A
dura realidade da Turquia
Professor
Nazareno*
Um
violento terremoto de quase oito graus na escala Richter sacudiu o sul da
Turquia e noroeste da Síria e até agora já foram contabilizadas mais de 21 mil
mortes. A OMS estima que esse número assustador pode chegar a mais de 40 mil.
Uma tragédia sem precedentes que merece a atenção de todos os países do mundo.
A cidade turca de Iskenderun próxima à fronteira com a Síria e um dos
epicentros do terremoto vive uma situação inusitada. Com esta tragédia, a
realidade dessa cidade é de assustar qualquer humano. As pessoas não têm água
tratada nem saneamento básico, o que piora, e muito, a situação de caos vivida
pelos sofridos habitantes. Uma pequena chuva já alaga todas as ruas e avenidas.
A água podre e infecta corre a céu aberto contaminando quem dela se aproxima.
Para piorar o drama, muitas árvores foram arrancadas pelo poder público local.
Iskenderun
é uma capital de província e tem uma população de aproximadamente 500 mil
pessoas e quase todos vivem como pobres e miseráveis. Uma espécie de “ao
Deus dará”, uma vez que as autoridades municipais nunca se preocuparam com
a qualidade de vida dos munícipes. O prefeito da cidade, Sevahc Nodlih, um
ultradireitista reacionário e conservador, que já foi reeleito e administra o
lugar já há seis longos anos, disse que nada pode fazer para ajudar as pessoas
atingidas pela catástrofe. A fedentina nas sujas ruas é uma triste rotina que
acompanha aqueles pobres moradores há anos. Fala-se que o povo dali é muito
sujo e porco. O terremoto praticamente atingiu toda a província onde se
localiza Iskenderun. O governador provincial, Ahcor Socram, outro
ultradireitista, também não tem feito absolutamente nada para sanar os
problemas de sua administração.
Parece
que a incompetência dos homens públicos na Turquia é algo muito comum. O
próprio presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, já reconheceu publicamente
que o governo federal não tem feito “o necessário” para fazer frente à
terrível catástrofe. “Possivelmente muitas pessoas vão morrer no meio desse
lodaçal”, teria declarado ele recentemente. Os mortos se amontoam aos
milhares. Os feridos não param de chagar ao único hospital de pronto-socorro da
cidade. Muitas pessoas, pobres em sua maioria, dormem espalhadas pelo chão frio
e em imundos quartos improvisados que nem banheiro têm. Nem banheiros nem camas
para acomodar a todos. Quando chove, alaga tudo. Parece até um campo de
extermínio. Faltam médicos, enfermeiros e todo tipo de profissional de Saúde
para atender à demanda. Iskenderun tem o pior sistema de Saúde de toda a
Turquia.
Até
para receber ajuda externa é difícil, pois aquela cidade turca não tem sequer
uma rodoviária decente. O prefeito Sevahc Nodlih até que prometeu fazer uma
nova. Só que entra ano e sai ano e fica tudo na promessa. O raciocínio deve ser
o seguinte: “povo porco tem que usar pocilga mesmo”. No âmbito da
província, a realidade é a mesma. O governador fala há tempos em construir um
novo hospital de pronto-socorro para Iskenderun e toda a sua gente, mas até
agora nada. A câmara de vereadores e a Assembleia da província nada fazem
também para amenizar o caos. Legisladores incompetentes e muitos deles corruptos.
Um deputado provincial, por exemplo, está preocupado com o número de pessoas
que se suicidam na única ponte que há no município. Aliás, uma ponte inútil e
imprestável que só serve mesmo para as pessoas se suicidarem, já que não liga “nada
a nada”. Gente, a Turquia devia ser ajudada por todos nós depois desse
terremoto.
*Foi Professor em Porto
Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário