quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Pontes e viadutos na Amazônia




Pontes e viadutos na Amazônia



Professor Nazareno*


A Amazônia é cortada por uma infinidade de grandes rios, furos, paranás, lagos, igapós, pântanos e igarapés, por isso tem uma necessidade muito grande de ter pontes, viadutos ou mesmo passarelas para superar os seus obstáculos naturais. O problema é que os políticos da região, aliados à burrice crônica de uma população acostumada a não cobrar os seus direitos, não conseguem ou não querem determinar quais são as reais prioridades para a construção destes empreendimentos tão vitais para o progresso amazônico. De Pimenta Bueno, no interior de Rondônia, passando pela capital deste Estado e até em Manaus, a metrópole da região, o que se observa é um festival de desperdícios do dinheiro público com a construção de verdadeiras inutilidades, enormes elefantes-brancos que em absolutamente nada vão ajudar a desenvolver a atrasada região, apenas vão encher, em alguns casos, os bolsos de políticos corruptos.
Em Manaus foi gasta a assombrosa quantia de um bilhão e 100 milhões de reais, ou  seja, quase 600 milhões de dólares no câmbio atual, para construir uma ponte sobre o rio Negro e que ligará a capital amazonense ao simpático vilarejo de Cacau Pirera que tem menos de 3 mil pessoas e pertence ao município de Iranduba. Contados um a um, os habitantes do outro lado do rio não ultrapassam as 100 mil almas e por isso teriam que trabalhar umas três eternidades e umas duzentas gerações para pagar todo o dinheiro investido naquela inútil obra. Manacapuru, distante mais de 100 quilômetros de Manaus e Novo Airão, perdida nos confins amazônicos, além de Iranduba e da vilazinha de Cacau Pirera, do ponto de vista do capitalismo, não justificavam tanto desperdício de dinheiro público. Além do mais, a ponte não tirou Manaus do secular isolamento nacional uma vez que a solução para isso deveria ser pela BR - 319.
Porém, os manauaras adoram esta “benfeitoria” e fazem até questão de mostrá-la aos quatro ventos como sendo algo que trará, não se sabe como, desenvolvimento e riquezas para a sua cidade. Nem se perguntam quanto custou a sua construção. Já em Rondônia, os absurdos e a farra com o dinheiro público são até maiores do que no Amazonas: dos desnecessários viadutos de Pimenta Bueno até a novela dos intermináveis viadutos da capital Porto Velho, que já viraram chacota nacional em programa de televisão, o que se vê é uma homenagem ao absurdo. Os seis viadutos e passagens de nível da capital de Rondônia só serviram até agora para derrotar o PT local nas últimas eleições municipais. Pior mesmo é a ponte sobre o rio Madeira, a que liga o nada a coisa alguma. Trezentos milhões de reais jogados literalmente na água caudalosa do rio fazem desta obra uma homenagem à estupidez humana. Mas o senso comum a aplaude.
Sem a estrada pronta, essa obra é um dos maiores exemplos de desperdício no país. Mas por estar ao lado de uma vitrine de 500 mil admiradores, os políticos deixaram de construir pontes bem mais importantes do ponto de vista estratégico como a de Guajará-Mirim ou mesmo a outra que tiraria o Acre do isolamento. A ponte de Porto Velho além de subsidiar a farinha de mandioca produzida no projeto Joana d’Arc servirá também para muitos incautos levarem suas famílias para tecer loas “a capacidade dos nossos políticos” e fazer fotos. Mesmo com ela, a ligação entre Porto Velho e Manaus sempre dependerá da balsa do Careiro e num Estado que já dá sinais de falência, gastar uma fortuna sem necessidade é fazer-nos de trouxas. Falaram até que ela seria entregue antes do prazo e dentro do orçamento. Duvido: o Brasil não é Primeiro Mundo e a empresa que fizer isto jamais ganhará qualquer licitação. Obras públicas neste país geralmente se confundem com desperdício, roubalheira, superfaturamento, desvios de verba e enganação do público, que paga e aplaude “a generosidade e o trabalho” de suas autoridades.



*É Professor em Porto Velho.

9 comentários:

Zé do Caroço disse...

O professor está coberto de razão quando ilustra as obras que nossos vizinhos conseguem terminar. E olha que muitas são puro UFANISMO de seus políticos. O problema é que o MAU CARATISMO de nossos políticos LOCAIS é tamanho que não podemos supor outra coisa senão que estes se BENEFICIAM com INÚMEROS atrasos, sobrepreços, interrupções das obras. Cadê o Miguel de Souza, Raupp, Marinha e outros menos cotados? Cadê o MP, MPF, TCU? Se esse país já é uma PIADA, então RO é um LIVRO de ANEDOTAS.

Vanessa Costa Silva disse...

É por isso e por outras que nao apoio politicos nenhum a 16 anos votando nulo! a justiça eleitoral so teve prejuiso me dando um titulo de eleitor pois seu uso é pra nada, é o que vele os politicos do brasil. e tao cedo mudo de ideia. nao vou servir mais de escada pra fi duma egua nenhum quem quiser que trabalhe.

