domingo, 29 de junho de 2025

O Congresso é culpa do eleitor


O Congresso é culpa do eleitor

 

Professor Nazareno*

 

            O Congresso Nacional do Brasil é, óbvio, o Poder Legislativo e é composto por 513 deputados federais e pelos 81 senadores da República. Esse poder existe também nas 27 unidades federativas, com as Assembleias Legislativas e em cada um dos municípios, as Câmaras de Vereadores. Quase todos seus integrantes, nas três esferas, são eleitos pelo voto popular a cada quatro anos. É um Poder muito importante nos regimes democráticos, pois além de criar leis ajuda também na fiscalização dos outros dois poderes. O Poder Legislativo é uma espécie de intermediário entre o povo e os seus governantes. Só que, no Brasil, via de regra, acredita-se que esse Poder está totalmente de costas para esse povo que ele diz representar. De um modo geral, esses legisladores, que foram eleitos pelo voto de cada eleitor, tomam as suas decisões sem levar em consideração os anseios populares.

            Fala-se abertamente que em todas as esferas de poder, infelizmente, a esmagadora maioria desses parlamentares está a serviço deles próprios, da elite econômica, dos ricos e poderosos e também dos grupos empresariais dessa mesma elite nacional. São eles, de certa forma, que mantêm a estrutura de poder baseada nos privilégios dos mais ricos e endinheirados. Praticamente toda a produção de riquezas do país caminha somente para os mais privilegiados, enquanto os mais pobres e necessitados padecem quase sem nenhuma assistência do Estado. Geralmente quando esses legisladores estão do mesmo lado do chefe do Poder Executivo, a “roubalheira” é devidamente consentida e repartida entres eles. Mas quando estão em lados opostos, quase todas as votações do Legislativo são para afrontar e para boicotar o Poder Executivo e não para aprovar as suas propostas.

            Tudo isso é basicamente o que está acontecendo atualmente no Brasil. O atual Congresso Nacional, eleito democraticamente nas últimas eleições, é quase todo ele da extrema-direita e por isso, está contra o governo petista de Lula. Ao votar pela derrubada de alguns vetos do presidente, esse Congresso legisla em causa própria e contra a maioria do povo que o elegeu. Se a conta de energia elétrica vai aumentar, por exemplo, nos próximos 40 anos no país, beneficiando assim parte da elite rica que é proprietária de pequenas centrais hidrelétricas, a culpa é totalmente do Congresso Nacional. O veto à anistia de pagamento do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais é outro ataque direto aos mais pobres e despossuídos. Mas a dispensa do pagamento de mais IOF para quem ganha acima de cinquenta mil reais por mês vai beneficiar os ricos ainda mais.

            De certa forma, o Congresso Nacional do Brasil legisla contra o povo pobre, miserável e ignorante que o elegeu. E pior: se estivesse mesmo preocupado com o aumento de impostos e com os gastos do governo que ele tanto critica, a Câmara dos Deputados não teria aumentado do nada o atual número de deputados federais de 513 para 531 aumentando dessa forma os gastos anuais, segundo a própria Câmara Legislativa, em quase 65 milhões de reais. E essa farra com o dinheiro do eleitor pobre geralmente é verificada também nas assembleias legislativas estaduais bem como nas câmaras de vereadores. E de quem é a culpa por tudo isso? Ora, do próprio eleitor que, primeiro elege essa gente para lhe representar, e depois não fiscaliza absolutamente nada. Por isso, a síndrome da Casa Grande & Senzala da sociedade brasileira nunca vai ser vencida. O infeliz do eleitor deveria pesquisar mais sobre as “tranqueiras” que elege em cada eleição.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


domingo, 22 de junho de 2025

E Israel “ama” Jesus Cristo!

E Israel “ama” Jesus Cristo!

 

Professor Nazareno*

 

            O Estado de Israel, criado em 1948 pela ONU, é um país de ampla maioria formada por judeus. Penalizados na época com o massacre do Holocausto perpetrado pelos nazistas, a maioria dos países vencedores da Segunda Guerra Mundial resolveu, com a ajuda do Brasil, “empurrar de goela abaixo” ao restante do mundo a criação do Estado judeu numa terra que, embora “prometida” a eles por Deus, estava há mais de dois mil anos sendo habitada por palestinos. E não precisa seguir nenhuma religião para saber o óbvio: foram eles, os judeus, há mais de dois mil anos que prenderam, torturaram e depois crucificam Jesus Cristo. Os judeus só toleram, porém nunca reconheceram e nem reconhecem Cristo como sendo filho de Deus. Hoje, mais de 70% dos israelenses são judeus. Uns 18% são muçulmanos e bem menos de 2% são cristãos na “terra de Cristo”.

