terça-feira, 21 de maio de 2019

Vinicius Miguel, a nova onda?


Vinicius Miguel, a nova onda?


Professor Nazareno*

            Eu não conheço pessoalmente o professor da Unir Vinicius Valentin Raduan Miguel. Mas admito que votei nele nas últimas eleições para governador de Rondônia quando o mesmo obteve a astronômica marca de mais de 110 mil votos dos porto-velhenses. Confesso até que pedi votos para ele e surfei na onda “Maria vai com as outras”. Não queria que Expedito Junior governasse este Estado. Muito menos que um desconhecido coronel, admirador de Bolsonaro, chegasse à frente na contagem de votos. Quando esse professor goiano nasceu, eu já tinha pelo menos cinco anos de militância dando aulas pelos interiores rondonianos, mais precisamente em Calama. Votei nele por se tratar de um mestre de excelente qualidade, ser jovem com propostas firmes e coerentes, vontade de vencer e também por que sua plataforma estava mais à esquerda.
            Parece que Vinicius no próximo ano será candidato a prefeito de Porto Velho. Posso até votar nele de novo e sem medo. Mas confesso que me incomoda o fato de faltando tanto tempo para as eleições, ele já aparecer como uma das únicas propostas viáveis para administrar a eterna “capital de Roraima”. Porto Velho sempre foi uma cidade imunda, podre, fedorenta, sem eira nem beira. Continua, segundo o Instituto Trata Brasil, sendo a pior dentre as capitais do Brasil para se viver. Aqui nunca teve nenhuma qualidade de vida. A “currutela fedida” é uma cidade amaldiçoada e suja, uma curva de rio, um “cu de mundo” mesmo. Não tem nem três por cento de esgotos e nem água tratada. O IDH desta latrina urbana é pior do que as cidades da Eritreia, do Sudão do Sul ou da Somália. Somos o suprassumo da merda e a tendência é piorar mais ainda.
            Colocar um jovem talentoso e cheio de boas ideias como Vinicius Miguel para administrar este “puteiro sem a madame” é condená-lo ao ostracismo político antes do tempo. É queimar etapas desnecessariamente. É gastar uma liderança promissora à toa. Se eu pudesse e o conhecesse o suficiente, diria para ele desistir do rabo de foguete em que está prestes a se meter. Hildon Chaves, o atual prefeito, apesar de cheio de boas intenções, não conseguiu amar, acariciar nem beijar o “lodaçal” que é a urbe. Roberto Sobrinho, o “JK da Amazônia”, se queimou muito rápido quando foi prefeito daqui e terminou seu mandato preso. Já Mauro Nazif sequer foi para o segundo turno quando nos administrou e quase encerra precocemente a sua carreira política. Quase todos eles se queimaram e muitos se arrependem até hoje de ter administrado os porto-velhenses.
            Será que se eleito, Vinicius Miguel vai mandar médico para Calama? A vilazinha do baixo Madeira está há muito tempo sem um profissional da saúde para atender seus moradores. O abandono de Calama e de outros distritos é “normal” numa administração totalmente perdida e sem rumo. As aulas na zona rural do município viraram uma zona mesmo. E quase ninguém da cidade se incomoda com os alunos do interior, que estão sem aulas normais até hoje. Não há transporte escolar rural decente e nem há perspectivas de melhoras. Na área urbana, não há transporte coletivo, não existe uma rodoviária decente, a escuridão é normal, a violência é rotina e o lixo campeia. “Porco Velho” nunca fedeu tanto como agora. Eu mesmo não gostaria de ser prefeito de uma porcaria de cidade como esta. Vinicius Miguel é uma pessoa do bem e não combina com merda, lixo, lodo, carniça, tapurus, escuridão, desprezo e total abandono.




*É Professor em Porto Velho.

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