terça-feira, 27 de agosto de 2019

“Jornalistas” incendiários


Jornalistas” incendiários 

Professor Nazareno*


O Estado Policial voltou. Agora com camionetas, helicópteros, aviões. Ameaça pequenos produtores, aplica pesadas multas. As pequenas comunidades rurais estão em pânico. O desespero toma conta. Com superpoderes, lhes dado por uma legislação imposta pela esquerdalha, que dominou o país durante década e meia e com apoio incondicional de entidades internacionais, como as milhares de ONGs que dominam nossa Amazônia, o Ibama é um Estado a parte, dentro do Estado”. Essas mal traçadas linhas, por incrível que pareça, foram escritas em 2019 por um “jornalista” que reside na Amazônia brasileira, hoje totalmente tomada pela volumosa fumaça das queimadas que levaram o mundo civilizado a protestar e a nos ameaçar via G7 com pesadas sanções comerciais. Romper tratados e boicote a nossos produtos também estão na mira.
 Moro há quarenta anos nesta região e todos os anos a rotina incendiária é a mesma: a fumaça cobre os céus e os transtornos se repetem. Mas o mundo está mudando. Chega! Foi a gota d’água agora. Os europeus, por exemplo, que destruíram todas as suas florestas, hoje são os maiores defensores do meio ambiente. Compram muitos dos nossos produtos agropecuários e parte do seu dinheiro financia projetos ambientalistas na Amazônia. Por isso, não vão permitir a destruição que se faz com a maior floresta tropical do mundo. Defender a extinção da política ambiental em favor dos que destroem a natureza é um equívoco sem precedentes. E muitos “jornalistas” lamentavelmente fazem isso sem perceber que preservar o meio ambiente hoje em dia necessita de uma legislação até mais rigorosa. Seja ela proposta por quem quer que seja.
Defender um bem que é de todos não precisa cor partidária nem posição política. A legislação ambiental tem que ser mais rígida, pois o indivíduo só aprende quando é atacado na sua parte mais sensível: o bolso. Se o sujeito tocasse fogo e segurasse a fumaça... Incentivar o crime ambiental e o enfraquecimento da legislação, como também faz o presidente incendiário, o “Capitão Motosserra”, só piora as coisas. Crime é defender a fumaceira na Amazônia. O Brasil não está preparado para um boicote internacional de seus produtos. Além do mais, uma árvore em pé vale muitas vezes mais do que uma árvore derrubada e queimada. E os europeus pagam para não derrubar. Só que o “esperto” presidente abriu mão do dinheiro da Alemanha e da Noruega. Podia ter atraído mais países para ajudar na preservação da região amazônica. E todos ganhariam.
Se o Brasil quer tanto mostrar ao mundo quem manda na floresta amazônica, terá de assegurar a todos que ela não será derrubada nem queimada como fizeram com as florestas da Europa e do resto do planeta. De pé, a Amazônia promete ser o maior instrumento de barganha política e diplomática do Brasil no século XXI. Mas no chão, transformada em cinzas, seus troncos aprofundarão a cova onde estará enterrada a reputação do único país com nome de árvore”. Por isso, todos nós temos o dever de preservar a Amazônia. Ela é nossa e a nossa soberania sobre ela é algo indiscutível. Pulmão do mundo ou não, é imprescindível para a vida humana e está em nosso solo. Usar a mídia para atacar os países que já estão se reflorestando ou mesmo criticar as leis ambientais nos coloca num triste nível de atraso. Muitos desses países fizeram tudo isso na Idade Média. Época para onde alguns desses “jornalistas” deviam voltar a escrever.





*É Professor em Porto Velho.

sábado, 24 de agosto de 2019

Acuaram o “Mito”


