sábado, 14 de junho de 2025

Rondônia e Paraíba na guerra

Rondônia e Paraíba na guerra

 

Professor Nazareno*

 

            A guerra explode de vez no Oriente Médio. Sem nenhuma declaração formal, o governo sionista de Israel, ajudado pelos Estados Unidos, ataca o Irã na surdina e joga aquela região à beira de um conflito regional. Diante dessa agressão sem precedentes dos judeus, todo o mundo civilizado também corre perigo, pois dependendo do envolvimento de potências estrangeiras, a situação pode piorar e ficar fora de controle. Mas nem tudo está perdido. Duas províncias do Brasil, Rondônia e Paraíba, têm seus representantes em solo judeu e podem ser o fator decisivo neste conflito. Marcos Rocha, o todo poderoso governador rondoniense e Cícero Lucena, o viajado prefeito de João Pessoa, já estavam no Oriente Médio quando Israel começou com mais esta guerra. Com estes dois cidadãos lá, o mundo pode respirar bem mais tranquilo: não precisará, por enquanto, de diplomatas.

            Parece até que Israel já sabia do trunfo que tem em mãos com estes dois brasileiros “fora-de-série” em sua nação. Na diplomacia, por exemplo, ninguém consegue vencer facilmente estes dois grandes políticos. E os judeus devem saber disto. Podem, se quiser, usá-los para convencer os aiatolás iranianos a desistirem de ter uma bomba atômica. Uma tarefa simples! Lucena transformou do nada João Pessoa na Meca do turismo mundial e revolucionou a sociedade pessoense em todos os aspectos. A capital da Paraíba desbanca hoje qualquer cidade do primeiro mundo em mobilidade urbana, praias higiênicas, educação dos vendedores e limpeza de suas lavadas e asseadas ruas. “Hoje praticamente não se veem mais pessoas pedindo esmolas nas ruas de Jampa”, é o comentário dos milhões de felizes turistas que vão todos os anos para as belas praias do litoral paraibano.

            João Pessoa é hoje uma cidade sem problemas e sem nenhum conflito. Na “Capital das Acácias” não existem mais pessoas pobres. Quase todo mundo ali é rico e próspero. E tudo isso, graças à capacidade criativa e diplomática de Cícero Lucena, que, se for chamado, pode também revolucionar todo o Oriente Médio. Com sua verve, ele tranquilamente vai unir todos os judeus, cristãos e muçulmanos numa aura de pureza, de fraternidade, de bem-aventurança e de paz. Já Marcos Rocha é um guerreiro em todos os sentidos. Forte, corajoso, destemido e também diplomático, o governador de Rondônia pode, se for chamado, emprestar as suas boas qualidades para mediar este conflito e dar tranquilidade a todo aquele povo sofrido. Pelos seus relevantes trabalhos prestados e pela sua importância, Rocha e Lucena já deviam ter sido indicados a um Prêmio Nobel da Paz.

            Se Lucena revolucionou João Pessoa com a sua inteligência e capacidade, Marcos Rocha não fica atrás em Rondônia. Aqui ele criou o “Built to Suit” e a partir disso, dinamizou o conceito de hospital de pronto-socorro no Brasil e também no mundo. Rocha faz uma administração ímpar em Rondônia. Amado por todos, ele não governa, mas é como se governasse. Resolver conflitos é com ele mesmo. E já resolveu muitos aqui. O seu governo é um “antro” de paz, de harmonia, de tranquilidade e de prosperidade. “Foi Rocha que fez Porto Velho ser esse paraíso de coelhinhos saltitantes e de borboletas azuis”. Toda a sua experiência pode ser usada pelos israelenses para apaziguar aquela nação. E dependendo do curso da guerra, os judeus podem até entregar Marcos Rocha e Cícero Lucena ao Irã, num possível acordo de paz, para que os eminentes brasileiros possam também ajudar os aiatolás nas suas dificuldades. Só que sentiremos a falta deles.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Ser maluco: tudo é normal?

Ser maluco: tudo é normal?


Professor Nazareno*

 

Sou pobre e nasci numa família de pessoas pobres neste país rico, muito rico. Sou ligado à Igreja evangélica e tenho muito conhecimento atual de política, que adquiri lendo postagens no Facebook e também na internet. Sempre votei na direita e na extrema-direita e não vejo nenhum problema nisso. Fico possesso da vida quando alguns comunistas dizem que houve uma ditadura militar no Brasil. Acampei durante dois meses em frente aos quartéis do Exército pedindo por uma intervenção militar para salvar o Brasil do comunismo e de todos os esquerdistas. Participei ativamente do levante patriótico do oito de janeiro de 2023 e acho que só não fui preso pela “ditadura da toga” porque não apareci em nenhuma foto nem em nenhum vídeo. Saí da Esplanada antes da chegada da polícia. Meu celular estava com problemas e assim não fiz nenhuma foto nem nenhuma filmagem.

Eu não sou maluco, não!  Nunca peguei Covid-19, pois isso não existe! Nunca me vacinei, mas tomei cloroquina aos montes e também ozônio no rabo até dizer chega. Amo os Estados Unidos e também o seu amado presidente, Donald Trump. Jair Bolsonaro é o meu herói. Foi o melhor presidente que o nosso país já teve em seus pouco mais de 525 anos de História. Sou de Porto Velho, Roraima, e aqui votei duas vezes no coronel Marcos Rocha para o bem deste Estado. Tenho certeza de que no terceiro mandato ele construiria o tão propalado “Built to Suit” para o povo pobre daqui. Rondônia é um lugar abençoado na política, pois aqui não há esquerda. E é uma pena que não tenha o terceiro mandato para governador. Votaria nele de novo! “Aqui, até candidato eleito do PT vota a favor de Netanyahu e pela anistia total aos desmatadores de reservas ambientais do Estado”.

Todas as escolas públicas daqui deveriam ser escolas cívico-militares. Não existe no mundo nenhum outro tipo de educação que seja tão eficaz e voltado à disciplina como a que tem em todos esses estabelecimentos de ensino. Deus, Pátria e Família é um lema inteligente, otimista, progressista e que deveria guiar todas as boas pessoas e instituições. Candidatos esquerdistas, socialistas, comunistas e da esquerda em geral deveriam ser proibidos de concorrer às eleições. Durante o que chamam de período da ditadura militar no Brasil, nenhum esquerdista participava do governo e por isso era tudo mais tranquilo e normal. Não havia violência, não havia corrupção, o povo era feliz e a lei e a justiça estavam em todas os lares e pessoas. Naquela época, por exemplo, nenhum artista ou comediante poderia fazer os seus shows sem que não tivesse a permissão das autoridades.

Viver hoje no Brasil com esse pessoal de esquerda governando é muito ruim. Não se pode mais chamar um prefeito, governador ou presidente da República de ladrão. “Se disser isso, tem primeiro que provar”, dizem. Por isso que eu sou da direita. Por isso que eu coloco meu celular na cabeça para fazer contato com extraterrestres e também rezo para pneus. Naquela época, a mídia era perfeita e não se vendia a nenhum candidato, a nenhuma autoridade nem a nenhum governo de plantão. E só publicava verdades. Como pode o meu ídolo maior dizer que eu sou um maluco? Isso me revolta muito! Em Rondônia, fome não havia como há hoje. E o rio Madeira tinha porto, não estava garroteado e ainda existia muita mata virgem por aqui. O que será que o Raul Seixas quis dizer quando profetizou certa vez que “preferia ser maluco num mundo onde os normais faziam armas, bombas, mísseis e foguetes para matarem crianças, velhos e mulheres?”.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Saudades da Escola João Bento

Saudades da Escola João Bento

 

Professor Nazareno*

 

            Dos 66 anos que tenho hoje, mais de quarenta e cinco deles eu trabalhei como professor. Do interior da Paraíba, Estado onde nasci, passando por João Pessoa, a capital, até Calama no baixo Madeira passando por Porto Velho, onde me aposentei, tentei repassar meus conhecimentos para ajudar na formação das futuras gerações. Fui não só professor em sala de aula, mas também diretor, supervisor escolar e muitas vezes também aluno, já que aprendia muita coisa todo dia com os meus próprios pupilos. Foram muitas escolas por onde passei, porém a que me deixou mais saudades, sem nenhuma dúvida, foi a Escola JBC, João Bento da Costa, situada na zona sul de Porto Velho. Juntamente com um grupo de professores, nós fundamos ali, no início do ano 2002, o Projeto Terceirão na escola pública. Trabalhei no JBC até o ano de 2019, quando pedi a minha aposentadoria.

            Liderados pelo professor Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, e que mais tarde viria a ser Secretário de Educação de Rondônia, esse grupo de educadores queria mostrar, e até conseguiu em partes, que uma escola pública poderia aprovar tantos alunos ou até mais do que em uma escola particular. Entenda-se: aprovar estudantes para qualquer universidade pública ou privada do Brasil. Inicialmente esse grupo de professores era liderado pelo grande professor Walfredo Tadeu de História, José de Arimatéia Dantas de Geografia e eu, Professor Nazareno, ministrando Gramática e também Redação. Com o passar do tempo, vários outros mestres de renome estadual, se juntaram ao grupo para dar continuidade ao grandioso trabalho do JBC, que todo ano aprovava centenas de alunos para a UNIR e também para várias outras universidades espalhadas pelo país. Só sucesso!

            Professor Carlos Moreira, de Literatura, Professor Neyzinho de Matemática, Professora Heloísa de Gramática e de Redação, Professor Rodrigues de Física, Professora Soniamar também de Redação, Professora Russi de Biologia, Professor Décio de Física, a Professora Lady de Espanhol, Professor Fábio Xisto e Professora Doralice de Inglês, Professora Mônica de Química, Professor Roberto também de Química e muitos, mas muitos outros grandes professores e grandes mestres que conseguiram, com muito denodo, competência, determinação e garra provar que “quando se quer” a coisa pública pode dar certo. Como se esquecer dos aulões na Ulbra, na FIMCA, na FATEC e na São Lucas? Muitas vezes 600 ou 700 alunos do João Bento eufóricos, cantando e aprendendo? E como esquecer os aulões com os grandes Sílvio Predis, Rômulo Bolivar e Saulo Boni?

            Hoje, já encostado e em fim de carreira, sinto muita saudade daquela maravilhosa escola. “A Escola João Bento da Costa é a Rondônia que dá certo”, eu sempre dizia cheio de otimismo e de alegria. E dava certo mesmo! E a nossa briga era grande: concorríamos com o poderoso Classe A e com o Colégio Objetivo, ambos particulares, quase de igual para igual. Como não se lembrar da aluna Gabriele Veiga, a primeira que passou para Medicina em uma Universidade pública saindo direto de uma escola também pública? Como não lembrar os vários alunos que saíram do João Bento da Costa para cursar Medicina, Engenharia, Letras, Enfermagem, Ciências Contábeis, Economia, Artes, Biologia, Direito e muitos outros cursos superiores tanto em universidades particulares como também em públicas? Só no ano de 2015, por exemplo, eu corrigi, contadas, 15.756 redações de meus alunos. Eu sempre digo que o Terceirão do JBC é o meu terceiro filho.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Rondônia Rural Show: riqueza?


Rondônia Rural Show: riqueza?

 

Professor Nazareno*

 

A Rondônia Rural Show Internacional, realizada em Ji-Paraná, interior do Estado, rendeu em 2025 mais de 5,1 bilhões de reais em negócios. Muitas autoridades estaduais, como o governador Marcos Rocha e seus secretários estão com o sorriso atrás das orelhas. O otimismo com o agronegócio rondoniense encanta a todos e dá uma falsa sensação de que a bonança e a prosperidade são fatos rotineiros neste distante e incivilizado pedaço de Brasil. A Rondônia Rural Show é geralmente vista como um evento de grande sucesso, reconhecido por impulsionar a economia rondoniense, promover o agronegócio e conectar produtores, expositores e investidores. A feira é considerada um ponto de encontro para a troca de conhecimentos, de negócios e também inovação no setor. E quase meio milhão de pessoas foram prestigiar os eventos.

Em Rondônia, principalmente em sua suja e fedida capital, fala-se à boca miúda que essa “feira agropecuária” é uma plataforma de negócios que não só impulsiona a economia da região como também mostra inovação nas atividades rurais. “É Rondônia tendo reconhecimentos nacional e internacional”, falam os mais otimistas. Só que ninguém percebe que Rondônia é apenas mais uma minúscula célula de decadência e atraso na já caótica realidade nacional. A produção de riquezas por aqui equivale a apenas 0,7 por cento do PIB do Brasil. Pobreza e miséria são constantes num dos estados mais caóticos do país. A devastação ambiental se tornou rotina todos os anos na época do verão amazônico. O ano passado, a natureza estadual pagou caro com tanto fogo e queimadas, já que o agronegócio não poupou nem as frágeis reservas ambientais.

Em 2025, as previsões de devastação ambiental em Rondônia e, por conseguinte, em toda a Amazônia Legal são assustadoras. Possivelmente a partir de julho próximo o fogo, sempre capitaneado pelo agronegócio assassino, é que dará as cartas na região. Então, produzir tantas commodities para quê? A fome, a violência, a pobreza e a miséria caminham lado a lado com as grandes plantações e assim castigam muitos rondonienses como na lendária música de Geraldo Vandré. Porto Velho, a capital do Estado, é um caos só. A cidade foi classificada na semana passada pela CNN como a pior dentre as 27 capitais para se viver. A cidade não tem IDH, não tem saneamento básico, não tem água tratada e também não tem sequer um hospital de pronto-socorro decente para atender aos seus sofridos habitantes. E Rondônia sofre com o descaso dos seus políticos.

Então, para onde vai tanto dinheiro da Rondônia Rural Show se não é investido um único centavo na melhoria da população carente desse Estado? Parece que toda essa grana sequer é gasta nas nossas cidades. Em Porto Velho, por exemplo, o comércio local está praticamente falido e o que mais se veem são lojas fechadas e muitos prédios para se alugar. A pior capital do Brasil para se viver já virou sinônimo de terra arrasada faz tempo e ninguém faz absolutamente nada para melhorar. A cidade, que tinha quase 600 mil habitantes há alguns anos, hoje não chega sequer a 500 mil moradores. Muita gente foi embora daqui à procura de novas oportunidades e de qualidade de vida. Mas a classe política continua otimista e já pensando em sua eleição e também reeleição no próximo ano. Não adianta vê a mídia endeusando essas “feiras matutas” se parte do dinheiro não ficar aqui. Então, vamos à Rondônia Rural Show Internacional em 2027?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Marina Silva, o bode da BR-319

Marina Silva, o bode da BR-319

 

Professor Nazareno*

 

            A Rodovia Álvaro Maia, que liga Porto Velho, capital de Roraima, ao Careiro da Várzea, cidade amazonense próxima a Manaus, voltou mais uma vez ao debate nacional no Senado. Só que dessa vez de maneira lacônica e muito infeliz. Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente, que é o bode expiatório da referida BR, foi covardemente agredida por parlamentares bolsonaristas e também governistas, como o senador do Amazonas Omar Aziz. Todos os agressores fizeram ataques misóginos e machistas contra a ministra. Acusaram-na, sem provas, de impedir a reconstrução da BR-319 e não levaram sequer em conta o fato de que Marina Silva deixou o governo Lula ainda em 2008 e só voltou agora em 2023. Por que durante todo esse período de quase duas décadas não asfaltaram a velha estrada? Só Jair Bolsonaro governou o Brasil durante 4 anos. Temer, quase 3 anos.

            O senador bolsonarista Marcos Rogério de Rondônia, conhecido como o “Pit Bull” do Bolsonaro, mandou sem meias-palavras, a assustada ministra ficar no seu lugar. “Ponha-se no teu lugar” disse ele. Errou não só a gramática normativa, já que misturou as pessoas dos pronomes usados, como foi grosseiro, mal-educado e misógino. Isso é postura de um senador da República? Já o senador Plínio Valério do PSDB do Amazonas disse naquele triste momento que “respeita a mulher, mas não a ministra”. Valério, em um pronunciamento anterior, já havia falado em “enforcar” a coitada da acreana. Marina Silva é mulher, negra e de origem pobre. Mas não se intimidou ali. Após ser destratada e desrespeitada como mulher e como ministra, ela se retirou da sessão. Ela luta como uma leoa pela natureza do Brasil, função aliás de uma verdadeira ministra de meio ambiente.

Diferente do ex-ministro de Bolsonaro, Ricardo Salles, que disse em uma reunião ministerial que era “hora de passar a boiada” numa clara alusão a desrespeitar o meio ambiente e a natureza, já que a mídia e a sociedade naquela época estavam focadas na pandemia de Covid-19. Marina Silva pode até não querer recuperar a rodovia BR-319, mas são os próprios amazonenses que demonstram isso o tempo todo. Eles gastaram mais de 1,3 bilhão de reais em dinheiro de 2010 só para construir uma ponte no rio Negro que liga “o nada a coisa alguma”. Desde quando a vila do Cacau Pirera e Iranduba têm toda essa importância? Se queriam mesmo sair do isolamento, os manauaras deviam ter feito essa mesma ponte ligando Manaus à BR Álvaro Maia e assim forçar o seu asfaltamento. Além do mais, a estrada já existia e por que deixaram ela se acabar e não a preservaram?

Marina Silva está corretíssima! Ela tem mais é que proibir mesmo o garimpo assassino no rio Madeira e também em outros rios da Amazônia e tem que barrar também a construção dessa BR assassina. Asfaltar a 319 entre Manaus e Porto Velho decretará o fim da Amazônia para sempre. É como disse o próprio senador Omar Aziz: “eu quero a BR-319 para poder passear nela, eu tenho esse direito”. E vai ser só para isso que a velha estrada vai servir e para mais nada: passear. Grileiros, madeireiros, invasores de terra, posseiros, desmatadores e afins vão destruir o que ainda resta de preservação ambiental. Vejam o exemplo da BR-364 no início da década de 1980. Por causa dela criaram Rondônia, um dos maiores desastres ambientais da história da humanidade. O que é que esse Estado dá de bom ao Brasil? Qual exemplo que a terra Karipuna tem dado ao futuro? Só se for políticos misóginos, machistas e bolsonaristas. E já chega disso, né?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 25 de maio de 2025

O tambaqui não será extinto!

O tambaqui não será extinto!

 

Professor Nazareno*

 

              O tambaqui é um peixe muito apreciado em Rondônia e também em muitas outras regiões da Amazônia. Existem “duas espécies” desse peixe: o nativo, que habitava abundantemente os rios amazônicos, e aquele que é criado em cativeiro. Os dois são muito deliciosos e têm sabores muito diferentes que só quem nasceu aqui consegue distinguir. Rondônia é um dos maiores produtores do tambaqui em cativeiro e já exporta essa iguaria para outros estados do Brasil e também para alguns países. Recentemente o Ministério da Pesca e Aquicultura alertou sobre a possibilidade de que o tambaqui nativo estaria em extinção. O que chega a ser uma verdade, pois para se pescar hoje um tambaqui na natureza é a coisa mais difícil do mundo. Esse peixe praticamente desapareceu do rio Madeira e também de outros rios da Amazônia. Nos mercados quase não se vê o pescado.

              O governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha, que é natural da cidade do Rio de Janeiro, ficou enfurecido com a nota do Ministério da Pesca sobre a extinção do peixe, visto que Rondônia é talvez o maior produtor nacional do tambaqui em cativeiro. São, portanto, dois peixes bem “diferentes”. O governador, com pouco ou nenhum conhecimento sobre a Amazônia, confundiu as duas espécies em questão. Fez vídeos e publicou nas redes sociais o seu protesto dizendo que isso seria uma “jogada” das autoridades para turbinar a venda da tilápia, outra espécie também criada em cativeiro. Eufórico e esbravejando, o mandatário bolsonarista disse que “o tambaqui cria milhares de empregos no Estado e que tudo isso é mentira, ele não está em extinção”. Só que quem cria esses empregos não é o tambaqui nativo, mas aquele que é criado em cativeiro.

              Alguém ou algum assessor com o mínimo conhecimento de Ictiologia tinha de dizer ao governador qual é a realidade dos tambaquis daqui. Talvez ele entendesse. E dizer-lhe também que quem está em fase de extinção em Rondônia principalmente é a decência na política. Aqui neste fim de mundo, não se pode sequer agendar para se tirar uma simples carteira de identidade. É a competência em extinção a olhos vistos nos serviços públicos do Estado. Hospital de pronto-socorro na capital de Rondônia, onde mora Marcos Rocha e família, é algo que já foi extinto há muito tempo. Foi extinta também a vontade política de se construir um hospital público decente para o povo pobre desse Estado. Por que será que o governador não viu a extinção total da limpeza, da água tratada, do saneamento, do IDH e da arborização na capital desse Estado que ele governa?

              Eu diria também ao governador que o bolsonarismo dele será extinto em breve com a prisão de Jair Bolsonaro pelo STF. Abriria seus olhos para os votos da esquerda que existem em Rondônia e em Porto Velho e que são esses mesmos votos que decidem qualquer eleição. Logo, dizer que a esquerda está extinta em Rondônia é mais uma falácia. Porém, jamais perderia o meu tempo tentando lhe explicar as diferenças existentes entre o tambaqui criado em cativeiro e o tambaqui nativo. Como uma espécie manuseada geneticamente para se reproduzir aos milhões pode entrar em uma lista de animais em extinção? Quem será extinto em breve, governador, será o cidadão pobre de Rondônia, que sem hospital público vai morrer à míngua. Marcos Rocha confunde administração transparente com traz parente e tomara que ele também não confunda Rondônia com Roraima. Isso seria o seu fim na política e os rondonienses poderiam odiá-lo para sempre.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

“Não há vagas disponíveis”

“Não há vagas disponíveis”

 

Professor Nazareno*

 

      Se você quiser tirar a sua carteira de identidade ou simplesmente substituí-la porque a sua já está “velha e vencida” vai se deparar com esta vergonhosa frase no site que o Governo do Estado de Rondônia disponibiliza para o agendamento. Há quase seis meses que venho inutilmente tentado agendar nesse site para trocar a minha cédula de identificação e não consigo lograr nenhum êxito. Não há vagas disponíveis, assim como também pode não haver boa vontade das autoridades para prestar um serviço melhor aos seus cidadãos. E pior: praticamente ninguém, nenhuma autoridade constituída deste Estado se mostra preocupada com essa situação caótica que já perdura por anos a fio. A última vez que eu tirei esse meu documento foi no distante ano de 1985, quando Rondônia ainda era uma província atrasada e cujo governador do Estado era o Sr. Ângelo Angelim.

            Naquela distante época não havia internet nem os recursos que se dispõem hoje em dia com a tecnologia de ponta dominando as pessoas. O mês era junho de 1985 e eu fui à Secretaria de Segurança Pública solicitar o documento. Gastei exatos 16 dias e já estava com o documento em mãos. Fiquei horrorizado, pois tive que sujar as minhas digitais de tinta preta e que me deu um trabalhão para limpar. Como a tecnologia era muito obsoleta, não reclamei muito, pois sabia que novos métodos seriam criados para melhorar a vida de todos nós que moramos neste Estado. Chegaram os bits, as telas, os algoritmos, os sites, os influencers digitais, o ZAP, os computadores de última geração e a Internet, que tudo vê e tudo faz. Mas o trabalho de se tirar uma simples cédula de identidade em Rondônia não avançou nada com essas novas tecnologias. Tudo só piorou.

            O pior é que não se sabe de quem é a culpa por este atraso absurdo. Seria da Secretaria de Segurança Pública do Estado, a atual Sesdec, Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania? Seria do govenador Marcos Rocha? Dos deputados estaduais, dos deputados federais, dos três senadores de Rondônia ou da Assembleia Legislativa do Estado? Em Rondônia existe um Ministério Público do Estado, um Ministério Público Federal e também infinitas outras repartições públicas que zelam pelos interesses dos cidadãos. Será que ninguém percebeu este descaso? Bem, estamos em Rondônia onde em cuja capital sequer existe um hospital de pronto-socorro decente. O caso do “Built to Suit”, por exemplo, já foi esquecido e até hoje ninguém foi preso ou punido. E o povo pobre de Rondônia continua calado e se servindo do velho “açougue”.

            Tirar uma carteira de identidade em Rondônia no governo de Ângelo Angelim era rápido e até prático. No governo dele e antes também. E assim se seguiu em algumas administrações posteriores. Não sei exatamente o que se passa no atual mandato do coronel Marcos Rocha. Não existe oposição neste Estado para encampar esta briga? Por que a classe política não se mobiliza para resolver este pequeno problema? Há falta de funcionários ou é só mesmo um problema de gestão? Estamos praticamente às vésperas de mais um ano de eleições e alguns dos futuros candidatos já estão no páreo prometendo “mundos e fundos” aos tolos eleitores. Se para votar fosse exigida a carteira de identidade, certamente a classe política já tinha se mobilizado para resolver o caos. São muitas as pessoas espalhadas por todas as cidades do Estado de Rondônia que hoje estão enfrentando esta humilhante Via Crucis. Governador Marcos Rocha, o senhor sabe disto?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Um Estado sem Identidade

Um Estado sem Identidade

 

Professor Nazareno*

 

            Assim sempre foi o Estado de Rondônia, a “nova estrela no azul da União”, a terra dos “destemidos pioneiros” e também das “sentinelas avançadas”. Talvez mais de oitenta por cento dos brasileiros certamente cofundem Rondônia com Roraima. Os outros vinte por cento sequer sabem qual é a sua capital e em qual região do país se localiza. E não é só por desconhecimento da Geografia, não! É devido principalmente a pouca ou a nenhuma importância que este longe, pobre e incivilizado estado da federação tem no já triste e conturbado contexto nacional. Aqui se tem a passagem aérea mais cara de todo o Brasil. No acanhado campo de pouso da capital, que pomposamente lhe chamam de aeroporto internacional, quase não há voos para outras capitais do país. A medicina local é fraquíssima e o Estado não tem sequer um pronto-socorro para atender os seus cidadãos.

            A precariedade absurda também é verificada nos serviços que o próprio Estado diz que oferece aos seus coitados pagadores de impostos. Há alguns anos que para se tirar uma simples carteira de identidade em Porto Velho, o cidadão comum precisa antes fazer uma espécie de “estágio no inferno”. Não é de hoje que eu inventei de trocar a minha cédula de identidade, pois me disseram que ela já estava vencida, como se fosse um medicamento ou alguma espécie de alimento para se comer. Então, fui à luta. Chegando ao Tudo Aqui no Porto Velho Shopping, descobri que o nome mais correto para esta grandiosa repartição púbica deveria ser Nada Aqui. Os simpáticos, probos e atenciosos servidores púbicos que me atenderam disseram que eu precisava de alguns documentos e que o agendamento poderia ser feito em casa mesmo ou até no meu velho telefone celular.

            Em casa liguei o meu ocioso computador para fazer esse tal agendamento, mas as decepções e os obstáculos que surgiram começaram a me atormentar. Quando abri o link que educadamente me forneceram, apareceu uma página com os dizeres escritos em caixa alta: Agendamento para Emissão de Carteira de Identidade Civil. Eu pensei: Primeiro Mundo. Só que o agendamento só começaria a partir do meio dia e meia. E eram ainda umas nove horas da manhã. Pacientemente esperei. Chegando o horário indicado, o link mandava eu selecionar uma localização de uma lista. Só que em muitas das localidades listadas a disponibilidade dizia que não havia vagas disponíveis. Para Porto Velho, claro, nenhuma vaga. Vi vagas só disponíveis para Cerejeiras e Costa Marques, cidades a quase 800 quilômetros daqui. Repeti a operação por mais de 30 dias seguidos e até agora nada.

            Não sei ainda o porquê dessa verdadeira Via Crucis para se tirar um simples documento de identidade em Porto Velho, capital de Roraima. Os candidatos para governador e para deputados e senadores, que já estão se preparando para fazer as costumeiras promessas de campanha eleitoral no próximo ano, deveriam colocar mais esta no rol de suas mentiras. “Prometo, se for eleito, viabilizar o agendamento e a retirada da nova Carteira de Identidade para todos os cidadãos que quiserem. Em oito dias, sua identidade será realidade”, deverão dizer nos seus discursos em 2026. Só que com tanta dificuldade assim, eu estou igual a Rondônia: sem identidade. E tenho a certeza de que não é que estão criando dificuldades para vender facilidades. Os funcionários públicos de Rondônia e todas as suas autoridades são pessoas honestas e trabalhadoras. Todos querem o bem de todo mundo. Alguém sabe de algum conhecido seu que trabalha no Tudo Aqui?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Governos que envergonham!

Governos que envergonham!

 

Professor Nazareno*

           

     O jornalista e crítico social norte-americano Henry Louis Mencken, afirmou certa vez que “todo ser humano decente devia se envergonhar do governo que tem”. Já se passou mais de um século dessa afirmação e mesmo hoje em dia, mais do que nunca, essa veracidade é observada normalmente em quase todos os governos espalhados pelo mundo. No Brasil, a vergonha que grande parte de nossos cidadãos eleitores têm de seus governantes vem desde a época da Colônia, passando pelo Império e, claro, até na República. Óbvio que existem eleitores que endeusam seus representantes, mas apenas por que têm a certeza de que terão algum benefício depois. Na última eleição presidencial, por exemplo, milhões de brasileiros votaram em dois “caras” cheios de defeitos e de erros, mas que para o eleitor comum eles significavam um tipo de reencarnação de Deus.

  Lula, ex-presidiário e envolvido em inúmeros casos de maracutaias, de propinas e de corrupção explícita, estava preso em Curitiba já havia quase dois anos. Mas saiu da cadeia direto para o Palácio do Planalto. E pior: para nos governar. É o nosso atual presidente, pois recebeu mais de 60 milhões de votos dos seus eleitores que, juntos ao seu “herói”, comemoraram a vitória efusivamente. Os únicos que se envergonham de Luiz Inácio Lula da Silva são os seus opositores, que votaram na outra triste e vergonhosa opção: Jair Messias Bolsonaro. Como cada eleição é uma espécie de “leilão antecipado de bens roubados da própria população”, durante a fatídica presidência de Bolsonaro lhe apelidaram de “Mito”. E sem nenhuma vergonha na cara, muitos de seus aduladores nem desconfiaram de que “um bom político é algo tão impensável quanto um ladrão honesto”.

   Em Brasília, ainda fazem parte do governo federal o Poder Legislativo com a Câmara Federal e o Senado, que dispensam quaisquer comentários otimistas, e o Poder Judiciário com o STF, Supremo Tribunal Federal, e muitos outros órgãos, que nem é bom tecer qualquer opinião a respeito deles. Dessa maneira, não há como um cidadão honrado e cumpridor de suas obrigações não se sentir envergonhado pelo governo que tem. Em Rondônia, uma província pobre, atrasada e incivilizada do país, a situação tende a ser muito pior. E de fato é. O atual governador de Rondônia é um coronel da PM. Seguidor e admirador do “Mito”, que será preso pela tentativa de dar um golpe, ele tem uma administração pífia que é um fracasso só. Prometeu construir um novo hospital de pronto-socorro para a capital e fracassou redondamente. Era o “Built to Suit”, que deu em nada.

  Porém, muitos rondonienses não se envergonham desse coronel. Pelo contrário: prometem que vão elegê-lo para qualquer cargo depois que ele deixar de ser governador. Realmente, “a democracia é a crença patética na sabedoria da ignorância individual. Uma espécie de adoração de lobos famintos por burros”. Em Rondônia existem também a Assembleia Legislativa e alguns tribunais do Judiciário que fazem parte do governo provincial. Será que alguém não se envergonha do que têm feito os deputados estaduais de Rondônia? Em Porto Velho, a suja e fedorenta capital, o governo é o prefeito junto à Câmara de Vereadores. Léo Moraes se elegeu, mas usa de forma vergonhosa a internet e a mídia para fazer propaganda de si mesmo. Já muitos dos vereadores só envergonham o tosco eleitorado.  Estou envergonhado, pois “se um político soubesse que havia canibais entre seus eleitores, lhes prometia missionários, como padres e pastores, para o jantar”.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

terça-feira, 29 de abril de 2025

Vermelha: só falta a bandeira

Vermelha: só falta a bandeira

 

Professor Nazareno*

 

        Finalmente uma notícia boa depois da morte do Papa Francisco e da descoberta da roubalheira de mais de 6 bilhões de reais do INSS. Enfim, a bandeira do Brasil poderá mudar de cor e passar a ser vermelha em vez de verde, amarela, azul e branca. As esperanças agora são muitas para essa mudança, pois a camisa do segundo uniforme da seleção brasileira não será mais azul e sim, vermelha. Nada mais natural e correta essa mudança, pois o próprio nome do Brasil se refere à brasa, que tem a cor vermelha. Nunca entendi porque a cor da camisa da seleção brasileira nunca contemplou essa cor. Muitas pessoas diziam que era por causa das cores da nossa bandeira. Tolice, já que várias seleções nacionais não seguem essa tradição tão ultrapassada. A seleção de futebol do Japão, por exemplo, tem a cor azul em seus uniformes, mas a bandeira nacional é branca.

Além de branca, a flâmula nipônica tem um grande sol vermelho em seu centro significando o sol nascente. Disciplinados e educados como são, nunca se ouviu os japoneses falarem qualquer coisa de ruim de sua seleção e também de sua bandeira nacional. A Itália, tetracampeã de futebol do mundo, tem as cores verde, branca e vermelha em sua bandeira, mas a cor do uniforme de sua seleção de futebol é azul. Por isso, a seleção italiana é carinhosamente conhecida mundialmente como a “Squadra Azurra”. O mesmo acontece com a poderosíssima seleção nacional de futebol da Alemanha. Os outros tetracampeões mundiais de futebol da Europa sempre usaram a camisa branca como o seu uniforme padrão. Mas a sua bandeira tem as cores preta, vermelha e amarela. Aliás nem foi com essa camisa que eles golearam o Brasil por 7 a 1.

O Brasil ter apenas um dos seus uniformes de cor vermelha não é nada demais. Outro exemplo bastante conhecido no mundo futebolístico é a seleção de futebol da Holanda, que usa a cor laranja nas suas camisetas, mas o seu pavilhão nacional é vermelho, branco e azul. Quem não se lembra da “Laranja Mecânica” de Johan Cruijff e companhia, que encantou o mundo e destroçou o Brasil na Copa de 1974? E devem existir muitas outras seleções nacionais de vários esportes espalhadas pelo mundo inteiro que não usam as cores de suas bandeiras em seus uniformes esportivos. Isso é apenas um detalhe insignificante. O que importa mesmo é a qualidade do futebol que se joga. E hoje o Brasil não está jogando nada. Depois da última goleada que sofreu para a Argentina por 4 a 1, talvez a nossa fraca seleção de futebol nem vá à próxima Copa do Mundo em 2026.

