quarta-feira, 27 de julho de 2011

Calama, a (última) pérola do Madeira



Calama, a Veneza Esquecida do Madeira


Professor Nazareno*

            
                  O paraíso existe e está localizado em Rondônia. Às margens do lendário rio Madeira distante uns 200 quilômetros de Porto Velho, entre a divisa com o Estado do Amazonas e a foz do rio Ji-Paraná ou Machado, o pequeno e isolado distrito de Calama, com uma pequena população não superior a duas mil pessoas está lá como se perdido no tempo. Banhada pelas barrentas águas do Madeirão e quase toda cercada pela imponente floresta Amazônica, a mais antiga das vilas da Capital não tem e nunca teve carros ou qualquer outro tipo de automóvel circulando em suas verdes e arborizadas ruas e o seu acesso só é permitido pelos barcos de linha ou de helicóptero. Cortada por inúmeras pontes de madeira e de ferro que ligam os seus bucólicos três bairros ao centro, a última povoação ao norte do Estado é bela e liga o passado direto ao futuro.
            Muito mais antiga do que Porto Velho e Guajará-Mirim, as duas primeiras cidades de Rondônia, devido ao processo de povoamento remanescente da beira dos rios ainda no antiqüíssimo Primeiro Ciclo da Borracha, a insólita vila resistiu bravamente a toda e qualquer tentativa de modernização. Quem há 30 anos conheceu Calama, hoje percebe que ela está um pouco menor, mas com uma alma superior a qualquer concentração urbana do Brasil e do mundo. Nunca teve a tração animal e nem com ela convive, mas tem internet e das mais modernas que se conhece só que estranhamente pouco procurada em tempos de mundo digital. A violência infelizmente já está chegando, turbinada pelo consumo de álcool e de outras drogas, mas ainda é possível dormir de portas e janelas abertas sem o medo de ser incomodado pela delinqüência.
            Tentativas de tirar esta aprazível vila do isolamento, e conseqüentemente decretar o seu iminente fim, já foram feitas e são tentadas quase que diariamente. Qualquer estrada ou via que ligue o distrito ao resto do mundo seria uma tragédia sem precedentes. O charme de Calama é a sua localização. Com acesso fácil, a invasão de pessoas oriundas das cidades com os seus vícios, violência, carros, pressa, roubos e outras mazelas seria inevitável. Já há cidadãos de Calama morando em várias partes do mundo: de Estocolmo na Suécia, Genebra na Suíça, São Paulo ou Rio de Janeiro é possível observar seus filhos que saudosamente voltam às suas origens todos os anos. Porém, Calama pode desaparecer: o Madeira, com a sua fúria, está impiedosamente retirando-lhe o barranco que lhe dá sustentação.  Medo e angústia campeiam no lugar.
            O fim de Calama, entretanto, é o fim de uma época. O começo da História de Rondônia está testemunhado naquelas barrancas, outrora repletas de “pelas” de borracha e outros produtos amazônicos e hoje quase esquecidas pelo poder público. Os velhos casarões do Segundo Ciclo da Borracha e hoje caindo literalmente aos pedaços dão pena a quem os observa. A construção das hidrelétricas no Madeira também não trouxe boas notícias para aquele povo ribeirinho: entre Porto Velho e o distrito de São Carlos em breve ficarão bem pior as condições para a navegabilidade. Dificuldades aumentarão e pode demorar ainda mais a viagem de barco até a capital. Por conta do “estupro” sistemático do rio Madeira, a oferta de peixes e outros produtos diminui a cada ano e não se vêem medidas efetivas de compensação para a população carente.
            Impossível não se lembrar da Calama do Senhor Benjamim Silva, de Alfredo Teles, do professor Goldsmith Correa Gomes, do comerciante Joaquim Pires, da Dona Mercedes, do Chico Prestes, do Ivo Santana, do Santa Bárbara, do Padre Vitório e de tantos outros heróis sempre lembrados pelos moradores. Como esquecer o bom futebol de Calama que já exportou craques até para a Europa? O clássico local Remo e Ponte Preta, a equipe do São Francisco e tantos outros bons times? O peixe com farinha, a carne de caça, o encontro das águas, o fenômeno das terras caídas, as enchentes e as muitas pessoas que se perderam em suas fechadas matas? A secular Calama é assim mesmo: combina o velho com o novo sem perder o seu charme, o seu encanto. Resiste a toda forma de agressão e não se deslumbra com o moderno. Mãe de toda a Rondônia, a pacata vilazinha observa atentamente, como uma verdadeira matriarca que é, o desenvolvimento dos filhos e pede para viver confortavelmente no seu anonimato para que possa ter mais alguns anos de vida. Existe progresso melhor do que ter uma vida sem violência, sem drogas, sem pressa, sem trânsito, sem poluição e sem as mazelas de um mundo dito desenvolvido e civilizado?




É Profesor em Porto Velho.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A natureza de Rondônia está se acabando...