Acuaram o “Mito

Professor Nazareno*

            Com apenas oito meses de mandato, o presidente Jair Bolsonaro parece que entendeu qual a verdadeira tarefa de um chefe de nação. Arrogante, brabo, petulante, incitador do ódio entre os governados, grosso com os opositores, mal educado, desrespeitoso, cheio de bravatas e com voz grossa, o líder da maioria dos brasileiros "afinou o canto" e se recolheu à sua insignificância. Precisou o mundo civilizado denunciar a possível extinção da Amazônia com as queimadas, sempre incentivadas pela política maluca do presidente, para ele ficar pianinho, pianinho. A poderosa União Europeia ameaçou boicotar todos os produtos brasileiros e de quebra barrar o acordo comercial com o MERCOSUL, única proeza até agora do presidente incendiário. Pressionado, ele baixou o tom e já se transformou num defensor do meio ambiente.
            Bolsonaro é responsável sim pelo aumento vertiginoso este ano das queimadas na Amazônia. Todas as decisões tomadas pelo seu governo na área do meio ambiente já denunciavam que o “Capitão Motosserra” partiria sem dó nem piedade para cima da maior floresta tropical do mundo. O fogo se alastrou e assombrou o mundo, que o acuou e lhe impôs limite. Nunca antes na História um presidente da república sujou tanto a imagem do Brasil no exterior como esse maluco. Estive recentemente na Europa e percebi que por lá o ódio ao Bolsonaro é comum em todos os países. Suas declarações estapafúrdias e o flagrante despeito à natureza irritaram sobremaneira tanto o cidadão comum quanto os líderes do velho continente. Diante das pressões, o “Mito” ou afina o tom de suas bravatas ou enfia a viola no saco para “bostejar” em outro lugar bem longe.
            A decisão da UE de boicotar os produtos brasileiros e a ameaça de romper tratados traria enormes prejuízos ao Brasil, principalmente ao agronegócio. E como praticamente só exportamos commodities, temos que aceitar calados as imposições dos nossos compradores. O “Mito” com suas declarações e falas desastradas está destruindo a nossa reputação e com isso todo o país perde. Se esses boicotes de fato acontecerem, ele será o único responsável e deve pagar pelas consequências. Terá que renunciar à Presidência imediatamente para não só o Brasil, mas a Europa respirar mais aliviada. Os protestos se espalharam pelo mundo em frente às representações diplomáticas do nosso país. Uma vergonha para todos nós. Graças ao senhor Jair Bolsonaro, a nossa imagem nunca esteve tão em baixa. Até as panelas voltaram quando o infeliz falou na televisão.
            O poder do capital, que elegeu este senhor para governar o Brasil, já deve ter se arrependido amargamente da grande bobagem que fez. Só que tirá-lo agora do poder significa convocar novas eleições. E com a vitória quase certa da oposição, os poderosos não querem pagar para ver. Por isso, vamos ter que aturá-lo até janeiro de 2021 pelo menos, quando ele será escorraçado para o general Hamilton Mourão assumir em seu lugar. Só que fazendo uma besteira atrás da outra é muito pouco provável que ele se mantenha governando o país por mais longos 14 meses. Bolsonaro é para o Brasil uma espécie de câncer em estado terminal. Não desceu ainda do palanque e continua envergonhando a todos nós. Com este choque de realidade, com esta crise ambiental, ele está acuado. Todo o poder agora para o IBAMA, ONGs e ICMBio. O seu desprezo pelo meio ambiente pode lhe custar muito caro. E seus apoiadores estão de “orelhas em pé”. 




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Rondônia sacaneia São Paulo


Rondônia sacaneia São Paulo

Professor Nazareno*

            São Paulo é a locomotiva do Brasil. Maior centro comercial e financeiro da América Latina com mais de 20 milhões de habitantes em sua área metropolitana, a “Terra da garoa” é reconhecida no mundo inteiro como uma das Mecas do consumo mundial. Sua gente, vinda de todas as partes do planeta, caracteriza-a como uma das cidades mais cosmopolitas da Terra. São Paulo é indústria, é comércio, é agronegócio, é produção, é turismo, é dinheiro, é futebol, é PIB, é qualidade de vida. Já Rondônia não é NADA. Não tem PIB, não tem IDH, não tem turismo, não tem futebol. É um lixo que existe apenas por um acaso da política. Sampa está estrategicamente situada no Sudeste brasileiro com acesso ao mar e Rondônia se situa entre o Cerrado e a Amazônia. Os dois lugares, no entanto, tiveram um insólito encontro nestes tristes dias de verão de 2019.
            Rondônia arde sob o irresponsável fogo do agronegócio. A floresta amazônica, que faz parte do território rondoniense, está sendo incendiada num ritmo jamais visto. Para a alegria do “capitão Motosserra” e também das autoridades em geral, que têm incentivado a destruição completa do ecossistema amazônico, a única produção visível do jovem e sinistro Estado tem sido a fumaça tóxica das queimadas. E segundo meteorologistas renomados, esse vapor chegou à capital bandeirante causando muitos transtornos para os paulistas: choveu água escura e contaminada. Numa tarde de agosto de 2019, o dia virou noite em São Paulo. Pouco depois das três da tarde, os coitados dos habitantes daquela cidade foram castigados por uma chuva de fuligem misturada a uma poluição jamais vista ali. “Rondônia não pode nos castigar assim”, reclamavam todos.
Além da fumaça tóxica de suas criminosas queimadas, Rondônia não tem absolutamente nada a oferecer nem ao Brasil nem à progressista São Paulo. A parte de Cerrado no Estado já virou fazenda faz tempo e o quinhão de floresta amazônica diminui a cada dia sem que as autoridades façam algo para deter o avanço “do boi e do capim”. Com isso, sofrem todos. E o mundo repercute negativamente a devastação sem controle e a iminente extinção do importante bioma. Por ironia, esses incêndios têm sido até bons para os rondonienses, pois os mesmos nunca se destacaram em nada mesmo e somente dessa maneira surreal podem ser notados pelo Brasil que funciona e também pelo resto do mundo. Além do Tambaqui assado, da farinha de mandioca e das balinhas de cupuaçu, que outras coisas se produzem aqui que tenham tanta importância assim?
Como São Paulo tem muito dinheiro, os paulistas deveriam comprar Rondônia. Assim, não haveria mais tantas queimadas e os coitados poderiam respirar um ar mais puro e limpo. Já pensou os esforçados paulistas organizando Expovel, Semana Santa e Arraial Flor do Maracujá em datas corretas? Por isso, Rondônia devia ser extinta ou passar a pertencer a São Paulo imediatamente. O inútil Teatro das Artes teria, enfim, espetáculos de verdade e o futebol contaria com times de primeira como Santos, Palmeiras, Corinthians e São Paulo. O rio Madeira está secando mais ano após ano. O perigo seria os paulistas colocarem oxigênio na fumaça que os rondonienses respiram. Podia matar todos. Devíamos sair às ruas para protestar contra as queimadas e solicitar a anexação deste atrasado Estado a São Paulo, só coisas boas nos aconteceriam, pois seriam extintas também a Unir, a Assembleia Legislativa e as Câmaras de Vereadores.




É Professor em Porto Velho.

Comemoração desnecessária


Comemoração desnecessária


Professor Nazareno*

            O sequestro de um ônibus em São Gonçalo na área metropolitana do Rio de Janeiro talvez tenha exposto ao mundo o tipo e o caráter de alguns governantes do Brasil nesta atual safra de maus políticos recém-eleitos. Willian Augusto da Silva, um jovem negro de apenas 20 anos, morador da periferia, diagnosticado com problemas mentais, tomou quase 40 pessoas como reféns dentro de um ônibus e a todo instante ameaçava matá-los ateando gasolina dentro do veículo em plena ponte Rio-Niterói. Não deu outra, após algumas negociações entre a PM e o “jovem depressivo”, um atirador de elite da Polícia Militar o abateu com oito tiros, sendo que seis balaços perfuraram o corpo do rapaz matando-o na hora. A horripilante cena, filmada ao vivo e transmitida para todo o país, arrancou efusivos aplausos de quase toda a nação. Uma alegria geral.
            Porém, o que mais chamou a atenção naquelas cenas dantescas foram as comemorações do atirador e também do governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Ao descer do helicóptero, Witzel vibrou como se Neymar tivesse feito um gol pela seleção brasileira em plena Copa do Mundo. Com as mãos cerradas era impossível para ele esconder a euforia, a alegria e a satisfação pela possível morte do jovem. Estranha também foi a vibração do policial que apertou o gatilho: comemorou  “o feito” como se estivesse participando de uma competição esportiva. O governador depois disse que havia vibrado pela vida e não pela morte. “Vibrei pelas pessoas que saíram vivas do episódio” disse após ser confrontado pelas cruéis imagens da triste realidade. Já o policial que “cancelou o CPF” do infeliz, até agora não declarou nada.
            Alguns questionamentos, no entanto, precisam ser feitos. Havia mesmo a necessidade de abater aquele infeliz e daquela forma midiática? Não havia possibilidade de atingi-lo nas pernas sem precisar ter que matá-lo? E por que oito disparos? Será que a PM e o governador teriam coragem de fazer isto com milicianos, com corruptos ou com poderosos traficantes de drogas? Medir forças com quem não as tem pode ser ainda, infelizmente, uma mentalidade reinante dentro da maioria das nossas forças policiais. E agora no Brasil, nestes tempos bicudos e politicamente incorretos, o que prevalece é a força bruta, a demonstração da estupidez e da ignorância. Se o governador vibrou com a morte do rapaz, errou grotescamente e desceu ao nível dele. Foi desrespeitoso com ele, com a família dele e principalmente com a postura inerente a um governador de Estado.
            Todo governante tem a função de harmonizar e de pacificar a sociedade que governa. Mas no Brasil de hoje o que se vê é a barbárie e a estupidez como políticas de Estado. Declarações absurdas e surreais são dadas a todo instante pelos governantes de plantão. Parece que ainda não desceram dos palanques eleitorais. A própria Justiça do país dá a entender, como no caso da Lava Jato, por exemplo, que julga de acordo com os interesses políticos em jogo e não de acordo com o que preconiza a lei. Há uma clara inversão de valores e quem perde com isso é a própria sociedade que assiste inerte ao uso da violência para combater a violência. Parece que voltamos aos tempos da Lei de Talião, da barbárie e da carnificina. Pior: já pensou se a família daquele infeliz morto ajudou a eleger Witzel? Deu um tiro no próprio pé. “Bandido bom é bandido morto”, só que aquele bandido tinha uma arma de brinquedo e sofria de sérios problemas mentais.




*É Professor em Porto Velho

domingo, 18 de agosto de 2019

Orgulho da escola Rio Branco



Orgulho da escola Rio Branco


Professor Nazareno*

            Alguns alunos da Escola Rio Branco de Porto Velho em Rondônia num gesto simples deram na semana passada um exemplo não só para a nação, mas para toda a Humanidade: diante da catástrofe ambiental que se abateu sobre a cidade e o Estado, saíram às ruas com máscaras nos rostos para denunciar ao planeta toda a sua insatisfação com a derrubada e a queima da “outrora” floresta amazônica. Como muitos sabem, sou professor há mais de 20 anos na Escola Professor João Bento da Costa na zona sul da cidade, mas não tive a ousadia nem a coragem para, em total silêncio e respeitando todas as regras impostas, denunciar um crime tão bárbaro e violento que se pratica de forma vil contra as futuras gerações. Parabéns a todos que participaram deste ato cívico e também aos que tiveram a iniciativa de mostrar ao mundo a sua amargura.
            Diante do silêncio criminoso das autoridades locais, do hoje maior incentivador da atual destruição da Amazônia, o “capitão motosserra” e também de todos os órgãos pagos com o dinheiro público para evitar a catástrofe, a brava comunidade daquela escola estadual tomou a dianteira e se insurgiu contra o absurdo reconhecido em todo o mundo civilizado. A cidade de Porto Velho está mergulhada em fumaça e fuligem há mais de três semanas sem que nenhuma autoridade ou mesmo a mídia tenha tomado qualquer providência. Aeroporto quase fechado por duas vezes, voos são desviados e os acanhados hospitais locais estão tomados por velhos, crianças e principalmente pessoas mais sensíveis à fumaça. O calor é infernal e a qualidade de vida, que sempre foi uma desgraça nesta capital, piora sensivelmente. O horror é visível e ninguém faz nada.
            Quando iniciou esta catástrofe ambiental, o governador do Estado estava calado e dela vai sair mudo. Parece até que concorda com o caos a que submeteram os rondonienses, seus eleitores. Até agora, nenhuma palavra, nenhuma ação, nenhuma providência para conter a desgraça. O prefeito da cidade, que deve ter viajado para o Primeiro Mundo para se livrar do ar irrespirável, também nada disse sobre a hecatombe ambiental. A inútil Câmara de Vereadores, a tosca Assembleia Legislativa, o Poder Judiciário, os Ministérios Públicos. Ninguém deu um pio sobre o problema. A própria população de Rondônia, muito acomodada e indolente, apenas reclama e muitos chegam a admitir que “todo ano é assim mesmo. Não há muita coisa a se fazer”. Vi até uma "jornalista" publicar em sua rede social que na Europa eles também poluem. É mole?
            Os alunos da Escola Rio Branco de Porto Velho que participaram deste protesto mereciam ganhar um prêmio pela sua coragem e pela bravura em mostrar para o mundo o que estão fazendo com a nossa floresta amazônica. Nenhuma autoridade daqui certamente vai valorizar o que eles fizeram. Mas se essas ações isoladas crescerem, num futuro próximo, os incendiários de plantão e também o agronegócio vão pensar duas vezes antes de acender o primeiro fósforo. Muitos desses “meninos de ouro” não estavam preocupados apenas com a sua respiração naquele momento, tenho certeza disso. Estavam todos preocupados com o seu próprio futuro e o futuro das próximas gerações. Neste ritmo alucinado de colocar fogo na floresta tropical e de destruir a Amazônia, em pouco tempo não sobrará uma árvore sequer. Obrigado, alunos e comunidade da Escola Rio Branco! Se eu não estivesse no JBC, queria estar com vocês.




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Nobel para o governador


Nobel para o governador

Professor Nazareno*

               Agosto de 2019. Há mais de três semanas que Porto Velho, a insólita e esquecida capital de Roraima, pede socorro sem que seu clamor seja ouvido nem aqui nem alhures. O silêncio mortal associado à terrível hecatombe que se abateu sobre seus mais de 500 mil moradores só tem exemplo no mundo neste mesmo mês de agosto, mas do ano de 1945, com as explosões atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki no Japão da Segunda Grande Guerra. A atual situação é de desastre ambiental. A fumaça tóxica engole tudo e todos. A floresta Amazônica arde sob a irresponsabilidade do agronegócio associada à notória inoperância dos muitos órgãos de defesa do meio ambiente da região. Porém, neste cenário rondoniano de terra arrasada, eis que aparece uma tênue esperança, uma luz no fim do túnel: o heroico e quase divino governador Marcos Rocha.
               Marcos Rocha é um jovem governador que tem sido uma grata surpresa para seus muitos eleitores. Trabalhador, arrojado, competente, humano e melhor de tudo, é um ferrenho defensor do meio ambiente e da natureza. Já deu várias entrevistas e foi inúmeras vezes à televisão mostrar seu descontentamento com as criminosas queimadas que assolam a região. “Não medirei esforços para acabar com esta tragédia que está trazendo tantos desconfortos e infortúnios para os pacatos cidadãos deste Estado”, teria dito o até agora maior estadista do povo de Rondônia. O Coronel Marcos Rocha coloca o outro Coronel no chinelo, tamanha é a sua desenvoltura e o seu empenho para sanar as dificuldades do povo sofrido. Ele não mede esforços para ajudar o cidadão comum. Velhos, crianças e portadores de doenças respiratórias podem contar com ele.
               O bravo governador, pelo muito que tem feito para o povo rondoniano nestes poucos dias à frente do governo de Rondônia, só pode ser comparado aos grandes heróis e governos da história da humanidade. Um Winston Churchill, um Konrad Adenauer, um Franklin Roosevelt. Suas inflamadas declarações contra a iminente extinção da Amazônia é um belo exemplo para toda a raça humana. Ele devia ser agraciado com um Prêmio Nobel. Onde estão as academias sueca e norueguesa que não o veem nestes momentos de tanta dor e sofrimento para o nosso povo? Obrigado, Coronel Marcos Rocha, pela preocupação com as criminosas queimadas e suas terríveis consequências para essa brava gente. O senhor pode não ganhar prêmio nenhum, mas ficará eternamente gravado em nossos humildes corações. Seu apego à natureza é algo ímpar.
                 Outro que também devia ser agraciado com um Prêmio Nobel era o atual prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, pelo muito que tem feito em benefício da educação das crianças ribeirinhas e da Zona Rural do município. O Dr. Hildon devia ser reeleito com quase 100% dos votos nas próximas eleições por causa da sua dedicação à cidade e pela notória preocupação com o futuro desta terra. Vida longa para estes dois grandes estadistas de Rondônia! Competência, humanismo, trabalho e acima de tudo heroísmo. Parabéns, prefeito e governador! Os senhores deveriam ser indicados para receber qualquer outro prêmio de reconhecimento internacional pela ousadia, determinação e compromisso com a vida humana e com o futuro. Com líderes assim, até esquecemos que há fumaça e que a “outrora” Amazônia arde sob o descuido dos maus brasileiros. Orgulho de Rondônia e suas autoridades, mano! Selva! Selva! Selva!



