quinta-feira, 26 de abril de 2018

Um banco para Rondônia



Um banco para Rondônia


Professor Nazareno*

            O jovem e atrasado Estado de Rondônia não tem banco. Mas já teve: era o Beron, Banco do Estado de Rondônia. Porém, muitos dizem que não era um banco de verdade, “assim como o fusca não era um carro”. O referido banco teve pouco tempo de existência. Mas nesse curto período foi dilapidado pela classe política do Estado. Muitos se beneficiaram do dinheiro fácil daquela instituição financeira. E vivem muito bem até hoje. Na década de 90 do século passado e em plena época do Neoliberalismo do PSDB e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a ordem era liquidar de vez aquele agente público. Por isso, tudo do Estado fora “doado” aos empresários. Foi nessa mesma época que o ex-governador José Bianco demitiu cerca de dez mil servidores públicos causando dessa maneira uma das maiores crises socioeconômicas por aqui.
            O Beron não sobreviveu, mas o Estado de Rondônia, a duras penas, continua sobrevivendo infelizmente até hoje. Dizem que foi apenas um político o repensável pela liquidação do “caixa dos políticos”. Ledo engano. Foram muitos oportunistas que arruinaram o ex-banco. E pior: até hoje a dívida com a União continua sendo paga e por isso, depois de quase duas décadas permanece nos dando prejuízos. Muitos dos seus ex-funcionários ainda brigam na Justiça para receber compensações trabalhistas e indenizações. Rondônia é um Estado muito rico, mas de uma gente pobre. E a culpa é toda dos políticos. Como pode um Estado situado entre dois biomas reconhecidos no mundo inteiro, o Cerrado e a Amazônia, e dono de uma das mais ricas biodiversidades do planeta ter tantos problemas como Rondônia? E por que os políticos nada fazem?
Como pode haver pobreza e miséria em um Estado que tem um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil? Fala-se em mais de 12 milhões de cabeças de gado. Aqui não há seca, como em muitos Estados nordestinos. Não há desastres naturais como terremotos, geadas ou nevascas. Não temos vulcões, mas temos a Assembleia Legislativa do Estado e em Porto Velho temos a Câmara de Vereadores. Além disso, nossos políticos são talvez os piores do Brasil. A nossa população é muito pequena e a extensão territorial é enorme. Somos maiores do que o Reino Unido. Não fosse a maldita classe política, talvez estivéssemos melhor. Este Estado precisa de um banco. Que tal ROBAN, o Rondônia Banco? Bem diferente do velho Beron, na nova instituição somente aqueles mais pobres e necessitados teriam direito às benesses.
Rondônia não tem banco, Porto Velho, que é uma capital, não tem porto decente, não tem saneamento básico, água tratada nem mobilidade urbana, as estradas daqui não são duplicadas, o curso de Medicina na única universidade pública não tem hospital universitário, o aeroporto internacional da capital não faz um voo sequer para fora do Brasil, a ponte que liga o “nada a coisa alguma” não tem iluminação, a rodoviária da capital se parece um pocilga, nossa educação é sofrível em todos os aspectos, a saúde pública padece diariamente com o seu “açougue” problemático, somos talvez o único Estado do Brasil em que não há universidade estadual, os nossos três senadores estão enrolados com a Justiça e a maioria dos políticos reza para se reeleger a fim de se livrar dos seus processos. Porém com todas essas mazelas, o povo estranhamente é feliz e todo final de tarde vai ao Espaço Alternativo fazer “fotinhas” para postar no Facebook.




*É Professor em Porto Velho.

Nenhum comentário: