Rondônia, uma sociedade
doente
Professor Nazareno*
Em momento algum se deve defender
um psicopata, drogado, que mata a própria mãe a socos e pontapés ou outro que
estupra uma pobre e inocente criança indefesa. E realmente não foi o que
aconteceu recentemente em Porto Velho em dois casos muito parecidos na sua essência de brutalidade e monstruosidade. O povo e
grande parte da sociedade doente em que vivemos tentaram fazer justiça com as
próprias mãos, revelando mais um caso de insanidade tão bruta e cruel quanto à
ação dos assassinos frios e inescrupulosos. Todos os criminosos devem ser
punidos e pagar pelos seus crimes hediondos. Os doentes são eles, não nós. Eles
devem ser punidos, julgados, condenados, mas tudo dentro da lei, dentro da
legalidade, dentro da civilidade. Mas o que a maioria das pessoas defende é o
senso comum, a barbaridade pela barbaridade, a brutalidade, a violência, a
estupidez, a morte por um Estado onde não há, na sua Constituição, a pena
capital, o Estado sem lei, a barbárie, a justiça com as próprias mãos. Se não
há leis para serem cumpridas para que valem os códigos e tratados, então? Ao
defender a insensatez, enfraquecemos as leis e o próprio Estado e isto é muito
ruim para toda a sociedade.
Muitos
dizem que matariam estes indivíduos. Qualquer um de nós faria isto, somos
humanos. Tudo bem (ou mal), mas não deixemos que o Estado seja também um
assassino. O Estado deve ser um ente acima de todos nós. A lei deve estar acima
de todos nós. Quem está doente é quem também defende a excrescência, a ausência
do Estado, uma terra sem leis e essa doença pode ser verificada na sociedade
como um todo. Se mato um criminoso, em que me transformo? Se estupro um
estuprador, o que serei eu depois? A nossa sociedade está doente e quase
ninguém percebe. E doentes são os indivíduos que fizeram isto. Não podemos
descer ao nível de um doente, de um psicopata, de um animal monstruoso como
eles sob o risco de sermos iguais a eles. Na parábola da mulher adúltera,
Cristo, há dois mil anos, resumiu muito bem tudo isto: “quem não tem nenhum
pecado, que atire a primeira pedra.” Não, não vou levar psicopatas para dentro
da minha casa como muitos imbecis vão argumentar, mas também não quero
convivendo comigo pessoas que se dizem sensatas e defendem abertamente o
assassinato ou o estupro como formas de punição adequada. Estes são tão danosos
à sociedade quanto aqueles.
DEVEMOS
TODOS, NOS COMPADECER, SIM, DA POBRE CRIANCINHA INOCENTE E DA MÃE QUE MORREU
PELAS MÃOS DE UM FILHO LOUCO E DESNATURADO E REZAR PARA QUE O ESTADO PUNA NA
FORMA DA LEI ESTES CIDADÃOS. O resto é hipocrisia,
oportunismo barato e falta de bom senso. Será que as pessoas são tão bobinhas a
ponto de achar que nos países onde existe a pena de morte, os psicopatas como
estes deixaram de existir? Pena de morte não resolve problema de violência,
nunca resolveu e as pessoas deviam saber disto. O Estado não vai matá-los, nem
importuná-los por que não há amparo legal para isso. Mesmo que um monte de
tolos e desinformados queira. Apenas vai aplicar a lei que o caso requer. E
como somos alienados, não exigimos uma legislação mais adequada para a nossa
doente sociedade. E estamos muito doentes enquanto sociedade, esta é a verdade.
Assistimos passivamente ao roubo instituído em todas as esferas do Poder
Público no Brasil e em Rondônia e nada fazemos. A exceção virou regra. Salve-se
quem puder! Os valores morais estão esquecidos, mortos. É cada um por si e o
diabo por todos. Deus está fora disso!
A
Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada em 1948 não para prestar contas
sobre o passado nazista de parcela da humanidade, mas para evitar desrespeitos
no futuro da própria humanidade. Será então que a ONU está errada? A OEA está
errada? Todas as organizações supranacionais, leis, tratados, declarações,
códigos, constituições, acordos, conferências, autoridades, Estados, propostas,
consulados e embaixadas estão todos errados? Só o senso comum, e meia dúzia de
alienados estão certos? Por que será que o mundo se reuniu na Declaração de
Genebra? Será que nada disso tem valor, somente o senso comum e a estupidez da
vingança pela vingança é que devem prevalecer? Quando as pessoas agem em bandos como animais
irracionais, estão querendo de forma legítima ter mais segurança, mas não é
isso que lhes dará mais segurança. Todos estão errados, equivocados. Isso só
enfraquece a lei e o próprio Estado e depois quando precisarmos deles para nos
defender, não seremos atendidos, pois eles já estão fragilizados. Nós, muitas
vezes com as nossas atitudes insanas, os fragilizamos sem perceber. Muitas
vezes a própria mídia, na busca pela audiência exacerbada, incentiva o absurdo.
No Bairro Tucumanzal em Porto Velho, vi homens e mulheres armados de paus e
pedras tentando linchar um cidadão que matou a própria mãe. Paus e pedras, com
estas armas e estas atitudes, não estamos muito próximos da espécie “Australopitecus
portovelhenses”?
*É
Professor em Porto Velho.
Um comentário:
"Australopitecus portovelhenses", ri demais!
Faz um texto sobre o fracasso do Brasil nos esportes olímpicos, no geral, em Londres. Não precisa detalhar as modalidades, só comentar sobre a falta de incentivo ao esporte, nossa péssima estrutura esportiva(física principalmente), em todos os aspectos. Também o fiasco que sera Rio2016.
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