Por
que Mariana perdeu?
Professor
Nazareno*
A derrota de
Mariana Carvalho nas eleições de 2024 para prefeita de Porto Velho foi uma das
maiores surpresas no país inteiro. Vencedora com folga do primeiro turno com
quase 50% dos votos válidos, a candidata do União Brasil era apontada por todos
como a favorita, mas não conseguiu sequer fazer o mesmo número de votos no
segundo turno. E por quê? Quais foram as reais causas que explicam essa inesperada
derrota nas urnas da candidata da elite e das “dinastias” financeiras e
políticas locais? Mariana é jovem, bonita, muito simpática, inteligente, tem
caráter, tem liderança política e acima de tudo tem carisma. Muito carisma
mesmo, principalmente em Porto Velho. Fala-se que se ela não tivesse feito tantas
coligações, teria sido eleita com sobras. De um modo geral, os eleitores
porto-velhenses encontraram no candidato Léo Moraes uma forma de se vingar.
Mas com o que
precisamente esses eleitores estavam chateados? Ora, há vários anos que a mídia
nacional e até a internacional apontam Porto Velho como a pior capital do Brasil
para se viver. Aqui não existe IDH, não existe rede de saneamento básico, não
há água tratada para a população, faltam medicamentos nos postos de saúde, não
existe um hospital de pronto-socorro na capital e a mobilidade urbana é tão deficitária
que perde até para aquelas cidades miseráveis da África subsaariana. E o atual
prefeito, o Dr. Hildon Chaves, há oito anos no poder, foi um dos apoiadores de
Mariana Carvalho. O prefeito pouco ou nada fez pela cidade. Um só centímetro de
rede de esgotos não foi feito neste tempo todo em que ele administra Porto
Velho. E a Mariana, coitada, dizia, que com ela essa administração ia continuar
para o bem daqui. Ninguém quer lixo, carniça, alagações.
O governador de
Rondônia, coronel Marcos Rocha, também deu apoio irrestrito à Mariana. Claro
que a população daqui gostaria de ter um bom hospital de pronto-socorro, mas
tem só o “açougue” João Paulo Segundo. Rocha prometeu no início de sua
gestão fazer um pronto-socorro inédito: era o “Built to Suit”,
que até hoje praticamente nem saiu do papel. O governador dizia alegre e feliz,
durante a campanha, que estava apoiando Mariana. Por isso o discurso dela era
quase de subserviência a Hildon Chaves e ao govenador Marcos Rocha. O eleitor,
que não é tolo, deu-lhes o troco nas urnas. Além do mais, Mariana fez fotos e
confraternizou desnecessariamente com Jair Bolsonaro, com a Michele e com a
senadora “goiabeira” Damares Alves. Como ficaram os quase 93 mil
eleitores petistas de Porto Velho ao perceber várias fotos de Mariana com toda essa
gente?
Mariana não tinha
muita firmeza na fala. Falava manso como se estivesse o tempo todo obedecendo a
alguém. Deixou quase sem reação e sem retrucar que outra candidata, a ex-juíza
Euma Tourinho, a chamasse pejorativamente de “patricinha”
e de “a candidata das elites e dos poderosos”. Tudo isso repercutiu mal
entre os eleitores mais exigentes. Ela também abriu mão de participar de alguns
debates na televisão. Pouca gente gostou dessa postura “sem nenhuma
explicação convincente” dela. Como eleger uma prefeita que já tem os 23
vereadores a seu favor? Será que já não estava “tudo acertado” antes com
estes edis? Mas mesmo derrotada dessa vez, Mariana acertou em cheio ao dizer
que vai ser oposição a Léo Moraes e vai também fiscalizar sua administração. Não
votei em nenhum dos dois, mas vou fazer também como ela, a Mariana: assim que o
Léo Moraes assumir, o Professor Nazareno, lhe fará oposição.
Elogio se acertar e o criticarei se errar.
*Foi Professor em Porto
Velho.
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