quinta-feira, 8 de novembro de 2018

A Praça dos Horrores


A Praça dos Horrores


Professor Nazareno*
           
            
             Porto Velho, a fedorenta e suja capital de Roraima, sempre foi uma cidade podre, desorganizada e feia. Muito feia mesmo. É um lugar inóspito e difícil de viver. Nada tem de atrativo, nem sequer um prédio ou mesmo algo natural que lhe dê um visual “mais ou menos”. Quase não tem praças, não tem recantos de lazer, não tem áreas verdes e apesar de estar no meio da maior floresta tropical do planeta, também não tem árvores. Pontilhada de lixo e sujeiras por todos os lados, a “velha prostituta abandonada” tem sido nesses poucos mais de cem anos de existência, um laboratório para as pessoas de fora que sempre lhe administraram. Desta vez, a atual administração da cidade, aquela que disse que beijaria, acariciaria e amaria sem tréguas a “currutela fedida”, tentou fazer o que chama de praça, porém a tentativa fracassou mais uma vez.
            O insólito lugar escolhido para a presepada foi a confluência das ruas Amazonas com Nações Unidas no bairro Nossa Senhora das Graças. Uma espécie de “Praça dos Seringueiros” ou apenas uma homenagem aos seringueiros da região deveria ser construída naquela localidade. Só que o tiro saiu pela culatra. Colocaram estranhamente ali um boneco muito mal feito, todo desengonçado, em cima de um tosco pedestal, com o corpo maior do que as pernas, portando uma poronga na cabeça e ao lado de um “calango” medonho. Quando vi aquela sinistra coisa, pensei que se tratava da estátua do Jeca Tatu em homenagem aos matutos de Porto Velho. Aquilo não é uma obra de arte de jeito nenhum. É um trambolho feio e repugnante, só que combina com a feiura da maioria dos habitantes da “capital da fedentina”. Parece um triste espantalho de roçado.
            Só espero que não se tenha usado dinheiro público para bancar aquela horrenda coisa. A “praça” não tem uma só muda de seringueira para dar mais ênfase ao lúgubre “monumento”. Alguns bancos feios, tortos e sem graça tentam inutilmente dar melhor aparência ao lugar. O triste boneco com aspecto de “papangu” segura um tronco de pau seco e está lá a assombrar crianças indefesas e pessoas desavisadas. Coisas de Porto Velho e de Rondônia mesmo. Já não bastam as horrorosas pinturas que fizeram nos feios, sujos e desajeitados viadutos? Embora muitos chamem aqueles tristes grafites de arte, em nada melhorou a “fisionomia de catacumba” daqueles elevados, que para nada servem até hoje. Tenho medo de ir à noite ver aquela coisa funesta e apavorante, pois acho que também está escura feito breu, como os viadutos e a ponte do rio Madeira.
            A capital dos “destemidos pioneiros” não tem jeito mesmo. É uma cidade feia, nojenta e desarrumada que terá de conviver eternamente com esta sina de carniça e podridão. Vão agora gastar mais alguns milhões para embelezar a “Praça da Bosta” lá na Estrada de Ferro como se fosse possível transformar feiura em beleza de uma hora para outra. Como a “Praça do Papangu”, em pouco tempo estará também cheia de lixo, garrafas pet, merda e toda a sorte de sujeira jogada pelo chão. Com a eleição de mais um Coronel para governar o Estado, espera-se que o novo governador pelo menos olhe um pouco para a cidade onde mora com a sua família e lhe dê uma feição de capital. Pagar impostos caríssimos para ver jogarem fora, como sempre se fez em Porto Velho, nos dá uma tristeza sem tamanho. Que alegria há de se morar num lugar considerado como o pior do Brasil em saneamento básico e água tratada? E agora com o Jeca Tatu.




*É Professor em Porto Velho.

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