Deviam
fechar nosso aeroporto
Professor
Nazareno*
Por
incrível que pareça, a velha e podre cidade de Porto Velho, capital de Roraima,
tem um aeroporto. Só que pela frágil infraestrutura do lugar está mais para um
campo de pouso velho, muito obsoleto e bem acabado. O acanhado Jorge Teixeira
de Oliveira tem a pomposa alcunha de internacional, mas não faz sequer um voo
para Guayaramerín na Bolívia. E a partir de agora também quase não fará mais
voos para muitas outras cidades do Brasil. Aquelas mais ricas, civilizadas e
desenvolvidas. Mesmo para Rio Branco, Manaus ou Cuiabá, capitais mais próximas,
não haverá muitas possiblidades de se ir em um “asa dura” saindo daqui.
As principais companhias aéreas do país, provavelmente diante da pouca procura
em seus voos, simplesmente tiraram Rondônia do mapa do Brasil e isolaram ainda
mais a já isolada, distante, quente, atrasada e insalubre capital karipuna.
O
aeroporto de Porto Velho devia ser fechado, já que não tem muita serventia para
os seus raros e sofredores usuários. Localizado muito próximo ao centro da
cidade, quase todos os voos têm necessariamente que sobrevoar o centro da
capital. Pior é o Espaço Alternativo que é muito colado ao seu entorno. Num
acidente de grandes proporções, por exemplo, qualquer ação de socorro às
vítimas ficaria prejudicada por conta de uma pista de caminhada que permitiram
que existisse muito próxima da área de pouso e decolagens. O aeroporto da “capital
dos destemidos pioneiros” tinha que ser retirado dali e construído num
local mais distante e mais seguro para todos. E o triste detalhe é que ainda
tiveram o descaramento de privatizá-lo como se aquilo fosse algo que desse
lucro para quem quer que seja. Hoje, os voos saindo da malfadada cidade e
chegando a ela são muito escassos.
Apesar
do nome, Porto Velho também não tem porto. Há na beira do rio Madeira apenas um
barranco sujo, fedido, cheio de lixo, escorregadio e insalubre onde muitos dos
passageiros conseguem subir e descer sem se quebrarem todos. O porto rampeado
que a Santo Antônio Energia deu à cidade só vive fechado e quase não tem uso
operacional. É uma espécie de elefante branco que hoje praticamente para nada
serve. A rodoviária é outra novela. Fala-se que uma nova está sendo construída
ali na Avenida Jorge Teixeira e que será inaugurada somente durante as próximas
eleições. Ônibus e barcos é a sina dos habitantes porto-velhenses que se
meterem a viajar para fora do Estado. Férias só devem ser tiradas por aqui
mesmo na quentura e na sujeira da cidade esquecida. Com pouca ou nenhuma
qualidade de vida, quase ninguém se arrisca a visitar a cidade latrina do
Brasil.
A
classe política local, incompetente e inoperante, nada fez nem fará para
resolver o caos. Dessa forma, vamos continuar isolados do resto do país e também
do mundo civilizado por muito tempo ainda. Para se ter uma ideia, Manaus recentemente
aumentou em mais dois voos por semana que ligam a capital amazonense ao Rio de
Janeiro. Visando trazer mais turistas da Europa para visitar a capital
manauara, no Estado vizinho houve até uma diminuição de ICMS para incentivar as
companhias aéreas. A Verde disse que em Rondônia havia muitos processos
judiciais contra a empresa e por isso diminuiu seus voos. Ou seja, os processos
só acontecem por falta de cumprimento de regras por parte dessas mesmas
empresas aéreas. Assim, Rondônia voltou ao tempo do Segundo Ciclo da Borracha,
quando para se ir à capital do país, tinha-se que ir primeiro a Manaus de barco
e de lá para o Rio de Janeiro. O bom é que somos obrigados a desfrutar as belezas
daqui.
*Foi Professor em Porto
Velho.
Um comentário:
Gostaria do de assinar o Only Fans do senhor.
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