Espelhos e Miçangas em Troca da Natureza

Professor Nazareno*

A vinda de um Presidente da República (Presidenta) a Rondônia, província distante e atrasada, é a coisa mais rara do mundo. Poucos foram os mandatários da nação que tiveram coragem suficiente para “apoitar” em terras Karipunas. Como são autoridades nacionais, só vêm aqui a negócio. Dificilmente pernoitam no lugar e mais rápido do que chegam, voltam imediatamente para os seus afazeres na capital do país. Dilma Rousseff trouxe boas e más notícias: dentre outras coisas, veio ajudar na “morte” do nosso lendário rio Madeira e mostrar o que tinha para compensar um dos maiores crimes ambientais da História da humanidade: um “trem da alegria” bancado com o dinheiro do restante do Brasil e que espera, com isto, calar para sempre qualquer voz destoante. Porém, se a nossa Presidente tivesse ficado uns dias a mais por aqui, certamente poderia ter observado muitas coisas bisonhas nestas terras distantes. Uma estada inesquecível para uma pessoa com o bom gosto que ela deve ter.
Claro que Rondônia não tem absolutamente nada de interessante para se ver. Muito menos Porto Velho, a sua imunda e cara capital.  Mas os assessores da Presidente poderiam tê-la levado para assistir pelo menos durante uma noite ao Arraial Flor do Maracujá. Coitada da nossa Presidente: não haveria castigo pior para uma autoridade. Certamente ela sofreria mais do que nos tempos em que foi guerrilheira na inóspita região do rio Araguaia. Além do calor infernal capaz de assar qualquer cristão e de toda a sorte de incômodos, ela poderia perguntar por que a cultura local não tem nada de original: muito melhor do que isso se poderia ver em Parintins, Caruaru ou qualquer outro lugar do país sem ter que “doar seu sangue para carapanãs”.  Além do mais, onde a nossa mandatária maior ficaria hospedada? Se não ficasse na Base Aérea da cidade, lugar hospitaleiro e aprazível, optaria por um dos muitos hotéis daqui e, a preço de um cinco estrelas de Dubai, passaria a noite numa espelunca qualquer com direito a curuba, chatos, carrapatos e mucuins. Como tem muita sorte, livrou-se do pior.
Roberto Sobrinho, o nosso JK e mandatário maior da cidade, teria dado as boas vindas “à companheira”. Que tal começar mostrando a obra dos viadutos? “É a tumba do PT de Rondônia”, informaria o nosso Prefeito. Dilma ficaria encantada com tanta competência. Não fosse a poeira e a insuportável catinga que exala das fedorentas ruas da cidade, a nossa Presidente teria observado sem problemas o que fizeram com os mais de 700 milhões de reais do dinheiro do PAC que fora destinado para dar “cem por cento de saneamento básico e água tratada para a capital dos rondonienses”. Lições de como se administra bem o suado dinheiro do contribuinte certamente ela levaria para, quem sabe, empregar no país inteiro. A urbanização da Vieira Caúla, do porto da cidade, a arborização das ruas e tantas outras obras inacabadas ou superfaturadas certamente encantariam a nossa Presidente. Claro que ela gostaria de saber também como se governa um povo usando apenas um blog e a mágica de se formar um Governo sem um único cidadão ficha-suja. Talvez ela quisesse importar muitos dos nossos políticos honestos.  Na Câmara de Vereadores entenderia o que é fidelidade canina ao Executivo.
Se Dilma sofresse qualquer mal-estar, teria o Hospital João Paulo Segundo para resolver o problema. Centro de pesquisa e referência no Brasil inteiro no tratamento de qualquer patologia, este conceituado hospital certamente teria sido elogiado pela nossa Presidente e por toda a sua equipe. No entanto, ela ficaria confusa por não entender como mais de um milhão e seiscentas mil pessoas podem ser tão burras e idiotas a ponto de trocar seus recursos naturais por espelhos, miçangas e quinquilharias. Confusa, ela perguntaria por que a energia gerada nas usinas do Madeira não vai ficar por aqui. “Vossa Excelência já selou o destino deste rio idiota”, diria sussurrando um rondoniense nativo com várias contas bancárias e rindo à toa por causa de uma tal isonomia e de uma transposição. “Isso só serve para jogar o nosso esgoto nele”, completaria o desdentado “maninho” e agora ex-beiradeiro. Ainda sem entender muita coisa, Dilma perceberia que as palavras do matuto fazem parte do repertório de esquisitices que certamente lhe disseram encontrar somente neste fim de mundo mesmo.
No canteiro de obras das usinas, a nossa Presidente veria como funcionam bem as leis trabalhistas do país que governa. O exemplo de Jirau é emblemático. Entenderia por que é importante um Estado pobre dispensar de grandes empresas pelo menos 600 milhões de reais em ICMS. À noite, poderia ir ao Campus da Unir para se deleitar com a excelente iluminação na parte da rodovia que fora recentemente duplicada. No ambiente universitário, debateria sobre qualquer tema com os muitos intelectuais e sábios que lecionam por lá. Quantas lições de improbidade a Fundação Rio-Mar não teria para a nossa Presidente? Ela visitaria também a “ponte do absurdo” e constataria “in loco” como os rondonienses são dementes e usam milhões de reais do dinheiro público para ligar o nada a coisa alguma. Tudo isto em vez de criar centros de pesquisas, escolas de excelência, hospitais decentes e boas universidades públicas para educar melhor os nossos jovens. Sem o menor senso de administração pública, nossas autoridades e governantes, talvez descompromissados com o futuro, jogam dinheiro e oportunidades no lixo. Se a Presidente Dilma não vier mais vezes a Rondônia, outros virão certamente. Óbvio que ainda há muito o que se levar daqui. Temos, ainda, a floresta, o Vale do Guaporé, o Cerrado, outros rios, a Chapada dos Parecis e tantas outras coisas que a natureza nos deu. “Quem nos dá mais?”





