Festas Juninas e Quadrilhas
Professor Nazareno*
Mês de junho e no Brasil inteiro as festas típicas do momento se espalham. Em Campina Grande no interior da Paraíba tem-se “o maior São João do mundo” que rivaliza com as festas de Caruaru, interior de Pernambuco. A maioria das cidades brasileiras das regiões Norte e Nordeste, principalmente, festeja com muita alegria esse mês dedicado às “festas matutas”. Coincidindo com a colheita do milho verde em muitos lugares, é muito comum esta iguaria (gororoba) estar presente no meio dos brincantes na forma de muitas comidas típicas. Em Porto Velho, por exemplo, temos inúmeros arraiais. Muitas repartições públicas, escolas, associações de bairros dentre outras instituições costumam fazer o seu “arraiá” para arrecadar algum dinheiro ou simplesmente fazer uma confraternização entre os seus funcionários, clientes, fornecedores ou mesmo alunos, professores e comunidade no caso das escolas.
Geralmente
o que mais chama a atenção nestas brincadeiras é a indumentária usada pela
maioria dos participantes. Procura-se imitar o jeito matuto de falar, a roupa
usada pelas pessoas mais simples da roça, o dente estragado e outras
características dos moradores da zona rural. Uma tolice, um pleonasmo até fazer
isso numa cidade como Porto Velho. Aqui nunca nos vestimos bem e a nossa roupa
sempre se pareceu com roupa de matuto mesmo. Nunca tivemos o dom de Milão, a
capital da moda mundial. Dentes estragados, podres e careados é o que não falta
na nossa feia e pobre população. Uma voltinha em qualquer das ruas mais
movimentadas e percebe-se com bastante nitidez por que os festejos juninos não
diferem muito de outros festejos quando o assunto é moda e elegância da nossa
gente. Vestir-se bem num calor infernal de mais de 40 graus é desperdício de
estilo, bom gosto e dinheiro.
No
entanto, o ponto forte destes festejos são as quadrilhas. Em Porto Velho existem
muitas quadrilhas. Não há uma única repartição pública que não tenha vontade de
ter a sua. E muitas já a têm. Teríamos a quadrilha da Prefeitura Municipal de
Porto Velho, a quadrilha da Assembléia Legislativa do Estado, a quadrilha do
DETRAN, quadrilha nas escolas e até quadrilha nos hospitais e clínicas médicas
da cidade. Dizem que até o Sintero, o Sindicato dos Professores, já formou
também a sua quadrilha. Para um porto-velhense seria uma alegria muito grande brincar
o São João numa dessas quadrilhas. Muitas crianças e até pessoas mais velhas
sonham um dia estar dançando e pulando no meio de uma. A quadrilha da
Prefeitura de Porto Velho seria a mais importante. Ela seria muito sofisticada.
Todos os anos ensaiando novos passos seria difícil até de ser imitada. Hoje, ninguém
conseguiria concorrer com ela. Seus brincantes são experientes, espertos,
escolhidos a dedo e por isso muito profissionais.
A Assembléia Legislativa
do Estado já teve uma quadrilha muito boa no passado e que foi reconhecida no
Brasil inteiro, mas hoje “não chegaria
nem perto” do que a quadrilha da Prefeitura pode fazer. Muita gente
experiente no assunto diz que o sucesso do Prefeito e de seus brincantes pode
estar muito perto do fim e creditam este enorme desempenho aos novos passos que
parecem ser milimetricamente ensaiados dia a dia. O “passo da Marquise”, por exemplo, é muito forte e característico de
quem conhece os fatos. Incrível, mas os brincantes da Prefeitura nunca vão se
enrolar. O profissionalismo nestas ações encanta a todos. Porém, o que mais
chamaria a atenção nas investidas da quadrilha da Prefeitura seria o “passo dos viadutos”. Dizem até que
muitas autoridades de Brasília ajudariam nos ensaios. É delírio total. É o
passo em que a cidade inteira dança. Principalmente os contribuintes que têm
carros e precisam ir ao trabalho diariamente. Em Rondônia não é tão difícil
assim formar quadrilhas...
Além
da quadrilha, tem também a Dança do Boi. Aqui o São João é assim mesmo: uma “mistureba” geral de Campina Grande com
Parintins. Dança de um ritmo só e coreografias ridículas, “os aprendizes de Parintins” ficam adorando um boi de pano, cheio de
espelhos e miçangas, sem pernas e todo mal feito. Dizem que dentro dele o calor
é de assar qualquer cristão. A coisa é tão chique que muitas autoridades têm boi
em Porto Velho. Ainda assim, o nosso folclore é muito reconhecido mundo afora.
