Leonardo
Barreto vai acertar?
Professor
Nazareno*
Com
mais de 135 mil votos, o eleitor de Porto Velho, a eterna capital de Roraima,
elegeu em 2024 o senhor Leonardo Barreto de Moraes, ou simplesmente Léo Moraes,
para administrar a cidade. Essa eleição, com uma virada de votos pouco esperada
nos meios políticos, quebrou vários tabus na maltratada cidade. O primeiro deles
diz respeito à atual administração do lugar. Antes do pleito, falava-se que
Hildon Chaves, que apoiou publicamente a candidata derrotada Mariana Carvalho,
tinha mais de 80 por cento de aprovação popular. Era tudo mentira, conversa
para boi dormir, fofoca para conseguir turbinar qualquer candidatura. Se o
atual prefeito tinha mesmo toda essa aprovação popular, era de se esperar que a
sua candidata tivesse sido eleita já no primeiro turno. Dessa forma, o cidadão
porto-velhense disse que não aprova os atuais gestores da cidade.
E
é justamente aí onde mora o perigo. A mesma falta de esgoto, de água tratada,
de saneamento básico e de muitos outros problemas locais, que podem ter
turbinado a vitória de Leonardo Barreto e a derrota de Hildon Chaves via Mariana
Carvalho, podem ser o “calcanhar de Aquiles” da nova administração. Léo
Moraes e os 23 vereadores recém-eleitos têm competência para sanar pelo menos
parte desses problemas? Se cidade tivesse sexo, como diz o jornalista Josias de
Souza, Porto Velho seria uma mulher. Mas não qualquer mulher. Seria uma
daquelas prostitutas vadia, debochada, tola, pobre, velha e explorada
eternamente pelos seus cuidadores. Muito provavelmente daquelas raparigas que
pagam até o preservativo só para ter o prazer de ser estuprada. Léo tem que
correr atrás de praças floridas, mobilidade urbana, hospital de pronto-socorro,
remédios, escolas.
Porto
Velho precisa urgentemente de mais água encanada para a população. Os inúmeros
poços cavados ao lado de fossas imundas e rasas precisam ser fechados em nome
da saúde pública. O poder público municipal tem que proporcionar essa
necessidade para os seus cidadãos. Não se pode mais beber “água de
bosta” numa capital. Porto Velho precisa de mais saneamento básico
e de mais esgotos. Somos hoje no Brasil o último lugar dentre as cidades com
mais de 100 mil habitantes segundo o Instituto Trata Brasil. Perdemos até para
Rio Branco, Ananindeua no Pará e Macapá. A cidade toda fede, senhor futuro
prefeito! E muito. A água onde o senhor gravou aquele vídeo depois da chuva de
26 de outubro à noite estava contaminada. Foz do Iguaçu no Paraná, cidade onde
o senhor nasceu, é Primeiro Mundo se for comparada com a suja, imunda e
fedorenta Porto Velho.
Tomara
que o senhor acerte. A “velha puta abandonada” não aguenta
mais. Merece coisa melhor. Feche aquelas valas abertas, fedidas e podres da
Avenida Jorge Teixeira, por exemplo. Nada de fazer só o asfalto puro sem
saneamento nem galerias para escoamento das águas pluviais. Na atual administração
essa velha tática “para ganhar votos” não deu certo. O povão percebeu o
engodo. Procure arborizar mais a cidade em vez de arrancar as poucas árvores
existentes como aquelas da Avenida Tiradentes no bairro Embratel. Tente se
reunir com os vereadores e os convença a ajudar o senhor a fazer uma boa gestão
nessa cidade. Todos ganham se os eleitos agirem em nome de Porto Velho e
esquecerem um pouco as suas ambições pessoais. Em março ou abril próximos se
reúna com autoridades do Estado e das instituições federais para tratar sobre a
fumaça tóxica que certamente nos incomodará de novo. É muita coisa, mas o
senhor vai dar conta!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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