quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Loucos conduzem cegos


Loucos conduzem cegos

Professor Nazareno*

            A tragédia teatral Rei Lear de Shakespeare produzida há mais de quatro séculos está de volta à realidade. Nela, um rei louco comanda todo um povo que está cego pelas circunstâncias e falta de conhecimentos. O Brasil, guardadas as devidas proporções, está também vivendo esta tragédia bem ao pé da letra. O governo de Jair Bolsonaro retrata perfeitamente a obra de Shakespeare. O “rei” daqui pode até não ser louco, mas antes e durante a campanha eleitoral falou tantas barbaridades e loucuras que muitas pessoas diziam que ele realmente “não tinha juízo”. Bolsonaro zombou dos quilombolas, atacou os homossexuais, ridicularizou a mulher, desrespeitou os direitos humanos, fez chacotas com esquerdistas, falou mal de todos e se portou como um verdadeiro doido. Porém, muito pior do que a postura deprimente dele foi a escolha dos seus ministros.
            Pelo menos dois assessores do atual governo nos dão a impressão de que realmente estamos vivendo em séculos passados. Damares Alves, já apelidada de “Doidamares”, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é uma figura ímpar neste governo. A pastora evangélica é motivo de piadas e chacotas toda vez que faz uma declaração. Ricardo Pérez Rodríguez, colombiano de nascimento e que ainda se expressa com um forte sotaque castelhano, completa a sinistra lista de ministros “desmiolados” do governo do “Mito”. Mas ainda há outros assessores do Bolsonaro que não deixam quaisquer dúvidas de que são pessoas “sem o menor juízo e totalmente sem preparo suficiente” para estarem assumindo postos tão importantes no governo de um país. A real impressão que se tem é que “um desequilibrado” se juntou a outros loucos.
            A ministra “Doidamares” iniciou suas loucuras dizendo ter visto Jesus Cristo em cima de um pé de goiaba. Foi chacota nacional. Virou piada nas redes sociais e os brasileiros “mais sensatos” quase lhe comem o fígado. Mas ela não parou por aí. Depois afirmou em rede nacional que “de agora em diante, os meninos vestem azul e as meninas vestem rosa”. Foi novamente massacrada, teve que pedir publicamente desculpas e voltou atrás nas suas declarações alucinadas. Já o ministro colombiano, que afirma ser patriota com o país dos outros, não fica atrás da insana ministra. Determinou recentemente que se deve cantar o Hino Nacional nas escolas de todo o país. E foi além com a sua demência explícita: “todas as crianças devem ser filmadas cantando”. Foi achincalhado publicamente, voltou atrás na sua decisão e pediu desculpas públicas.
            Os mais de 57 milhões de cidadãos brasileiros, “cegos” e desprovidos de conhecimentos mínimos e que votaram nessa gente conduzindo-a ao poder maior no país não merecem ser governados dessa maneira absurda e surreal. O Brasil, apesar de já terem dito não ser um país sério, não merece essa gente desmiolada lhe governando. É um “volta atrás com pedidos de desculpas” jamais visto na nossa História. Os “Bolsominions” estão em polvorosa e muitos já não têm mais onde botar a cara de tanta vergonha. O Brasil não tem sorte mesmo: tirou os ladrões petistas do poder por meio de um golpe constitucional e na sequência colocou outros ladrões comandados por Temer e sua gente e agora, achando que tinha resolvido seus problemas, tem que conviver com lunáticos varridos no governo. O povo, na sua ignorância eterna, de nada desconfia e crê que está sendo bem conduzido. Pena: Shakespeare e o mundo continuam rindo de nós.




*É Professor em Porto Velho.

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