Mas, como via de regra, quem tem uma religião geralmente segue somente os seus líderes sem se importar com a verdadeira história da sua própria fé, muitos cristãos brasileiros tecem loas a Israel, como na Marcha para Jesus, sem perceber que Israel moderno nada tem a ver com aquele Israel da Bíblia. A nação dos judeus hoje é um Estado fantoche criado e financiado pelos interesses das potências ocidentais para tomar de conta do petróleo produzido em partes do Oriente Médio. Na última reunião do G-7, por exemplo, os países participantes foram unânimes em afirmar, mais uma vez, que na atual guerra entre Irã e Israel os judeus têm todo o direito de se defender. Não observaram, no entanto, que foi Israel quem atacou primeiro. Logo, são os iranianos que têm esse direito, uma vez que foram atacados na surdina e sem que tenha havido uma declaração de guerra.

Portanto, ao se enrolar em uma bandeira sionista, como fazem muitos dos bolsonaristas evangélicos, pode ser uma burrice sem tamanho. É o desconhecimento total da história das religiões. O sujeito “mata e morre” defendendo Jesus Cristo a vida inteira e, quando pode, homenageia publicamente e sem conhecimentos, aqueles que no passado mataram o Messias que é motivo maior de sua crença. Realidade: apesar de Israel ser signatário da Agência Internacional de Energia Atômica nunca assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear, o TNP. Por isso, fala-se que esse país possui entre 70 e 300 ogivas nucleares. Apesar de os judeus não permitirem nenhuma inspeção em seu programa nuclear, já determinaram que o Irã não pode ter uma só bomba atômica. Ao contrário, os iranianos, que foram atacados agora, são signatários da AIEA e também assinaram o TNP.

Aplaudir Israel e seus símbolos é compactuar com as atrocidades do atual governo sionista contra todo o povo palestino. Milhares de velhos, crianças e mulheres, todos desarmados, estão sendo submetidos às mesmas monstruosidades que Hitler impôs aos próprios judeus durante o Holocausto com o silêncio e a complacência das grandes potências mundiais. Israel, claro, se defende dessa desumanidade que está praticando na Faixa de Gaza dizendo que “quem não o apoia” é antissemita. Parece até que ao atacar o Irã, o governo israelense desvia a atenção do mundo para a perversidade que está fazendo com os palestinos em Gaza. Por tudo isso, o governo brasileiro devia rever as relações diplomáticas com Israel, mesmo sabendo que não são os judeus, de um modo geral, que estão levando o mundo para uma possível Terceira Guerra, mas o governo de extrema-direita de Netanyahu. Enquanto isso, os bolsonaristas põem é mais lenha na fogueira!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 14 de junho de 2025

Rondônia e Paraíba na guerra

Rondônia e Paraíba na guerra

 

Professor Nazareno*

 

            A guerra explode de vez no Oriente Médio. Sem nenhuma declaração formal, o governo sionista de Israel, ajudado pelos Estados Unidos, ataca o Irã na surdina e joga aquela região à beira de um conflito regional. Diante dessa agressão sem precedentes dos judeus, todo o mundo civilizado também corre perigo, pois dependendo do envolvimento de potências estrangeiras, a situação pode piorar e ficar fora de controle. Mas nem tudo está perdido. Duas províncias do Brasil, Rondônia e Paraíba, têm seus representantes em solo judeu e podem ser o fator decisivo neste conflito. Marcos Rocha, o todo poderoso governador rondoniense e Cícero Lucena, o viajado prefeito de João Pessoa, já estavam no Oriente Médio quando Israel começou com mais esta guerra. Com estes dois cidadãos lá, o mundo pode respirar bem mais tranquilo: não precisará, por enquanto, de diplomatas.

            Parece até que Israel já sabia do trunfo que tem em mãos com estes dois brasileiros “fora-de-série” em sua nação. Na diplomacia, por exemplo, ninguém consegue vencer facilmente estes dois grandes políticos. E os judeus devem saber disto. Podem, se quiser, usá-los para convencer os aiatolás iranianos a desistirem de ter uma bomba atômica. Uma tarefa simples! Lucena transformou do nada João Pessoa na Meca do turismo mundial e revolucionou a sociedade pessoense em todos os aspectos. A capital da Paraíba desbanca hoje qualquer cidade do primeiro mundo em mobilidade urbana, praias higiênicas, educação dos vendedores e limpeza de suas lavadas e asseadas ruas. “Hoje praticamente não se veem mais pessoas pedindo esmolas nas ruas de Jampa”, é o comentário dos milhões de felizes turistas que vão todos os anos para as belas praias do litoral paraibano.

            João Pessoa é hoje uma cidade sem problemas e sem nenhum conflito. Na “Capital das Acácias” não existem mais pessoas pobres. Quase todo mundo ali é rico e próspero. E tudo isso, graças à capacidade criativa e diplomática de Cícero Lucena, que, se for chamado, pode também revolucionar todo o Oriente Médio. Com sua verve, ele tranquilamente vai unir todos os judeus, cristãos e muçulmanos numa aura de pureza, de fraternidade, de bem-aventurança e de paz. Já Marcos Rocha é um guerreiro em todos os sentidos. Forte, corajoso, destemido e também diplomático, o governador de Rondônia pode, se for chamado, emprestar as suas boas qualidades para mediar este conflito e dar tranquilidade a todo aquele povo sofrido. Pelos seus relevantes trabalhos prestados e pela sua importância, Rocha e Lucena já deviam ter sido indicados a um Prêmio Nobel da Paz.

            Se Lucena revolucionou João Pessoa com a sua inteligência e capacidade, Marcos Rocha não fica atrás em Rondônia. Aqui ele criou o “Built to Suit” e a partir disso, dinamizou o conceito de hospital de pronto-socorro no Brasil e também no mundo. Rocha faz uma administração ímpar em Rondônia. Amado por todos, ele não governa, mas é como se governasse. Resolver conflitos é com ele mesmo. E já resolveu muitos aqui. O seu governo é um “antro” de paz, de harmonia, de tranquilidade e de prosperidade. “Foi Rocha que fez Porto Velho ser esse paraíso de coelhinhos saltitantes e de borboletas azuis”. Toda a sua experiência pode ser usada pelos israelenses para apaziguar aquela nação. E dependendo do curso da guerra, os judeus podem até entregar Marcos Rocha e Cícero Lucena ao Irã, num possível acordo de paz, para que os eminentes brasileiros possam também ajudar os aiatolás nas suas dificuldades. Só que sentiremos a falta deles.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Ser maluco: tudo é normal?

Ser maluco: tudo é normal?


Professor Nazareno*

 

Sou pobre e nasci numa família de pessoas pobres neste país rico, muito rico. Sou ligado à Igreja evangélica e tenho muito conhecimento atual de política, que adquiri lendo postagens no Facebook e também na internet. Sempre votei na direita e na extrema-direita e não vejo nenhum problema nisso. Fico possesso da vida quando alguns comunistas dizem que houve uma ditadura militar no Brasil. Acampei durante dois meses em frente aos quartéis do Exército pedindo por uma intervenção militar para salvar o Brasil do comunismo e de todos os esquerdistas. Participei ativamente do levante patriótico do oito de janeiro de 2023 e acho que só não fui preso pela “ditadura da toga” porque não apareci em nenhuma foto nem em nenhum vídeo. Saí da Esplanada antes da chegada da polícia. Meu celular estava com problemas e assim não fiz nenhuma foto nem nenhuma filmagem.

Eu não sou maluco, não!  Nunca peguei Covid-19, pois isso não existe! Nunca me vacinei, mas tomei cloroquina aos montes e também ozônio no rabo até dizer chega. Amo os Estados Unidos e também o seu amado presidente, Donald Trump. Jair Bolsonaro é o meu herói. Foi o melhor presidente que o nosso país já teve em seus pouco mais de 525 anos de História. Sou de Porto Velho, Roraima, e aqui votei duas vezes no coronel Marcos Rocha para o bem deste Estado. Tenho certeza de que no terceiro mandato ele construiria o tão propalado “Built to Suit” para o povo pobre daqui. Rondônia é um lugar abençoado na política, pois aqui não há esquerda. E é uma pena que não tenha o terceiro mandato para governador. Votaria nele de novo! “Aqui, até candidato eleito do PT vota a favor de Netanyahu e pela anistia total aos desmatadores de reservas ambientais do Estado”.

