É difícil viver
na democracia
Professor
Nazareno*
A democracia foi criada pelos gregos
ainda na Antiguidade Clássica e os primeiros países a implantá-la foram, nessa
ordem, Inglaterra, Estados Unidos e França. No Brasil a democracia tem pouco
tempo levando-se em consideração os mais de 523 anos de História do nosso país.
Depois da Segunda Grande Guerra, nossa democracia reapareceu, ainda que muito
frágil. Por isso durou pouco tempo. Em 1964, os militares em conluio com a rica
e abastada elite civil deram um golpe e surrupiaram os nossos mais elementares
direitos. Somente em 1985 nos devolveram a liberdade. Assim, o nosso atual
regime democrático tem apenas 38 anos. Mas esse é o maior tempo ininterrupto em
que vivemos sob este regime. Winston Churchill disse que “a democracia é o pior regime político, com exceção de todos os outros”.
Viver sob a democracia pressupõe aceitação e até sacrifício.
Na Nova Ordem Mundial, a maioria dos
países ricos e desenvolvidos vive sob o regime democrático. Dos cinco
integrantes do atual Conselho de Segurança da ONU, por exemplo, três deles,
exatamente a Inglaterra, os Estados Unidos e a França são defensores ardorosos
da democracia e têm suas sociedades baseadas sob esse regime. Já China e Rússia
praticamente desconhecem as mais elementres regras de como se viver de forma
democrática. Na maioria dos países árabes, em grande parte das nações africanas
e nas ex-repúblicas que se autoproclamavam comunistas no Leste Europeu, assim
como na periferia do mundo, o jogo democrático quase não faz parte do cotidiano
dos governos e das pessoas de um modo geral. Democracia é a aceitação ao
diferente. É o respeito ao que foi combinado anteriormente, é acima de tudo,
civilidade, fraternidade e boa convivência.
No Brasil, infelizmente, em muitos ainda
reina a mentalidade golpista, truculenta e desrespeitosa para gerir a
sociedade. Principalmente na caserna, onde a obediência e a hierarquia reinam
quase absolutas. No último governo que tivemos, o ex-presidente Jair Bolsonaro,
um militar oriundo do Exército, tentou destruir “o que conquistamos há pouco tempo e a muito custo”. Foram
praticamente quatro anos de ataques rasteiros à nossa democracia, que resistiu
bravamente. O “Bozo” atacou as instituições
democráticas sem trégua durante todo o seu mandato. O STF e seus ministros eram
atacados quase que diariamente. No Congresso Nacional, o ex-presidente “comprou” o apoio da maioria para se
garantir no cargo sem o menor risco de impeachment. Na PGR tinha a certeza de
que não seria importunado pelo procurador Augusto Aras. Mas os podres estão
vindo à tona.
Derrotado e humilhado nas eleições
de 2022, Bolsonaro tentou dar um golpe para continuar no poder. A delação
premiada de seu ex-ajudante de ordens não deixa quaisquer dúvidas. As Forças
Armadas foram até consultados sobre a essa vil possiblidade. E pelo que se sabe
até agora, somente a Marinha, por meio do então ministro Almir Garnier, aceitou
participar da derrubada do novo governo, que ainda sequer havia tomado posse. Comprovada
a armação golpista, todos, inclusive o ex-presidente, têm que pagar caro por
terem conspirado contra as nossas instituições. Viver sob uma democracia ainda
é muito complicado nesse Brasil de analfabetos funcionais e políticos, por isso
nosso regime democrático ainda corre sérios riscos de ser varrido do mapa. O
dia 8 de janeiro foi o mais claro exemplo disso. Bolsonaro teve 58 milhões de
votos e quase derrota o “Ladrão” como
muitos bolsonaristas falam. Mas o Bolsonaro só daqui a oito anos. É a
democracia!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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