domingo, 18 de novembro de 2018

Seremos monitorados?


Seremos monitorados?


Professor Nazareno*

            Já deve ser o sinal dos novos tempos. Eu o Professor Nazareno começo a desconfiar de que “forças estranhas e reacionárias” estão querendo monitorar os cidadãos. O “Estimado Líder” ainda nem tomou posse e parece que a “caça às bruxas” já está em vigor. Não sei com que razão e objetivo. Também não sei de onde partem as ordens para espionar jornalistas e professores. Inicialmente pensei que fosse aquela deputada do PSL eleita recentemente em Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo, ou até mesmo o ex-ator pornô Alexandre Frota, eleito deputado federal por São Paulo. Pode ser também algum “amigo” meu, professor de História, que votou no “Mito” e agora se acha no direito de chafurdar a vida alheia. Ou quem sabe até alguém de Porto Velho mesmo, do meio jornalístico, que se alimenta do ódio pelo PT e pelas esquerdas.
            O problema é que apesar do voto no Haddad, não somos da esquerda. Na verdade nunca fomos. E nem da direita, do centro, de baixo, de cima, de fora ou de dentro. Será que é por que nas minhas aulas lá no colégio João Bento da Costa eu ensino alguns meninos a pensar? Reconheço que certa vez eu falei para eles: “a cadela do fascismo está no cio, meninos! Por isso, é preciso deter o avanço desta doutrina em nossa sociedade”.  Pedi-lhes que assistisse ao filme “A onda” de Christian Becker e também lhes disse que era preciso ler de Karl Marx a Antonio Gramsci passando por Machado e por Nietzsche. “Leiam todos os autores”. E de qualquer tendência política ou social. “Isso lhes fará bem e lhes dará muita leitura de mundo”. Mas tenham muito cuidado a partir de agora: a besta do fascismo ri à toa e relincha de alegria e satisfação.
            O “Estimado Líder” não é tão perigoso quanto a maioria de seus seguidores. Ele tem pouca leitura de mundo e só sabe repetir feito papagaio que a esquerda tem que acabar e que o Comunismo deve ser extinto da face da terra. Não entende que num mundo globalizado é preciso abrir mercados em detrimento da questão ideológica. Suas absurdas declarações já têm causado prejuízos gigantescos para o Brasil antes mesmo de ele tomar posse. Sua desastrada fala criou problemas com Cuba, Noruega, países árabes, MERCOSUL e China. Parece até que ele não tem uma boa assessoria para lhe advertir que deve permanecer com a boca fechada. “Só fale o que sabe, senhor presidente!”. E como ele quase nada sabe, o silêncio será a sua melhor política externa. Transferir a embaixada do Brasil de Telavive em Israel para Jerusalém é algo ridículo e esdrúxulo.
            Muitos dos 57 milhões de eleitores do “Mito” veem nele a oportunidade de colocar na ordem do dia em nossa frágil sociedade alguns temas já extintos como repressão, perseguição a “militantes subversivos”, extinção de direitos adquiridos e supremacia do conservadorismo. Tomara que não voltem os DOI-CODI e a tortura a oposicionistas. Os reacionários de plantão não veem também a hora de adotarem a pena de morte, reduzir a maioridade penal para oito ou 10 anos, extinguir totalmente os direitos humanos, romper relações diplomáticas com países considerados de esquerda, censurar toda e qualquer publicação da mídia e controlar a arte, teatro, cinema e sites da internet. A felicidade de muitos desses eleitores está em transformar a escola em um lugar vigiado onde só se podem ensinar os valores da direita. O mundo mudou e quem perdeu o bonde da História corre o risco de repeti-la. “Mas ela só se repete como farsa”.




*É Professor em Porto Velho.

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