quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Uma imunda capital sitiada


Uma imunda capital sitiada

Professor Nazareno*

         Para se chegar a qualquer lugar do mundo usam-se, obviamente, as três opções de transportes disponíveis: mar, terra e ar. E para se chegar à capital dos rondonienses não é diferente. Só que em vez de mar, temos o rio Madeira e consequentemente o porto, que liga esta cidade a Manaus no Amazonas. Infelizmente por aqui, ao se usar estas vias de locomoção depara-se “de cara” com a inoperância do Poder Público. Por terra, o infeliz visitante chega à rodoviária da cidade, um monumento erguido em homenagem à sujeira e à carniça. Antes de chegar ao seu destino final e descer naquelas fétidas instalações, passará pelos viadutos inacabados. Vindo de Cuiabá, Rio Branco ou do interior do Estado pela BR-364, encontrará aqueles monstruosos elefantes brancos nas duas entradas da cidade à espera de um milagre para serem concluídos.
            Se o corajoso aventureiro vier de Humaitá pela BR- 319, encontrará outra obra inacabada, uma majestosa ponte de mais de 300 milhões de reais esticada ao longo do rio e que, a exemplo dos obsoletos e caros viadutos, também não serve absolutamente para nada. Se quiser entrar na cidade, terá de pagar para atravessar numa balsa, logicamente também suja e imunda. O nosso imaginário viajante poderia ter optado e vir de barco pela hidrovia do Madeira. Mas os problemas seriam talvez bem maiores. O Poder Público ainda não organizou o precário, sujo e fedorento porto que dá nome à cidade. Depois da histórica enchente do rio, no início de 2014, as instalações não foram recuperadas e o que se observa naquele inóspito local, é muita escuridão, lama que já virou poeira, matagal, insetos e perigos de todo tipo. Se for de madrugada, piora tudo.
            Vindo de avião, a situação também não é nada animadora para quem vier a esta cidade. Os pouquíssimos e caros voos disponíveis para esta capital são disputados “no tapa” pelos passageiros. Chegando ao aeroporto internacional, que não faz nenhum voo para fora do país, encontrará logo à frente o Espaço Alternativo, outra obra que já tem todos os ingredientes para se tornar mais um dos incontáveis elefantes brancos que “enfeitam e enfeiam” ainda mais a já pútrida e imunda Porto Velho. Há fortes indícios de que esta obra estadual será também paralisada. Esta capital só pode ser amaldiçoada. Os viadutos, uma obra municipal, estão paralisados. O porto do Cai N’Água e a ponte do Madeira, que são obras do Governo Federal, estão parados. Já o Estado não consegue terminar uma das obras estaduais da cidade, o “buchódromo” no Espaço Alternativo.
            Como se vê, em qualquer instância de poder, a inoperância e a incompetência campeiam neste lugar. Municipal, Estadual ou Federal, em qualquer obra a desgraça é a mesma. Parece que o trabalho não prospera por aqui. Nada dá certo. Não há como se chegar à capital de Rondônia e logo não se ver o descaso dos nossos homens públicos e a inutilidade de suas faraônicas e, às vezes, superfaturadas obras. O pior é que quase todos os responsáveis por este caos não se acanham e estão nas ruas pedindo o voto dos trouxas. De agora em diante, para se chegar a Porto Velho e não ver estes vexames públicos e a sacanagem de quem deveria zelar pelo cidadão que paga impostos, só se for por baixo da terra feito tatu ou toupeira. Mas enquanto não chover merda na “terra do tudo”, os políticos darão um jeitinho para incomodar também as telúricas minhocas.




*É Professor em Porto Velho.

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