segunda-feira, 2 de julho de 2018

Agora torcerei pelo Brasil



Agora torcerei pelo Brasil


Professor Nazareno*

Confesso que até agora durante esta Copa do Mundo de futebol, eu ainda não tinha entrado no clima de torcedor. Daqueles que apaixonadamente assistem a todos os jogos, principalmente os do Brasil. Torci pela Alemanha, pela Argentina, pela Croácia e até pelo México. Não deu certo nenhuma vez. Com exceção dos croatas, todos perderam e já voltaram para casa. Mudei de ideia: rendi-me em definitivo ao time canarinho. Fui picado pela mosca azul depois de ver o segundo tempo do último jogo do Brasil contra os mexicanos. O nosso time não é uma equipe apenas. É uma academia daquelas invencíveis. Equipe assim só aparece de 50 em 50 anos no mundo do futebol. Nem sei dizer o nome dos nossos jogadores, mas vejo que o país se apaixonou por eles incondicionalmente. O time uniu o país e num passe de mágica botou a ordem no caos.
Pensei até em torcer pela Bélgica na próxima sexta-feira pelas quartas de final. Mas me faltaram razões coerentes para fazer isto. Em primeiro lugar porque “brasileiro que ama de verdade o seu país” não pode torcer por time estrangeiro. Depois, a Bélgica é um país deplorável. Deve ser igual à Suíça ou à Dinamarca. Países horríveis de se viver. Praticamente não têm nenhuma qualidade de vida e o povo é muito frio. Não entendo como um ser humano consegue morar em lugares como esses. O Reino da Bélgica é menor do que o nosso Estado de Alagoas e tem uma população superior da 10 milhões de pessoas. No país falam-se três línguas e suas cidades sediam várias instituições internacionais. Pior: seus poliglotas jogadores são conhecidos como “os diabos vermelhos”. Os belgas devem ter um dos piores sistemas de educação do mundo.
Além do mais, o time da Bélgica é muito ruim. Praticamente chegou “na marra” a esta fase da Copa do Mundo. Sem nenhuma habilidade no futebol e com uma seleção que mais se parece uma espécie de “pega na rua”, não se percebe nenhum atleta que se destaque na equipe. O Brasil vai dar um passeio neles. Acho que três ou quatro gols ainda é pouco para nós. E é muito bom, pois a cada jogo que ganhamos, os nossos problemas diminuem consideravelmente. Na hora das partidas, por exemplo, quase não se veem pacientes nas UPAS ou nos hospitais públicos à procura de médicos. Roubos, assassinatos e violência comum, coisas tão comuns nas cidades belgas, não se verificam também nestas horas. Corrupção é uma palavra que não se houve falar em dias de jogos. Tenho até pena do povo da Bélgica que deve ter uma roubalheira altíssima por lá.
Se o Brasil ganhar esta Copa, o que é um fato quase certo, muita coisa vai deslanchar em terras tupiniquins. Duvido que os políticos queiram roubar mais o Erário. Até as muitas obras paradas do país terão prosseguimento. Se houve operação da Polícia Federal nestes tempos, a mídia não noticiou nada. Até os viadutos imprestáveis de Porto Velho foram inaugurados durante os jogos. A seleção brasileira tem o poder de deixar quase todo o povo daqui feliz e rindo à toa com os seus poucos dentes. Professores “esclarecidos” gritam a todos os pulmões para seus alunos: “o Brasil é uma potência, mano! Ninguém segura este país!” Jornalistas eufóricos escrevem textos patrióticos. Todos, da direita e da esquerda, se confraternizam alegres. Cada gol de Neymar ou de Philippe Coutinho o país explode e mergulha no “patriotismo de ocasião”. Desculpem-me outros povos e países: vou me vestir de amarelo e gritar feito louco: "Brasil, hexa!".




*É Professor em Porto Velho.

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