*É Professor em Porto Velho.


O “Mito” em Porto Fumaça


O “Mito” em Porto Fumaça


Professor Nazareno*

Depois de irresponsavelmente perder o dinheiro que Noruega e Alemanha mandavam para ajudar na preservação da Amazônia, Jair Bolsonaro resolve provar para o mundo que os brasileiros sabem muito bem preservar a maior floresta equatorial do mundo. Por isso, decidiu vir a Porto Velho em Roraima a fim de provar suas muitas teorias sobre os boatos, fofocas e mentiras que se fala sobre o desmatamento na região. Inicialmente, o avião presidencial teve muitos problemas para aterrissar no “aeroporto internacional” da cidade. A densa e criminosa fumaça não só fechou o campo de pouso local como também praticamente está inviabilizando o trânsito nas principais ruas e avenidas da imunda cidade. “Os rondonienses deviam parar de fumar um pouquinho só para diminuir esta fumaceira”, disse o presidente em meio a uma forte crise de tosse.
Efusivamente aplaudido pelos fãs e eleitores porto-velhenses e rondonienses, certamente aqueles mais intelectualizados e inteligentes, que foram receber seu herói nacional, o popular mandatário da nação quase não podia falar que era interrompido por aplausos e mais aplausos. Do aeroporto ao centro da cidade, multidões eufóricas gritavam slogans cívicos e muitos, emocionados, chegavam a desmaiar de tanta alegria. “Em termos de meio ambiente e preservação da natureza, o Brasil tem muito a ensinar ao mundo”, disse o “Mito” no início de seu acalorado discurso. “Além do mais, nós não precisamos do dinheiro desses países atrasados e subdesenvolvidos que tentam impor suas vontades sobre nós” completou o líder em meio a outra violenta crise de tosse. Disse depois que tinha visitado esses países e lá não encontrara uma só árvore plantada.
Sem enxergar quase ninguém a sua frente devido à densa fumaça, Jair Bolsonaro emocionava a todos os presentes toda vez que abria a boca para dizer algo. “Rondônia é um exemplo para o mundo em termos de respeito à natureza e ao ecossistema”, falava para delírio dos apaixonados seguidores. Disse que o mundo civilizado devia imitar esta cidade em termos de educação infantil. “Vejam o belo exemplo do prefeito Hildon Chaves e das autoridades em geral no tocante à educação das crianças e jovens ribeirinhos e da zona rural do município”.  Só não peço votos antecipadamente para ele por que o mesmo infelizmente não é do nosso partido, as eleições ainda serão no próximo ano e ele já está reeleito, completou para delírio dos presentes. “Vejam o nosso governador. Exemplo de homem ligado ao meio ambiente e à preservação ambiental”.
O presidente também falou que Rondônia é lugar de muita sorte com os governantes que tem. Após visitar o “açougue” João Paulo Segundo, teria cochichado a um assessor que a mídia local nunca mais falou sobre as mentirosas fofocas envolvendo aquele belo logradouro público. “Acho que esta minha tosse crônica e anormal seria resolvida aqui neste hospital de referência”, comentou para a preocupação dos seus asseclas mais chegados. Se não morasse em Brasília, o “meigo” presidente jurou que moraria em Porto Velho, Roraima. “Amei o clima de Alpes suíços do lugar. Nunca vi uma cidade mais arborizada do que essa. Põe Berlim e Oslo no bolso”, disse convicto. O “Mito” deu a entender que voltará em breve a “este lugar paradisíaco”. Talvez agora na Expovel ou então no final do ano durante o Arraial Flor do Maracujá. Após tossir muito e com os olhos já avermelhados, deixou-nos e voltou para limpar seus pulmões.



