Roberto
Sobrinho é inocente
Professor Nazareno*
Fiquei
perplexo quando foi anunciada a prisão do ex-prefeito de Porto Velho, Roberto
Sobrinho. Como seria possível prender o “JK da Amazônia”? Não pode ser,
claro que havia engano: Sobrinho foi o melhor prefeito que esta cidade já teve
em seus quase cem anos de existência. Ainda bem que tudo não passou de um
simples mal entendido que logo foi resolvido pela competência e celeridade da
nossa Justiça. Basta olhar a cidade de Porto Velho para perceber o espanto das
pessoas com esta ação talvez equivocada. Sua limpeza, seu planejamento urbano,
suas limpas e asseadas ruas, a excelente coleta de lixo, a arborização
impecável, o transporte urbano de fazer inveja a Londres ou Paris, a
regularização fundiária e principalmente a nossa iluminação pública atestam e
comprovam que este “eminente líder” foi um administrador que se destacou
dentre todos os que ocuparam o Palácio Tancredo Neves. Todos somos prova disto.
O
petista é inocente. Culpados somos nós, eleitores e munícipes pagadores de uma
das mais altas taxas tributárias do mundo. Culpados somos nós que ficamos
calados e não reclamamos nem nunca protestamos contra a corrupção, roubos,
desmandos, injustiças, falta de saneamento básico, de saúde pública, de
educação de qualidade, mas excesso de violência e outras mazelas sociais. Culpados
somos nós por morar numa das piores cidades do mundo e que ostenta hoje um dos
menores IDH’s dentre as capitais brasileiras. Somos também culpados por ter
contribuído para colocá-lo no poder e também por não ter exigido da Câmara de
Vereadores, na gestão passada, que fiscalizasse de fato todas as ações do
ex-prefeito. Somos culpados por termos sido cúmplices de Roberto Sobrinho e de
sua turma. Além das redes sociais, de que outra forma de protestos participamos
ou lideramos contra o nosso ex-administrador?
Roberto
Sobrinho é muito importante por tudo o que fez para o povo de Porto Velho. Tão
importante que quase chegou a provocar um racha entre o Tribunal de Justiça de
Rondônia e o Ministério Público. Que outro cidadão desta cidade e deste Estado conseguiria
este feito inédito? Além do mais, Sobrinho quebrou um tabu: mostrou que a nossa
Justiça é extremamente rápida e eficaz, já que em menos de 40 horas ele foi
preso e teve o seu Habeas Corpus julgado. A nossa Justiça é o máximo, eu sempre
acreditei nisto. Uma proeza como esta não é para qualquer um ser humano comum
só mesmo para uma personalidade do tamanho e da importância dele. Nossos
políticos são todos homens abençoados por Deus e como o país é sério, não há necessidade
de punir um líder político só por causa de bobagens. Aqui, nem do sumiço dos 27
milhões de reais se fala mais, afinal esse dinheiro não ajudaria em nada mesmo.
Mas
Roberto Sobrinho já é passado. Agora, a discussão é o pastor evangélico Marco
Feliciano, Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados. Um simplório, um bobo da corte, uma espécie de “boi de piranha”
e que foi colocado no lugar certo e na hora certa apenas para fazer declarações
infantis, absurdas e inconsequentes só para desviar a atenção da opinião
pública brasileira com relação aos inúmeros problemas dos políticos ladrões,
dos petistas envolvidos no mensalão, que ainda não foram presos e nem punidos, e
do próprio Renan Calheiros, Presidente do Senado. Todo mundo sabe disso, mas
quase ninguém admite e até aplaude publicamente o religioso de “sábias palavras”.
Por isso, é possível que o ex-prefeito de Porto Velho seja também um inocente,
um injustiçado. E se há dúvida quanto a isso, é só perguntar a um de seus
advogados ou a qualquer militante do PT rondoniense, que terá uma resposta repleta
de justificativas convincentes. No Brasil, tudo é possível.
*É Professor em Porto Velho.
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