. Não havia violência, não havia corrupção, o povo era feliz e a lei e a justiça estavam em todas os lares e pessoas. Naquela época, por exemplo, nenhum artista ou comediante poderia fazer os seus shows sem que não tivesse a permissão das autoridades.

Viver hoje no Brasil com esse pessoal de esquerda governando é muito ruim. Não se pode mais chamar um prefeito, governador ou presidente da República de ladrão. “Se disser isso, tem primeiro que provar”, dizem. Por isso que eu sou da direita. Por isso que eu coloco meu celular na cabeça para fazer contato com extraterrestres e também rezo para pneus. Naquela época, a mídia era perfeita e não se vendia a nenhum candidato, a nenhuma autoridade nem a nenhum governo de plantão. E só publicava verdades. Como pode o meu ídolo maior dizer que eu sou um maluco? Isso me revolta muito! Em Rondônia, fome não havia como há hoje. E o rio Madeira tinha porto, não estava garroteado e ainda existia muita mata virgem por aqui. O que será que o Raul Seixas quis dizer quando profetizou certa vez que “preferia ser maluco num mundo onde os normais faziam armas, bombas, mísseis e foguetes para matarem crianças, velhos e mulheres?”.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Saudades da Escola João Bento

Saudades da Escola João Bento

 

Professor Nazareno*

 

            Dos 66 anos que tenho hoje, mais de quarenta e cinco deles eu trabalhei como professor. Do interior da Paraíba, Estado onde nasci, passando por João Pessoa, a capital, até Calama no baixo Madeira passando por Porto Velho, onde me aposentei, tentei repassar meus conhecimentos para ajudar na formação das futuras gerações. Fui não só professor em sala de aula, mas também diretor, supervisor escolar e muitas vezes também aluno, já que aprendia muita coisa todo dia com os meus próprios pupilos. Foram muitas escolas por onde passei, porém a que me deixou mais saudades, sem nenhuma dúvida, foi a Escola JBC, João Bento da Costa, situada na zona sul de Porto Velho. Juntamente com um grupo de professores, nós fundamos ali, no início do ano 2002, o Projeto Terceirão na escola pública. Trabalhei no JBC até o ano de 2019, quando pedi a minha aposentadoria.

            Liderados pelo professor Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, e que mais tarde viria a ser Secretário de Educação de Rondônia, esse grupo de educadores queria mostrar, e até conseguiu em partes, que uma escola pública poderia aprovar tantos alunos ou até mais do que em uma escola particular. Entenda-se: aprovar estudantes para qualquer universidade pública ou privada do Brasil. Inicialmente esse grupo de professores era liderado pelo grande professor Walfredo Tadeu de História, José de Arimatéia Dantas de Geografia e eu, Professor Nazareno, ministrando Gramática e também Redação. Com o passar do tempo, vários outros mestres de renome estadual, se juntaram ao grupo para dar continuidade ao grandioso trabalho do JBC, que todo ano aprovava centenas de alunos para a UNIR e também para várias outras universidades espalhadas pelo país. Só sucesso!

            Professor Carlos Moreira, de Literatura, Professor Neyzinho de Matemática, Professora Heloísa de Gramática e de Redação, Professor Rodrigues de Física, Professora Soniamar também de Redação, Professora Russi de Biologia, Professor Décio de Física, a Professora Lady de Espanhol, Professor Fábio Xisto e Professora Doralice de Inglês, Professora Mônica de Química, Professor Roberto também de Química e muitos, mas muitos outros grandes professores e grandes mestres que conseguiram, com muito denodo, competência, determinação e garra provar que “quando se quer” a coisa pública pode dar certo. Como se esquecer dos aulões na Ulbra, na FIMCA, na FATEC e na São Lucas? Muitas vezes 600 ou 700 alunos do João Bento eufóricos, cantando e aprendendo? E como esquecer os aulões com os grandes Sílvio Predis, Rômulo Bolivar e Saulo Boni?

            Hoje, já encostado e em fim de carreira, sinto muita saudade daquela maravilhosa escola. “A Escola João Bento da Costa é a Rondônia que dá certo”, eu sempre dizia cheio de otimismo e de alegria. E dava certo mesmo! E a nossa briga era grande: concorríamos com o poderoso Classe A e com o Colégio Objetivo, ambos particulares, quase de igual para igual. Como não se lembrar da aluna Gabriele Veiga, a primeira que passou para Medicina em uma Universidade pública saindo direto de uma escola também pública? Como não lembrar os vários alunos que saíram do João Bento da Costa para cursar Medicina, Engenharia, Letras, Enfermagem, Ciências Contábeis, Economia, Artes, Biologia, Direito e muitos outros cursos superiores tanto em universidades particulares como também em públicas? Só no ano de 2015, por exemplo, eu corrigi, contadas, 15.756 redações de meus alunos. Eu sempre digo que o Terceirão do JBC é o meu terceiro filho.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Rondônia Rural Show: riqueza?


Rondônia Rural Show: riqueza?

 

Professor Nazareno*

 

A Rondônia Rural Show Internacional, realizada em Ji-Paraná, interior do Estado, rendeu em 2025 mais de 5,1 bilhões de reais em negócios. Muitas autoridades estaduais, como o governador Marcos Rocha e seus secretários estão com o sorriso atrás das orelhas. O otimismo com o agronegócio rondoniense encanta a todos e dá uma falsa sensação de que a bonança e a prosperidade são fatos rotineiros neste distante e incivilizado pedaço de Brasil. A Rondônia Rural Show é geralmente vista como um evento de grande sucesso, reconhecido por impulsionar a economia rondoniense, promover o agronegócio e conectar produtores, expositores e investidores. A feira é considerada um ponto de encontro para a troca de conhecimentos, de negócios e também inovação no setor. E quase meio milhão de pessoas foram prestigiar os eventos.

Em Rondônia, principalmente em sua suja e fedida capital, fala-se à boca miúda que essa “feira agropecuária” é uma plataforma de negócios que não só impulsiona a economia da região como também mostra inovação nas atividades rurais. “É Rondônia tendo reconhecimentos nacional e internacional”, falam os mais otimistas. Só que ninguém percebe que Rondônia é apenas mais uma minúscula célula de decadência e atraso na já caótica realidade nacional. A produção de riquezas por aqui equivale a apenas 0,7 por cento do PIB do Brasil. Pobreza e miséria são constantes num dos estados mais caóticos do país. A devastação ambiental se tornou rotina todos os anos na época do verão amazônico. O ano passado, a natureza estadual pagou caro com tanto fogo e queimadas, já que o agronegócio não poupou nem as frágeis reservas ambientais.

Em 2025, as previsões de devastação ambiental em Rondônia e, por conseguinte, em toda a Amazônia Legal são assustadoras. Possivelmente a partir de julho próximo o fogo, sempre capitaneado pelo agronegócio assassino, é que dará as cartas na região. Então, produzir tantas commodities para quê? A fome, a violência, a pobreza e a miséria caminham lado a lado com as grandes plantações e assim castigam muitos rondonienses como na lendária música de Geraldo Vandré. Porto Velho, a capital do Estado, é um caos só. A cidade foi classificada na semana passada pela CNN como a pior dentre as 27 capitais para se viver. A cidade não tem IDH, não tem saneamento básico, não tem água tratada e também não tem sequer um hospital de pronto-socorro decente para atender aos seus sofridos habitantes. E Rondônia sofre com o descaso dos seus políticos.