Todas as escolas públicas daqui deveriam ser escolas cívico-militares. Não existe no mundo nenhum outro tipo de educação que seja tão eficaz e voltado à disciplina como a que tem em todos esses estabelecimentos de ensino. Deus, Pátria e Família é um lema inteligente, otimista, progressista e que deveria guiar todas as boas pessoas e instituições. Candidatos esquerdistas, socialistas, comunistas e da esquerda em geral deveriam ser proibidos de concorrer às eleições. Durante o que chamam de período da ditadura militar no Brasil, nenhum esquerdista participava do governo e por isso era tudo mais tranquilo e normal. Não havia violência, não havia corrupção, o povo era feliz e a lei e a justiça estavam em todas os lares e pessoas. Naquela época, por exemplo, nenhum artista ou comediante poderia fazer os seus shows sem que não tivesse a permissão das autoridades.

Viver hoje no Brasil com esse pessoal de esquerda governando é muito ruim. Não se pode mais chamar um prefeito, governador ou presidente da República de ladrão. “Se disser isso, tem primeiro que provar”, dizem. Por isso que eu sou da direita. Por isso que eu coloco meu celular na cabeça para fazer contato com extraterrestres e também rezo para pneus. Naquela época, a mídia era perfeita e não se vendia a nenhum candidato, a nenhuma autoridade nem a nenhum governo de plantão. E só publicava verdades. Como pode o meu ídolo maior dizer que eu sou um maluco? Isso me revolta muito! Em Rondônia, fome não havia como há hoje. E o rio Madeira tinha porto, não estava garroteado e ainda existia muita mata virgem por aqui. O que será que o Raul Seixas quis dizer quando profetizou certa vez que “preferia ser maluco num mundo onde os normais faziam armas, bombas, mísseis e foguetes para matarem crianças, velhos e mulheres?”.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Saudades da Escola João Bento

Saudades da Escola João Bento

 

Professor Nazareno*

 

            Dos 66 anos que tenho hoje, mais de quarenta e cinco deles eu trabalhei como professor. Do interior da Paraíba, Estado onde nasci, passando por João Pessoa, a capital, até Calama no baixo Madeira passando por Porto Velho, onde me aposentei, tentei repassar meus conhecimentos para ajudar na formação das futuras gerações. Fui não só professor em sala de aula, mas também diretor, supervisor escolar e muitas vezes também aluno, já que aprendia muita coisa todo dia com os meus próprios pupilos. Foram muitas escolas por onde passei, porém a que me deixou mais saudades, sem nenhuma dúvida, foi a Escola JBC, João Bento da Costa, situada na zona sul de Porto Velho. Juntamente com um grupo de professores, nós fundamos ali, no início do ano 2002, o Projeto Terceirão na escola pública. Trabalhei no JBC até o ano de 2019, quando pedi a minha aposentadoria.

            Liderados pelo professor Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, e que mais tarde viria a ser Secretário de Educação de Rondônia, esse grupo de educadores queria mostrar, e até conseguiu em partes, que uma escola pública poderia aprovar tantos alunos ou até mais do que em uma escola particular. Entenda-se: aprovar estudantes para qualquer universidade pública ou privada do Brasil. Inicialmente esse grupo de professores era liderado pelo grande professor Walfredo Tadeu de História, José de Arimatéia Dantas de Geografia e eu, Professor Nazareno, ministrando Gramática e também Redação. Com o passar do tempo, vários outros mestres de renome estadual, se juntaram ao grupo para dar continuidade ao grandioso trabalho do JBC, que todo ano aprovava centenas de alunos para a UNIR e também para várias outras universidades espalhadas pelo país. Só sucesso!

            Professor Carlos Moreira, de Literatura, Professor Neyzinho de Matemática, Professora Heloísa de Gramática e de Redação, Professor Rodrigues de Física, Professora Soniamar também de Redação, Professora Russi de Biologia, Professor Décio de Física, a Professora Lady de Espanhol, Professor Fábio Xisto e Professora Doralice de Inglês, Professora Mônica de Química, Professor Roberto também de Química e muitos, mas muitos outros grandes professores e grandes mestres que conseguiram, com muito denodo, competência, determinação e garra provar que “quando se quer” a coisa pública pode dar certo. Como se esquecer dos aulões na Ulbra, na FIMCA, na FATEC e na São Lucas? Muitas vezes 600 ou 700 alunos do João Bento eufóricos, cantando e aprendendo? E como esquecer os aulões com os grandes Sílvio Predis, Rômulo Bolivar e Saulo Boni?

            Hoje, já encostado e em fim de carreira, sinto muita saudade daquela maravilhosa escola. “A Escola João Bento da Costa é a Rondônia que dá certo”, eu sempre dizia cheio de otimismo e de alegria. E dava certo mesmo! E a nossa briga era grande: concorríamos com o poderoso Classe A e com o Colégio Objetivo, ambos particulares, quase de igual para igual. Como não se lembrar da aluna Gabriele Veiga, a primeira que passou para Medicina em uma Universidade pública saindo direto de uma escola também pública? Como não lembrar os vários alunos que saíram do João Bento da Costa para cursar Medicina, Engenharia, Letras, Enfermagem, Ciências Contábeis, Economia, Artes, Biologia, Direito e muitos outros cursos superiores tanto em universidades particulares como também em públicas? Só no ano de 2015, por exemplo, eu corrigi, contadas, 15.756 redações de meus alunos. Eu sempre digo que o Terceirão do JBC é o meu terceiro filho.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Rondônia Rural Show: riqueza?


Rondônia Rural Show: riqueza?

 

Professor Nazareno*

 

A Rondônia Rural Show Internacional, realizada em Ji-Paraná, interior do Estado, rendeu em 2025 mais de 5,1 bilhões de reais em negócios. Muitas autoridades estaduais, como o governador Marcos Rocha e seus secretários estão com o sorriso atrás das orelhas. O otimismo com o agronegócio rondoniense encanta a todos e dá uma falsa sensação de que a bonança e a prosperidade são fatos rotineiros neste distante e incivilizado pedaço de Brasil. A Rondônia Rural Show é geralmente vista como um evento de grande sucesso, reconhecido por impulsionar a economia rondoniense, promover o agronegócio e conectar produtores, expositores e investidores. A feira é considerada um ponto de encontro para a troca de conhecimentos, de negócios e também inovação no setor. E quase meio milhão de pessoas foram prestigiar os eventos.

Em Rondônia, principalmente em sua suja e fedida capital, fala-se à boca miúda que essa “feira agropecuária” é uma plataforma de negócios que não só impulsiona a economia da região como também mostra inovação nas atividades rurais. “É Rondônia tendo reconhecimentos nacional e internacional”, falam os mais otimistas. Só que ninguém percebe que Rondônia é apenas mais uma minúscula célula de decadência e atraso na já caótica realidade nacional. A produção de riquezas por aqui equivale a apenas 0,7 por cento do PIB do Brasil. Pobreza e miséria são constantes num dos estados mais caóticos do país. A devastação ambiental se tornou rotina todos os anos na época do verão amazônico. O ano passado, a natureza estadual pagou caro com tanto fogo e queimadas, já que o agronegócio não poupou nem as frágeis reservas ambientais.

Em 2025, as previsões de devastação ambiental em Rondônia e, por conseguinte, em toda a Amazônia Legal são assustadoras. Possivelmente a partir de julho próximo o fogo, sempre capitaneado pelo agronegócio assassino, é que dará as cartas na região. Então, produzir tantas commodities para quê? A fome, a violência, a pobreza e a miséria caminham lado a lado com as grandes plantações e assim castigam muitos rondonienses como na lendária música de Geraldo Vandré. Porto Velho, a capital do Estado, é um caos só. A cidade foi classificada na semana passada pela CNN como a pior dentre as 27 capitais para se viver. A cidade não tem IDH, não tem saneamento básico, não tem água tratada e também não tem sequer um hospital de pronto-socorro decente para atender aos seus sofridos habitantes. E Rondônia sofre com o descaso dos seus políticos.

Então, para onde vai tanto dinheiro da Rondônia Rural Show se não é investido um único centavo na melhoria da população carente desse Estado? Parece que toda essa grana sequer é gasta nas nossas cidades. Em Porto Velho, por exemplo, o comércio local está praticamente falido e o que mais se veem são lojas fechadas e muitos prédios para se alugar. A pior capital do Brasil para se viver já virou sinônimo de terra arrasada faz tempo e ninguém faz absolutamente nada para melhorar. A cidade, que tinha quase 600 mil habitantes há alguns anos, hoje não chega sequer a 500 mil moradores. Muita gente foi embora daqui à procura de novas oportunidades e de qualidade de vida. Mas a classe política continua otimista e já pensando em sua eleição e também reeleição no próximo ano. Não adianta vê a mídia endeusando essas “feiras matutas” se parte do dinheiro não ficar aqui. Então, vamos à Rondônia Rural Show Internacional em 2027?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.