Tipos de
Culturas e Cidadãos Brasileiros
Professor Nazareno*
Dizem que o brasileiro é o tipo de gente mais difícil de
ser reconhecido quando viaja a um determinado lugar. Isto porque somos uma
festejada mistura de raças. Um indivíduo negro pode ser brasileiro de Salvador
ou mesmo de qualquer outra cidade do país. Branco é o que não falta em nossa
gente. Índios, nós temos aos montes principalmente nas cidades do Norte. Um
curitibano típico ou um gaúcho, por exemplo, poderiam ser facilmente confundidos
com um escandinavo. O bairro da Liberdade em São Paulo é um reduto de japoneses
e de quase todo tipo de oriental. Além do mais, essas raças ou tipos de gente
se misturaram a esmo e geraram muitas outras “etnias”.
O Brasil é esta deliciosa mistura de povos, costumes,
culturas, sotaques e principalmente comidas. O vatapá pode ser da Bahia, mas o
país inteiro adora. O que dizer do churrasco gaúcho? Existe iguaria tão
apreciada? A feijoada é toda nossa, o tambaqui assado, o tacacá, a maniçoba, a
farinha, a rapadura. No entanto, alguns tipos são facilmente reconhecidos por
quem tiver um olhar mais detalhista. Despercebidos à primeira vista por um
antropólogo e deixadas as generalizações de lado, fica fácil reconhecer alguns
tipos de brasileiros quando se fazem observações mais apuradas. A seguir
algumas “pistas” para o leitor
adivinhar de onde seriam estes personagens.
Cabeça
bem chata chegou o "bichim",
de terno de brim, de pé na "pragata"
(chinelas de dedo, alpargatas), chapéu e gravata, bruaca de pano, andar de
tucano, peixeira de lado. De onde será o cidadão que se chama "Zé", "Biu", "Cisso"
ou "Mané"? Sempre vota no
Governo. Vive de "bolsa-miséria"
e adora ser reconhecido como vítima da seca e flagelado. Não fosse Brasília
para lhe mandar as esmolas oficiais, já teria sucumbido à fome e à miséria
total embora tenha fama de trabalhador. As belas praias do lugar onde vive
quase sempre servem de incentivo ao turismo sexual e à exploração do trabalho
infantil. Embora tenha cidades grandes e ricas, reclama sem parar da vida.
Nasceu na beira de um rio (é beiradeiro), veio ainda
pequeno, de barco, para a cidade, mora numa estância ou numa invasão, só anda
de mototáxi, adora comer peixe com farinha, gosta de presentear os outros com
os melhores empregos, dança "boi",
torce sentado na mesa de um bar, por times de futebol alheios ao lugar, constrói
hidrelétricas para abastecer outros Estados com energia boa e barata sem se
importar com o respeito ao seu meio ambiente e copia tudo o que deu errado nas
outras cidades e Estados. Faz viadutos para passar ao lado deles e não por
cima, pontes enormes que ligam o nada a coisa alguma e Shopping Center só para poder
andar de escada rolante.
O paulista, o gaúcho, o acreano, o baiano, o maranhense e
tantos outros tipos de brasileiros são o que de mais rico temos em nossa
exuberante amostra cultural e antropológica. Embora sempre achemos que
brasileiro é o outro, há algo que nos une além do carnaval e do futebol. A
sujeira das nossas ruas, dos nossos ambientes, a falta de compromisso com a
hora marcada (brasileiro sempre chega atrasado aos encontros), a mania de falar
mal dos políticos, a violência social, a impunidade, os mensaleiros, os
sanguessugas, a corrupção, a monstruosa desigualdade social, o “jeitinho”, a vontade de levar vantagem
em tudo são alguns dos nossos traços típicos. Mas de um modo geral, os
brasileiros com este jeitão meio jeca, meio caipira, ainda somos um povo
trabalhador: de sétima economia do planeta, podemos ultrapassar em breve povos
milenares que não têm nem metade de nossas “qualidades”.
Por que não acreditar que Deus é brasileiro?
*É Professor em Porto Velho
(profnazareno@hotmail.com).
4 comentários:
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Pegou pesado com o nordestino, professor. Me responda uma coisa. Gostaria de perguntar pessoalmente. O que o sr. faz para mudar essa realidade nacional, além das críticas?
Comentários
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TRISTE SABER QUE SUAS PALAVRAS SÃO VERDADEIRAS.SE SOMOS A 7% ECONOMIA DO MUNDO, GRAÇAS, É BOM SALIENATAR, AOS COMMODITIES, SEMPRE UM RISCO PARA A ECONOMIA SE BASEAR NESTE TIPO DE DIVIDENDO, SOMOS UM PAÍS DE TERCEIRO MUNDO NOS DEMAIS QUISITOS.
Caro professor Nazareno, gosto muito de seus artigos. Apenas uma correção; o adjetivo pátrio de quem nasce no Acre é acriano e não acreano como consta no texto.
Falar em cultura é sempre bom,falar em cidadãos é melhor ainda,como nós brasileiros estamos precisando de verdadeiros cidadãos,pois é uma vergonha o que se ver hoje em porto velho rondonia, principalmente por partes dos advogado que deveriam dar ezxemplo de cidadania,o que estamos vendo são advogados defendendo corruptos no mesmo processo,advogado querendo receber uma conta duas VEZES,promotor público colocando O MP A SEVIÇO DO CRIME.não sabemos mais A QUEM Apelar,conselho de ética da oaB É OMISSO DENUNCIA-SE MAIS NADA E FEITO CONTRA OS INFRATOReS,as pessoas dignas pagam pra ver aonde estes delinquentes vão parar.
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