quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Ponte inútil e sem nome

Ponte inútil e sem nome

 

Professor Nazareno*

 

            Rondônia tem uma ponte sobre o rio Madeira em Porto Velho. A rigor, esta obra faraônica, que custou uma fortuna do pobre contribuinte, não serve para absolutamente nada. A única “serventia” visível é que na capital dos rondonienses, por causa da suntuosa e desnecessária obra, aumentou o número de suicídios. E como não existe estrada do outro lado, sua função é muito próxima de zero. A caríssima ponte até agora sequer serviu para subsidiar a farinha de mandioca, comida típica da região, que se produz do outro lado do rio. É um elefante branco sem utilidade ou préstimo. Ficou escura por seis anos e hoje quase não é mais visitada. Nem para fazer “fotinhas” para postar nas redes sociais os porto-velhenses a usam mais. A ponte de Porto Velho, além de ser uma homenagem ao desperdício de dinheiro público, nada trouxe de benefícios.

            O desajeitado trambolho custou na época pelo menos 310 milhões de reais. Quase 140 milhões de dólares na cotação de então. Dinheiro mais do que suficiente para vacinar toda a população do Estado de Rondônia contra o Coronavírus. E ainda teria sobrado muito dinheiro para terem criado, por exemplo, uma faculdade de Medicina estadual com pelo menos 200 vagas por ano. Nossos jovens em vez de serem médicos, ficam deslumbrados olhando aquela porcaria inútil. “O pôr do sol visto da ponte é algo incrível” falam muitos idiotas que não sabem para que servem os recursos públicos. Se não existe estrada que liga Porto Velho a Manaus, então a ponte continua sendo desnecessária. Pior, a geringonça ainda não tem nome. Newton Navarro é a ponte que liga Natal às dunas da cidade. Já a famosa ponte de Lisboa tem nome: Vasco da Gama.

 Ponte Hercílio Luz em Florianópolis. Apesar de ter sido um ditador cruel, genocida e sanguinário, Artur da Costa e Silva empresta seu nome à Rio-Niterói, a mais famosa dentre as pontes do Brasil. Ponte Golden Gate nos Estados Unidos. Toda ponte do Brasil e também do mundo tem um nome. Podíamos batizar a daqui de ponte deputado Múcio Athayde. O “Homem do Chapéu” para quem não sabe foi um deputado federal por Rondônia. Um dos mais votados na História deste Estado. Outros nomes também bastante sugestivos seriam o do deputado José Eurípedes Clemente, o Lebrão ou mesmo o de Geraldo da Rondônia. São políticos exemplares, figuras ímpares e que representam muito bem este Estado. Se tivesse a oportunidade, eu colocaria outro nome: ponte Rafinha Bastos. Foi esse humorista que definiu muito bem o que é Rondônia.

Porém, nomes rondonianos não faltariam na lista: Carlos Ghosn, Maurício Bustani ou mesmo o “Deus” de Rondônia, coronel Jorge Teixeira. E até mesmo ponte Presidente Jair Bolsonaro. Sim, o “Bozo” goza de grande popularidade entre a matutada, os reacionários e muitos dos “pseudo” jornalistas de Rondônia. Já pensou também ponte governador Marcos Rocha ou ponte prefeito Hildon Chaves? Acho que combinaria, já que os dois pouco ou nada fizeram de útil até agora por Porto Velho nem por Rondônia. Porto-velhenses e manauaras, com a mesma mentalidade beiradeira, gastaram horrores para fazer pontes inúteis e eleitoreiras. Em Manaus, torraram um bilhão e 300 milhões de reais para fazer uma ponte que não tira a cidade do isolamento com o resto do país. O ideal mesmo era mandar implodir essa porcaria, já que não serve para nada. Enquanto não sair a BR-319, que selará o fim da Amazônia, é tolice fazer essas pontes fantasmas.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

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