terça-feira, 6 de outubro de 2015

O diabo ri: Porto Velho parou



O diabo ri: Porto Velho parou
Professor Nazareno*

Quando outro dia eu disse que o Satanás era protetor de Porto Velho, a chiadeira foi geral. Muita gente apenas fingiu não acreditar neste fato totalmente inusitado. Porém, como não entender que isto seja verdade numa cidade em que dia após dia acontecem coisas inimagináveis? O Capeta é assim mesmo, precisamos nos conformar: quando ele mexe nos seus arquivos, a coisa sempre piora para a cidade que ele protege. Além da tradicional e já costumeira falta de mínima infraestrutura urbana de que uma cidade moderna necessita, a “currutela amaldiçoada” viveu recentemente vários apagões medonhos sem nenhuma explicação. Desta vez, no entanto, é uma greve geral no já precário sistema de transporte coletivo da cidade. Não é uma paralisação propriamente dita. É como um locaute, quando os patrões param as suas atividades.
O pior é que numa cidade de meio milhão de habitantes e capital de um Estado, ninguém sabe explicar o motivo do caos. Nenhum dos 21 vereadores, muito menos o Prefeito e seus assessores ou qualquer outra autoridade municipal ou estadual até agora  deram satisfações à população sobre a atual barafunda. Bem ou mal, Porto Velho tinha algumas empresas de ônibus urbanos que faziam, a duras penas, o transporte da população mais carente. Numa briga com a atual administração da cidade, parece que perderam a concessão. Dizem que foi feita uma nova licitação para explorar o sistema, mas a empresa ganhadora “caiu fora” e a população usuária ficou à mercê da própria sorte. Nem as empresas velhas e muito menos a nova. Alguns taxistas, mototaxistas, donos de vans e outros tipos de transporte estão fazendo a festa em cima dos miseráveis.
Porto Velho não tem prefeito, é o que parece. O que já era muito ruim conseguiu piorar. E os mais prejudicados nesta queda de braço são, claro, os mais necessitados. Os pobres, que só são lembrados em época de eleições, estão comendo “o pão que o diabo amassou” para conseguir chegar ao trabalho ou às escolas. Aqui deve ser a terra do Capiroto. Um lugar amaldiçoado que nunca terá dias felizes. Nada funciona, nada presta, nada dá certo, nada tem futuro. Quem deveria resolver a confusão, anda de carro luxuoso e não enfrenta a desgraça, a penúria. A ironia é tanta que até um Deputado Federal daqui disse recentemente em Brasília que andava de ônibus em Rondônia. Gostaria de vê-lo dentro de um Interbairros ou de um Hospital de Base. Melhor ainda: que tal um Vereador da capital ou um Deputado Estadual numa parada no sol quente?
Devemos torcer pelo dia em que o Inferno vai, enfim, mandar um representante seu para administrar “a capital das sentinelas avançadas”. Lúcifer, Cramunhão, Diabo, Saci, Perneta, Coisa Ruim, Cão, Anjo Mau, Demônio, Pé Rachado, Fedorento, qualquer um serve, pois de humanos nos administrando estamos fartos, já que quando o sujeito não é corrupto ou ladrão é incompetente. O Anjo das Trevas não teria dificuldade nenhuma para administrar a capital dos rondonienses e nem nela morar. A cidade já fede naturalmente a enxofre podre e o calor sempre foi dos infernos mesmo. Mas se tivéssemos entre nós uma Rosa Parks, a situação dos transportes coletivos não seria dessa forma. A cidade que nunca teve saneamento básico, água tratada e esteve no escuro, agora está sem transportes coletivos e com a população carente no sofrimento. No meio da fumaça e da poeira e a pé, agora só falta mesmo a esperada chuva de merda.




*É Professor em Porto Velho.

Nenhum comentário: