Bashir
Al-Hussein, o pior prefeito
Professor
Nazareno*
A
Síria, atrasado e violento país do Oriente Médio, sempre viveu dias muito
conturbados. Com mais de 25 milhões de habitantes, a maioria muçulmanos, a
tosca nação sempre esteve avessa à democracia na política. Com quase 95 por
cento de pobres e miseráveis em sua população, a Síria sempre foi um lugar a
ser evitado pelos turistas do mundo. Mas um recente caso chamou muito a atenção
das agências internacionais. Trata-se da cidade de Deir ez-Zor, que fica
às margens de um grande rio, o Eufrates. Lá, o atual prefeito, Bashir
Al-Hussein, que já está há oito anos no poder, vai deixar o cargo proximamente.
Bashir, assim como todos os outros mais de cinquenta administradores que a irrelevante
cidade já teve, nunca fez nada que marcasse sua administração, mas diz
cinicamente aos quatro cantos da Síria que deixará o poder com quase 100% de
aceitação.
Quase
todo mundo em Deir ez-Zor sabe que isso é mentira, mas fingem acreditar
para que assim possa se justificar o cargo comissionado que teve na última administração.
Como pode um prefeito ter 88 por cento de aprovação popular e não consegue
sequer fazer a sua sucessora? Só em Deir ez-Zor mesmo. A cidade, uma das
piores de todo o país em infraestrutura, sempre viveu dias tenebrosos. Nem
porto ela tem. O rio Eufrates, que deu origem ao insólito lugar, até que
recebeu um pequeno porto rampeado de uma hidrelétrica da região, mas a
administração local fez pouco caso e há mais de três anos tudo ali está
abandonado e enferrujando. Pior: Bashir é talvez o pior administrador que Deir
teve, mas já pensando em ser governador da província, ele tenta colocar na
cabeça dos tolos e iletrados habitantes do lugar que é um verdadeiro Deus em
gestão municipal.
No
inverno rigoroso da região, as ruas ficam todas alagadas, cheias de sujeiras e
imundícies. Não há esgotos, não há água tratada e nem saneamento básico na
cidade e no verão é só fumaça tóxica das queimadas, mas mesmo assim o prefeito
e os seus seguidores insistem em divulgar que têm quase a total aceitação do
povo. Obras grandiosas também não existem em Deir ez-Zor. Foi feita
apenas uma rua, que é toda torta e sinuosa, lá pelas imediações do aeroporto. A
rigor, essa rua não serve para nada. O iludido prefeito se orgulha de ter
asfaltado quase toda a cidade. Mas só asfalto mesmo, sem nenhuma rede de
esgotos. O eleitor percebeu e desaprovou. Até a nova rodoviária da cidade, que seria
a marca dessa administração e foi toda feita com dinheiro público, sequer foi
inaugurada. A única rua arborizada e bem próxima ao quartel da polícia local
foi totalmente devastada.
O
prefeito que está saindo na verdade deu uma espécie de golpe em 2016 nos
incautos e semianalfabetos eleitores: disse que ia cuidar, beijar e acariciar a
cidade. E muitos acreditaram na mentira. E na saída está dando quase o mesmo
golpe. Ilude a mídia local dando-lhe festas só para ter as suas lorotas
divulgadas e diz que a cidade subiu de nível em 2024. Outra mentira deslavada!
Na verdade, em toda a história Deir nunca foi a pior cidade da Síria
para se viver. Ganhava de uma ou outra cidade. Isso só aconteceu de fato nesses
últimos anos. Com a queda do governo federal e a chegada do HTS ao poder,
espera-se que as coisas possam também mudar às margens do rio Eufrates. O futuro
prefeito, da mesma mentalidade política do atual, promete “mundos e fundos”
para o pobre, miserável e sofrido povo de Deir ez-Zor. Enquanto isso,
magistrados, generais e a classe política continua com altos salários. Já o povão
passa dificuldades. Vai mudar algo?
*Foi Professor em Porto
Velho.
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