A
direita sempre mandou!
Professor
Nazareno*
O
Brasil tem 525 anos de existência, ou seja, mais de meio milênio. E em todo
este período, sempre foi governado majoritariamente por pessoas que tinham a
ideologia da direita e da extrema-direita. Somente em três ocasiões foi
governado pela esquerda. João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff foram os únicos presidentes progressistas do país. Assim, é normal se
dizer que a sociedade brasileira, bem como todo o Brasil de hoje é consequência
direta dos governos que teve ao longo de sua história. João Goulart sofreu um
golpe de Estado em 1964. Sem maiores delongas, os militares o depuseram e
passaram 21 anos no poder. Dilma sofreu outro golpe em 2016. O seu
vice-presidente, o golpista Michel Temer inventou umas “pedaladas fiscais”
e tomou-lhe a presidência. Já o Lula, apesar de não ter sofrido nenhum golpe, já
esteve preso duas vezes.
Nos
525 anos do Brasil, a esquerda esteve no poder até agora por menos de 20 anos,
enquanto a direita e a extrema-direita reacionárias e golpistas mandaram
durante longos 505 anos. Ou seja, a direita governou mais de 96,2
por cento do tempo, enquanto a esquerda governou os outros 3,8
por cento. O Brasil sempre foi um país rico, pujante e próspero e há mais de
meio século desponta entre as dez maiores potências econômicas do mundo. Só que
ainda hoje tem algo em torno de mais 25 milhões de seus cidadãos vivendo abaixo
da linha da pobreza, na miséria absoluta, passando fome mesmo. Temos o oitavo
PIB da Terra e uma das maiores desigualdades sociais do planeta. Por isso, a
gestão do país, seja ela de direita, seja de esquerda, tem que atacar primeiro
os vários problemas sociais que há. A polarização política que se vê hoje em
dia só aumenta o caos.
O
eleitor brasileiro não aguenta mais os políticos usarem os seus mandatos para
ficarem brigando e discutindo sobre quem é melhor ou sobre quem é pior.
Enquanto a estéril discussão política e ideológica ganha força por todos os
recantos do país, os reais problemas do povo não são discutidos. Na semana
passada, por exemplo, uma vereadora de Porto Velho, a eterna capital de
Roraima, deu uma entrevista dizendo que não houve ditadura militar no Brasil. E
ela deve ter achado que “lacrou” com esta informação mais
do que bisonha, absurda e mentirosa. Poderia, em vez de discutir ideologias
políticas, propor emendas e projetos para tirar esta capital do lodaçal em que
sempre viveu. Porto Velho é a capital mais suja e imunda do Brasil. Aqui não existe
porto no rio Madeira, não há saneamento básico, não há arborização, não temos
IDH e também não há água tratada.
Um
vereador de um lugar tão decadente, incivilizado e atrasado como este, tinha
que trabalhar mais sério, usar o seu mandato em benefício de todos os moradores
e tentar pelo menos ajudar o prefeito a resolver os inúmeros problemas da
cidade. Aliás, em toda a sua triste história, Porto Velho só teve um único
prefeito de esquerda, que praticamente foi cassado no final do seu bom mandato,
enquanto todos os outros foram da direita e da extrema-direita. Assim como
também o Estado de Rondônia. Quem sempre mandou por aqui foram os coronéis,
nomeados na capital do país, e também vários empresários ricos e poderosos. Dessa
forma, Rondônia é talvez o Estado mais bolsonarista e mais direitista e
reacionário que há. Por isso, copia a triste realidade do resto do Brasil: com
uma grande população de pobres e de miseráveis, praticamente só vota e elege sempre
os candidatos de classes mais abastadas. Com direita ou esquerda, fome, miséria
e estupidez continuam.
*Foi Professor em Porto
Velho.
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