quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Por que Rondônia é o fim do mundo?



Rondônia, o Legislativo e a Mídia


Professor Nazareno*


Rondônia ou Roubônia fica muito perto do fim do mundo. Disso todo mundo já sabe, não é nenhuma novidade. Confundida geralmente com Roraima, outro fim de mundo também pouco conhecido, “a mais nova estrela no azul da União” foi emancipada erroneamente por forâneos no início da década de 1980 do século passado e até hoje coleciona um rol de esquisitices e fatos bizarros que a faz se distinguir da maioria dos outros Estados brasileiros. Não há um único item em que ”a antiga terra karipuna” não seja destaque negativo dentro do cenário nacional. Em qualquer lugar do país, os “feios” habitantes daqui são facilmente reconhecidos por suas características exóticas, seu falar estranho e suas peculiaridades inconfundíveis, mas é no campo da política e da comunicação de massa que esse lugar ganha farto conhecimento nacional.
Com duas horas de atraso em relação ao fuso horário de Brasília, a programação local da televisão é repassada diariamente para os rondonienses depois que o Brasil inteiro já está cansado de saber dos fatos. Dia de jogo no meio da semana é um caos. A bola começa a rolar em Porto Velho só no segundo tempo de qualquer partida e isto com direito a um jornalista de Manaus, quando se trata da TV Rondônia, anunciar o contratempo. São poucas as emissoras que transmitem em Full HD, ainda assim com uma imagem deplorável. Na verdade, não se sabe qual é mesmo a função da televisão neste rincão esquecido: não há nada de grande relevância que seja transmitido de forma correta pelas emissoras locais. De um modo geral, a mídia rondoniana é eivada de notícias tendenciosas. “Informar formando” parece que nunca foi um objetivo claro.
Foi assim quando os rondonienses quiseram mostrar ao restante do país a situação calamitosa do seu “Campo de Extermínio de Pobres”, a última greve da Unir e a recente, mas já conhecida dos habitantes locais, Operação Termópilas para desbaratar mais uma quadrilha formada por alguns Deputados Estaduais, empresários e funcionários que assaltava os cofres públicos usando como base a Assembléia Legislativa do Estado. É incrível, mas as notícias por aqui só se tornam oficiais depois que as emissoras de fora as divulgam. Há até torcida organizada para programas como Fantástico ou o Jornal Nacional da Rede Globo mandarem seus repórteres para cobrir as desgraças locais. A relação de confiança do público com a mídia daqui inexiste totalmente. De fora, parece que só a repórter Eliane Brum da Revista Época é odiada.
Além do mais, a maioria dos jornalistas dos meios de comunicação de Rondônia não tem diploma superior, muitos foram formados em beira de barranco, têm pouca ou nenhuma leitura de mundo e são um desastre quando tentam exercer a primária função de informar o seu público. Aqui há jornalistas de todos os tipos: os que amam hinos, os que defendem o Papai Noel, os que ainda se baseiam na Bíblia para escrever seus textos cheios de erros gramaticais, os que conseguem enxergar cultura telúrica num lugar totalmente aculturado, os que rasgam livros porque têm preguiça de ler e “por aí vai”. Porém o mais inusitado é saber que muitos sites eletrônicos, remando na contramão da História e sujando ainda mais o meio ambiente, estão se transformando em jornais impressos só com o objetivo de arrecadar mais dinheiro, já que a Operação Termópilas pode ter cortado involuntariamente uma de suas únicas fontes de rendimentos.
Se na área da Comunicação Social, as coisas em Rondônia são feitas na base do improviso, da gambiarra, do jeitinho, do faz-de-conta, diferente não poderia ser na política. Aqui existe um Poder Legislativo que dispensa quaisquer comentários. A Câmara de Vereadores de Porto Velho, por exemplo, é uma verdadeira piada. Concorda com tudo o que o Prefeito da cidade, uma espécie de “JK da Amazônia”, determina. O Poder Legislativo municipal é como o próprio PT, Partido dos Trabalhadores: vê inocência em tudo. Já na esfera estadual “o negócio” é mais profissional: nos últimos anos, dificilmente houve uma legislatura que não andasse estampada nas páginas policiais. Porém já ouvi muita gente dizer que a Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia é apenas uma parte de tudo que há de podre neste Estado. Haja carniça e podridão, então. Deve ser por isto que as ruas de Porto Velho fedem tanto. Estamos fritos. De fato, com jornalistas que defendem abertamente a censura, baseiam-se ainda em livros dogmáticos para fundamentar suas teses malucas, ignoram a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a própria Constituição Federal, o que se esperar de uma sociedade como esta? Pensando bem: por que Rondônia não volta a ser Território?






*É Professor em Porto Velho.

9 comentários:

Paulo Ribeiro disse...

Seu Nazareno, antes de escrever bobagens, passe pela mídia nacional, verá que não só este estado está corrompido, mas, toda a nação brasileira. E se você tivesse aplicado na escola o que coloca em seus textos, teríamos um estado melhor.

Jarmenio disse...

Esse Homem mora em rondônia?

Luiz disse...

Caro professor Nazareno. Ácido e bem construído o seu texto, mas o senhor erra ao fazer críticas generalistas a imprensa rondoniense. O senhor coloca em uma mesma vala todos os jornalistas, seria o mesmo que dizer "TODOS OS PROFESSORES SÃO VAGABUNDOS", o que é uma mentira. Em todos os segmentos vamos encontrar bons e maus profissionais. Acho válida a crítica, desde que seja comedida e construtiva e não eivada de raiva, ao que parece de uma alma frustrada, por não conseguir ser jornalista.

Francisco Xavier Gomes disse...

CORRIGINDO:Caro colega, Sempre leio seus textos e até gosto de algumas opiniões expressadas por você, entretanto não podemos hostilizar nosso estado pela ação de meia dúzia de criminosos. Na minha modesta avaliação, a imprensa de Rondônia presta um bom serviço, mas cada rondoniense tem o direito de acreditar naquilo que quer, isso é democrático. Igualmente, temos a obrigação de proporcionar aos nossos alunos uma formação ética e familiar com valores sólidos, para que não se tornem bandidos no futuro.Nem bandidos da imprensa, nem bandidos da educação, nem bandidos da política. Porém, há diversas ideias em seus textos das quais não partilho pela obrigação de ser bem informado, entre elas a condição geográfica. Diferença de horário nada tem a ver com atraso, pois, se assim fosse, diversos países do planeta seriam muito atrasados em relação a outros. A questão é moral ou financeira, meu caro. Eu nem sabia de sua predileção por canais de televisão locais, mas considero isso perda de tempo. Quanto às pessoas que confundem nosso estado com Roraima, os rondonienses não podem pagar pela desinformação de quem não é daqui; não conheço nenhum rondoniense que tenha cometido tal confusão, como também não conheço nenhuma pessoa inteligente que tenha feito isso. Quanto ao fato de voltar a ser território, implicaria ser mandado pelas pessoas que nem sabem onde moramos e que confundem nosso estado com Roraima, por exemplo. Ao propor que voltemos a ser território, meu colega professor sugere, nas entrelinhas, que o pessoal de Brasília é sério o suficiente para cumprir compromissos éticos e morais com nosso povo. Engano, meu nobre colega! O ato criminoso nada tem a ver com o lugar onde as pessoas nascem. Basta ver a biografia dos deputados de Rondônia para constatar que são raros os que nasceram em Rondônia, mas esse argumento não pode ser usado para ferir as pessoas honestas que vivem aqui e que são de outros estados ( e são milhares). No meu caso, sou professor "de barranco", pois tive a honra de nascer às margens do rio Guaporé, um dos maiores espetáculos de beleza e harmonia do planeta. Entretanto, não vejo nenhuma graça em ofender a ancestralidade de quem quer que seja, pois pessoas honradas como Machado de Assis, por exemplo, nasceram nos porões da escravidão. Daí porque, meu ilustre professor, é necessário que façamos um esforço para separar as coisas, sob pena de jogarmos na lama o nome e a honra de pessoas que jamais se meteram em crimes... Tenho dito!!

Julio Camará disse...

Parabens Professor, isso que o senhor está dizendo é o que os homens honestos dessa terra gostaria de dizer.

Eidiane Leite Pereira disse...

Pensando bem: por que Rondônia não volta a ser Território?
Super matéria...

Maria disse...

Rondônia,Estado rico em biodiversidade,Estado próspero,acolhedor,Rondônia é um Estado Abençoado por DEUS,onde tudo que se planta produz em dobro e com ótima qualidade.Sou moradora no Estado há 27 anos,criei meus filhos com dignidade e muito trabalho,sem NUNCA ter recorrido a políticos ou a outro tipo de usurpação,Não sou nascida no estado,nasci em São Paulo e me criei no Estado do Paraná,Dois Estado considerados ricos,mas foi aqui que tive oportunidade de vida próspera e feliz. Agora, fico imaginando como um PROFESSOR E MORADOR do nosso querido Estado tem coragem pra escrever uma matéria medíocre como esta.Caro Professor se você está descontente com o nosso Estado, você é livre pra escolher outros estados do Brasil pra morar,não cuspa no prato que te enche a barriga,seja agradecido a este estado promissor. Fico tranquila e feliz por meus filhos terem estudados e não terem o Senhor como professor,pois com certeza não seriam homens honestos e de bem como são.

Dr. Marcelino M. Rego disse...

Voltar a ser território seria otimo se tivessemos um Teixeirão! Logicamente com plenos poderes para uma faxina total. Caro Nazareno a biografia de chatô virou manual de instrução em todo o Brasil. Aqui em Rondônia quem leu, foi só o resumo. Alguns só o prefácio. Nossa classe politiqueira é hilária mas tem uma voracidade sem tamanho no que deveria ser publico. No quesito diploma, espero que faça alguma diferença, além do analfabetismo funcional. Em paises de primeiro mundo vê-se uma valorização enorme aos autodidatas, mas mesmo lá essa nobre parcela não passa de míseros 2%. A mordaça na emprensa é um pedido dos nobres politicos por que nem todos cala a boca com dinheiro.

Maria Silva disse...

É isso que venho pensando ultimamente, sobre essa imprensa televisiva que nada divulga, nada mostra tudo encobre...os internautas até podem acompanhar um pouco pelos sites...mais e opovo sem acesso a net como fica? o mundo caindo, se desintegrando..e os apresentadores só no sorriso....ah..que mordaça é essa. Vergonha é precisar vir povo de fora pra cobrir matérias que aqui mesmo não tem atitude de fazer...e se fazem é como os asfaltos dessa cidade..só casca de ovo...Parece que somos como o corno que nada sabe, e quando descobre...a vizinhança toda já descobrira.....sensação de impotência e frustração mesmo...af