terça-feira, 29 de maio de 2018

Brasil, o país dos “zeróis”


Brasil, o país dos “zeróis”


Professor Nazareno*

            A greve do setor de transportes mostrou ao mundo a verdadeira vocação do Brasil e dos brasileiros: somos um país em eterna busca de um herói e salvador da pátria. Enquanto ele não chega, a procura continua. Os caminhoneiros e não outras infinitas profissões também importantes são agora o mais novo herói do povo brasileiro. Estudar para quê? Seja caminhoneiro e ganhe a admiração e o encanto do todos. Antes disso, e num curto espaço de tempo, já tivemos vários outros “zeróis”. Tancredo Neves em 1985 “derrubou” a Ditadura Militar e caiu nas graças dos brasileiros sedentos por democracia. Logo após, Fenando Collor arrebatava multidões com o seu discurso fascista contra os marajás do serviço público. Não deu outra: ajudado pela Globo, bateu Lula e se elegeu o primeiro presidente do país após longos 21 anos de arbítrio e trevas.
            Após o curto e infeliz mandato de Collor, que culminou com a sua saída do poder e acusado de corrupção, os brasileiros continuaram a sua incessante busca por um ídolo nacional. FHC, o criador do Plano Real, ganhou as apostas e se tornou presidente do país por dois mandatos. Foi um dos “zeróis” nacionais por quase uma década. Pertencente ao PSDB, Fernando Henrique inaugura o Neoliberalismo tosco e desmancha o Estado doando praticamente todo o patrimônio estatal a seus amigos e correligionários. Empresas gigantescas como a Vale do Rio Doce, as telecomunicações, bancos estaduais, estradas, portos e aeroportos foram privatizados. Por isso, deixou de ser o adulado do povão e logo caiu em desgraça. O PSDB sai de cena e entrega o poder a outro dito herói nacional: Lula, o Lulinha paz e amor, cai nas graças dos desdentados.
            O novo mimo do Brasil é agora um ex-metalúrgico. Primeiro esquerdista a governar o país, ele faz um dos piores governos da nossa História. Estoura o escândalo do Mensalão em 2005 e mesmo reeleito, o governo petista se envolve no Petrolão e ainda assim consegue eleger e reeleger Dilma Rousseff, a primeira mulher a assumir a Presidência do Brasil. O julgamento do Mensalão, no entanto, cria outro notável das massas: o ministro Joaquim Barbosa passa agora a ser o queridinho da população. Negro, de origem humilde e muito duro em suas decisões, o ministro do STF sai de cena quando acaba o julgamento daquele escândalo nacional. O povo o aplaudia nas ruas e o cobria de elogios e adulações. “Tem que ser candidato à Presidência da República”, diziam os mais tolos e desinformados. “Esse homem é um Deus”, falavam.
            Com Joaquim Barbosa fora de cena, os olhares incautos e despolitizados se dirigiram imediatamente para outro juiz: Sérgio Moro com a sua Operação Lava Jato passa a ser o mais novo dos “zeróis” nacionais.  Ninguém levou em consideração o fato de que tal operação pode ser uma farsa da elite nacional para enganar os trouxas, uma vez que inicialmente só prendeu petistas. Apesar de ser o mais novo Javé do Brasil, Sérgio Moro, após ser flagrado em fotos “alegres” com o senador mineiro Aécio Neves, foi acusado de não prender nem investigar partidários do PSDB, os tucanos. Aos poucos o juiz está perdendo o brilho inicial, já que apareceram agora os caminhoneiros. Até em Rondônia tivemos os nossos “zeróis”: um gaúcho, Jorge Teixeira, é considerado o Deus do Estado. Já Chiquilito Erse, mesmo sem ter feito grandes obras, é em Porto Velho o guru mais amado. Triste país que precisa ter os seus “zeróis”. Quem será o próximo?




*É Professor em Porto Velho (nunca foi herói de nada).

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