Para que servem os políticos?
Professor Nazareno*
Aristóteles disse
certa vez que a política é a ciência mais importante de uma sociedade. Segundo
ele, é essa ação quem define as prioridades em todas as áreas. Assim, a
política é muito mais importante do que a educação, a religião ou a medicina,
por exemplo. Essas atribuições sociais são, em última análise, determinadas
pela política e não o contrário. Sem ela, uma sociedade civilizada desmoronaria
e enfrentaria a barbárie e os confrontos só para estabelecer quem lhe
governaria. Imagine-se em outras áreas cruciais. A democracia, no entanto, foi
criada para estabelecer regras e limites para a política. Dessa maneira, os
políticos são extremamente importantes para a condução de todo processo
político. Eles são, em último caso, os intermediários entre o povo e os seus
governantes. Entre quem paga impostos e quem arrecada. Mas e todo político age
assim?
Definitivamente não!
No Brasil, a classe política é na maioria das vezes quase toda ela odiada pela
população. Muitos brasileiros só votam porque é escandalosamente obrigatório.
Político em nosso país, infelizmente já virou sinônimo de ladrão, de corrupto,
de desonesto. Aqui, fala-se que “não existe direita nem esquerda, mas tão
somente um bando de salafrários que se reúnem nos gabinetes para roubar o
dinheiro do povo, para superfaturar obras e também para praticar todo tipo de
sacanagem”. A política é vista em quase todos os meios como um trampolim
para subir na vida às custas dos outros. Além de, claro, muitos políticos fazerem
de tudo para carrear mais dinheiro e mais riqueza para a elite reacionária que
sempre mandou no país. Recentemente vimos três exemplos, dentre tantos outros,
de políticos que de certa forma corroboram com esta tese insensata.
Um governador (da
direita reacionária) de um estado assolado por fortes chuvas e inundações com
mais de 160 mortos e um outro tanto de pessoas desaparecidas e com
incalculáveis prejuízos financeiros, deu uma entrevista reclamando das doações
que o país inteiro estava mandando para os seus conterrâneos. “Essas doações
físicas podem prejudicar os comerciantes locais”, disse ele de forma
monstruosa diante da calamidade que seus governados estão passando com a
catástrofe. Depois se arrependeu da estupidez que falou e pediu desculpas
publicamente. Talvez ele tenha se incomodado com tantas doações. Afinal dividir
o pouco que se tem com quem mais precisa é um ato socialista, humano e até meio
comunista. E isso incomoda os reacionários, que querem manter o povo na miséria
e na exploração constantes. Fato: passada essa tormenta, todos esquecem.
Pior foi a
proposta de um outro político tentando modificar os artigos do Código Florestal
de forma a reduzir de 80% para 50% a cota de reserva legal na Amazônia. Segundo
especialistas, esse projeto vai desmatar quase cinco milhões de hectares a mais
na região e consequentemente assim podem aumentar os problemas climáticos como
este verificado no sul do Brasil recentemente. A parte risível, no entanto, de
anomalia social dos nossos políticos coube à proposta de uma deputada federal
ao propor uma Moção de Repúdio ao show da Madonna, Anitta e Pablo Vittar que
aconteceu no Rio de Janeiro. A parlamentar desrespeita os quase dois milhões de
eleitores que foram ao espetáculo. Além do mais, mistura de forma tosca política
e religião como se em seu estado não houvesse uma infinidade de problemas bem
mais sérios para serem solucionados por ela própria. A Madonna nem vai dormir. Triste: o eleitor vê, discorda, só que torna a votar nessa gente.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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