*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Apagões no Cu do Mundo


Apagões no Cu do Mundo


Professor Nazareno*

            
              Porto Velho, a eterna capital de Roraima, é um cu de mundo atrasado e subdesenvolvido sem eira nem beira, com todo o respeito, claro, ao esfíncter anal. É uma currutela fedida, mal administrada e muito suja. É em outras palavras o suprassumo da merda. Está, como sempre acontece todos os anos nesta época, mergulhada mais uma vez em uma fumaça tóxica das criminosas queimadas da floresta amazônica sem que as autoridades, os inúmeros órgãos de defesa do meio ambiente, nem a população faça algo para diminuir o caos. Menos de cinquenta metros é a visibilidade que se tem nas principais avenidas da cidade. Os precários hospitais locais estão cheios de crianças e velhos principalmente, que padecem de doenças respiratórias e outros males causados pela insensatez do agronegócio e também pela incompetência dos órgãos públicos.
            Como se não bastasse esse cenário de terra arrasada, lúgubre, dantesco, surreal e aterrador, eis que agora começaram a acontecer apagões em vários bairros da sitiada capital. A Energisa, que substituiu a antiga Ceron, Centrais Elétricas de Rondônia e se diz responsável pelo abastecimento da “Porto Príncipe brasileira” ainda não disse a que veio. Os apagões são quase diários e a população que se vire. Isso depois que a “empresa” recebeu da Aneel mais de 25 por cento de aumento nas contas dos otários consumidores rondonienses. A classe política, como sempre, nada fez para diminuir o prejuízo dos pacatos pagadores de impostos. No começo, alguns deputados até que iniciaram um estardalhaço “só para inglês ver”, depois a coisa minguou estranhamente e apesar dos malditos apagões, pagamos uma das mais altas contas de energia do país.
            Com três grandes hidrelétricas em seu devastado território, energia elétrica deveria ser um produto fácil, de grande oferta e por isso mesmo ter preços razoáveis. A situação em Porto Velho é tão catastrófica que até muitos alunos da rede municipal de ensino estão sem aulas há quase dois anos por falta de competência e de transporte escolar sem que ninguém, nenhuma autoridade se responsabilize por mais este desastre com a educação pública. Fosse num país sério, o prefeito, muitos vereadores e várias autoridades já estariam presos respondendo por este crime hediondo contra o futuro deste lugar. Mas que futuro tem este cu de mundo esquecido e mal administrado? Qual autoridade estaria preocupada com o destino de um dos piores estados da federação em qualidade de vida? Basta prometer Expovel, Flor do Maracujá e Banda de carnaval.
            Porém o rondoniense comum já está acostumado a desgraças. Respirar fumaça, viver na lama e na poeira, não ter nenhum IDH, não ter saneamento básico, arborização e água tratada é galho fraco para um povo que em sua maioria é acomodado, indolente, entreguista, devastador do meio ambiente e com pouquíssimo resquício de cultura. Parece que tudo de ruim é permitido nestas terras de Rondon. O governo do “Mito”, que teve aceitação unânime por aqui, deveria fazer uma nova reforma administrativa no país e excluir Rondônia do mapa. Nunca entendi por que isso aqui virou um Estado e pior, Porto Velho ser a sua capital. Este tosco lugar deveria ser extinto ou entregue aos bolivianos para ver se tinha mais sorte. Se os porto-velhenses fossem mais inteligentes, politizados e organizados, deveriam sair às ruas para exigir a imediata privatização dessa Energisa, só assim ela funcionaria melhor e nos livraria desses terríveis apagões.