Então, para onde vai tanto dinheiro da Rondônia Rural Show se não é investido um único centavo na melhoria da população carente desse Estado? Parece que toda essa grana sequer é gasta nas nossas cidades. Em Porto Velho, por exemplo, o comércio local está praticamente falido e o que mais se veem são lojas fechadas e muitos prédios para se alugar. A pior capital do Brasil para se viver já virou sinônimo de terra arrasada faz tempo e ninguém faz absolutamente nada para melhorar. A cidade, que tinha quase 600 mil habitantes há alguns anos, hoje não chega sequer a 500 mil moradores. Muita gente foi embora daqui à procura de novas oportunidades e de qualidade de vida. Mas a classe política continua otimista e já pensando em sua eleição e também reeleição no próximo ano. Não adianta vê a mídia endeusando essas “feiras matutas” se parte do dinheiro não ficar aqui. Então, vamos à Rondônia Rural Show Internacional em 2027?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Marina Silva, o bode da BR-319

Marina Silva, o bode da BR-319

 

Professor Nazareno*

 

            A Rodovia Álvaro Maia, que liga Porto Velho, capital de Roraima, ao Careiro da Várzea, cidade amazonense próxima a Manaus, voltou mais uma vez ao debate nacional no Senado. Só que dessa vez de maneira lacônica e muito infeliz. Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente, que é o bode expiatório da referida BR, foi covardemente agredida por parlamentares bolsonaristas e também governistas, como o senador do Amazonas Omar Aziz. Todos os agressores fizeram ataques misóginos e machistas contra a ministra. Acusaram-na, sem provas, de impedir a reconstrução da BR-319 e não levaram sequer em conta o fato de que Marina Silva deixou o governo Lula ainda em 2008 e só voltou agora em 2023. Por que durante todo esse período de quase duas décadas não asfaltaram a velha estrada? Só Jair Bolsonaro governou o Brasil durante 4 anos. Temer, quase 3 anos.

            O senador bolsonarista Marcos Rogério de Rondônia, conhecido como o “Pit Bull” do Bolsonaro, mandou sem meias-palavras, a assustada ministra ficar no seu lugar. “Ponha-se no teu lugar” disse ele. Errou não só a gramática normativa, já que misturou as pessoas dos pronomes usados, como foi grosseiro, mal-educado e misógino. Isso é postura de um senador da República? Já o senador Plínio Valério do PSDB do Amazonas disse naquele triste momento que “respeita a mulher, mas não a ministra”. Valério, em um pronunciamento anterior, já havia falado em “enforcar” a coitada da acreana. Marina Silva é mulher, negra e de origem pobre. Mas não se intimidou ali. Após ser destratada e desrespeitada como mulher e como ministra, ela se retirou da sessão. Ela luta como uma leoa pela natureza do Brasil, função aliás de uma verdadeira ministra de meio ambiente.

Diferente do ex-ministro de Bolsonaro, Ricardo Salles, que disse em uma reunião ministerial que era “hora de passar a boiada” numa clara alusão a desrespeitar o meio ambiente e a natureza, já que a mídia e a sociedade naquela época estavam focadas na pandemia de Covid-19. Marina Silva pode até não querer recuperar a rodovia BR-319, mas são os próprios amazonenses que demonstram isso o tempo todo. Eles gastaram mais de 1,3 bilhão de reais em dinheiro de 2010 só para construir uma ponte no rio Negro que liga “o nada a coisa alguma”. Desde quando a vila do Cacau Pirera e Iranduba têm toda essa importância? Se queriam mesmo sair do isolamento, os manauaras deviam ter feito essa mesma ponte ligando Manaus à BR Álvaro Maia e assim forçar o seu asfaltamento. Além do mais, a estrada já existia e por que deixaram ela se acabar e não a preservaram?

Marina Silva está corretíssima! Ela tem mais é que proibir mesmo o garimpo assassino no rio Madeira e também em outros rios da Amazônia e tem que barrar também a construção dessa BR assassina. Asfaltar a 319 entre Manaus e Porto Velho decretará o fim da Amazônia para sempre. É como disse o próprio senador Omar Aziz: “eu quero a BR-319 para poder passear nela, eu tenho esse direito”. E vai ser só para isso que a velha estrada vai servir e para mais nada: passear. Grileiros, madeireiros, invasores de terra, posseiros, desmatadores e afins vão destruir o que ainda resta de preservação ambiental. Vejam o exemplo da BR-364 no início da década de 1980. Por causa dela criaram Rondônia, um dos maiores desastres ambientais da história da humanidade. O que é que esse Estado dá de bom ao Brasil? Qual exemplo que a terra Karipuna tem dado ao futuro? Só se for políticos misóginos, machistas e bolsonaristas. E já chega disso, né?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 25 de maio de 2025

O tambaqui não será extinto!

