quarta-feira, 18 de julho de 2018

O dia da liberdade



O dia da liberdade


Professor Nazareno*


Ouvi dizer que a TV Rondônia interromperá para sempre a sua transmissão analógica para as cidades de Porto Velho e Candeias do Jamari. A data anunciada para este milagre é dia 14 de agosto de 2018. Uma notícia extremamente boa e alvissareira levando em consideração que esta emissora de televisão é um dos tentáculos do câncer nacional chamado Rede Globo. “Vem ser digital com a gente”, diz o mote da esdrúxula campanha televisiva. Presente da Ditadura Militar à família Marinho, a Globo é a vanguarda da alienação nacional desde 1965. Sua programação insossa e direcionada à estupidez coletiva mostra programas de qualidade duvidosa, mas que têm um forte poder ideológico para alienar os mais incautos e tolos. É líder absoluta no Brasil dos semianalfabetos e dos desprovidos de leitura de mundo e informações mais confiáveis.
O poder maligno da “Vênus Platinada” pode ser sentido diariamente em cada segundo de sua horrenda programação tendenciosa. Porém, é no futebol, e na política principalmente, que essa TV se esmera. Durante a Copa do Mundo, por exemplo, o time de alienadores é escalado sob medida para ludibriar os mais estúpidos e até as pessoas metidas a esclarecidas. Fazer gostar da desacreditada seleção brasileira é tarefa fácil para os profissionais da emissora. Bastam dois ou três jogos para os idiotas urrarem de amor pela “seleção canarinho”. Toda a programação da emissora durante o torneio é voltada somente para enaltecer os novos heróis nacionais: gênios, seres humanos incomuns, fenômenos, super-heróis, gurus e iluminadores de todos os brasileiros. Até a primeira derrota na Copa, nenhum dos jogadores tem defeito. São os heróis do povo.
Na política tem-se percebido todo ano o poder da emissora entre os brasileiros. Elege presidente, destitui presidente, nomeia ministro, demite ministro e influencia até em algumas decisões do Poder Judiciário. A Globo elegeu Fernando Color em 1989, quando num debate da emissora, editou um Jornal Nacional para destruir Lula e o PT. Pouco tempo depois, criticada pelo próprio presidente “collorido”, tramou nos bastidores para derrocá-lo do poder. Pior: vendeu para os trouxas dos brasileiros a ideia de que foram os caras-pintadas e não ela própria, os maiores responsáveis pelo impeachment naquela época. Em 2013, pediu desculpas ao Brasil por ter apoiado o golpe militar de 1964. Há documentos e provas dando contra de que Roberto Marinho teria sido um dos maiores responsáveis pela aventura militar que durou mais de 20 anos.
Porém aos poucos, a Globo está perdendo um pouco do seu encanto. Emissoras ligadas aos evangélicos têm de certa maneira copiado um pouco desse sucesso global e com isso ameaçam sua maligna hegemonia. Em Rondônia, durante o horário de verão, a emissora transmite sua programação com mais de uma hora de atraso. Isso em plena época de internet e das redes sociais. A partir de outubro, como acontecia há 40 anos assiste-se ao Jornal Nacional quando já se sabe o teor de todas as notícias. A Globo tem os melhores profissionais do mercado e certamente não precisa de artimanhas para conquistar cada vez mais audiência. Mas está no Brasil e aqui quem tem um olho será sempre rei. A Globo não tem ideologia, uma vez que dança conforme a música do governo de plantão. A notícia de que desligará toda a sua programação alegrou muita gente por aqui. O problema é que a TV digital continuará dominando corações e mentes.





*É Professor em Porto Velho.

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