Edward
Snowden devia vir para Rondônia
Professor Nazareno*
O ex-consultor norte-americano Edward Snowden pediu asilo temporário à Rússia depois de passar quase um mês na área de trânsito de um aeroporto da capital, Moscou. Procurado pelo governo dos Estados Unidos por ter violado segredos de Estado envolvendo casos vergonhosos de espionagem norte-americana a vários países, inclusive o Brasil, Snowden teve o seu passaporte cassado pelo Governo de seu país e se voltar à América pode ser condenado à pena de morte por traição à pátria. Mesmo assim, já recebeu propostas de asilo político da Venezuela, da Nicarágua e da Bolívia, cujo presidente, Evo Morales, teve recentemente seu avião impedido de sobrevoar o espaço aéreo de vários países europeus sob a suspeita de estar com o norte-americano a bordo e causando com isso um frenesi diplomático entre o MERCOSUL, bloco do qual os bolivianos fazem parte, e várias nações europeias.
No
entanto, Edward Snowden deveria receber asilo diplomático do Governo da
Cooperação e voar direito de Moscou para o aeroporto internacional Governador
Jorge Teixeira de Oliveira e fincar definitivamente suas raízes nas terras de
Rondon. A língua não seria obstáculo para ele, nem para nós, afinal já
convivemos com Mangabeira Unger há tanto tempo que nem notaríamos o seu
sotaque. Hábil em desvendar segredos, ele seria muito útil por aqui. O mundo
inteiro ficaria sabendo, por exemplo, por que as tantas operações policiais em
terras karipunas quase sempre dão em nada. É como “enxugar gelo” ao sol.
Os presos de cada uma dessas operações, que jamais ficam mais do que poucos
dias em cana, saem tranquilamente da cadeia, não devolvem um único centavo ao
Erário Público e em alguns casos reassumem postos nos governos e ainda têm amplo
espaço na mídia local para dar aulas de ética e se defenderem “de graça”.
Snowden
diria ao mundo que em Rondônia, também conhecida por Roubônia,
ninguém nunca governou de fato. Entra governo e sai governo e a única
preocupação das autoridades parece ser apenas dilapidar os já esgotados cofres
públicos sem nenhum acanhamento e mesmo tendo Justiça, tribunais, juízes,
desembargadores, OAB, Ministérios Públicos, polícias e toda a parafernália de
uma sociedade dita organizada, a roubalheira e a corrupção não param e já fazem
parte da rotina do lugar, pois pouco tempo depois todos os corruptos estão
soltos, ricos e o pior: rindo da cara do povo, que nada reclama e aceita tudo
tranquilamente. Incrédulo, o mundo talvez perguntasse: por que é tão fácil
roubar em Rondônia? Ele finalmente poderia descobrir o segredo do Prefeito da
capital, que insiste em não trabalhar, mesmo já tendo parado de chover faz uns
dois meses. Como ganhar 21 mil reais de salário mensal e não fazer
absolutamente nada em prol dos sofridos habitantes do lugar? Nem faz, nem dá explicação nenhuma.
Talvez
o espião americano tivesse mais trabalho se bisbilhotasse a papelada da
Assembleia Legislativa do Estado e da Câmara de Vereadores da capital. Provavelmente
o mundo não gostaria de saber o que se passa dentro destas duas casas
legislativas de Roubônia, já que poucas e raras pessoas
aguentariam ver tanta sacanagem e sujeira. Sem surpresas, todos veríamos que a nossa
sociedade vive bem melhor sem estas duas excrescências legislativas. Com
Snowden saberíamos, finalmente, o porquê da briga entre os vários poderes “roubonianos”.
Por que a cada operação, eles “guerreiam” entre si? Porém, quem perde
com esta guerra absurda já se sabe: somos nós, os pagadores de impostos. Enfim,
saberíamos por que parte da imprensa local, mesmo conhecendo o “trabalho”
destes políticos insiste em noticiar diariamente fatos que enaltecem a imagem
deles. Devíamos sair às ruas e pedir a vinda de Edward Snowden para cá. Além de
ele ter um “bom e luxuoso apartamento” para morar de graça, aqui não teríamos
mais tantos segredos. Pelo menos até o próximo ano, quando elegeremos novas e
inocentes “ratazanas” para nos ajudar a comer do nosso queijo. E
esperaremos outras operações.
*É Professor em Porto Velho.
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