É claro que mudar a cor no segundo uniforme da seleção brasileira seria uma “jogada” comercial da Nike, patrocinadora da seleção, para vender mais camisetas. Jair Bolsonaro, a direita e o “gado”, principalmente, só usam a camisa amarela da seleção para ir às manifestações pedir golpe de Estado, intervenção militar e outras desgraças. Agora tem o outro lado. Existirá a camisa da seleção brasileira que será vermelha. A cor do Lula, do PT, das esquerdas e do comunismo, talvez por causa da China e da ex-União Soviética, cujas bandeiras eram também vermelhas. Por isso, o governo Lula deveria mudar urgentemente a cor da nossa bandeira para homenagear o pau-brasil. Nosso atual pavilhão já está ultrapassado: o verde das nossas matas o agronegócio já desmatou todo. O amarelo do ouro, Portugal roubou. O céu não é mais azul. É cinza-chumbo da fumaça e o branco não simboliza paz nenhuma. Paz nas favelas cheias de milícias e de traficantes?

 

 


*Foi Professor em Porto Velho.

A direita sempre mandou!

A direita sempre mandou!

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil tem 525 anos de existência, ou seja, mais de meio milênio. E em todo este período, sempre foi governado majoritariamente por pessoas que tinham a ideologia da direita e da extrema-direita. Somente em três ocasiões foi governado pela esquerda. João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff foram os únicos presidentes progressistas do país. Assim, é normal se dizer que a sociedade brasileira, bem como todo o Brasil de hoje é consequência direta dos governos que teve ao longo de sua história. João Goulart sofreu um golpe de Estado em 1964. Sem maiores delongas, os militares o depuseram e passaram 21 anos no poder. Dilma sofreu outro golpe em 2016. O seu vice-presidente, o golpista Michel Temer inventou umas “pedaladas fiscais” e tomou-lhe a presidência. Já o Lula, apesar de não ter sofrido nenhum golpe, já esteve preso duas vezes.

       Nos 525 anos do Brasil, a esquerda esteve no poder até agora por menos de 20 anos, enquanto a direita e a extrema-direita reacionárias e golpistas mandaram durante longos 505 anos. Ou seja, a direita governou mais de 96,2 por cento do tempo, enquanto a esquerda governou os outros 3,8 por cento. O Brasil sempre foi um país rico, pujante e próspero e há mais de meio século desponta entre as dez maiores potências econômicas do mundo. Só que ainda hoje tem algo em torno de mais 25 milhões de seus cidadãos vivendo abaixo da linha da pobreza, na miséria absoluta, passando fome mesmo. Temos o oitavo PIB da Terra e uma das maiores desigualdades sociais do planeta. Por isso, a gestão do país, seja ela de direita, seja de esquerda, tem que atacar primeiro os vários problemas sociais que há. A polarização política que se vê hoje em dia só aumenta o caos.

      O eleitor brasileiro não aguenta mais os políticos usarem os seus mandatos para ficarem brigando e discutindo sobre quem é melhor ou sobre quem é pior. Enquanto a estéril discussão política e ideológica ganha força por todos os recantos do país, os reais problemas do povo não são discutidos. Na semana passada, por exemplo, uma vereadora de Porto Velho, a eterna capital de Roraima, deu uma entrevista dizendo que não houve ditadura militar no Brasil. E ela deve ter achado que “lacrou” com esta informação mais do que bisonha, absurda e mentirosa. Poderia, em vez de discutir ideologias políticas, propor emendas e projetos para tirar esta capital do lodaçal em que sempre viveu. Porto Velho é a capital mais suja e imunda do Brasil. Aqui não existe porto no rio Madeira, não há saneamento básico, não há arborização, não temos IDH e também não há água tratada.

       Um vereador de um lugar tão decadente, incivilizado e atrasado como este, tinha que trabalhar mais sério, usar o seu mandato em benefício de todos os moradores e tentar pelo menos ajudar o prefeito a resolver os inúmeros problemas da cidade. Aliás, em toda a sua triste história, Porto Velho só teve um único prefeito de esquerda, que praticamente foi cassado no final do seu bom mandato, enquanto todos os outros foram da direita e da extrema-direita. Assim como também o Estado de Rondônia. Quem sempre mandou por aqui foram os coronéis, nomeados na capital do país, e também vários empresários ricos e poderosos. Dessa forma, Rondônia é talvez o Estado mais bolsonarista e mais direitista e reacionário que há. Por isso, copia a triste realidade do resto do Brasil: com uma grande população de pobres e de miseráveis, praticamente só vota e elege sempre os candidatos de classes mais abastadas. Com direita ou esquerda, fome, miséria e estupidez continuam.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.