domingo, 15 de setembro de 2024

Quem vai enterrar o Madeira?

Quem vai enterrar o Madeira?

 

Professor Nazareno*

 

            O rio Madeira está morto! A média do nível de suas águas está hoje bem abaixo dos 40 centímetros. As chuvas que lhe alimentam não chegaram e há previsões que ainda demorarão mais de um mês. Estamos no meio de setembro de 2024 e no outrora gigante caudaloso já é possível, em alguns trechos, atravessá-lo a pé. O velho Madeira agonizou por anos a fio e finalmente, já sem forças, sucumbiu à ambição do homem, o maior predador da natureza. O maior rio de Rondônia, o quarto maior rio dos brasileiros e o décimo sétimo maior do mundo começou a perder suas forças com a pesca predatória. Depois vieram os madeireiros. Árvores centenárias de suas margens foram arrancadas sistematicamente permitindo o seu assoreamento mais rápido. Depois veio o garimpo assassino envenenando as suas águas e por fim as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau.

            Até a neve da cordilheira dos Andes, que muitas vezes lhe alimentava com empenho, não existe mais. O Madeira definhou e hoje se parece com aqueles rios temporários do Nordeste. Água em seu leito está difícil e só se encontra se cavar muito. Tomara que o pai” e a “mãe” dos rondonienses consiga sair dessa. Mas a situação parece que está irreversível. Assim como também parece estar irreversível toda a Amazônia. Ano após ano, as criminosas queimadas deram o tiro de misericórdia em toda a região. O ar poluído parece ser agora o novo normal. Agonizante e em coma profundo, o antigo “rio das Madeiras” só tem areia em seu antigo e profundo canal. Uma morte que certamente abalará muitas pessoas. Só que não tem, aparentemente, nenhum culpado. Mas a situação, que já está crítica, pode piorar ainda mais. Existem a BR-319 e a infeliz volta do garimpo.

            A BR-319 certamente atrairá levas e mais levas de garimpeiros, de madeireiros, posseiros, grileiros, produtores de soja e até mais incendiários. E ninguém terá coragem de barrar esse “progresso” que tanto se anuncia como mais outra panaceia milagreira que fará jorrar mel e leite das ruas. No trecho entre Manaus e Porto Velho, por exemplo, a floresta amazônica durará muito pouco tempo. Será derrubada e em poucos anos incendiada implacavelmente, assim como já fizeram ao longo da BR-364 para criar o Estado de Rondônia. Sem a cobertura vegetal, os caudalosos rios secarão rapidamente e darão lugar a enormes desertos, como está hoje o leito seco do rio Madeira. Além do mais, o garimpo, que a Polícia Federal não consegue vencer, vai assorear ainda mais o seu leito moribundo além de envenenar suas águas com mercúrio. O caos se anuncia em Rondônia.

            Com o rio Madeira seco, os poços de água que abastecem a maioria dos porto-velhenses, também já estão secando. Cavados ao lado de fossas imundas, já que a cidade de Porto Velho não dispõe de abastecimento regular de água nem de esgotos, esses poços são o termômetro do horror que se anuncia na “Capital da Seboseira”. Parece que, embora já agonizante e totalmente sem vida, o rio Madeira, ou mesmo o seu espírito, ri da nossa desgraça. “Eu lhes dei a vida e como pagamento vocês me deram a morte!”, poderia pensar o finado rio sobre os seus ingratos filhos rondonienses. Eles venderam o Madeira por duas hidrelétricas, que sequer baixaram o preço da energia aqui consumida. Com a morte desse grande rio e as queimadas na floresta amazônica, os rondonienses contribuem dessa forma para muitos desastres ambientais no Brasil afora como o que aconteceu em maio último no Rio Grande do Sul. Pior, mataram o rio Madeira e não querem enterrá-lo.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Que tal uma CPI da Fumaça?

Que tal uma CPI da Fumaça?

 

Professor Nazareno*

 

            Entre o dia 20 de julho e o início deste mês de setembro de 2024, o Brasil ardeu em chamas. Quase dois meses até agora que grandes extensões do país foram cobertas por fogo, fumaça densa e muita fuligem. Vários biomas foram duramente afetados e o sofrimento da população foi algo indescritível. Os governantes, de um modo geral, nada fizeram para amenizar o caos. Em Rondônia, principalmente, o fogo sobre a floresta amazônica tomou proporções inimagináveis. Porto Velho está encoberta há mais de dois meses e providência nenhuma foi tomada até o momento. A seca severa que castiga o bioma amazônico praticamente já decretou a morte do rio Madeira e incendiou grande parte das terras do Estado. Lula, o presidente do país, e Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, não disseram até agora quais providências que tomaram.

            O pior de tudo é que o governador de Rondônia, o bolsonarista coronel Marcos Rocha e o prefeito de Porto Velho, Dr. Hildon Chaves, também nada fizeram para resolver o armagedon que se instalou sobre nós, seus idiotas eleitores. Uma providenciazinha aqui, outra ali e as labaredas incendiando a todos nós. Por isso, se existisse de fato oposição nesse país, nesse Estado e também na prefeitura de Porto Velho, várias CPI’s (Comissão Parlamentar de Inquérito) deveriam ser instauradas para investigar a todos e cobrar responsabilidades de quem foi eleito para cuidar do seu povo e o deixou à míngua morrendo no meio da fumaceira. Até porque vários órgãos desses próprios governos já haviam alertado, bem antes, sobre essa seca que atingiria a todos e já tinha sido prevista desde o ano passado. Só que nenhuma providência foi tomada pelas esferas de governos.

            E o que dizer do triste e melancólico papel das Forças Armadas até agora em todo esse episódio? Muitos militares gostam de gritar: SELVA! E dizem que estão aí para defender a Amazônia da cobiça internacional. Só que não conseguiram sequer defendê-la dos incendiários brasileiros. Eu já disse: nem o Brasil nem os brasileiros merecem a Amazônia. Esses militares vão ter que gritar agora: CINZA! Já que fomos todos nós que deixamos a Amazônia virar pó. Defender essa região é também não permitir que a destruam. Disseram que foram os bolsonaristas que incendiaram o Brasil para semear o caos. Ora, se foram eles mesmos, uma CPI iria descobrir e apurar responsabilidades. E punir na forma da lei todos os que se omitiram. Durante a pandemia da Covid-19, o negacionismo estúpido de muitos fascistas e a falta de seriedade fizeram instalar uma CPI.

            E por que não o fazem agora? Abrir uma CPI poderia evitar futuros incêndios e assim poderia salvar a Amazônia, o Pantanal e também outros biomas do colapso e da extinção quase certa. Uma CPI da Fumaça e das Queimadas no Congresso Nacional viria num bom momento para esclarecer a inércia absurda dos governos atuais. E uma CPI em cada Estado que sofreu e sofre com as queimadas e a fumaça tóxica. Deveria também haver cobranças das autoridades a nível municipal. É uma vergonha que o STF por meio do ministro Flávio Dino tenha tomado providências antes que o Executivo o fizesse. Muitos brasileiros, velhos e crianças principalmente, estão sofrendo ao inalar monóxido de carbono e outras substâncias cancerígenas. E muitos vão morrer por ter inalado esses gases tóxicos. Talvez uma CPI pudesse abrir os olhos das autoridades para em março ou abril próximos começarem a agir para evitar o pior. Será que vamos ter fumaça em 2025?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


domingo, 8 de setembro de 2024

Eis os melhores candidatos

Eis os melhores candidatos

 

Professor Nazareno*

 

            Porto Velho, a podre, fedorenta e imunda capital de Roraima, vive ansiosa nesses tempos de eleições. Os candidatos a prefeito são sete e todos eles lutam para administrar a pior capital do Brasil em qualidade de vida pelos próximos 4 anos. É uma disputa muito acirrada. Para vereador temos ainda mais de 460 candidatos e somente 23 deles serão os escolhidos. O frenesi entre os eleitores é visível em cada casa, rua e esquina. Eu não devia, mas vou apresentar aqui todos esses candidatos. Claro, espero que cada eleitor escolha corretamente o seu concorrente sem problemas. Não vou indicar o número nem o partido de cada um deles para evitar qualquer tipo de influência. Vamos começar a lista com o, até agora, mais popular dentre todos os postulantes ao cargo de prefeito da “capital da imundície”. Trata-se de Fumaça, que é o maior amigo do pior ar para se respirar no Brasil.

            Fumaça é o nome simplificado e carinhoso deste candidato. Seu nome completo é Fumaça das Queimadas. Muito popular e conhecido, pode ser eleito já no primeiro turno. Todos os anos, mesmo sem ter eleições, ele está ali, entrando na casa dos eleitores. Tem uma intimidade muito grande com velhos e crianças principalmente. Oriundo do campo, ele é um expert no agronegócio. Fumaça é tão competente que mete medo nas Forças Armadas, no IBAMA, no ICMBio, na Polícia Federal, na Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ambiental e dizem até que ele manda em Lula, o atual presidente da República e também na inoperante ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Prefeitos e governadores morrem de medo do candidato Fumaça. Porto Velho tem muito conhecimento no assunto. Por isso, votem no melhor e mais popular candidato a prefeito!

            Mas há um outro candidato também muito popular entre os eleitores porto-velhenses. É Hospital de Pronto-Socorro municipal. Muita gente diz abertamente que vai votar nesse cara. “Ele vai substituir à altura o velho e imprestável açougue que temos na cidade”, dizem alguns dos seus otimistas eleitores. Hospital é muito amigo dos pobres, principalmente. Nada de “Built to Suit” do governador do Estado. Se o povo votar em Hospital vai certamente ter a certeza de que dias melhores virão para Porto Velho. Outro candidato muito bom também para a nossa cidade é Saneamento Básico e Esgotos. A “Capital das Sentinelas Avançadas” jamais teve em toda sua sebosa história de 110 anos um candidato dessa magnitude. “Saneamento é imprescindível para esta cidade”, dizem alguns dos eleitores. “E como pode um povo metido a civilizado não votar em Esgoto?”.

Porto Rampeado no Madeira é outro bom candidato. Correndo por fora, digamos assim, Porto também vai conseguir um bom número de votos em Porto Velho. Principalmente nos distritos do baixo Madeira. Foi Porto quem disputou com barranco escorregadio o direito de representar os ribeirinhos, povo há muito tempo esquecido pelo poder público daqui. Água Tratada, Mobilidade Urbana e Arborização são as abençoadas que também disputam a prefeitura de Porto Velho em 2024. Elas estão tristes, chateadas, pois acham que não vão se eleger num “jogo” com essas regras. “O importante é participar e mostrar para o povo que cada uma delas é indispensável numa cidade que pensa que é civilizada e desenvolvida”, disseram alguns eleitores mais esclarecidos. Além dessa gente, temos ainda os “imprescindíveis” candidatos a vereador. Por favor, vote num desses nomes! Qualquer um, se eleito for, mudará a história. Não anule e nem se abstenha!

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 7 de setembro de 2024

O ACOMODADO nunca reclama de nada.



O ACOMODADO nunca reclama de nada.



 

Vivendo na cidade insalubre

Vivendo na cidade insalubre

 

Professor Nazareno*

 

            Há 16 anos, quando pela primeira vez escrevi um texto falando a verdade sobre Porto Velho e sobre Rondônia, fui duramente insultado nas redes sociais, chamado de imbecil, sujeito de mentalidade retrógrada, colonizador de araque e infinitos outros adjetivos que não posso publicar aqui. Indignados com as minhas palavras, muitos rondonienses, “rondonienses de coração” e porto-velhenses saíram em defesa do indefensável e chegaram quase a propor que eu, o maldito Professor Nazareno fosse queimado numa fogueira em praça pública. Mesmo com muito medo, não baixei a guarda e continuei escrevendo textos mostrando a todos a verdadeira face desse arremedo de cidade, dessa amaldiçoada curva de rio, desse lugar sem eira nem beira, dessa eterna currutela fedida. E Porto Velho e Rondônia hoje agonizam e rumam para a extinção certa.

