quinta-feira, 24 de maio de 2018

Cabaré sem a madame!


Cabaré sem a madame


Professor Nazareno*

            
            A atual greve dos transportes mostra ao Brasil o que é o governo do golpista Michel Temer: nada. Bastaram poucos dias de paralisações para as autoridades de Brasília irem à lona. O governo, de joelhos, cedeu em quase tudo. A política estúpida de aumentar os combustíveis todos os dias mostrou a verdadeira face de um governo espúrio e impopular que sucedeu por meio de um golpe parlamentar outro governo igualmente corrupto e desacreditado. O Palácio do Planalto não tem como resolver qualquer problema que seja. E pior: diante do caos, a população reacionária que bateu panelas, vestiu a camisa amarela da seleção e bradou “Fora, Dilma!” está engolindo, acovardada, todos estes desmandos. Os “coxinhas” estão quietos sem esboçar qualquer reação. Como pode apenas uma categoria colocar em xeque todo o governo de um país?
            O desmanche da Petrobras começou ainda nos governos petistas. O PT, nos oito anos do governo Lula, se lambuzou na corrupção e no desmanche da estatal. A compra da refinaria de Passadena e a sucessão de presidentes envolvidos no desvio de dinheiro enfraqueceram e praticamente quebraram a décima maior empresa do mundo. A roubalheira, no entanto, continuou nos mais de dois anos do governo golpista do MDB de Michel Temer e sua turma. E a conta não tardou a chegar para nós, pagadores de impostos. A greve dos transportes coloca o poder contra a parede. Pior: a maioria da população brasileira apoia o movimento, mesmo sabendo das terríveis consequências que pode passar com o desabastecimento e a consequente escassez de vários produtos. O povo está se lixando para o governo e para as autoridades que comandam hoje o país.
            Porém esta greve não é apenas um movimento de caminhoneiros como muita gente inocentemente acha. Menos de 30% dos mais de dois milhões de caminhões pertencem aos seus motoristas. A greve é principalmente uma paralisação do setor de transportes do país. São os empresários mais uma vez, talvez aqueles mesmos que bateram panelas para a saída da Dilma e do PT, que estão por trás desta chantagem e da monstruosa paralisação. Desde quando trabalhadores comuns exigiriam do governo, por exemplo, a não tributação sobre os combustíveis? Desde quando simples operários cobrariam do governo o fim do PIS/COFINS? Muitos deles nem sabem o que é isso. A parte negativa deste movimento reivindicatório está, como sempre, na falta de patriotismo do cidadão brasileiro. São muitos os que estão se aproveitando para faturar.
            No Recife, havia posto de gasolina vendendo o produto a nove reais. Em Brasília, ali nas barbas do poder, o combustível bateu facilmente os dez reais. No Rio de Janeiro os hortifrutigranjeiros dispararam. Um saco de batatas passou em um dia de 50 para mais de 300 reais. O importante neste país é levar vantagem em tudo, doa a quem doer. A verdadeira ética nacional aflora nestes momentos de crise, infelizmente. A lei do Gérson é regra a ser seguida por quase todos neste infeliz momento de crise. O Brasil virou um puteiro sem comando. Se em apenas três ou quatro dias o país foi ao caos, é de se imaginar se uma paralisação perdurar uma semana ou mais. Tocaram fogo no cabaré e a madame fugiu. Dizem que esta guerra é contra os políticos, mas quem vai pagar as consequências de novo é o povo. Luciana Oliveira: “postos sem combustíveis, voos cancelados, escassez de alimentos. A direita transformou o Brasil em uma Venezuela”.




*É Professor em Porto Velho.

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