*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O "Adeus" do nosso lendário rio Madeira



Oração de um Rio Estuprado


Professor Nazareno*


“... Sou o rio Madeira, mas já tive outros nomes: rio das Madeiras, rio Kaiary. Embora com quase um milhão de anos, afirmam que sou muito jovem e que ainda estou em formação. Parte de meu corpo (na verdade, minhas águas) nasce nos Andes bolivianos e caminha celeremente com outros nomes, já em território brasileiro, quando se junta a outros rios, para a minha formação atual. Sou alimentado pelos altos índices de pluviosidade que ajudo a formar no rigoroso inverno amazônico. Sou belo, é o que sempre escuto dizerem de mim. Serpenteio entre montanhas, planícies e florestas úmidas. Guardo em minhas entranhas variadas espécies de peixes e outros animais comestíveis. A minha água, apesar de esbranquiçada e barrenta, sempre foi doce como o mel e ser potável sempre foi a sua grande e reconhecida característica maior. No calor, minha água é gelada. Na friagem, ela fica morna como num passe de mágica. De muitos, matei a sede, a fome e até a ganância por metais preciosos. No Brasil, sou o maior tributário de outro rio também gigante: o Amazonas. Sou o maior rio-afluente do mundo. Navegável, respondo pelo equilíbrio ambiental amazônico...”.
“... No país vizinho, banho Departamentos e Províncias. No Brasil, rego dois Estados. Um dos quais, o mais agressivo contra a minha existência, ajudei a formar quando participei da criação de suas duas primeiras cidades. Com pouco mais de 330 quilômetros de uma ferrovia que me margeia, mas já esquecida e abandonada, levei um país inteiro do centro do continente ao encontro com o Atlântico e nada recebi em troca. Fui sinônimo de vida, riqueza e pujança. Nas guerras, fui a solução. Por isso, presenciei os vários ciclos econômicos a que submeteram desastradamente a região. E todos eles praticamente eram contra mim. A borracha com os seus dois ciclos me projetou no mundo, mas foi o do ouro que mais me maltratou: jogaram sem dó nem piedade toneladas de metais pesados em meu corpo. Levaram parte de minha riqueza e me deram apenas o mercúrio e corpos insepultos. Sofro por isso até hoje. Disseram que eu era selvagem, traiçoeiro e assassino. Mas agora, com esta nova investida contra minha nobre existência, estou rendido e percebo o meu fim muito próximo. Hidrelétricas rasgam meu corpo. Bombas explodem em meu leito. O cheiro de dinheiro agora é mais forte do que nunca...”.
“... Destruíram o majestoso espetáculo da piracema. Afogaram minhas cachoeiras que afogavam. Amputaram minhas pernas e braços. Modificaram, sem a minha permissão, toda a forma de vida existente dentro de mim. Desviaram meu leito. Morri. Estou totalmente descaracterizado e me sinto totalmente sem rumo, sem serventia. Não sou mais o Madeira. Inventaram outro caminho para mim. Minha energia de vida será levada para a energia de outros povos muito distantes daqui. Povos que não conheço e que nunca vi em meus barrancos. Povos que nunca nada fizeram por mim. Apenas de longe, mandam a sua ganância para me explorar. E ninguém me defendeu. Ninguém gastou um tostão furado para chorar ou pedir clemência por mim. Me sinto traído e abandonado por quem dei a vida. Por quem ajudei a criar até seus descendentes. Fui trocado por algumas moedas sujas. Por viadutos inacabados, por Shopping Center, passarelas, pontes sobre mim, explosões, violência, corrupção e mentiras. Dizem que entre Porto Velho e São Carlos, ficarei por longos três anos sem mandar em nada e sem dar o ar da graça. Serei um gigante domado, sem forças e cheio de bancos de areia...”.
“... Agora uma mulher vem apertar o botão que explodirá o barranco que selará a minha sentença de morte. Pouco tempo de vida é só o que me resta. Peçam a ela que me deixe em paz. Vocês ganharam a transposição, a isonomia e outros agrados e eu ganhei a morte. Como Judas, vocês me entregaram pelos prometidos trinta dinheiros. Vocês são os maiores responsáveis pela minha morte, bando de traidores. Vocês, em vez de protestar, faziam festa toda vez que se anunciava o fim de mais uma de minhas lindas e belas corredeiras: Teotônio, Santo Antônio, Jirau. Qual dos seus muitos filhos ousou ou teve coragem para me defender? Amaldiçoada seja uma sociedade que nem um Chico Mendes gerou. Acho que vocês nunca gostaram mesmo de mim. Seus lixos de pet e plásticos sempre boiaram em meu corpo. Diferente do Danúbio, do Sena, do Tamisa, do Reno ou do Pó, em solo europeu, onde se tocam músicas clássicas às suas margens e que muitos povos lutaram para salvar todos da sujeira e da extinção, aqui o quê se vê é descaso, agressões de toda sorte e explorações sem precedentes. Até Porto Velho está de costas para mim como se eu nunca existisse. O meu porto sempre foi um barranco fedido e sem urbanização nenhuma. Os seus muitos prefeitos jamais fizeram qualquer coisa por mim, algo que me embelezasse. Próximo da morte e chorando pela ingratidão sofrida me despeço de todos vocês esperando e torcendo para que tenham feito um bom negócio. E quem sabe em outras vidas tornaremos a nos encontrar, eu, a quizila amazônica e vocês, os ingratos, e agora ricos, moradores de minhas margens e barrancas...”.   




*É Professor em Porto Velho (http://blogdotionaza.blogspot.com/)



sexta-feira, 24 de junho de 2011

Existem mesmo festas juninas em Porto Velho?




Festas Juninas e Quadrilhas


Professor Nazareno*

                
         Mês de junho e no Brasil inteiro as festas típicas do momento se espalham. Em Campina Grande no interior da Paraíba tem-se “o maior São João do mundo” que rivaliza com as festas de Caruaru, interior de Pernambuco. A maioria das cidades brasileiras das regiões Norte e Nordeste, principalmente, festeja com muita alegria esse mês dedicado às “festas matutas”. Coincidindo com a colheita do milho verde em muitos lugares, é muito comum esta iguaria (gororoba) estar presente no meio dos brincantes na forma de muitas comidas típicas. Em Porto Velho, por exemplo, temos inúmeros arraiais. Muitas repartições públicas, escolas, associações de bairros dentre outras instituições costumam fazer o seu “arraiá” para arrecadar algum dinheiro ou simplesmente fazer uma confraternização entre os seus funcionários, clientes, fornecedores ou mesmo alunos, professores e comunidade no caso das escolas.
           Geralmente o que mais chama a atenção nestas brincadeiras é a indumentária usada pela maioria dos participantes. Procura-se imitar o jeito matuto de falar, a roupa usada pelas pessoas mais simples da roça, o dente estragado e outras características dos moradores da zona rural. Uma tolice, um pleonasmo até fazer isso numa cidade como Porto Velho. Aqui nunca nos vestimos bem e a nossa roupa sempre se pareceu com roupa de matuto mesmo. Nunca tivemos o dom de Milão, a capital da moda mundial. Dentes estragados, podres e careados é o que não falta na nossa feia e pobre população. Uma voltinha em qualquer das ruas mais movimentadas e percebe-se com bastante nitidez por que os festejos juninos não diferem muito de outros festejos quando o assunto é moda e elegância da nossa gente. Vestir-se bem num calor infernal de mais de 40 graus é desperdício de estilo, bom gosto e dinheiro.
           No entanto, o ponto forte destes festejos são as quadrilhas. Em Porto Velho existem muitas quadrilhas. Não há uma única repartição pública que não tenha vontade de ter a sua. E muitas já a têm. Teríamos a quadrilha da Prefeitura Municipal de Porto Velho, a quadrilha da Assembléia Legislativa do Estado, a quadrilha do DETRAN, quadrilha nas escolas e até quadrilha nos hospitais e clínicas médicas da cidade. Dizem que até o Sintero, o Sindicato dos Professores, já formou também a sua quadrilha. Para um porto-velhense seria uma alegria muito grande brincar o São João numa dessas quadrilhas. Muitas crianças e até pessoas mais velhas sonham um dia estar dançando e pulando no meio de uma. A quadrilha da Prefeitura de Porto Velho seria a mais importante. Ela seria muito sofisticada. Todos os anos ensaiando novos passos seria difícil até de ser imitada. Hoje, ninguém conseguiria concorrer com ela. Seus brincantes são experientes, espertos, escolhidos a dedo e por isso muito profissionais.       
A Assembléia Legislativa do Estado já teve uma quadrilha muito boa no passado e que foi reconhecida no Brasil inteiro, mas hoje “não chegaria nem perto” do que a quadrilha da Prefeitura pode fazer. Muita gente experiente no assunto diz que o sucesso do Prefeito e de seus brincantes pode estar muito perto do fim e creditam este enorme desempenho aos novos passos que parecem ser milimetricamente ensaiados dia a dia. O “passo da Marquise”, por exemplo, é muito forte e característico de quem conhece os fatos. Incrível, mas os brincantes da Prefeitura nunca vão se enrolar. O profissionalismo nestas ações encanta a todos. Porém, o que mais chamaria a atenção nas investidas da quadrilha da Prefeitura seria o “passo dos viadutos”. Dizem até que muitas autoridades de Brasília ajudariam nos ensaios. É delírio total. É o passo em que a cidade inteira dança. Principalmente os contribuintes que têm carros e precisam ir ao trabalho diariamente. Em Rondônia não é tão difícil assim formar quadrilhas...
           Além da quadrilha, tem também a Dança do Boi. Aqui o São João é assim mesmo: uma “mistureba” geral de Campina Grande com Parintins. Dança de um ritmo só e coreografias ridículas, “os aprendizes de Parintins” ficam adorando um boi de pano, cheio de espelhos e miçangas, sem pernas e todo mal feito. Dizem que dentro dele o calor é de assar qualquer cristão. A coisa é tão chique que muitas autoridades têm boi em Porto Velho. Ainda assim, o nosso folclore é muito reconhecido mundo afora. Os integrantes de uma quadrilha daqui chamada Rádio Farol “receberam milhões de euros” para se apresentarem na Europa no início deste ano. “Os europeus não gostam muito das quadrilhas, mas adoram os nossos bois”. Enquanto isso, um deputado estadual do PT disse que o Prefeito Roberto Sobrinho era um chefe de quadrilha. Mentira. Sobrinho não sabe nem dançar. Ele é muito bom apenas para colocar o povo do município para dançar. Como se vê, Ribamar Araújo não entende nada de folclore. O arraial Flor do Maracujá (sem ter um único pé de maracujá na cidade) e o Flor do Cacto (Quem já viu um pé de cacto em Porto Velho?) animam as festas juninas da capital de Rondônia. Mas como a Expovel, a Dança do Boi e as festas juninas também não são cultura. São apenas (maus) costumes de um povo. Povo este que não seria feliz sem essas esquisitices, sem essas tolices. E viva o São João! E viva as quadrilhas de Porto Velho! “Anarriê! Alevantu!”.




*É Professor em Porto Velho (http://blogdotionaza.blogspot.com/)

sábado, 18 de junho de 2011

Deus é brasileiro e ama o Brasil. Será?




Tipos de Culturas e Cidadãos Brasileiros


Professor Nazareno*
           

            Dizem que o brasileiro é o tipo de gente mais difícil de ser reconhecido quando viaja a um determinado lugar. Isto porque somos uma festejada mistura de raças. Um indivíduo negro pode ser brasileiro de Salvador ou mesmo de qualquer outra cidade do país. Branco é o que não falta em nossa gente. Índios, nós temos aos montes principalmente nas cidades do Norte. Um curitibano típico ou um gaúcho, por exemplo, poderiam ser facilmente confundidos com um escandinavo. O bairro da Liberdade em São Paulo é um reduto de japoneses e de quase todo tipo de oriental. Além do mais, essas raças ou tipos de gente se misturaram a esmo e geraram muitas outras “etnias”.
        O Brasil é esta deliciosa mistura de povos, costumes, culturas, sotaques e principalmente comidas. O vatapá pode ser da Bahia, mas o país inteiro adora. O que dizer do churrasco gaúcho? Existe iguaria tão apreciada? A feijoada é toda nossa, o tambaqui assado, o tacacá, a maniçoba, a farinha, a rapadura. No entanto, alguns tipos são facilmente reconhecidos por quem tiver um olhar mais detalhista. Despercebidos à primeira vista por um antropólogo e deixadas as generalizações de lado, fica fácil reconhecer alguns tipos de brasileiros quando se fazem observações mais apuradas. A seguir algumas “pistas” para o leitor adivinhar de onde seriam estes personagens.
Cabeça bem chata chegou o "bichim", de terno de brim, de pé na "pragata" (chinelas de dedo, alpargatas), chapéu e gravata, bruaca de pano, andar de tucano, peixeira de lado. De onde será o cidadão que se chama "", "Biu", "Cisso" ou "Mané"? Sempre vota no Governo. Vive de "bolsa-miséria" e adora ser reconhecido como vítima da seca e flagelado. Não fosse Brasília para lhe mandar as esmolas oficiais, já teria sucumbido à fome e à miséria total embora tenha fama de trabalhador. As belas praias do lugar onde vive quase sempre servem de incentivo ao turismo sexual e à exploração do trabalho infantil. Embora tenha cidades grandes e ricas, reclama sem parar da vida.
      Nasceu na beira de um rio (é beiradeiro), veio ainda pequeno, de barco, para a cidade, mora numa estância ou numa invasão, só anda de mototáxi, adora comer peixe com farinha, gosta de presentear os outros com os melhores empregos, dança "boi", torce sentado na mesa de um bar, por times de futebol alheios ao lugar, constrói hidrelétricas para abastecer outros Estados com energia boa e barata sem se importar com o respeito ao seu meio ambiente e copia tudo o que deu errado nas outras cidades e Estados. Faz viadutos para passar ao lado deles e não por cima, pontes enormes que ligam o nada a coisa alguma e Shopping Center só para poder andar de escada rolante.
        O paulista, o gaúcho, o acreano, o baiano, o maranhense e tantos outros tipos de brasileiros são o que de mais rico temos em nossa exuberante amostra cultural e antropológica. Embora sempre achemos que brasileiro é o outro, há algo que nos une além do carnaval e do futebol. A sujeira das nossas ruas, dos nossos ambientes, a falta de compromisso com a hora marcada (brasileiro sempre chega atrasado aos encontros), a mania de falar mal dos políticos, a violência social, a impunidade, os mensaleiros, os sanguessugas, a corrupção, a monstruosa desigualdade social, o “jeitinho”, a vontade de levar vantagem em tudo são alguns dos nossos traços típicos. Mas de um modo geral, os brasileiros com este jeitão meio jeca, meio caipira, ainda somos um povo trabalhador: de sétima economia do planeta, podemos ultrapassar em breve povos milenares que não têm nem metade de nossas “qualidades”. Por que não acreditar que Deus é brasileiro?



*É Professor em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com).

sábado, 11 de junho de 2011

Livro que ensina errado? Onde? Qual?




"Nois fala assim porquê nois quer, mais nois sabe"


