O Nome do Novo Teatro
Professor Nazareno*
O nome do Estado de Rondônia é uma homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, um mato-grossense, como todos sabem. Treze anos após a criação do Território Federal do Guaporé, de terras desmembradas do Estado do Mato Grosso e do Amazonas, e uma justa lembrança do rio e do belo vale que nos separa do território boliviano, resolveram fazer proselitismo com os forâneos, ainda que no início o sertanista não tenha aceitado o fato, dois anos antes de sua morte deixou-se vencer pela idéia.
A cultura de agradar ao que é de fora, muito comum no “comportamento de vira-latas” do brasileiro, segundo o cineasta Glauber Rocha, também é bastante forte entre os rondonienses. A começar pelo nome da maioria das ruas da nossa capital. A principal avenida do centro de Porto Velho se chama Sete de Setembro, isso é fato. Nenhum problema já que nos consideramos brasileiros mesmo. Mas apenas seis dias depois (13 de Setembro) o nome soaria bem mais familiar para os que viveram a epopéia do Território. Avenidas como a Jatuarana, Calama e Rio Madeira são honrosas exceções.
Já a maioria das outras ruas importantes do centro da capital leva nomes pouco familiares para quem nasceu e vive aqui: Percival Farquar, Campos Sales, Pinheiro Machado, Carlos Gomes, Marechal Deodoro, Almirante Barroso, Duque de Caxias e até a atual Jorge Teixeira, que não pertence mais aos rondonienses, tinha o nome de John Kenedy para homenagear um presidente que nem do Brasil era. O único nome apropriado parece ser o da capital. O porto, que não existe, é velho mesmo. Um barranco sujo, fedorento, mal cuidado e cheio de imundícies dá nome à cidade.
Por isso a construção do teatro pelo Governo do Estado pode estar no centro de uma grande polêmica. Inicialmente o Exército Brasileiro tentou vetar a idéia invadindo o terreno, com tanques e tropas, numa operação patética de quem não tinha e nem tem o que fazer. E este teatro deve ter um nome, claro. A prefeitura de Roberto Sobrinho incrivelmente inovou nesta área e batizou de “Banzeiros” o teatro Municipal. Por que não colocar o nome de Ivo Cassol? Ou então o nome (desconhecido para muitos) do General da 17ª Brigada de Infantaria e Selva? Guerreiros da cultura, ora.
O que não pode acontecer é fazer o que fizeram com o Ginásio de Esportes (?) Cláudio Coutinho (que certamente confundia Rondônia com Roraima e nunca veio aqui). Seria óbvio que o nome do novo teatro refletisse um pouco da nossa realidade, do nosso cotidiano, da nossa fauna ou da nossa riquíssima flora. Devemos ficar alerta, pois os rondonienses encenam a Semana Santa em pleno mês de junho contrariando assim o calendário ocidental, além de importar nomes exóticos para os seus festejos e arraiais como o ‘Flor do Cacto’ e o famosíssimo e polêmico ‘Flor do Maracujá’.
*É professor
5 comentários:
Que tal ELIANE BRUM?
Notou?
Eu ri do comentário acima.
Eu Não ;.
Aiai, como de costume, a peça teatral "O Homem de Nazaré" é sempre realizada no feriado de Corpus Christi.Em junho msm!
"sacou"? ah tah!
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