*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Viena é uma porcaria



Viena é uma porcaria


Professor Nazareno*

            Viena, a charmosa capital da Áustria, é há vários anos considerada a melhor cidade do mundo para se viver. O seu alto IDH superou todas as outras cidades do mundo como Zurique na Suíça, Munique na Alemanha, Auckland na Nova Zelândia e Vancouver no Canadá. Com aproximadamente dois milhões de habitantes, do tamanho de Manaus no Amazonas, e com tudo funcionando dentro do planejado, a capital dos austríacos é um verdadeiro jardim a céu aberto. Flores de todos os tipos e variedades enfeitam suas ruas e praças. Com excelente mobilidade urbana, cem por cento de água tratada e de saneamento básico e praticamente violência zero, a vida na cidade se tornou uma rotina de prazer e encantamento. Porém, fazendo-se uma comparação com Porto Velho, percebe-se que em vários itens a suja e fedorenta capital de Roraima é melhor.
            Dificilmente um sujeito nascido em Porto Velho se adaptaria a esta badalada capital europeia. Viena não tem lixo nem sujeira em suas ruas, que se parecem com um shopping center de tão limpas, perfumadas e asseadas. E quase não há lixeiras espalhadas por lá. Desde quando um rondoniense autêntico colocaria o seu próprio lixo em uma sacola trazida de casa? E o emprego dos catadores dos nossos dejetos, como ficaria garantido? Assim como Porto Velho, Viena tem também um grande rio que lhe banha. É o Danúbio. Nas suas limpas e asseadas margens, orquestras de música clássica encantam os turistas com concertos diários. O velho e já estuprado Madeira, com suas águas barrentas e o lixo boiando em seu leito brocha qualquer turista que se aventure a conhecê-lo. Aqui só o triste e decadente passeio de barquinho com funk e música brega.
            Mas em Viena não se dança nem se rebola como aqui. Cantar alto lá, gritar, espernear e cair de bêbado nem pensar em fazer, enquanto aqui a autenticidade dos foliões brota à flor da pele. A espontaneidade matuta misturada à catinga de suor e de perfume barato encanta os mais sisudos. Funk e músicas de puteiro de quinta categoria no volume máximo chegam a tremer até as águas pútridas do velho Madeira e funcionam como uma espécie de “dança de acasalamento” entre aqueles frequentadores pobres. Em Viena não se pode fazer nada disso. Até porque ninguém dança música clássica. Beethoven, Bach, Strauss e Mozart com suas bonitas baladas no máximo arrancam aplausos dos educados e atentos ouvintes. Além disso, peixe frito com farinha de mandioca e molho de pimenta jamais seriam servidos como tira-gosto na Áustria.
            Até as autoridades austríacas são diferentes das de Porto Velho. Lá ninguém contrata tantos comissionados como aqui. Qualquer vilazinha austríaca tem médico e todo tipo de profissional. E duvido que o prefeito de Viena tenha mentido nas eleições dizendo que iria beijar, acariciar e amar a cidade. Ainda assim, o político daqui é amado e adorado pelos eleitores, ao contrário da Áustria, onde a extrema direita avança. Quem mora em Viena, por exemplo, nunca viveu a emoção de ter sido assaltado por dois sujeitos montados em uma moto. Ônibus e trens são tudo na hora certa. É um saco. Duvido que num bar se peça a saideira se já chegou a hora de fechar o estabelecimento. Mozart é a decadente cultura austríaca com suas inúmeras óperas, teatros e museus. Nem se compara com o Mercado Cultural, o inútil Palácio das Artes, o Banzeiros e os expoentes da nossa cultura de boteco. Seja esperto e culto: prefira Porto Velho a Viena.




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 10 de agosto de 2019

O estocador de merda


O estocador de merda


Professor Nazareno*

Zé Ninguém é um brasileiro não muito famoso que nasceu na beira de um rio da Amazônia. Não se sabe muito bem que rio é esse, talvez próximo a Porto Velho, a capital de Roraima, talvez em outro rio da imensa região. Muito pobre, mas de direita e por isso muito reacionário e conservador, Zé Ninguém sempre votou e apoiou todo e qualquer governo. Até os chamados de esquerda, aqueles que estocavam vento e mentiam descaradamente para o povo. O estúpido Zé sempre dizia que Lula, apesar de algumas ideias “esquisitas”, tinha tudo para ser o melhor presidente que este país já teve. “Acabar com a nossa fome é algo nunca antes pensado por nenhum mandatário”, dizia. Mas antes de admirar o petista, o nosso beiradeiro já havia se entusiasmado também por José Sarney, de quem fora fiscal na época do famigerado Plano Cruzado.
Sem nenhum acanhamento, Zé Ninguém também votou e elogiou Fernando Collor, Itamar Franco, FHC e durante os governos militares obrigava seus filhos a cantar diariamente o hino nacional e a prestar continências a ele próprio. Sempre acreditou na lorota de que “este é um país que vai pra frente”, negou a tortura nos DOI-CODI, ignorava a censura, as perseguições políticas e estava convicto de que os esquerdistas queriam tomar o poder para implantar uma ditadura comunista no nosso país. Cristão praticante, Zé recentemente trocou o catolicismo pela Igreja Evangélica e hoje, claro, tece loas e muitos elogios aos pastores Silas Malafaia, R. R. Soares, Valdemiro Santiago e, claro, a Edir Macedo. Para ele, todos esses religiosos são homens enviados por Deus e tudo o que eles pregam, falam e dizem são verdades indiscutíveis.
Assim como a maioria dos rondonienses e porto-velhenses, esse insólito beiradeiro também votou no Hildon Chaves para administrar Porto Velho, no Coronel Marcos Rocha para governador e, óbvio, no capitão Jair Messias Bolsonaro para presidente do país. “Os falsos testemunhos que estão levantando contra o atual ministro da Justiça terão respostas à altura”, costuma dizer aos seus interlocutores. A alegria no rosto deste sinistro eleitor é algo indisfarçável toda vez que o “Mito” dá uma de suas estabanadas declarações. Admirador de Joaquim Barbosa, de Sérgio Moro e do atual prefeito de Colatina no Espírito Santo, Zé Ninguém é um ouvinte assíduo da Rádio Parecis e não perde um único programa do SBT, da SIC TV e afins. “Joice Hasselmann, Alexandre Frota, Tiririca e Janaína Pascoal são exemplos de grandes políticos”, diz.
O nosso “grande” Zé Ninguém disse que de agora em diante vai se esforçar para defecar “dia sim, dia não” em respeito ao nosso inestimável e insubstituível líder. “Já estoquei vento. Que diferença faz estocar merda agora?”, indaga. “Se todos os habitantes de Porto Velho em Roraima, por exemplo, defecassem menos, a cidade seria muito mais limpa”, filosofa. Com tanta estupidez assim, muita gente não entende porque este cidadão nunca exerceu nem exerce nenhum cargo político. Poderia ser prefeito de Porto Velho, governador do Estado, um senador, deputado federal ou até presidente do país. Quem sabe até trabalhar como jornalista ou radialista a serviço de um destes políticos de plantão... Zé diz que a fumaça que se respira em Rondônia hoje é sinal de progresso e de muita produção agrícola. “O governo estadual e as autoridades deviam premiar quem tocasse mais fogo e mais destruísse a mata”, diz. Zé é Rondonha, mano!