Os integrantes de uma quadrilha daqui chamada Rádio Farol “receberam milhões de euros” para se apresentarem na Europa no
início deste ano. “Os europeus não gostam
muito das quadrilhas, mas adoram os nossos bois”. Enquanto isso, um
deputado estadual do PT disse que o Prefeito Roberto Sobrinho era um chefe de
quadrilha. Mentira. Sobrinho não sabe nem dançar. Ele é muito bom apenas para
colocar o povo do município para dançar. Como se vê, Ribamar Araújo não entende
nada de folclore. O arraial Flor do Maracujá (sem ter um único pé de maracujá na
cidade) e o Flor do Cacto (Quem já viu um pé de cacto em Porto Velho?) animam as
festas juninas da capital de Rondônia. Mas como a Expovel, a Dança do Boi e as festas
juninas também não são cultura. São apenas (maus) costumes de um povo. Povo este
que não seria feliz sem essas esquisitices, sem essas tolices. E viva o São
João! E viva as quadrilhas de Porto Velho! “Anarriê!
Alevantu!”.
*É Professor em Porto Velho (http://blogdotionaza.blogspot.com/)
14 comentários:
Professor, você não pode esquecer de uma das quadrilhas mais fantásticas de Porto velho, ou até de Rondônia,
A quadrilha formada em 2005 pelos maravilhosos brincantes, (Ellen, Gasoni, Daniel Neri, Paulista, Leudo, Donadon, Kaká, Chico Doido, Ronilton, Chico Paraiba, Amarildo Santos de Almeida e João da Muleta). Ainda bem que vimos ela dançar! mais quase ela não dançaria, se não fosse o "suposto" líder dessa quadrilha, Ivo cassol entregar os videos, mostrando os "passos da dança" antes do arraiá chegar, ele não ia estragar a supresa, não é?
Professor, esqueceu da quadrilha que nunca dança. Aquela que vai assistir as outras. Aquela que assiste tudo pela TV. E aquela que fala mau das outras e não melhora nada. Mas como melhorar?
E viva as nossas quadrilhas!
Em Porto Velho existe sim festas juninas,marcados pelos envolvimento das comunidades dos bairros, levando cultura de muitos ensinamentos e rituais do bois bumbás,quadrilhas, artesanatos locais e as comidas tipicas.Afinal temos culturas e costumes dos povos nordestinos.O que somos se não temos costumes e crenças?
ERMESSON ALVES DE MORAES
Parabéns ao Prof. Nazareno! Texto escrito com tecladas de sátiras e protestos... Esqueceu de frisar a "O passo da transposicão", que já vem sendo dançada mesmo fora da época de festas juninas.
Prof. Nazareno, o senhor continua fantástico. Essa é a grande verdade do que acontece em Porto Velho. Estamos dançando nas mãos dessas quadrilhas a tempo. Parabéns pelo artigo em forma de sátira.
Caro prof. Nazareno muito bom! Mas esqueceste da comissão julgadora que apesar de ser formada por nobres juristas fantasticos. Nunca fazem as quadrilhas respeitar as regras, impostas aos pobres brincantes mortais.
PARABÉNS NAZARENO !!! JÁ VÁRIOS TEXTOS SEUS, E TENHO QUE ADMITIR... ESSE FOI O MELHOR !!! IMPRESSIONANTE COMO VC RETRATOU BEM A REALIDADE DA NOSSA CIDADE.. UM ABRAÇO !
Tem também a "QUADRILHA DOS TROUXAS", aqueles professores que chegaram a Porto Velho e trabalham em colégios Estaduais e Municipais caindo aos pedaços, sem esperança de dias melhores, refém de marginais conhecidos como alunos; profissionais que estão no fim de carreira, porém, não voltam ao seu estado de origem por não ter forças para passar em concursos e sair dessa calamitosa cidade de governantes corruptos.
e viva são João! e viva o Coopeduc mestre!
PRIMEIRO PARABENS. COMO O POVO GOSTA DE QUADRIAS, ACHO QUE ELAS NUNCA VAO ACABAR AQUI PELOS LADOS DE PV. SOLICITO DO SR PREFEITO PRA LIBERAR OS VIADUTOS DO TREVO PRA EU E MINHA QUADRIA DANÇAR UM FORRO BEM GOSTOSO. ACHO QUE PELO MENOS PRA ISSO VAI SERVIR. O SR ESTÁ CONVIDADO JUNTAMENTE COM SUA EQUIPE.
adorei o professor ta de parabens....kkkkkkkk
Sem dúvida esse foi seu melhor texto do ano, "Viva a quadrilha e seu Bois"
ei Professor! a vida é algo em que passa rápido e dura pouco, aproveite a cada segundo de sua vida! , vc sozinho é capaz de mudar todas as injustiças de porto velho?, e do BrasiL?, e do mundo? simplesmente aproveite o que a vida pode lidar se divita mto e deixe as injustiças do mundo, porque passar a vida toda criticando e tentando mostrar a realidade em que nos cercam , é algo que não queremos saber. É melhor vivermos felizes e cuidarmos de nós, aproveitando a cada segundo do que existe de bom, rsrsrs, aliás todos nós temos um propósito aki neste mundo......a vida se resume em um toque do destino.
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