Professor Nazareno*

            
                   Uma nova e desnecessária polêmica se criou recentemente no Brasil: a adoção de um livro de Português para o Ensino Fundamental das escolas públicas e que admite algo perfeitamente normal foi execrado publicamente com se fosse o mensageiro das coisas mais absurdas possíveis. O livro “Por uma vida melhor” da coleção Viver, Aprender foi o estopim de toda a celeuma. Muitas pessoas sem o menor conhecimento do assunto passaram a dar opiniões sem nenhum fundamento. Médicos, jornalistas, profissionais das mais variadas áreas, políticos e até professores de outras disciplinas se esmeraram em alfinetar o MEC, Ministério da Educação e Cultura, e o Governo do PT de um modo geral. Claro que todo Governo tem seus erros e suas falhas, mas neste caso se quiserem escolher um “bode expiatório” certamente ele estará bem longe do Palácio do Planalto ou mesmo do Ministério da Educação, não que o PT ou qualquer outro Governo não cometa erros, mas desta vez o assunto é para entendedores.
            Pra começo de conversa não é o MEC que adota livros para as escolas. A escolha é feita pelos professores após consulta numa relação de mais de 20 obras de variados autores de cada disciplina. Numa sugestão das editoras e do próprio MEC, os professores escolhem o material que será adotado para os próximos três ou quatro anos letivos. Algumas escolas de Rondônia, por exemplo, optaram por esse livro. O senso comum, no entanto, já se encarregou de dizer que “o livro ensina errado e deve ser recolhido ou queimado” ou “Isto é coisa do PT e do Governo da Dilma”. Pura balela de quem fala sobre o que não conhece. O livro não ensina errado. Aliás, livro nenhum faz isso. Se houver qualquer erro contido nele, aí sim, deve ser revisto ou substituído, jamais queimado. A obra apenas admite de forma clara e óbvia que a Língua Portuguesa falada tem muitas variantes e que não é politicamente correto se dizer que o falante está certo ou errado ao usá-las. A pessoa usa, dependendo da situação, a forma adequada ou a inadequada da fala. A sociolingüística tem muito a nos ensinar sobre este assunto.
            Muitos políticos, principalmente os da oposição, se insurgiram contra o livro, mas se esqueceram de que tripudiaram do povo ao indicar o deputado-palhaço Tiririca, que é semi-analfabeto, para integrar a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Se o palhaço não aceitasse o cargo seria substituído pelo boxeador Acelino Popó ou pelo futebolista Romário. O Brasil é o país dos analfabetos políticos, funcionais e analfabetos de leitura mesmo. A Educação vai mal principalmente por que há muitos professores de Português que não dominam a variante escrita da nossa Língua e não conseguem escrever um simples texto. Conheço professores de Matemática que tropeçam na simples tabuada e sei que muitos professores de História ainda têm religião. Num cenário patético como este é mais do que normal que as autoridades do assunto não sejam consultadas e que as opiniões mais absurdas possíveis ganhem terreno para explicar o inexplicável. Por isso se prefere um Viriato Moura a um Sírio Possenti. A Câmara indica um Tiririca e não um bom lingüista, um entendedor.
As críticas mais ferozes ao livro vieram da rede Globo e da revista Veja. Interessante é que ambas estão ligadas a editoras que têm interesses econômicos claros no recolhimento do material escolhido democraticamente. Os incautos e ignorantes no assunto “engoliram mosca” como sempre fazem e não perceberam a “jogada”. Eu, quando publico meus textos bobos, morro de rir da ignorância e da estupidez dos meus poucos leitores. Muitos deles são uns cegos, tapados mesmo. Quase nunca entendem a ironia ou a mensagem implícita no que digo e quando postam comentários, o desastre é pior ainda. São raros os comentaristas dos sites eletrônicos de Porto Velho, por exemplo, que se expressam em língua escrita culta, a única variante aceita para se escrever o Português. O professor e lingüista Carlos Faraco diz que o tom geral é de escândalo. “A polêmica, no entanto, não tem qualquer fundamento. Quem a iniciou e quem a está sustentando pelo lado do escândalo, leu o que não está escrito, está atirando a esmo, atingindo alvos errados e revelando sua espantosa ignorância sobre a história e a realidade social e lingüística do Brasil”, ensina o ex-reitor da UFPR.
Por isso deve-se ter muito cuidado ao se trabalhar com a “última flor do Lácio”. A Língua Portuguesa na sua variante escrita não devia ser objeto de uso de qualquer amador. No Brasil, devido ao alto índice de burrice da nossa população e levando-se em consideração as diferenças fonéticas e regionais existentes, não conseguimos impor uma unidade à fala. O livro em questão apenas informa que existem estas diferenças e que os falantes não podem sofrer preconceito lingüístico ao se expressarem. “Leite quente dói o dente da gente” é uma expressão que admite várias maneiras de se falar, de se pronunciar e todas estão corretas. A grande maioria dos meus alunos, por exemplo, tem dificuldades para escrever um texto pequeno, mas todos conseguem se comunicar normalmente. Ao desprezarem a boa leitura, a boa música, os bons livros, muitos brasileiros “letrados” mergulham na inércia da ignorância e dão opiniões absurdas quando defendem o índex publicamente. Errada está, por exemplo, a medicina praticada em Porto Velho quando produz um João Paulo Segundo. Erradas estão a maioria das nossas escolas públicas, os viadutos inacabados, a sujeira nas ruas, a roubalheira na política, o Palocci, a inércia e a incompetência do Estado, a violência social, a Expovel, o flor do Maracujá. Parafraseando a escritora Lia Luft: “Deixem em paz a nossa Língua”.




*É Professor em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)

sábado, 4 de junho de 2011

Expovel: cachaça, poeira, calor e circo!




Expovel é Cultura?


Professor Nazareno*


   O dicionário Aurélio diz que cultura é o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade, de uma civilização. Já para o antropólogo e professor belga Claude Lévi-Strauss, falecido recentemente, cultura é algo bem mais complexo uma vez que “se alguém quiser destruir um povo, basta destruir a sua cultura”. O Brasil é anunciado ao mundo inteiro como um país de variadas culturas. As contribuições dos elementos branco, negro e índio à nossa História corroboram com esta tese. No entanto, tem-se verificado ultimamente no país uma espécie de afunilamento e da diminuição da quantidade dos processos sociais relacionados à cultura ou às expressões culturais. O Carnaval e o Futebol, cantados em verso e prosa mundo afora, parecem ser as nossas únicas fontes de cultura.
             Há tentativas de se diversificar esta área em todo o território nacional. Das Festas Juninas do Nordeste, Dança do Boi em Parintins, Axé na Bahia, Cavalgadas e Exposições Agropecuárias no Centro Sul, o que se observa é uma preocupação crescente para se expandir o corolário de ações culturais do Brasil. Todas estas manifestações, além do Carnaval e do Futebol, são vergonhosamente copiadas em Rondônia sem nenhum acanhamento, sem nenhuma criatividade. Mas diante da precariedade, da falta de uma boa organização e do interesse puramente econômico e muitas vezes até político-partidário envolvido nestas ditas “festas populares”, o que se tem observado é que cada vez mais o povo é usado para dar alegria a esta orgia coletiva. E ele, justamente o povo, que é o que mais padece pela falta de ação dos governantes, dá a impressão de que esbanja alegria e felicidade. Um engano só.
             A Expovel, realizada em Porto Velho, por exemplo, existe coisa mais absurda e patética do que esta “manifestação cultural”? Existe algo mais alienante, deprimente e totalmente sem sentido do que cavalos sujando ainda mais as nossas já sujas e imundas ruas? Mas muitas pessoas daqui ainda acreditam que somos “a Califórnia brasileira”. É um exagero, pois situada em plena floresta Amazônica e às margens do lendário e hoje já estuprado rio Madeira, Porto Velho em absolutamente nada lembra as verdejantes cidades da Califórnia e muito menos o próspero e progressista interior mais ao Sul. Não se pode comparar uma cidade de ‘beiradeiros e barnabés’, onde o contracheque responde por grande parte da economia local, com lugares como Barretos, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Caxias do Sul, Londrina, Maringá ou Cascavel, por exemplo. Muitas delas bem mais novas do que Porto Velho. Além do mais, não devia ter dinheiro público “jogado na poeira”. Já se falou em 350 mil reais. Será possível que em Rondônia, onde falta tudo, cavalo e cachaça são melhores do que Educação ou Saúde?
             Porém, o “cardápio de atrações artísticas” da festa é o que mais impressiona pela sua incrível capacidade de alienar ainda mais o sofrido e já alienado público expectador. As músicas horrorosas, desconcertantes, desafinadas, de letras previsíveis, culturalmente pobres e totalmente descartáveis de Michel Teló, Léo Magalhães e uma dupla caipira de nome João Bosco e Vinícius darão o tom das brincadeiras e tentarão animar os brincantes. E o pior de tudo é que se paga para assistir a estas embromações. Para os poucos artistas da terra, nenhum dia, ou seja, a cultura local é desprezada, jogada no lixo. É o dinheiro de Rondônia sendo carreado mais uma vez para fora do Estado em troca de nada. Em troca apenas da estupidez e da imbecilização geral. Porém, esta cultura de massa, pífia e decadente do “sertanejo universitário”, esse lixo cultural, é defendida ”com unhas e dentes” por alguns indivíduos metidos a intelectuais que, sem nada entenderem, dizem escrever sobre cultura. Estamos perdidos. Diante de toda esta aberração, Lévi-Strauss deve se remexer no túmulo.
             Mas mesmo sem pão, a alegria da “indústria do circo” funciona a todo vapor em Rondônia. Aqui temos o carnaval fora de época, carnaval de 120 mil pessoas numa banda só, espetáculos da Semana Santa em junho, Sete de Setembro e até “arraial sem santo”: O Flor do Maracujá está próximo. “Os anestesistas do povo”, “os gigolôs da alienação geral” já programaram para que tudo funcione sem nenhum erro. Mesmo com os eternos problemas sociais, ninguém numa hora dessas se lembrará deles. A Rondônia da pouca Educação, da saúde pública precária, da incompetência do Estado, das mortes na luta pela posse da terra, da falta de saneamento básico, da corrupção na política, da sujeira nas ruas e de tantas outras mazelas é envolta numa mobilização bestial onde o que importa é apenas a sacanagem, o lucro fácil e a festa muitas vezes regada a drogas e álcool. Nestas horas, povo e político se confraternizam como se fôssemos uma espécie de Jardins do Éden, de Terra Prometida. O Estado que copia mal a cultura alheia, tem em sua capital a síntese de um Brasil que vive à míngua e eternamente à espera de soluções. Aqui, só a cultura de viadutos inacabados. Como não se acanhar de se divertir num lugar onde quase nada funciona a contento? Contrariando Lévi-Strauss, tenho certeza de que se acabássemos com todas estas tolices que se praticam em nome da cultura, este Estado em vez de se extinguir, seria um lugar bem melhor para se viver.




 *É Professor em Porto Velho (profnazareno@hotmail.com)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

SER PROFESSOR...


Ser professor é socializar o saber, é construir, juntamente com o discente, um conhecimento que valorize o meio em que atua. Por isso, destacar-se-ão sete motivos para incentivar cada vez mais pessoas destemidas e comprometidas, a ingressar nessa brilhante carreira.

Leia-os com atenção e anote todos os detalhes:

1. Estude muito e leia bastante, principalmente a vida de São Francisco de Assis; lembre-se de que você também terá que fazer um voto eterno de pobreza;

2. Prepare-se para manejar certos instrumentos, como o giz e o apagador. Para tal, orientamos o personal stylest de Michael Jackson; você precisará de luva e máscara durante as aulas;

3. Manter-se em forma não será problema para você; com o corre-corre de uma escola para outra, você estará evitando o sedentarismo; com o salário que receberá, não precisará fazer regime; e caso precise complementar a cesta básica do mês, você ainda pode ter o privilégio de usar o TÍCKET DE 4 REAIS;

4. O educador é o único que pode acumular cargos: além de ministrar aulas em 3 ou 4 colégios/faculdades/universidades diferentes, ainda sobra tempo para ser sacoleiro, levando para as escolas os últimos lançamentos do Paraguai ou sendo importante representante de empresas como a AVON, NATURA, a HERMES e a SHOPPING MAIS;

5. A formação continuada do professor é algo bastante importante e valorizada pelo governo. Com sorte, você será selecionado para ficar em um grande e luxuoso hotel como o IAT, desfrutar de ótimas instalações e saborear um cardápio variado; tudo isso com uma localização privilegiada e com vista para o ma...to;

6. O local de trabalho deve ser evidenciado: o educador, quase sempre, trabalha em escolas-modelo, cujo slogan é a fartura: 'farta' limpeza, 'farta' funcionário, 'farta' material didático, enfim, 'farta' tudo; e por incrível que pareça 'farta' educação.

7. Por fim, você desfrutará de um plano de saúde de ótima qualidade, cuja eficiência é demonstrada nos consultórios psiquiátricos repletos de professores que, ao completarem a idade e o tempo de serviço, já se encontram fatigados pelo trabalho, sugados pelo sistema e em pleno desmoronamento físico além do mental.

Assim, depois de ler essas sete dicas, não perca a oportunidade e não desista:
O nosso lema é:

'PAGUE PARA ENTRAR, REZE PARA SAIR'.
Aos que já se encontram desfrutando desse 'néctar' que é ser professor, nossos parabéns, você é persistente e capaz. Possivelmente, não terá recompensa aqui na terra, mas é certo que já tenha adquirido lugar privilegiado no céu.
Beijossssssssssss

terça-feira, 31 de maio de 2011

Estudar dá futuro a alguém?



Você estudou? - BEM FEITO!!!!!

É TRIUNFO DAS NULIDADES:
O Brasil vai bem, obrigado, para os parasitas, os que nada produzem e os políticos...

Ronaldinho Gaúcho : R$ 1.400.000,00 por mês. - "Homenageado na Academia Brasileira de Letras"...
Tiririca : R$ 36.000,00 por mês, fora os auxílios e mordomias; - "Membro da Comissão de Educação e Cultura do Congresso"...
Piso Nacional dos professores: R$ 1.187,00...

Moral da História:
Os professores ganham pouco, porque só servem para nos ensinar coisas inúteis como: ler, escrever e pensar.

Sugestão:
Mudar a grade curricular das escolas, que passaria a ter as seguintes matérias:

- Educação Física: Futebol

- Música: Sertaneja, Pagode, Axé

- História: Grandes Personagens da Corrupção Brasileira, Biografia dos Heróis do Big Brother, Evolução do Pensamento das "Celebridades"

- História da Arte: De Carla Perez a Faustão

- Matemática: Multiplicação Fraudulenta do Dinheiro de Campanha, Cálculo Percentual de Comissões e Propinas

- Português e Literatura :  ?????????????????????? Para quê ?

- Biologia, Física e Química :
Excluídas por excesso de complexidade

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A Justiça nos Estados Unidos e no Brasil: comparem!



Nascido no Piauí, Francenildo Costa era caseiro em Brasília. Em 2006, depois de confirmar que Antonio Palocci frequentava regularmente a mansão que fingia nem conhecer, teve o sigilo bancário estuprado a mando do Ministro da Fazenda.
Nascida na Guiné, Nafissatou Diallo mudou-se para Nova York em 1998 e é camareira do Sofitel há três anos. Domingo passado, enquanto arrumava o apartamento em que se hospedava Dominique Strauss-Kahn, foi estuprada pelo diretor do FMI e candidato à presidência da França.
Consumado o crime em Brasília, a direção da Caixa Econômica Federal absolveu liminarmente o culpado e acusou a vítima de ter-se beneficiado de um estranho depósito no valor de R$ 30 mil. Francenildo explicou que o dinheiro fora enviado pelo pai. Por duvidar da palavra do caseiro, a Polícia Federal resolveu interrogá-lo até admitir, horas mais tarde, que o que disse desde sempre era verdade.
            Consumado o crime em Nova York, a direção do hotel chamou a polícia, que ouviu o relato de Nafissatou. Confiantes na palavra da camareira, os agentes da lei descobriram o paradeiro do hóspede suspeito e conseguiram prendê-lo dois minutos antes da decolagem do avião que o levaria para Paris e para a impunidade perpétua.
Até depor na CPI dos Bingos, Francenildo, hoje com 28 anos, não sabia quem era o homem que vira várias vezes chegando de carro à "República de Ribeirão Preto". Informado de que se tratava do Ministro da Fazenda, esperou sem medo a hora de confirmar na Justiça o que dissera no Congresso. Nunca foi chamado para detalhar o que testemunhou. Na sessão do Supremo Tribunal Federal que julgou o caso, ele se ofereceu para falar. Os juízes se dispensaram de ouvi-lo. Decidiram que Palocci não mentiu e engavetaram a história.
Depois da captura de Strauss, a camareira foi levada à polícia para fazer o reconhecimento formal do agressor. Só então descobriu que o estuprador é uma celebridade internacional. A irmã que a acompanhava assustou-se. Nafissatou, muçulmana de 32 anos, disse que acreditava na Justiça americana. Embora jurasse que tudo não passara de sexo consensual, o acusado foi recolhido a uma cela.
   Nesta quinta-feira, Francenildo completou cinco anos sem emprego fixo. Palocci completou cinco dias de silêncio: perdeu a voz no domingo, quando o país soube do milagre da multiplicação do patrimônio. Pela terceira vez em oito anos, está de volta ao noticiário político-policial.
Enquanto se recupera do trauma, a camareira foi confortada por um comunicado da direção do hotel: "Estamos completamente satisfeitos com seu trabalho e seu comportamento", diz um trecho. Nesta sexta-feira, depois de cinco noites num catre, Strauss pagou a fiança de 1 milhão de dólares para responder ao processo em prisão domiciliar. Até o julgamento, terá de usar uma tornozeleira eletrônica.
Livre de complicações judiciais, Palocci elegeu-se deputado, caiu nas graças de Dilma Rousseff e há quatro meses, na chefia da Casa Civil, faz e desfaz como "Primeiro-Ministro." Atropelado pela descoberta de que andou ganhando pilhas de dinheiro como traficante de influência, tenta manter o emprego. Talvez consiga: desde 2003, não existe pecado do lado de baixo do equador. O Brasil dos delinqüentes cinco estrelas é um convite à reincidência.
Enlaçado pelo braço da Justiça, Strauss renunciou à direção do FMI, sepultou o projeto presidencial e é forte candidato a uma longa temporada na gaiola. Descobriu tardiamente que, nos Estados Unidos, todos são iguais perante a lei. Não há diferenças entre o hóspede do apartamento de 3 mil dólares por dia e a imigrante africana incumbida de arrumá-lo.
Altos Companheiros do PT, esse viveiro de gigolôs da miséria, recitam de meia em meia hora que o Grande Satã ianque é o retrato do triunfo dos poderosos sobre os oprimidos. Lugar de pobre que sonha com o paraíso é o Brasil que Lula inventou. Colocados lado a lado, o caseiro do Piauí e a camareira da Guiné gritam ao contrário.
           Se tentasse fazer lá o que faz aqui, Palocci não teria ido além do primeiro item do prontuário. Se escolhesse o País do Carnaval  para fazer o que fez nos Estados Unidos, Strauss só se arriscaria a ser convidado para comandar o Banco Central. O azar de Francenildo foi não ter tentado a vida em Nova York. A sorte de Nassifatou foi ter escapado de viver num Brasil que absolve o criminoso reincidente e castiga quem comete o pecado da honestidade.