domingo, 21 de agosto de 2016

Medalhas de um país vira-lata



Medalhas de um país vira-lata

Professor Nazareno*

            Para alívio de muitos brasileiros, acabaram os jogos olímpicos do Rio de Janeiro. As “olimpíadas do fracasso” serviram apenas para mostrar ao mundo as deficiências do Brasil não só no esporte, mas basicamente em todas as outras áreas. O circo e a farsa finalmente chegaram ao fim. O papelão começou no distante ano de 2009 quando Lula e o PT tiveram confirmada a vinda destes jogos para o Brasil. A decepção continuou com uma das piores aberturas de Olimpíadas de que se tem notícia. Tosca e brega não encantou muita gente além de notórios puxa-sacos. Com um número ridículo de medalhas, praticamente igual a Londres, o nosso país não evoluiu em absolutamente nada apesar de longos quatro anos. Fomos ridicularizados praticamente em todos os esportes de que participamos. Até nos jogos coletivos mostramos nossa inferioridade.
            O complexo de vira-lata do brasileiro, tão decantado em nossa triste história, deu lugar à síndrome do fracasso, da ruína e da decepção coletiva. Nem mais no futebol representamos coisa alguma. O feminino, por quem o país inteiro torceu, só mostrou tristeza e choro. Marta, ou Morta, e suas amigas não jogam ruim. Elas simplesmente não jogam nada. Como pode um time inteiro passar mais de 400 minutos sem marcar um único gol? É um acinte comparar essas jogadoras, que não ganharam nenhuma medalha, a atletas de ponta de países como Canadá, Suécia e Alemanha. Os brasileiros gostam mesmo de torcer pela derrota. Depois que descobriram que o país tinha um time de futebol feminino nos jogos, a seleção não ganhou de mais ninguém. Pior: no Brasil não existe até hoje um só campeonato desta modalidade. Aqui, só o futebol dos machos.
            No futebol masculino, aliás, que deveria ser o nosso maior trunfo, foi só desastre e vergonha apesar do ouro que veio no sufoco. Empatamos com a África do Sul e até com o Iraque. Ganhar da seleção sub-21 da Alemanha, e nos pênaltis, não é nenhuma façanha. Até o Genus de Porto Velho no tempo normal ganharia daquele time insosso. Mas em qualquer aspecto cotidiano não podemos ser comparados aos organizados, disciplinados e competentes germânicos. Há mais de quatro anos que eles já estão se preparando. O objetivo maior deles não eram as olimpíadas nem a medalha de prata, mas a Copa de 2022. Quem realmente gosta do esporte tem é que torcer pela competência, pelo treinamento com objetividade e pela busca de bons resultados como fazem os países desenvolvidos e civilizados do mundo. O Brasil é só galhofa e fiasco.
            Numa rápida olhada nos 10 primeiros colocados no quadro de medalhas das olimpíadas do Rio, percebe-se que ficamos numa posição sem destaque. Nosso país não investe o que deveria em esportes muito menos em educação de qualidade. Grande parte do dinheiro da sétima potência econômica do mundo vai para os bolsos e contas dos políticos ladrões, incompetentes e canalhas. E investimentos nas melhorias ficam só na promessa como agora. E para felicidade geral, ninguém cobra nada. E ainda querem que as conquistas venham de graça e aos montes? Este país deve repensar sua política de educação e esportes para tirar as crianças e adolescentes das ruas e do mundo do crime. O Brasil não pode ser eternamente o país apenas do presente e do passado. Precisamos acreditar que temos futuro e ter esperanças nele. A festa acabou: voltemos agora ao fogão a lenha e à rotina macabra de sofrimento e dor, já que não se comem medalhas.




*É Professor em Porto Velho.

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