Uma
Porto Velho sem fumaça?
Professor
Nazareno*
Estive
ausente de Porto Velho durante quase três meses deste ano. Entre o começo de
julho e o final de setembro, estive fora daqui. Não quis “pagar para ver”
a repetição do Armagedon que se instalou em terras karipunas naquele verão de
2024 com toneladas de fumaça tóxica e fuligem. Por conta das queimadas, quase
fui à lona com rinite alérgica, sinusite, bronquite, taquicardia e alguns outros
males. Fiquei na cidade de São Paulo, na Argentina, em Curitiba no Paraná, em
Santos, Praia Grande e em outras cidades mais civilizadas, limpas e
aconchegantes quando o assunto é o respeito ao meio ambiente, ao clima e ao
alto IDH. Parece que gastei dinheiro à toa, pois pela primeira vez na História,
a pior capital do país para se viver não registou um só dia de fumaceira nem de
fogo no que ainda resta de floresta. Ventos de modernidade sopraram na “Capital
da Seboseira”?
Mesmo
vivendo na comodidade de tantos lugares incomuns e muito agradáveis, acompanhei
de perto a situação vivida neste fim de mundo rondoniano. “Professor, os
céus de Porto Velho neste verão de 2025 continuam fazendo justiça ao triste,
feio, hipócrita e horroroso hino do Estado” é o que diziam os meus
interlocutores. Voltei imediatamente para constatar essa grande e surreal
surpresa ambiental. Os rondonienses estão preservando a floresta amazônica por
vontade própria e por conscientização ecológica? Não é possível! Bastou eu sair
só uns dias daqui para que essa gente destruidora de meio ambiente tomasse
juízo? Porto Velho e Rondônia serão, de agora em diante, lugares bons para se
viver? Quem será o responsável ou os responsáveis por este avanço pouco
esperado nesta currutela fedida e imunda? Léo Moraes já disse que foi ele.
Mas
é obvio que não foi. Todo mundo sabe que essa fumaça que sempre nos castigou é
estadual e até nacional. O prefeito fala muito. Só não dá um pio sobre a
questão do saneamento básico e da água tratada da cidade que ele administra.
Segundo o Instituto Trata Brasil continuamos no último lugar no Brasil em
saneamento básico dentre as cidades com mais de cem mil moradores. Por isso, a
tarefa do prefeito Léo é hercúlea para transformar Porto Velho em uma Maringá,
Curitiba, Londrina ou até mesmo numa Foz do Iguaçu. Estive semana passada em
Maringá, interior do Paraná, que é a melhor cidade do Brasil para se viver. A
cidade paranaense tem quase o mesmo número de habitantes de Porto Velho, é bem
mais nova (tem só 78 anos contra os 111 anos daqui) é muito arborizada e tem um
IDH de fazer inveja às melhores cidades do Primeiro Mundo.
Mas
se não foi o Léo Moraes que acabou com a fumaça de Porto Velho só pode ter sido
os deputados federais e os senadores de Rondônia. Isso sem falar nos probos,
honestos, competentes e trabalhadores vereadores da capital. Sim, pois sendo
quase todos eles bolsonaristas, conservadores, reacionários e também da
extrema-direita é claro que estão preocupados com o meio ambiente e com dias
melhores para os seus coitados eleitores. E até São Pedro tem ajudado nestes
dias, pois as chuvas já estão chegando em setembro quando o normal seria
outubro. Claro que o único problema da “Capital de Roraima” não é
só a fumaça. O “açougue” João Paulo Segundo, por exemplo, continua
envergonhando os políticos. Isso se eles tivessem vergonha, né? Assim como a
falta de mobilidade urbana e a violência social. E eu só continuo a morar por
aqui se tiver fumaça. Eu até gostava de ver aquelas dragas de garimpo “matando”
o Madeira. Céu azul cansa!
*Foi Professor em Porto
Velho.
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