quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Democracia em perigo

Democracia em perigo

Professor Nazareno*

Sir Winston Churchill teria dito que a democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras formas. Ou seja, sem democracia não se consegue governar um povo de forma correta, coerente e justa. No Brasil, o nosso regime democrático é muito jovem se comparado a outros países civilizados do mundo. Temos hoje somente 35 anos de democracia, conquistada “há pouco tempo e a muito custo”. Só que nos 520 anos de História do nosso país, esse é o maior período ininterrupto com este regime. Desde 1985 com a saída espontânea do regime militar e o fim de 21 anos de arbítrio com torturas, perseguições, assassinatos e eleições indiretas, que vivemos ares de maior participação popular nas decisões governamentais. Mas a nossa jovem democracia corre perigo. Com a vitória da extrema-direita em 2018 com Jair Bolsonaro, tempos bicudos se anunciam.
Para tentar se livrar da roubalheira e da corrupção do PT e de suas quadrilhas, o eleitor brasileiro optou por conduzir ao poder maior da nação um grupo de políticos inexperientes e acusados de ter um viés fascista e antidemocrático. Jair Bolsonaro foi eleito com 57 milhões de votos mesmo não escondendo de ninguém a sua admiração por torturadores e por golpistas. Suas declarações absurdas e atemporais, antes e depois das eleições, apontavam e ainda apontam para um regime de exceção. Mas a nossa democracia tem resistido e demonstrado que grande parte da população brasileira não aceita regimes antidemocráticos e de exceção. Os três filhos do presidente assim como alguns dos seus mais fieis seguidores têm demonstrado em declarações que “o ideal” para o Brasil e para os brasileiros de um modo geral seria a volta dos anos de chumbo.
Tanto um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, como o Ministro da Economia Paulo Guedes já se referiram ao temível AI-5 como uma forma “viável” e também “possível” de se governar o país. Em Rondônia, ainda em 2017, o atual prefeito Thiago Flores de Ariquemes e mais sete vereadores da cidade tentaram iniciar a volta da censura ao propor rasgar páginas de livros escolares que continham ideologia de gênero. Agora, com a história muito mal contada da “lista de livros proibidos pela Seduc/RO” o tema da censura, do obscurantismo e do índex volta a rondar a nossa frágil democracia. Neste caso, ainda não se sabe quem está falando a verdade. Porém, as respostas a todas estas iniciativas monstruosas foram pontuais. Os fascistas recuaram e por enquanto nossa frágil democracia resiste e continua existindo.
Tanto no Brasil como em Rondônia, “a cadela do fascismo continua no cio” à espera de dar o bote. Se a sociedade titubear, se os defensores da democracia não estiverem atentos, o tempo pode fechar e a volta à “longa noite de terror” será apenas uma questão de dias ou meses. “Infelizmente esses talvez não sejam episódios isolados de ataques à democracia e à nossa sociedade. Já se vê isso desde o primeiro dia do governo Bolsonaro. E em todos os Estados e cidades governados por essa gente não é diferente. Paulo Freire, educador de renome internacional, virou algoz dos atuais governantes. A cultura do país foi demonizada. Autores e atores viraram inimigos da nação! Não há ninguém fora do círculo governamental que valha alguma coisa, que seja valorizado. Como nas mais cruéis e sanguinárias ditaduras, foram todos linchados e elevados a inimigos do Estado”. O ovo da serpente está para eclodir. Alerta, portanto!



*Foi Professor em Porto Velho.

Nenhum comentário: