Jesus não
combina com lixo
Professor
Nazareno*
Não fui à Marcha
para Jesus este ano nem em outras edições anteriores, assim como também não fui
à Banda do Vai Quem Quer nem vou à Parada do Orgulho Gay em Porto Velho. Mas por acaso passei pela manhã nas
avenidas que serviram de palco para algumas destas demonstrações populares e o
que vi de podridão foi de espantar qualquer pessoa. Vejo todas estas “manifestações”
muito carnavalizadas, apesar de que a Banda do Manelão em fevereiro é Carnaval
puro. Em todas estas festas, “mundanas ou
não”, o que se vê são toneladas de lixo nas ruas já sujas. Penso que se
levando em consideração a sujeira e a imundície encontradas depois desses
eventos, Porto Velho é uma cidade muito odiada por quase todos os seus
habitantes. Carnavalescos e religiosos em geral se comportam da mesma maneira
porca em relação a sua judiada capital.
Porto Velho é a cidade mais suja do
Brasil segundo o Instituto Trata Brasil e ainda assim a maioria de seus
moradores não tem dó e a sujam à vontade como se o lugar fosse uma fossa a céu
aberto ou mesmo um lixão. Em qualquer manifestação ou ajuntamento de pessoas
por aqui o que se vê é uma total falta de respeito pela higiene. Custava aos
pastores e organizadores da Marcha para Jesus, por exemplo, pedir um pouco mais
de educação e boas maneiras aos seus religiosos participantes? Custava a Ciça,
da famosa Banda de Carnaval, distribuir saquinhos de lixo para guardar a sujeira
produzida durante a passagem da folia? Custava aos organizadores da parada dos
gays exigirem um pouco mais de educação dos participantes do evento? Parece que
todos só estão preocupados com o seu próprio ego a fim de colocar o maior numero
de pessoas.
“A
cidade que se lasque, uma vez que não temos nada a ver com isso”, deve ser
o pensamento de todos eles. Os garis servem para quê, não é mesmo? O problema é
que limpeza e higiene têm sido só demonstrações de pessoas mais civilizadas das
cidades do Primeiro Mundo, infelizmente. Por aqui neste grotão subdesenvolvido
e atrasado o lodaçal já faz parte da paisagem. A Marcha para Jesus de Porto
Velho é só lixo e imundície pelas ruas. Assim como o Carnaval ou qualquer outra
manifestação popular. Do Espaço Alternativo nas proximidades do aeroporto às
ruas do centro da cidade, tudo dá nojo. E convenhamos, Jesus não combina com
lixo. É e sempre foi sinônimo de pureza, de higiene e de bons costumes. Se Ele
voltasse hoje a terra, como muitos ainda insistem em acreditar, duvido que
quisesse passar um minuto sequer em Porto Velho.
As autoridades locais deveriam criar
uma espécie de “Museu do Lixo” na
cidade. Material não iria faltar, com certeza. E a iniciativa seria única. De
absorventes e preservativos usados passando por garrafas pet, garrafinhas de
água, sacos de lixo, cadernos de cânticos religiosos, folhinhas de orações,
pedidos escritos de fiéis a Deus, comida estragada, sobras de bebidas
alcoólicas e outras coisas mais como restos de drogas e cigarros adornariam o
insólito museu. Afinal só temos 2% de saneamento e quase não há água tratada
por estas bandas. Então deve ser por isso que sujar e emporcalhar as ruas faz
parte da nossa cultura. Absolutamente nada contra esta ou aquela demonstração
de fé, orientação sexual ou de cultura. Mas a cidade é de todos os seus
moradores e nem todos participam destas “gincanas
do lixo”. Pastores, padres, gays e carnavalescos, tenham mais cuidados de
outra vez, por favor! A cidade agradece.
*É
Professor em Porto Velho.
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