Coisas só de Rondônia
Professor Nazareno*
Ouve-se
falar com certa frequência que o Estado de Rondônia, apesar da pujança
verificada no restante do país, estaria vivendo uma crise econômica. Deve ser
mais uma dessas tolices que se inventam para enganar os trouxas. Este Estado
jamais passaria qualquer aperto se usasse adequadamente todas as suas
prerrogativas. Rondônia detém hoje o maior número de excentricidades de que se
tem notícia em todo o território nacional e poderia muito bem exportá-las para
qualquer lugar do mundo e cobrar uma espécie de royalties e assim aumentar o
seu PIB. Realmente, não se conhece hoje, em praticamente nenhuma cidade do país,
um shopping Center que tenha uma enorme madeireira em seu pátio. Porto Velho
não só tem esta excrescência como tem também outro shopping, só que, como a maioria
das construções da capital, ainda está inacabado. Ou seja, somos a única cidade
que temos um shopping e meio.
Porto
Velho é uma das poucas cidades do mundo onde estranhamente “só se trabalha
quando não chove” e como aqui chove quase nove meses ao ano, as autoridades
municipais se gabam disto e dão até entrevistas admitindo a “novidade”.
Deve ser por isso que se tentou fazer uma enorme ponte que não tem serventia
para nada. Sem precisar secar o caudaloso rio Madeira, não é que os
rondonienses conseguiram a proeza de quase terminá-la no tempo previsto? Quase,
pois ainda falta indenizar algumas famílias para a obra finalmente ficar pronta
e não dar mais prejuízos aos porto-velhenses. Gastar mais de 300 milhões de
reais para apenas subsidiar farinha de mandioca e para tirar belas fotos em
cima do excêntrico monumento é algo para quem tem muito dinheiro vadio e
sobrando ou então para fazer inveja aos simplórios e matutos. Como não temos uma
universidade estadual ou bons centros de pesquisa, para quê estrada? Se houver
necessidades de se ter uma no futuro, depois se faz.
Tão
rondoniense quanto o bombom de castanha ou de cupuaçu e a cerveja suja (até que
poderia ser limpa), não há nada mais telúrico para a gente daqui do que os “viadutos
com manilhas”. Know-How de Primeiro Mundo, essas obras que dão acesso à
cidade, são a “menina dos olhos” de quase todo cidadão de Porto Velho.
Há comentários de que engenheiros da União Europeia e da China estariam
interessados nesta mais nova tecnologia que seria exportada para alavancar o
progresso e o desenvolvimento de suas respectivas e atrasadas regiões. Estes
viadutos apresentam um “savoir-faire” que encantou as
autoridades mundiais: próximo de suas frágeis e tortas pilastras de
sustentação, pode-se criar caranguejos e outros tipos de animais da lama, além
de servir perfeitamente para os carros esperarem a abertura dos semáforos que
foram estrategicamente colocados embaixo de cada um deles. É Rondônia e sua
gente ensinando novas tecnologias ao mundo “subdesenvolvido”.
Na
área da política, ninguém tem mais a ensinar ao exterior do que Rondônia. As
lições de como roubar muito dinheiro público e não ser preso, assaltar
cinicamente o Erário, fraudar licitações, desviar verbas, enriquecer
ilicitamente, falir um Estado, zombar da Justiça e dos cidadãos de bem e nada
temer só podem ser ensinadas e aprendidas neste pedaço de Brasil. Um viajante
desavisado talvez não entendesse as peculiaridades que só existem nestas terras.
Aqui, todo final de ano, parte da mídia se confraterniza de forma bisonha com a
classe política numa reedição inédita do mantra bestial “é dando que se
recebe”. Tão comum quanto o “refrigerante no saquinho”, só aqui
temos campos de extermínio de pobres que funcionam como hospital de pronto
socorro, grandes hidrelétricas só para beneficiar os forâneos, OAB que sabe lidar
com precatórios, comunistas milionários, capital sem futebol, mas com uma federação,
ginásio de esportes que funciona como hospedaria, governadores e prefeitos da
capital quase todos eles importados, carnaval sem desfiles, interior com a
supremacia econômica do Estado e mais uma penca de bizarrices e coisas
sinistras que deviam nos trazer notoriedade e uma rendinha extra.
*É Professor em
Porto Velho.
5 comentários:
CARA CADA DIA MAIS ESSE PROFESSOR ME SURPREENDE COM UM ARTIGO MAIS LINDO E NOTÓRIO. SE ESSE CARA NAO FOSSE PROFESSOR NEM SEI O QUE SERIA. NUM ESTADO ONDE ESSES PROFISSIONAIS SAO TAO MAU REMUNERADOS TEM UMA MENTE EXPLENDIDA E DE FACIL ENTENDIMENTO. NOTA DEZ. TENHO CERTEZA QUE SEUS ALUNOS SE SAIRAM MUITO BEM NA REDAÇAO DO ENEN POR ISSO ALUNOS USE E ABUSE DESTA MENTE FANTASTICA. AGORA SRS POLITICOS PREGUIÇOSOS EIS O QUE O PROFESSOR DISSE É O UNICO LUGAR NO BRASIL QUE NAO SE TRABALHA NO INVERNO DEVE SER POR ISSO QUE ESTA CIDADE NUNCA VAI PRA FRENTE ESTÁ SEMPRE ESCULHAMBADA. APRENDAM ESTA LIÇAO OU VAO TER COM AS FORMIGAS SEUS BANDOS DE PREGUIÇOSOS. VOTAMOS EM VOCES FOI PARA TRABALHAREM E GANHAM MUITO BEM PRA ISSO. ENTAO FAÇAM JUS AOS SEUS SALARIOS OU ENTAO PEÇAM PRA SAIR COM VAI FAZER O TITIRICA.
É meu caro professor me parece que somente em Porto Velho, e que tem problemas
Pelo jeito, Rondônia e Porto Velho, principalmente, são um exemplo de tudo o que não se deve fazer quando assunto é política, engenharia urbana e, lamentavelmente, cidadania!
Certo estar o professor.É uma pena que os guardiães da sociedade só trabalham quando alguém entrega as denúncia mastigadinha pra eles.
É "viadutos fantasmas", uma trágica realidade!
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