segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Marte: eu também iria


Marte: eu também iria

Professor Nazareno*

Não conheço a porto-velhense Sandra Maria Feliciano de 55 anos, professora, advogada e mulher de muita coragem e profissionalismo. Mas já admiro essa grande rondoniense pela sua bravura e determinação em querer dar uma grande contribuição à ciência e zarpar para Marte, o planeta vermelho, praticamente sem volta. A professora é uma das finalistas para participar de uma viagem interplanetária com destino ao nosso vizinho no Sistema Solar. E a viagem será só de ida. Com essa aventura inédita, a heroína rondoniense nunca mais voltará a Porto Velho e a Rondônia e de quebra também se livrará para sempre do Brasil, país chinfrim, afundado em roubos, corrupção, violência, desmatamentos, maracutaias políticas e governantes esdrúxulos. Não tive a coragem dela e o máximo que fiz foi sair só de Porto Velho para morar nas redondezas.
Sair para sempre de Porto Velho e de Rondônia é algo que sempre aguçou a imaginação cabocla. Neste último final de ano, por exemplo, levas e mais levas de rondonienses “montaram no porco” para passar o Réveillon nas praias do Nordeste e nas cidades mais civilizadas do sul do país. E alguns sortudos foram até a Europa. As redes sociais não cabiam de tantas fotos nas praias nordestinas. Poucos conseguem ficar tanto tempo aqui sem respirar civilidade e bons modos. O desejo de abandonar estas longes terras, subdesenvolvidas, incivilizadas e atrasadas já virou uma espécie de “panaceia milagreira” faz tempo. E a nobre professora fez diferente. E tudo em favor da ciência e do progresso da humanidade. Parabéns, mesmo! Mulher de garra, ela teve a coragem de fazer o que poucos teriam. Seu heroico exemplo se eternizará para sempre.
Se eu tivesse a bravura dela, viajaria imediatamente e me livraria de ver a Banda do Vai Quem Quer com suas toneladas de lixo nas ruas de Porto Velho em fevereiro próximo. “Não existe coisa mais patética em terras karipunas do que a produção e a sujeira em nome da cultura”. O carnaval de Porto Velho é uma ostentação à fedentina urbana e aos poucos princípios de civilidades e de limpeza. Não veria também a má administrada cidade de Porto Velho sem transportes urbanos e as crianças da zona rural do município sem ter que ir à escola por falta de transporte escolar. Não ver o “Flor do Maracujá” seria demais! Ignorar a falta de esgotos da pior cidade do Brasil é uma felicidade imensurável. Um êxtase quase inatingível!  E já pensou na alegria de “numa tacada só” livrar-se de todos os direitistas, bolsonaristas, esquerdistas e até dos petistas?
A brava professora com a sua aventura entrará para a história não só de Rondônia, mas também do Brasil e até do mundo. Um exemplo a ser seguido pelas próximas gerações, pois o último rondoniense de prestígio, Carlos Ghosn, não tem zelado muito pelo nome dos rondonienses. Mas o ideal mesmo seria que houvesse também algumas vagas para Lula e para Bolsonaro nesta viagem insólita. Para eles e para alguns de seus mais fervorosos defensores. Damares Alves, Abraham Weintraub, Fernando Haddad, Zé Dirceu... Eles iriam e nunca mais voltariam para o nosso pobre país, para o nosso pobre mundo. Já pensou se alguns candidatos a vereador e a prefeito de Porto Velho nas próximas eleições também conseguissem algumas vaguinhas para essa viagem? Quem sabe se algumas das nossas autoridades estaduais também não se aventurariam? Meu medo é que tudo dê certo e tentem fundar a “Colônia Brasil” por lá.
 


*Foi Professor em Porto Velho.

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