O maior símbolo da “capital do lodaçal” sempre foi o rio Madeira, mas hoje um dos maiores rios do mundo está agonizante e quase à beira da morte, que lhe aguarda. Depois das hidrelétricas que lhe fincaram no leito, ele adoeceu aos poucos e caminha também para o seu melancólico fim. A cidade definha a cada dia que passa. Muitos dos meus críticos abandonaram o seu lugar de origem e foram embora em busca de cidades menos insalubres no Sul maravilha e nas paradisíacas praias do Nordeste. Indiretamente me deram razão. Como viver numa cidade insalubre e decadente? Aqui temos o pior hospital público do Brasil. Temos o pior IDH dentre as 27 capitais do país, a nossa qualidade de vida é sofrível e talvez até pior do que aquelas cidades da Índia e da África subsaariana. Porto Velho não tem rede de esgotos nem saneamento básico ou água tratada.

Eu nunca falei mal de Porto Velho. Apenas sempre mostrei a verdade, que muitos, por ignorância e por falso telurismo, não queriam ver. Hoje, devido às queimadas que se fazem na floresta amazônica, temos o pior ar para se respirar no Brasil. Andar pelas sujas e imundas ruas da cidade sem usar uma boa máscara é correr risco de morrer intoxicado por monóxido de carbono e por outras substâncias cancerígenas. A currutela fedida está insalubre e sob uma densa nuvem de fumaça tóxica já há mais de um mês. O ar em Porto Velho está perigoso e pode levar à morte principalmente os velhos e crianças. Sem água tratada nem esgotos, sempre respiramos por aqui um ar com cheiro de merda mesmo. Hoje esse mal cheiro continua só que em um ar com veneno mortal. Até os poços de água, contaminados por bosta, já estão secando. Sem volta, Porto Velho caminha para seu fim.

A classe política local, que nunca fez nada para melhorar a qualidade de vida do lugar, não está “nem aí” para esse armagedon. Ela está é nas redes sociais e na mídia pedindo tranquilamente o voto dos acomodados eleitores que também nada veem. E o pior: não dá nem para sair desse purgatório na terra, dessa antessala do inferno, dessa morada do Satanás. A fumaça densa bloqueia o aeroporto e os raros voos são cancelados. Sob todos os aspectos a “capital dos destemidos pioneiros” é hoje um lugar inóspito, perigoso e impróprio até para se morar. Cadê os meus críticos? Por que não se mobilizam e cobram soluções das autoridades? Cadê a prefeitura da cidade, o governo do Estado, as Forças Armadas? Talvez estejam todos escondidos no meio da fumaceira absurda que por incompetência deles próprios encobriu e engoliu Porto Velho e Rondônia. Já eu, não saio daqui, quero ver a cara daqueles tolos que gritavam para defender essa porcaria de lugar.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

E se o sonho fosse verdade?

E se o sonho fosse verdade?

 

Professor Nazareno*

 

            Eu não gosto de mentiras nem de notícias mentirosas. Entendo que a verdade deve prevalecer sobre tudo e sobre todos. Hoje, usam-se as palavras em inglês “fake news” para se designar algo que não é verdadeiro. Outro dia, no entanto, eu sonhei com uma série de notícias falsas e fiquei muito triste quando acordei. Em sonho, estava alegre com as informações que ouvia. Eram histórias sobre política e também sobre as queimadas e a fumaça que há mais de um mês tomaram conta de Porto Velho, de Rondônia e da Amazônia. Marina Silva, a atual ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, envergonhada por não ter feito nada até agora para deter a avalanche de fogo e de fumaça na região e consequentemente salvar do caos a Amazônia, que ela tanto defende, pedia exoneração do cargo em caráter irrevogável. Meio contrariado, o presidente Lula aceitou.

            Se Lula não tivesse afastado a inoperante ministra, seria ele, o próprio presidente do país, que corria um sério risco de perder o cargo através de um impeachment. Isso porque quase todos os deputados federais e senadores, preocupados com as queimadas e a fumaça na região, estavam pressionando há tempos o mandatário por soluções concretas para o armagedon amazônico. Lula fez sérias cobranças aos órgãos de defesa do meio ambiente. Reclamou da IBAMA, do ICMBio, da Polícia Federal, de muitos dos seus ministérios e até das Forças Armadas. “Como pode ter acontecido aquela vitória nossa em Humaitá no Amazonas e agora estão todos acomodados?”, reclamou o petista. “As Forças Armadas dizem estar prontas para defender a Amazônia da cobiça internacional, mas não conseguem sequer defendê-la dos próprios brasileiros incendiários”, disse ele.

            Indignado e muito nervoso, o hábil presidente petista cobrou celeridade aos vários governadores e aos prefeitos da região. “Em São Paulo, que tem pouco fogo e menos fumaça ainda, o govenador bolsonarista Tarcísio de Freitas já prendeu uma dezena de incendiários criminosos, mas em Rondônia, que é o foco dos incêndios na Amazônia, até agora ninguém foi preso”, disse Lula aos berros. E continuou: “Vejam o caso surreal de Porto Velho e de Rondônia. O povo de lá está morrendo asfixiado e sem respirar ar puro há mais de um mês. E nem o prefeito da capital, Hildon Chaves, nem o govenador Marcos Rocha fazem nada. Só que todos os vereadores já estão pedindo votos para se reelegeram sem nada terem feito!”, queixou-se. Talvez por isso, tanto Hildon Chaves quanto Marcos Rocha renunciavam a seus cargos e ainda pediam desculpas a todo o povo de Rondônia.

            A péssima condução da pandemia de Covid-19 praticamente derrubou Jair Bolsonaro do poder. E se não tiver cuidado, Lula pode também perder o cargo por causa das queimadas e da fumaça na Amazônia. “O que eu vou dizer aos meus amigos da Europa?”, perguntou Lula já preocupado. “Eu sei que o Macron (presidente da França) está chateado comigo”, ponderou ele. “E os meus amigos artistas, como vão fazer musiquinhas agora condenando o fogo e defendendo o bioma amazônico?”. Marina Silva, Marcos Rocha, Hildon Chaves deixaram por vontade própria os seus cargos e se associaram a vários vereadores, prefeitos do interior, deputados estaduais, deputados federais, senadores e também a outros governadores para, a partir de agora, ajudar de verdade a salvar a Amazônia. Sem energia elétrica por causa do último apagão, com muito calor e tossindo, acordei do sonho e voltei ao pesadelo atual que é a Rondônia da fumaça.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Lula abandonou Rondônia

Lula abandonou Rondônia

 

Professor Nazareno*

 

            Rondônia e a sua capital Porto Velho vivem dias sufocantes neste verão de 2024. Uma nuvem de fumaça tóxica resultante das queimadas na floresta amazônica toma conta da pior cidade do Brasil desde o final de julho. Há mais de um mês, portanto, estamos aqui respirando monóxido de carbono e outras substâncias cancerígenas e altamente prejudiciais à saúde humana e nenhuma autoridade, nem local, nem estadual, nem federal, faz alguma coisa para diminuir o nosso sofrimento. Até hoje, início de setembro de 2024, não se ouviu qualquer pronunciamento de nenhuma dessas autoridades. O presidente Lula deveria exonerar sumariamente a sua ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, a acreana Marina Silva. Somos hoje, pouco mais de 1 milhão e 700 mil brasileiros que estamos sofrendo sem governo de espécie alguma quando o assunto é qualidade de vida.

            Fomos abandonados à própria sorte por todos esses governantes. Por causa da densa fumaça, o nosso precário aeroporto está fechado há mais de 15 dias nos isolando ainda mais do restante do país. O rio Madeira sumiu no meio da fumaceira. Hospitais de Porto Velho e de outras cidades do Estado estão lotados de velhos e de crianças principalmente. Rondônia vive uma situação de terra arrasada. Quem precisa de um cessar-fogo não é somente Gaza lá no Oriente Médio. Rondônia precisa urgentemente que as autoridades políticas decretem também um cessar-fogo por aqui. É preciso parar o fogo na Amazônia e principalmente em Rondônia. Essa fumaça tóxica vai nos matar rapidamente, assim como o coronavírus matou durante a Covid-19. Lula, mande as Forças Armadas defender pelo menos o povo da Amazônia, já que toda a região foi abandonada.

            Quando os índios yanomamis estavam sofrendo, o senhor foi a Roraima visitá-los. Por que não vem a Rondônia junto com a sua ministra Marina Silva? Traga todo o seu governo para respirar o mesmo ar que nós estamos respirando em Porto Velho. As autoridades daqui já lavaram as mãos faz tempo. O prefeito de Porto Velho e o governador Marcos Rocha parece que estão cegos diante do caos e da catástrofe iminente. O Dr. Hildon está mais preocupado é em eleger a sua candidata nas próximas eleições. Não fala nada de providências para a cidade que ele jurou um dia cuidar. Os deputados estaduais, os deputados federais, os três senadores, todo o poder Judiciário, o Ministério Público estadual, o Ministério Público federal, as secretarias de meio ambiente estadual e municipais, o IBAMA, o ICMBio, Polícia Federal. Enfim, onde estão todos esses órgãos?

            Presidente Lula, ministra Marina Silva, eu até entendo que os senhores podem estar chateados com Rondônia por que aqui quase todo mundo é bolsonarista, da direita e da extrema-direita. Mas por favor, somos brasileiros e devíamos merecer respeito e atenção dos senhores”. Aqui nos causa nojo, asco e repugnação ver os sete candidatos a prefeito e mais de 400 candidatos a vereador pedindo voto na televisão como se nada de anormal estivesse acontecendo. De um modo geral, os políticos “não estão nem aí” para o sofrimento do eleitor. E isso antes das eleições. Lula parece estar mais preocupado com Nicolás Maduro e a Venezuela, enquanto o STF debate questões relacionas a Elon Musk. E Rondônia, não merece nada de atenção das autoridades federais? Vi a FIERO e a OAB local falarem “um pouquinho” sobre essa fumaça e só. Sei que muitos rondonienses estão asfixiados e sufocados, mas têm medo de abrir a boca. Por que abandonaram a Amazônia?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

A VERDADE QUE OS PUXA-SACOS NÃO ENXERGAM


A VERDADE QUE OS PUXA-SACOS NÃO ENXERGAM

 

Aldamir Silva (JOFRE)*

 

 

As queimadas e o desmatamento têm se tornado uma praga silenciosa, espalhando nuvens de fumaça que poluem o ar com gases nocivos, prejudiciais à saúde de todos. Esses eventos, muitas vezes ligados à expansão agrícola e à extração de madeira, liberam grandes quantidades de dióxido de carbono, metano e outros poluentes que agravam a qualidade do ar, causando doenças respiratórias, cardiovasculares e até contribuindo para mudanças climáticas.

No entanto, em meio a esse cenário devastador, existe uma triste realidade: muitos preferem fechar os olhos, tapar os ouvidos e calar-se diante das evidências. Os "favorecidos", que se beneficiam economicamente da destruição ambiental, escolhem não ver a fumaça que obscurece o céu, não ouvir os alertas dos cientistas e especialistas, e não falar sobre as consequências que essas práticas irresponsáveis trazem para a saúde humana e para o equilíbrio do planeta.

Essa negação não apenas prolonga a destruição, mas também agrava o impacto na sociedade, especialmente nas populações mais vulneráveis, que sofrem diretamente com a degradação ambiental. Enquanto os favores econômicos prevalecem sobre o bem comum, a fumaça continua a se espalhar, envenenando o ar que respiramos e ameaçando nosso futuro. É necessário, mais do que nunca, romper o silêncio, enxergar a realidade e agir para proteger o que resta do nosso meio ambiente.

 

 

 

*Aldamir Silva (JOFRE) é Professor e morador do distrito de Calama/RO.