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Fumaça Bolsonárica


Fumaça Bolsonárica

Professor Nazareno*

“Odnum od Uc” sempre foi um lugar muito atrasado, subdesenvolvido, incivilizado, brega, distante dos grandes centros e tradicionalmente esquecido pelos governantes. Um grotão encravado numa das regiões mais ricas e prósperas do mundo, o insólito município é capital de uma província igualmente atrasada e subdesenvolvida. Antes até tinha florestas tropicais e hoje, devido ao desmatamento sem controle, padece sob uma fumaça sufocante resultante das criminosas queimadas que abundam na região. Respirar ali tornou-se uma das tarefas mais difíceis para um ser humano. A destruição do meio ambiente sempre foi uma coisa muito normal, mas ultimamente o caos tomou proporções catastróficas. Como sempre, as autoridades nada fazem e o povo, alegre e feliz em meio à fuligem, faz apenas alguns comentários e ri de sua própria desgraça.
O povinho de “Odnum od Uc” é uma gente sem futuro. Desconhecedor de sua própria existência, ele comemora as festas juninas no mês de agosto e geralmente celebra a semana santa em pleno mês de junho. Sem qualquer resquício de cultura ou de conhecimento formal, costuma eleger seus representantes sem nenhum critério. Atualmente o prefeito do lugar, que fora eleito prometendo amar, beijar e acariciar a fétida cidade, goza de uma popularidade ímpar mesmo não tendo demonstrado a competência nem a boa vontade para prover de transporte escolar os alunos da zona rural e da área ribeirinha. Certamente ele deve usar óculos escuros para não ter que ver a fumaça tóxica e criminosa que atormenta seus munícipes. Quando o ar fica irrespirável, pega um avião e vai para Paris, Disney, Barcelona ou outro lugar onde há civilização.
Incrível, mas em “Odnum od Uc” existe Poder Judiciário, Ministérios Públicos e inúmeros outros órgãos que se dizem de defesa do exaurido ecossistema local como várias secretarias de meio ambiente, IBAMA, Sema, SIVAM, Sipam dentre muitos outros inócuos cabides de emprego. Recentemente a Assembleia Legislativa local aprovou a proibição do uso de canudinhos de plásticos, mas sempre fez vistas grossas à fumaça criminosa e à constante degradação do meio ambiente. O fogo arde impune e ninguém faz nada a não ser respirar tranquilamente esse oxigênio dos infernos. A idiotice e o comodismo parecem ser características dessa gentinha. Para muitos, o lugar já foi considerado o “suprassumo da merda”, mas isso é uma tremenda injustiça com as fezes, pois quem já viu excremento exalar fumaça tóxica todo ano e ninguém reclamar?
Recentemente os matutos de “Odnum od Uc” fizeram uma farra de peixe na capital do país na vã esperança de transformar consumidores de boas comidas e de paladar apurado em apreciadores de gororoba. A vergonha só não foi maior porque a sinistra guloseima foi gratuita. Dizem até que o maior mandatário do país teria apreciado “aquela comida de beiradeiro”. Enquanto isso, entra ano e sai ano e a fumaça das queimadas que manda doentes para os precários hospitais da região é uma rotina infernal, apesar dos churrascos de peixe e da proibição dos canudinhos de plástico. Porém, o suplício sufocante está apenas no começo. A partir de agora, é proibido, por exemplo, publicar que os desmatamentos na Amazônia crescerem quase 300 por cento em relação ao ano anterior. Eufóricos, os habitantes de “Odnum od Uc” não veem a hora da esperada chuva de bosta em sua cidade. E a fumaça já pode ser um prenúncio.




*É Professor em Porto Velho.