quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O Brasil rumo à Idade Média



O Brasil rumo à Idade Média


Professor Nazareno*


Infelizmente sou brasileiro todos sabem, mas não devia ser. Embora tenha a tristeza e o infortúnio de ter nascido em terras tupiniquins, odeio a maioria das coisas deste país chinfrim e atrasado. Tirando a farinha de mandioca, o clima (somente quando chove) e às vezes alguns amigos e parentes, o que sobra não pode ser jogado no lixo em respeito ao monturo e à carniça. O Brasil realmente não é um país sério como teria dito o ex-presidente da França Charles de Gaulle. Não há uma única coisa em que esta nação tenha se destacado internacionalmente. Nunca ganhamos um Prêmio Nobel, um Oscar ou qualquer outra honraria que nos faça sentir orgulho de ter nascido aqui. Até no futebol somos a vergonha mundial e hoje, depois dos 10 X 1, corremos um sério risco de não participar, por incompetência, da próxima Copa do Mundo em 2018 na Rússia.
O nosso sistema de educação, por exemplo, é um dos piores do mundo. Com um turno único, não é nenhuma novidade que amarguemos os piores resultados quando nos comparam com outras nações mais civilizadas. O brasileiro comum, diferente de outros povos do mundo, não valoriza o saber, a ciência, a informação e a leitura de mundo. São mais de 200 milhões de habitantes e a esmagadora maioria vivendo na escuridão da ignorância e da estupidez. Muitos deles mal sabem ler e escrever o próprio nome e sobrevivem às duras penas de migalhas e esmolas que os outros produzem. Falar de Shakespeare, Fernando Pessoa, Michelangelo, Da Vince, Nietzsche, Sartre, Michel Focault, Simone de Beauvoir ou mesmo de Machado de Assis é “jogar pérolas aos porcos”. Quase ninguém vai saber de quem se trata e que contribuição deu à cultura.
No último Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, uma questão falando sobre Simone de Beauvoir quase fez o mundo despencar sobre o país. Uma única questão, num universo de 180, despertou a ira de setores conservadores da política nacional. “O governo está fazendo doutrinação com a prova”, bradaram infantilmente alguns políticos ignorantes. Setores do BBB, Bancada da Bala, Bancada da Bíblia, que juntamente com a Bancada do Boi compõem a maioria do Congresso Nacional, foram os mais inconformados. Não há desgosto maior do que viver num país e ser contemporâneo de Marco Feliciano, Silas Malafaia, Lula, Aécio, Bolsonaro, Eduardo Cunha e tantas outras figuras sinistras. E o pior é que todos eles são eleitos “entra ano e sai ano” por eleitores fanáticos. Tremo só em pensar na volta do “barbudo” em 2018.
Não é possível que os brasileiros sejam tão passivos e acomodados. Será que todos sofremos do Mal de Alzheimer? A nossa água e a comida diária só podem estar contaminadas com Diazepam, Valium, Rivotril ou Lexotan. Corrupção de milhões, acordos espúrios, limitação da ideia de família, retirada dos direitos da mulher, porte de armas para deputados e senadores, diminuição da maioridade penal, projeto que anistia dinheiro ilegal no exterior, impostos altos sem contrapartida social, obras públicas inacabadas, semana de terça a quinta no Congresso, roubalheira sem fim… E ninguém toma nenhuma providência. Ninguém reage. Isso é um país de verdade? Que alegria há em residir e pagar altos impostos numa nação desta qualidade? Para nossa vergonha, o Ministério Público da Suíça disse que se fosse lá, o Eduardo Cunha já estaria preso. José Maria Marin está. E será extraditado para os EUA. Meu Deus! Quero morar na Bolívia.




*É Professor em Porto Velho.

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