O
furacão e as queimadas
Professor
Nazareno*
Praticamente
na mesma época do ano, entre os meses de julho e outubro, e todos os anos,
esses dois fenômenos são verificados respectivamente tanto nos Estados Unidos
quanto no Brasil. A diferença entre eles está na maneira de se lidar com estas
duas catástrofes. No primeiro mundo, os furacões são forças da natureza
enquanto no Brasil as queimadas são o resultado de ações meramente humanas.
Queimadas e furacões podem não ter relações entre si, mas com certeza quanto
mais se destrói a natureza mais fortes são os furacões e também outros eventos
climáticos. No Brasil, de um modo geral, parte do agronegócio, com apoio
governamental, incendeia a floresta amazônica para poder produzir mais pasto
para os seus rebanhos e também para exportar mais commodities. A fumaça tóxica
toma conta do país, fecha aeroportos, provoca doenças e estabelece o caos.
A
postura das autoridades e das instituições diante desses fenômenos é o grande
diferencial tanto aqui quanto lá nos Estados Unidos. Com alguns dias de
antecedência, na América do Norte, os furacões são previstos e as autoridades
começam logo os trabalhos de prevenção. Populações inteiras de dois, três
milhões ou mais de pessoas são evacuadas imediatamente para outras áreas mais
seguras do país. As cidades ficam completamente vazias e a Guarda Nacional, o Exército,
as Forças Armadas, Defesa Civil, Igrejas, as companhias de aviação, os
taxistas, Corpo de Bombeiros, polícias, guardas municipais, FBI e muitas outras
forças da sociedade vão a campo para tentar amenizar a fúria da natureza e
salvar o maior número possível de pessoas. Unidos e empenhados num objetivo
comum, prefeitos, governadores e até o presidente do país não baixam a guarda.
Já
no Brasil, infelizmente, é tudo diferente. Muito diferente mesmo. Com relação
às queimadas, por exemplo, todo mundo já sabia de antemão que a Amazônia iria
arder sob o fogo. Nenhuma autoridade, absolutamente ninguém da sociedade tomou
precauções para enfrentar o caos que veio. Este ano de 2024, a partir do mês de
julho a fumaça tóxica invadiu Porto Velho, a suja e fedorenta capital de
Rondônia, e ninguém sequer fez comentários sobre a desmantelo que se abateu
sobre todos nós, pobres moradores e pagadores de impostos. Era época de eleições
e os candidatos fizeram vistas grossas ao horror que estava se instalando. Praticamente
nenhum deles se incomodou com o fato gravíssimo do fogo no bioma amazônico.
Parece que eles estavam morando na Bélgica ou no interior da França: se fizeram
de desentendidos e deram uma de “João sem braço”.
Já
pensou se um furacão da magnitude de um “Milton” chegasse
a Porto Velho? Quem iria nos socorrer? Bombeiros? Câmara de Vereadores? A
Assembleia Legislativa? O prefeito? O governador? Nossos três senadores? Os deputados
federais? As Forças Armadas? Essas autoridades não evacuariam as pessoas diante
de perigo nenhum. Elas evacuariam nas pessoas. Já pensou o preço dos
alimentos nos supermercados daqui? Tudo pelo triplo. Passagens aéreas para
fugir dos ventos catastróficos seriam somente para os ricos, os políticos e as
pessoas privilegiadas. Um galão de água mineral custaria uns 100 ou 200 reais. Tudo
destruído e o povão na merda. Bairros inteiros saqueados pelos ladrões e
aproveitadores. De longe e já bem seguras, as “autoridades” davam
ordens pela internet para quem tivesse a sorte de ter escapado. Basta ver o que
eles fizeram com a fumaça: as poucas providências só depois da tragédia
instalada. Triste: o Brasil não é para amadores!
*Foi Professor em Porto
Velho.
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