O Holocausto Yanomami
Professor Nazareno*
É possível que o povo
Yanomami no Norte do Brasil, fronteira de Roraima com a Venezuela, já esteja
num rápido processo de extinção. Mas foi nos últimos quatro anos que a
agressiva campanha genocida se intensificou contra todos esses brasileiros há
muito esquecidos. “Se eu for eleito, os índios e os quilombolas não terão um
só centímetro de terra demarcada”. Mais: “a cavalaria dos Estados Unidos
foi muito competente, pois matou quase todos os índios daquele país e hoje eles
não têm mais este problema. Já a cavalaria do Brasil foi incompetente e não
matou nenhum índio por aqui”. Frases de um ex-presidente do país. Ou “Os
Yanomamis não são um povo. São apenas selvagens que moram em território
brasileiro”. “Esses índios são muito preguiçosos, pois são apenas uns 30
mil que vivem num território maior do que a Suíça e ainda estão passando fome?”.
O atual governador de
Roraima, Antônio Denarium, disse: “esses índios têm que se aculturar e parar
de viver no mato como bichos”. A situação já tomou dimensões apocalípticas.
O avanço do garimpo ilegal, muitas vezes incentivado pelas fracas ações de
fiscalização do ex-governo Bolsonaro, praticamente decretou o fim desse povo.
Fome, doenças, abandono, contaminação pelo mercúrio, estupros e mortes produzem
cenas reais que podem ser comparadas às crianças famélicas que se veem na
África subsaariana. Com mais de 30 milhões de famintos no país inteiro, foram
os pobres Yanomamis, no entanto, os que se prestaram ao triste espetáculo televisivo
cujas imagens correm o mundo para nos encher outra vez de vergonha. Muitos veem
naquilo uma semelhança com os corpos dos judeus encontrados em campos de
concentração nazistas da segunda guerra mundial.
E quem é o genocida
responsável por esse caos entre os Yanomamis? Não é só o Bolsonaro, não. A
sociedade brasileira como um todo nunca teve muita consideração pelos indígenas
e também por outros povos originários. O massacre começou exatamente em 22 de
abril de 1500 com Pedro Álvares Cabral. Dos pouco mais de 6 milhões de
indivíduos no início, quantos indígenas ainda restam hoje no Brasil? Durante
todo este tempo, fomos acostumados simplesmente a discriminar, isolar, explorar
e a matar essa gente considerada na maioria das vezes como “inferiores”.
Mas foi no governo de Jair Bolsonaro que foi dado o criminoso ataque final ao genocídio
dos indígenas. Óbvio que os bolsonaristas devem ter pensado que “se morrerem
alguns selvagens não dá em nada, pois na pandemia foram quase 700 mil
brasileiros mortos e tudo ficou por isso mesmo”.
A desfaçatez e a total
burrice dessa gente chegam a ser algo hilário. E num mundo globalizado, a já
desgastada imagem do Brasil no exterior piora ainda mais. Isso sem falar que
maltratar seus semelhantes é um ato desumano, cruel e nazista. Porém falar em
desumanidade e desrespeito aos direitos humanos no governo que findou é “chover
no molhado”. O governo Lula precisa urgentemente cuidar dos enfermos,
recuperar as áreas invadidas e também expulsar todos os garimpeiros dali. E não
somente na área dos Yanomamis em Roraima, mas em todo o território nacional. No
rio Madeira em Rondônia, por exemplo, é comum todo dia se ver dragas e mais
dragas garimpando ouro tranquilamente. “Só não vê quem não quer”.
Esse país precisa ser passado a limpo e o governo Lula tem tudo para fazer
corretamente o “dever de casa”. Basta não roubar. E o dinheiro para isso
existe. Alemanha e Noruega já voltaram a financiar o Fundo Amazônia.
*Foi Professor em Porto
Velho.
Um comentário:
Muito bem lembrada, pois havia a intenção explícita de patrocinar um extermínio disfarçado com a questão da invasão das terras dos Yanomamis.
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