O tambaqui não será extinto!

 

Professor Nazareno*

 

              O tambaqui é um peixe muito apreciado em Rondônia e também em muitas outras regiões da Amazônia. Existem “duas espécies” desse peixe: o nativo, que habitava abundantemente os rios amazônicos, e aquele que é criado em cativeiro. Os dois são muito deliciosos e têm sabores muito diferentes que só quem nasceu aqui consegue distinguir. Rondônia é um dos maiores produtores do tambaqui em cativeiro e já exporta essa iguaria para outros estados do Brasil e também para alguns países. Recentemente o Ministério da Pesca e Aquicultura alertou sobre a possibilidade de que o tambaqui nativo estaria em extinção. O que chega a ser uma verdade, pois para se pescar hoje um tambaqui na natureza é a coisa mais difícil do mundo. Esse peixe praticamente desapareceu do rio Madeira e também de outros rios da Amazônia. Nos mercados quase não se vê o pescado.

              O governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha, que é natural da cidade do Rio de Janeiro, ficou enfurecido com a nota do Ministério da Pesca sobre a extinção do peixe, visto que Rondônia é talvez o maior produtor nacional do tambaqui em cativeiro. São, portanto, dois peixes bem “diferentes”. O governador, com pouco ou nenhum conhecimento sobre a Amazônia, confundiu as duas espécies em questão. Fez vídeos e publicou nas redes sociais o seu protesto dizendo que isso seria uma “jogada” das autoridades para turbinar a venda da tilápia, outra espécie também criada em cativeiro. Eufórico e esbravejando, o mandatário bolsonarista disse que “o tambaqui cria milhares de empregos no Estado e que tudo isso é mentira, ele não está em extinção”. Só que quem cria esses empregos não é o tambaqui nativo, mas aquele que é criado em cativeiro.

              Alguém ou algum assessor com o mínimo conhecimento de Ictiologia tinha de dizer ao governador qual é a realidade dos tambaquis daqui. Talvez ele entendesse. E dizer-lhe também que quem está em fase de extinção em Rondônia principalmente é a decência na política. Aqui neste fim de mundo, não se pode sequer agendar para se tirar uma simples carteira de identidade. É a competência em extinção a olhos vistos nos serviços públicos do Estado. Hospital de pronto-socorro na capital de Rondônia, onde mora Marcos Rocha e família, é algo que já foi extinto há muito tempo. Foi extinta também a vontade política de se construir um hospital público decente para o povo pobre desse Estado. Por que será que o governador não viu a extinção total da limpeza, da água tratada, do saneamento, do IDH e da arborização na capital desse Estado que ele governa?

              Eu diria também ao governador que o bolsonarismo dele será extinto em breve com a prisão de Jair Bolsonaro pelo STF. Abriria seus olhos para os votos da esquerda que existem em Rondônia e em Porto Velho e que são esses mesmos votos que decidem qualquer eleição. Logo, dizer que a esquerda está extinta em Rondônia é mais uma falácia. Porém, jamais perderia o meu tempo tentando lhe explicar as diferenças existentes entre o tambaqui criado em cativeiro e o tambaqui nativo. Como uma espécie manuseada geneticamente para se reproduzir aos milhões pode entrar em uma lista de animais em extinção? Quem será extinto em breve, governador, será o cidadão pobre de Rondônia, que sem hospital público vai morrer à míngua. Marcos Rocha confunde administração transparente com traz parente e tomara que ele também não confunda Rondônia com Roraima. Isso seria o seu fim na política e os rondonienses poderiam odiá-lo para sempre.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.