Jardas Soares de Souza disse...


A culpa não é dos políticos, mais sim de quem os elege, em Porto Velho foi reeleito praticamente todos os candidatos a reeleição, o nosso representante que foi mais votado ja esta na câmara há 8 anos e nunca fez nada para a população, e a mesmo o reelegeu com Record de votos. O segundo mais votado foi preso 2 vezes na campanha, então a culpa é de quem!!!

Rodrigo Gomes da Silva disse...

Muito impressiona o senhor, ainda pensar que em pleno século XXI temos que cruzar de balsa um rio de menos de 1Km. Eu pelo menos enxergo os 300 milhões em alguma obra muito melhor do que aqueles que eles roubam e ninguém vê.

Acredito também que o senhor nunca tenha cruzado a balsa, e se cruzou não viu nada ou se fez de cego frente a realidade em que o outro lado do rio madeira vive. Um dos pilares do desenvolvimento, é o planejamento, o senhor que se crie uma metrópole do lado esquerdo para aí fazer uma ponte??

Temos realmente que aplaudir que obras como essa terminem, pois é de pessoas que pensam como o senhor que essas pessoas querem. O que falta para o Brasil não é nem nunca foi dinheiro..foi planejamento...então comemore pois pelo alguma coisa fizeram...

DANTE LOPEZ CHAVEZ disse...

sim, sr jornalista, pontes com menos importancia estrategica estão sendo construidas na amazonia, é o mas importante aquele que completara a RODOVIA DO PACIFICO NEM FOI INICIADO,me refero ao ponte sob o rio madeira-abunã que interligara rondonia ao acre e a estrada do pacifico, sem dito ponte nunca se pode dizer que dita obra monumental e costosa , tenha terminado,...nos na região da ponta do abunã, qual apendice de um corpo , que sechama o estado de Rondonia,sempre foimos esquecidos pela autoridades municipais ,estaduais e federais, sempre foimos a periferia em contraposição ao centro do municipio,sempre foimos tratados como isso , um apendice , uma carga administrativa e poitica por decadas, mas nossa região é poderosa porque ya tem um proyeto de INSERÇÃO, e sobre essa estrategia podems dizer que temos 4 fatores e variaveis importantissimas, o fator geografico, historico,economico e antropologico, cada uma de esses pntos merece um comentario aparte. queremos ser o CENTRO tambem , o centro politico e administrativo , por essa razão o motivo principal de nossa luta pela EMANCIPAÇÃO, MAS JUNTO A ESSA LUTA TEMOS UMA DEMANDA HISTORICA QUE É A CONSTRUÇÃO DE ESSA PONTE, QUE SEM DUVIDA TERMINARA POR NOSSO ISOLACIONISMO GEOGRAFICO, E NOS TORNARA PARTE DE UM PROYETO MAYOR DE DESENVOLVIMENTO DE UMA MACRO REGIÃO.

Vanessa Costa Silva disse...

Somos um povo muito acomodados, nao sabemos reclamar nossos direitos. o prefeito disse que em 10 dias passariamos por cima do viaduto da jatuarana e por baixo do trevo. conclamo todos os corajosos para abrirmos a força e liberarmos aquilo por nossa conta. vamos acordar povinho de rondonia é facil falar vamos agir como fazem os paulistas, mineiros, os cariocas e o nordestinos se nos unirmos aquilo vai funcionar. é so marcarmos a data e hora somos quase 500 mil pessoas nós temos a força. vejam quantos caminhoes foram quebrados, carros de universitarios, onibus e até bicicletas neste fim de semana, se nao agirmos aquilo só vai ser liberado no final do ano que vem. querem apostar? com a lentidao que aqueles operarios estao trabalhando! tô dentro! é só aparecer uma liderança politica corajosa pra encabeçar. quem se candidata!

Adriano Alves disse...

Professor eu concordo com vc neste parte, "Obras públicas neste país geralmente se confundem com desperdício, roubalheira, superfaturamento, desvios de verba e enganação do público, que paga e aplaude “a generosidade e o trabalho” de suas autoridades."
Mas eu acho que senhor gosta de pagar balsa??????? Mas falando do ponte do madeira e nossos viadutos, eu tenho que falar para senhor professor isso...vai...vai...vai ti embora carnisa

Frank Amorim disse...

vivemos uma duvida cruel: deixar os milhões a disposição dos políticos usurpadores e mágicos que fazem-no sumir em instantes ou utilizar esses milhões em obras que iniciam mas não tem data pra terminar... complicado hein!

Vanessa Lemos disse...

Pessoal não entende que os textos do Prof. Naza são irônicos kkkkkk. Texto muito bom,aaah também posso dizer que tive o privilégio de atravessar a Ponte Sobre o Rio Negro no começo desse ano(2012). Tirando o restaurante lá do Cacau e a Vila do Paricatuba (e olhe lá), não tem nada até chegar em Manacapuru.